domingo, 30 de maio de 2010

Aula 10 - O VALOR DA TEMPERANÇA

Texto base: Jeremias 35.1-5, 8,18,19

Obedecemos, pois, à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, em tudo quanto nos ordenou; de maneira que não bebemos vinho em todos os nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas”(Jr 35:8); "E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito" (Ef 5:18).

INTRODUÇÃO
Jeremias não hesitou em usar vários métodos para apresentar a Palavra de Deus ao povo de Judá. Nesta aula veremos que ele usou uma tribo inteira, cuja devoção peculiar aos ideais da família lhe permitiu mostrar aos israelitas o contraste entre o que Deus esperava deles e o que eles estavam fazendo. Sob a ordem de Deus, Jeremias foi à casa(acampamento) dos recabitas, levou-os ao Templo e lhes ofereceu vinho para beber em local reservado: na câmara dos filhos de Hanã(30:4). Essas câmaras eram edificadas ao redor dos pátios do Templo, servindo em parte como depósitos e em parte como residência para os sacerdotes(cf Ne 10:37-39). Dentro da sala, Jeremias colocou vasilhas cheias de vinho, com taças, diante dos recabitas, e disse-lhes: bebei vinho (30:5). Os recabitas não só recusaram-se a beber, mas resolutamente apresentaram suas razões para uma total abstinência. Eles disseram a Jeremias que Jonadabe, dois séculos antes, tinha lhes ordenado para não beberem vinho (30:6), edificar casas (30:9), semear semente (30:7), ou plantar vinhas, mas, em vez disso, deveriam habitar em tendas e viver como nômades. Eles completaram sua resposta dizendo: assim, ouvimos e fizemos conforme tudo quando nos mandou Jonadabe, nosso pai (30:10). Eles disseram a Jeremias que estavam em Jerusalém somente temporariamente com medo do exército dos caldeus e dos sírios (30:11). Quando passasse o período de emergência, eles voltariam ao deserto novamente.
Passados vinte e seis séculos, o exemplo marcante dos recabitas ainda nos inspira à fidelidade a Deus, a uma vida equilibrada e temperante. "À semelhança dos recabitas, primemos pela excelência das virtudes cristãs. Caso contrário: seremos tidos como profanos quando da volta do Senhor Jesus"(Claudionor de Andrade)
O QUE É TEMPERANÇA
1) Definição Bíblica. No livro de Provérbios, capítulo 16:32 é demonstrada esta virtude: “Melhor é o longânimo do que o valente, e o que governa o seu espírito do que o que toma uma cidade”, ou, como diz a Bíblia, na linguagem de hoje: “Vale mais ter paciência do que ser valente, é melhor saber se controlar do que conquistar cidades inteiras”. Nestas palavras de Salomão temos o conceito de temperança: governar o espírito, saber se controlar, ser moderado, comedido, exercer o auto-controle, capacidade de dominar os sentimentos, as paixões.
Vê-se, pois, que o homem que vive no pecado não possui o domínio de suas ações, de seus sentimentos, segundo afirmou Jesus: “... todo aquele que comete pecado é servo do pecado”(João 8:34). Quem vive sob o domínio, ou poder do pecado, vive, também, sob o domínio de seus desejos, sentimentos, paixões. Daí, só pode produzir “as obras da carne”, conforme descritas em Gálatas 5:19-21. O crente fiel, aquele no qual está sendo formado o Fruto do Espírito, tem o poder de governar o seu espírito, porque “... o fruto do Espírito é:...temperança”.
2) Temperança como fruto do Espírito é autodisciplina. Há pessoas que em nome da fé, agem sem qualquer moderação, sem autocontrole, sem autodisciplina, emitindo cheques, para Deus cobrir, efetuando compras para o Senhor pagar. A fé não elimina a prudência, ou a temperança. Como virtudes do Fruto do Espírito, fé e temperança somam-se, não concorrem entre si. Paulo afirmou: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”(Fp 4:13). Porém, esperava pelo tempo de Deus para agir, usando sua fé. Por muitos anos alimentou o desejo de ir a Roma, mas, era um homem que exercia o controle sobre suas ações. Não fazia uso da fé para agir de forma abrupta e descontrolada. Ele tinha sua vontade controlada e esperava pelo tempo de Deus, conforme confessou aos Romanos: “Pedindo sempre em minhas orações que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco. Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados...muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido impedido)...”(Rm 1:10-13).
Um homem controlado pelo Espírito Santo, através da temperança, tem o domínio sobre suas ações. Não sai, de forma impensada, sem qualquer controle, correndo para realizar este, ou aquele negócio, grande, ou pequeno. Deixa primeiro amadurecer suas idéias. Mesmo na defesa de seus direitos não busca, precipitadamente, a lei e a justiça. Exercendo a autodisciplina sob sua forma de agir, espera pelo momento de Deus, para tomar uma decisão, para realizar um negócio, para empreender uma viagem.
Por tomar atitudes precipitadas, por falta de temperança, muitos têm agido de forma incorreta. O Senhor Jesus falou sobre a necessidade de planejarmos nossas ações – “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar?”(Lc 14:28).
Agir, tomar atitudes, assumir compromissos sem planejamento, sem autocontrole, sem autodisciplina não é próprio de um crente fiel, porque “... o fruto do Espírito é:...temperança”. Veja a alusão que Paulo emprega, em 1 Coríntios 9:25, para explicar que a temperança como Fruto do Espírito é autodisciplina. Ali o apóstolo mostra que o crente deve ser como os famosos atletas olímpicos, que, diante do objetivo de ganhar o prêmio nas competições esportivas, mantém uma vida de contínua abstenção daquilo que não convém, uma contínua disciplina para a manutenção da sua forma física, tudo fazendo no sentido de impedir que suas condições anteriores não lhe permitam competir e, mais do que competir, não lhe tragam reais chances de vitória. O atleta é um exemplo de determinação, de regramento, de disciplina, de vigilância e de equilíbrio. Do mesmo modo, quem não age com disciplina a todo instante, quem não subjuga seu corpo e o reduz à servidão, a cada instante, a cada momento, controlando seus instintos, não pode ser considerado um homem temperante, um ramo da videira verdadeira, um autêntico servo do Senhor. É bom ressaltar que isso não se trata de ascetismo, “doutrina herética que considera a privação, a solidão e a autopunição como elementos necessários à santidade”, mas uma vida de inteira submissão a Cristo.
3) Domínio sobre os desejos sexuais. A palavra temperança, também, é empregada em 1Coríntios 7:9 em referência ao domínio do cristão sobre os desejos sexuais: “Mas, se{os solteiros] não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se”.
Vale ressaltar que em momento algum a Bíblia ensina que devamos eliminar os nossos instintos (aquisição, domínio, auto-proteção, reprodução, comunhão e alimentação), pois isto seria absolutamente contraditório, já que Deus fez o homem com estes instintos, de forma que a natureza humana, pelo menos enquanto não for objeto da glorificação futura, necessita destes instintos para existir. Muitos, equivocadamente, identificam a manifestação dos instintos com o pecado, esquecendo-se de que o pecado está no desequilíbrio dos instintos e não nos próprios instintos. Assim, por exemplo, muitos vêem no sexo, que nada mais é que o instinto de reprodução, algo que, em si, é pecaminoso e defendem, por exemplo, o celibato como forma de pureza, quando, em verdade, não é o sexo em si que é pecado, mas o descontrole deste instinto, que leva a toda ordem de impureza sexual.
Analisemos a seguir o estilo de vida dos Recabitas, que tanto agradou a Deus, e que foi tomado como modelo de fidelidade e temperança.
I. A ORIGEM DOS RECABITAS
1. Sua origem. Os recabitas eram nômades, provavelmente descendentes dos quenitas (ou queneus). Moisés era casado com uma quenita (Juízes 1:16), filha de Jetro. Este povo se juntou aos hebreus em sua caminhada para a terra de Canaã. O ascendente direto dos recabitas foi Recabe(1Cr 2:55), sobre quem pouco sabemos. Sabemos mais sobre um de seus descendentes, Jonadabe(35:6). O rei Saul demonstrou bondade para com eles (1Sm. 15:6), pela simpatia que sempre demonstraram para com os hebreus. Jonadabe trabalhou com Jeú, no século 9 a.C., quando o rei, contemporâneo de Eliseu, se empenhou na destruição dos seguidores de Baal em Israel(cf 2Rs 10:15-28). A maioria dos quenitas morava em cidades, adotando um estilo de vida urbano (1Sm 30:29). No entanto, Jonadabe convocou seus descendentes a um novo tipo de vida, renovando-lhes o sentido de sua existência. Jonadabe pediu ao seu clã que conservasse uma vida simples, sem consumo de bebida alcoólica (vinho), sem construção de casas e sem a formação de fazendas. Até a época da narrativa de Jeremias permaneciam fiéis ao estilo de vida implantado pelo fundador: Jonadabe, filho de Recabe. Eram miais de 200 anos de fidelidade.
2. Seu relacionamento com Israel. Os recabitas entram na história do povo de Deus de maneira heróica. Jonadabe, fundador do clã, participou com Jeú(rei de Israel) do extermínio da casa de Acabe e dos sacerdotes de Baal, conforme 2 Reis 10:15ss. Jonadabe identificou-se com aquele que zelava pelo Senhor e por fazer cumprir as palavras proféticas contra a casa de Acabe. Apesar dos desvios de Jeú e de outros líderes em Israel, os recabitas mantiveram-se fiéis à Lei de Deus, embora não passassem de forasteiros entre os hebreus.
3. O encontro dos recabitas com Jeremias. Quando Nabucodonozor invadiu a terra de Judá, os recabitas se refugiaram em Jerusalém (30:11), e lá Jeremias foi encontrá-los, enviado por Deus. Talvez Jeremias já os conhecesse, porque eles exerciam a profissão de metalúrgicos, tão importantes à época. Talvez Jeremias deva ter pensado: "vamos ver se esse pessoal resiste ao meu convite". Imagino que Jeremias sabia que aquela gente era cônscia de que ele era um profeta de Deus; logo, eles iam levar a sério sua palavra. Muitos, talvez, duvidassem que aqueles nômades resistissem a prova de Jeremias. Quem sabe se muitos não faziam até mesmo apostas, semelhantes àquelas que ainda são feitas quando há um desafio a enfrentar por parte de alguém que será provado. Todavia, a resposta deles foi de uma fidelidade a toda prova (cf Jr 35.6-11). Os recabitas permaneceram fiéis às suas convicções, e não desobedeceram aos princípios estabelecidos por seu antepassado (Jonadabe).
Com essa dramatização, Deus queria exortar ao povo de Judá que o exemplo de fidelidade e temperança dos recabitas era digno de ser imitado. Por meio dessa dramatização Jeremias chamou a atenção para fidelidade e obediência dessa família à ordem do seu antepassado. Jeremias procurou falar à consciência de Judá em relação à condição espiritual patética do povo, ressaltando sua infidelidade às exigências de Deus. Os recabitas não deixaram de obedecer a ordem do seu pai embora já estivesse morto havia dois séculos, mas, apesar do fato de Deus ter constantemente enviado profetas(30:15) para lembrar seu povo, Judá o havia esquecido. Com sons fortes Jeremias convoca o povo ao arrependimento: Convertei-vos (30:15). A mensagem de Deus, no entanto, se defronta com ouvidos surdos: este povo não me obedeceu, assim [...] trarei sobre Judá [...] todo o mal que falei contra eles(30:16-17).
II. O ESTILO DE VIDA DOS RECABITAS
Na história da humanidade Deus sempre teve um remanescente fiel que lhe agradava e não se conformava com o sistema vil do mundo. Esses lhe eram peculiares pelo fato de servirem de modelo para os povos contemporâneos e futuros. Foi assim que aconteceu com a família dos recabitas. Vejamos, pois, qual o seu estilo de vida.
1. Abstinência de bebidas fortes. Seguindo as ordens de Deus, Jeremias serviu jarras de vinho numa mesa e mandou que os recabitas se servissem (35:5). A resposta deles foi enfática e contundente: “Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos mandou, dizendo: Nunca bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos”(35:6). Eles prezavam por cumprir o modelo de vida ensinado pelo seu líder (35:6 a 11).
A abstinência do vinho ajudava os recabitas a evitar a imoralidade e a idolatria do culto de Baal, que geralmente envolvia embriagues e orgia. Eles permaneceram fiéis às suas convicções, e não desobedeceram aos princípios estabelecidos por seu antepassado Jonadabe.
O sábio Salomão mostra que há um perigo no vinho e que ele é enganador: “O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; todo aquele que por eles é vencido não é sábio"(Provérbios 20:1); "Ouve, filho meu, e sê sábio; guia retamente no caminho o teu coração. Não estejas entre os bebedores de vinho nem entre os comilões de carne. Porque o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência vestirá de trapos o homem" (Provérbios 23:19-21).
A bebida forte tem um passado sórdido:
O justo Noé
caiu por causa do vinho: "Bebendo do vinho, embriagou-se e se pôs nu dentro de sua tenda" (Gênesis 9:21).
Quando as filhas de Ló desejaram ter filhos do pai, elas o embriagaram e depois o procuraram. O álcool em si não estimulou a concepção, mas elas sabiam que Ló ficaria muito mais passível de cometer essa imoralidade se estivesse bêbado: "Subiu Ló de Zoar e habitou no monte, ele e suas duas filhas, porque receavam permanecer em Zoar; e habitou numa caverna, e com ele as duas filhas. Então, a primogênita disse a mais moça: Nosso pai está velho, e não há homem na terra que venha unir-se conosco, segundo o costume de toda terra. Vem, façamo-lo beber vinho, deitemo-nos com ele e conservemos a descendência de nosso pai. Naquela noite, pois, deram a beber vinho a seu pai, e, entrando a primogênita, se deitou com ele, sem que ele o notasse, nem quando ela se deitou, nem quando se levantou. No dia seguinte, disse a primogênita à mais nova: Deitei-me, ontem, à noite, com o meu pai. Demos-lhe a beber vinho também esta noite; entra e deita-te com ele, para que preservemos a descendência de nosso pai. De novo, pois, deram aquela noite, a beber vinho a seu pai, e, entrando a mais nova, se deitou com ele, sem que ele o notasse, nem quando ela se deitou, nem quando se levantou. E assim as duas filhas de Ló conceberam do próprio pai" (Gênesis 19:30-36).
Absalão decidiu matar Amnom enquanto este bebia, talvez por crer que ele seria menos capaz de se defender se estivesse num estado um tanto inebriado: "Absalão deu ordem aos seus moços, dizendo: Tomai sentido; quando o coração de Amnom estiver alegre de vinho, e eu vos disser: Feri a Amnom, então, o matareis. Não temais, pois não sou eu quem vo-lo ordena? Sede fortes e valentes" (2Samuel 13:28).
Um dos pecados de Belsazar, na noite em que viu a mão na parede e em que seu reino foi tomado, foi o fato de estar bebendo: "Beberam o vinho e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra" (Daniel 5:4).
O homem dado ao vinho é comparado ao soberbo, cuja alma está inchada e que não é reta (Hc.2:4,5). Um dos requisitos bíblicos para o ministério é, precisamente, o de não ser alguém dado ao vinho (1Tm.3:3; Tt.1:7).
2. Peregrinações. Um peregrino é alguém que não cria raízes em lugar algum, mas que está sempre desprendido para locomover-se por caminhos novos. As ordens de Jonadabe foram que os Recabitas vivessem como peregrinos, forasteiros: “não edificareis casa, nem semeareis semente, não plantareis, nem possuireis vinha alguma; mas habitareis em tendas todos os vossos dias, para que vivais muitos dias sobre a face da terra em que vós andais peregrinando”(35:7).
O Novo Testamento ensina que somos peregrinos nesta terra: “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas, mas, vendo-as de longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra”(Hb 11:13); “Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura”(Hb 13:14); “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma”(1Pe 2:11).
Portanto, somos, espiritualmente, “peregrinos em terra estranha”. Nossa verdadeira cidadania está no Céu com Cristo (cf Fp 3:20; Hb 11:9-16). Não pertencemos a este mundo, não nos modelamos aos seus modismos e não nos submetemos às suas investidas que militam contra a vontade de Deus.
3. Honravam a tradição de seus antepassados. Os recabitas foram obedientes e demonstraram respeito às tradições de seus pais - ”Assim, ouvimos e fizemos conforme tudo quanto nos mandou Jonadabe, nosso pai" (Jr 35:10). Diferente deles, o povo de Judá quebrava sem temor e tremor a aliança que Deus fizera com ele. O povo de Judá desobedecia a Deus persistentemente e, por isso, seria punido exemplarmente. Se quisermos agradar ao Senhor, precisamos obedecer-Lhe. A obediência é uma prova do nosso amor a Deus.
Por sua fidelidade, Deus recompensa os recabitas(30:18,19). As perspectivas para Judá eram severas, mas para os recabitas eram favoráveis: “E à casa dos recabitas disse Jeremias: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Visto que obedecestes ao mandamento de Jonadabe, vosso pai, e guardastes todos os seus mandamentos, e fizestes conforme tudo quanto vos ordenou, assim diz o SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel: Nunca faltará varão a Jonadabe, filho de Recabe, que assista perante a minha face todos os dias”.
Todos os crentes que conhecem os ensinos divinos e os praticam fielmente para honrarem ao Senhor, à igreja e aos pais receberão a bênção e a recompensa do Senhor.
III. O EXEMPLO DOS RECABITAS
Os recabitas tornaram-se um singular exemplo de moderação, prudência e fidelidade a todo o povo de Deus. Isto nos mostra que, mesmo em tempos de grande apostasia, Deus tem servos fiéis, que não se afastam de seus mandamentos. A fidelidade aos princípios divinos fez a diferença no caso dos recabitas, e o mesmo acontece com aqueles que insistem em ser fiéis ao Senhor em tempos de esfriamento espiritual. Deus comenta que enviou seus servos, os profetas, para que falassem ao povo e este se arrependesse, mas no caso dos israelitas, o arrependimento viria somente após o exílio. Essa seria a recompensa do povo por suas más ações, enquanto que a recompensa pela fidelidade dos recabitas, que foi ordenada pelo Senhor, era que não faltasse descendente varão de Jonadabe para prestar culto ao Senhor.
Quem é você quando ninguém está olhando? Nosso caráter está relacionado com quem somos quando ninguém está olhando. Deus está interessado em nossa fidelidade quando ninguém está olhando. “Os recabitas foram levados a uma câmara do Templo, um lugar separado, onde poderiam quebrar a tradição de não beber vinho e ninguém saberia. Além de Jeremias, mais ninguém iria saber sobre a integridade ou a falta dela por parte dos recabitas. E Deus atestou a fidelidade desses homens: “As palavras de Jonadabe, filho de Recabe, que ordenou a seus filhos que não bebessem vinho, foram guardadas, pois não beberam vinho até este dia...”(Jr 35:14). Essa é uma demonstração clara de que Deus se encarrega de exaltar em público a fidelidade de seus servos em particular. Não precisamos fazer um marketing pessoal de nossas virtudes e dons, pois isto está foram dos planos de Deus. Segundo Jesus, aqueles que fazem qualquer coisa querendo ser admirados pelos homens já receberam o seu galardão. Deus não precisa retribuir a pessoas que agem assim. Valorizemos, portanto, a fidelidade em oculto, pois Deus se agrada dela”(Ensinador cristão).
Devemos ser cuidadosos em firmar compromissos. Quando damos uma palavra, ela deve valer mais que uma assinatura. Não devemos desistir de nossos compromissos por causa da dificuldade em cumpri-los e mesmo pela falta de prazer em levá-los adiante. O nosso prazer em descumprir um compromisso é diretamente proporcional ao desprazer de quem é prejudicado por nossa infidelidade. No caso específico desta dramatização em epígrafe, Judá foi reprovado, não por não seguir a um conjunto de tradições, mas por não obedecer ao Deus vivo. Para dizer "sim" ao Deus vivo, precisamos, muitas vezes, dizer "não" aos convites que nos fazem. Se eu firmei uma aliança com o meu Senhor, eu serei fiel a Ele, mesmo que o Senhor pareça surdo diante do meu grito de socorro e silencioso diante da minha pergunta.
CONCLUSÃO
A fidelidade e a temperança dos recabitas ficaram gravadas para sempre nos anais da literatura bíblica como um exemplo vivo de uma devoção completa que Deus procura no homem. O propósito dos recabitas viverem separados do mal deve ser o alvo dos verdadeiros seguidores de Cristo. Todos os pais crentes devem, da mesma maneira que Jonadabe, ensinar aos filhos os princípios santos que os ajudarão a permanecer fiéis a Deus e à sua Palavra. Pense nisto!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão. Guia do leitor da Bíblia – Jeremias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.

terça-feira, 25 de maio de 2010

DUAS CLASSE DE CRENTES E SUA DIFERENÇA FUNDAMENTAL.

Caros leitores deste blog, com o objetivo de edificar e instruir o coração daqueles que amam a sã doutrina, e querem nutrir cada vez mais a sua fé em Cristo, a partir de hoje irei publicar alguns estudos e reflexões, concernentes a temas diversos, não necessariamente vinculados ao tema geral do trimestre da EBD.
Inicialmente, disponibilizo o estudo abaixo com o tema: DUAS CLASSE DE CRENTES E SUA DIFERENÇA FUNDAMENTAL. Tomemos como texto base a parábola das dez virgens, descrita em Mateus 25:1-13
I. INTRODUÇÃO
Enfatizaremos neste estudo a parábola das dez virgens para mostrarmos a diferença fundamental entre duas classe de crentes, que constituem as igrejas locais, que se irmanam, mas demonstram um caráter destoante com aquele que Jesus recomenda em sua Palavra e que, certamente, fará grande diferença no dia da vinda de Jesus Cristo.
A parábola das dez virgens só foi registrada por Mateus, em virtude de a mesma está umbilicalmente ligada a costumes próprios dos judeus, o que tornaria a sua compreensão difícil para os destinatários gentios dos outros dois evangelhos sinóticos (Marcos e Lucas). Nesta parábola, Jesus mostra porque o salvo deve viver em constante vigilância e que é na perseverança que alcançaremos o fim da nossa fé: a salvação das nossas almas, que só se completará com a glorificação, que se dará no arrebatamento da Igreja.
A parábola mostra, claramente, que é o que fizemos durante o dia que selará o nosso destino à noite, ou seja, como vivemos sobre a face da Terra é que determinará o nosso destino na eternidade.
II. ENTENDENDO A PARÁBOLA
Jesus afirma que o reino dos céus é semelhante a dez virgens. A linguagem é figurada, porém a mensagem é literal. Jesus queria ensinar aos seus discípulos sobre a sempre presente necessidade de cada crente estar preparado para a vinda de Cristo.
Para bem entendermos o que são estas virgens, faz-se necessário que saibamos o costume judaico da celebração do casamento. Essas virgens, segundo o costume judaico, preparavam a noiva desde o início do primeiro dia das bodas, de modo a que a noiva estivesse devidamente trajada e adornada para se encontrar com o noivo no final do dia.
O casamento em si continha várias partes importantes. O casamento também envolvia os trajes a serem usados. A noiva era praticamente adornada como uma rainha (veja Ap.21.2). Depois de banhada, ela tinha os cabelos trançados com todas as pedras preciosas que a família possuía ou podia tomar emprestado (Sl.45.14,15; Is.61.10; Ez.16:11,12). As moças que a ajudavam a vestir-se, permaneceriam a seu lado como ‘companheiras’.(…). Outro elemento importante do casamento era a procissão no fim do dia. O noivo saía de sua casa para buscar a noiva na casa dos pais dela. Nesse ponto, a noiva usava um véu. Em algum ponto o véu era retirado e colocado no ombro do noivo, e feita a seguinte declaração: ‘ O governo estará sobre os seus ombros’. A procissão deixava então a casa da noiva e seguia para o novo lar do casal, e a estrada escura era iluminada por lâmpadas a óleo carregadas pelos convidados. Na história contada por Jesus, o noivo demorou mais do que o esperado, de modo que o azeite nas lâmpadas das dez virgens começou a se acabar. Só as que tinham levado um frasco de óleo de reserva puderam reabastecer suas lâmpadas e dar as boas-vindas ao noivo (Mt.25.8,9). Havia canções e música ao longo do caminho (Jr.16.9) e algumas vezes a própria noiva participava da dança (Ct.6.13).…” (Ralph GOWER. Trad. de Neyd Siqueira. Usos e costumes dos tempos bíblicos, p.66).
1. AS VIRGENS NÃO SÃO NOIVAS. As virgens eram as “companheiras” da noiva, que estavam com ela desde o início dos preparativos para a festividade e que a levavam até a casa onde passaria a morar com o noivo. Jesus afirma que o reino dos céus é semelhante a dez virgens, ou seja, compara o reino de Deus com dez dessas moças que acompanhavam a noiva desde o início dos preparativos para seu encontro com o noivo até a chegada ao novo lar do casal.
O fato é que, na parábola das dez virgens, não há qualquer menção à noiva, que é a personagem que fica faltando, o que é de se admirar, já que Jesus está a falar de uma festividade de casamento, onde o centro das atenções é, precisamente, a noiva. Porém, na parábola das dez virgens, a grande ausente é a noiva. A noiva, que, como sabemos, é a Igreja, está ausente aqui nesta parábola, porque é alguém que se manifestará somente quando do arrebatamento da Igreja, quando, então, os salvos de todas as épocas, pela primeira vez, estarão reunidos diante do Senhor Jesus. Até lá, jamais se terá a “universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus” (Hb.12:23a). Com certeza, a Igreja será manifestada quando todos os remidos, de todos os tempos, estiverem reunidos em número incalculável, liderados pelo Senhor Jesus Cristo que irá adiante da grande multidão e nos apresentará ao Pai, dizendo: ”…Eis-me aqui, e aos filhos que Deus me deu”(Hb 2:13). Então haverá festa nos céus, todas as hostes celestiais se alegrarão juntamente com todos os seus servos(Ap 19:5-7).
As virgens, portanto, são pessoas que participam do propósito da noiva de se encontrar com o seu noivo e de morar com ele, com ânimo definitivo, em um lugar diferente de onde estava morando, ou seja, a casa dos seus pais. São pessoas que sabem muito bem o que está acontecendo, ou seja, que a noiva vai se mudar de lugar de habitação, que vai deixar a casa dos seus pais para ir morar na casa do noivo. As virgens têm consciência plena de que a noiva precisa se preparar, trocar as suas vestes, pôr adornos e enfeites, a fim de que, como rainha, chegar ao encontro do noivo e ir com ele para morar na casa dele.
Note-se que todas as dez virgens (tanto as prudentes como as loucas) foram surpreendidas, ao vir o noivo (Mt.25:5-7). Isto indica que a parábola das dez virgens refere-se aos crentes vivos antes da tribulação e não àqueles durante a tribulação, os quais terão sinais específicos precedendo a volta de Cristo no final da tribulação.
2. AS DEZ VIRGENS - EM QUE ERAM SEMELHANTES E EM QUE ERAM DIFERENTES
Aos olhos dos homens, elas eram iguais - “... pois o homem vê o que está diante dos olhos...”, porém, eram diferentes diante dos olhos de Deus, porque – “... o Senhor olha para o coração”(1Sm 16:7).
2.1. ALGUNS PONTOS SEMELHANTES
a) Todas eram Virgens. O fato de serem virgens não significa que eram puras, ou santas; se fossem, não ficariam de fora algumas delas. Todas dizem servir somente a Deus. Todas se identificam como sendo evangélicas. Por isto se diz que todas são virgens.
b) Todas estavam com vestimentas iguais. Interiormente eram diferentes, porém, no seu aspecto exterior eram iguais. É o que acontece hoje. Pelo aspecto exterior não podemos identificar e diferenciar os verdadeiros e os falsos crentes. Esta semelhança ficou, também, caracterizada na Parábola do Trigo e do Joio, que por serem tão semelhantes, o Senhor ordenou que deixassem crescer juntos, reservando a separação para o tempo da ceifa. No caso das dez virgens esta separação será feita quando vier o esposo.
c) Todas tinham lâmpadas nas mãos. A lâmpada é um dos símbolos da Palavra de Deus, conforme afirmou o salmista: “Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra...”(Salmo 119:105). Certamente que, hoje, não há uma só Igreja Evangélica que não tenha a Bíblia Sagrada como regra de fé e como base de suas doutrinas, erradas ou não. Todos procuram extrair da Bíblia a base de seus fundamentos doutrinários. Nenhum crente evangélico irá para sua igreja levando um livro espírita, ou católico, ou de qualquer outra religião. Todos possuem uma Bíblia, mesmo que não a leiam e nem a sigam, porém, a lâmpada está em suas mãos. Todas as virgens, Prudentes, ou Loucas, tinham uma lâmpada nas mãos. Todas as Igrejas Evangélicas, todos os crentes, tem uma Bíblia, nas mãos, tal como na Parábola.
d) Todas estavam no mesmo lugar. Não se diz que as virgens prudentes estavam dentro da casa e que as virgens loucas estavam fora, mas todas estavam juntas, no mesmo lugar. Se as Virgens Loucas são mundanas é porque o mundo está dentro de suas “igrejas”. Não são elas que estão lá fora, no mundo, pois quem está lá fora, no mundo não é chamado de crente. Segundo a Parábola, elas estavam todas juntas no mesmo lugar.
Na Parábola do joio e do trigo(Mt 13:24-30), o joio estava no meio do trigo. Na parábola da grande rede(Mt 13:47-51), os peixes ruins estavam na mesma rede juntos com os peixes bons. Nesta parábola em foco, da mesma forma, as virgens loucas estão no mesmo lugar juntas com as virgens prudentes; aqui, na vida real, também estão no mesmo lugar - estão nas Igrejas. Elas podem ser membros da mesma Igreja Local, elas podem cantar nos mesmos corais e tocar na mesma orquestra, elas podem ser alunas e até professores da Escola Dominical, e, por incrível que possa parecer, elas podem, também, estar assentadas e pregando no mesmo púlpito.
e) Todas estavam esperando o noivo. Todas as Igrejas chamadas evangélicas, mesmo aquelas onde não existe praticamente nada de ensino bíblico, mesmo aquelas que vivem de “campanha em campanha” pela conquista das coisas da Terra e úteis ao corpo, mesmo aquelas que só usam as mãos para bater palmas, quase sempre aos seus próprios líderes, mesmo nestas Igrejas e entre estes crentes há uma noção, embora vaga, sobre a vinda de Jesus. Se indagados saberão dizer que estão esperando Jesus, embora talvez até desejem que demore, pois, nada sabem sobre o céu e só esperam pelas bênçãos da terra, as únicas que eles conhecem. Todas as virgens estavam esperando o esposo, assim como todos os crentes dizem que estão esperando Jesus.
f) Todas tosquenejaram... e dormiram. Não foram só as loucas que dormiram. Ao usar a expressão “tardando o esposo” o Senhor Jesus quis deixar claro que ele demoraria a voltar. Nesta demora já se passaram mais de dois mil anos, e o “esposo” ainda não veio. Temos que convir que o tempo de Deus é diferente do nosso.
Dormir aqui pode significar descansar. O Senhor não queria ser esperado por pessoas aflitas, inquietas, temerosas, preocupadas, sem paz – veja o caso da Igreja em Tessalônica. Todas podiam dormir, ou descansar, porque, certamente, o esposo viria.
O erro das Virgens Loucas foi dormir sem antes por “a casa” em ordem. Elas deveriam, antes de descansar, ou dormir, providenciar azeite para suas vasilhas. Foram negligentes! As Virgens Loucas ficaram de fora, não porque dormiram, mas, porque não tinham azeite em suas vasilhas. Assim, se sua lâmpada estiver acesa e se houver azeite em sua vasilha, então “descansa no Senhor e espera nele”(Salmo 37:7).
2.2. A DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE AS VIRGENS PRUDENTES E AS VIRGENS LOUCAS
A Parábola demonstra que os dois grupos de virgens tinham levado azeite dentro das lâmpadas, contudo havia uma diferença fundamental entre eles:
a) as virgens prudentes levaram azeite de reserva para uma eventual situação, enquanto que as virgens loucas não levaram.
b) quando o noivo chegou as virgens prudentes, prontamente, repuseram o azeite nas suas lâmpadas e entraram para a festa proporcionado pelos nubentes, porém as virgens loucas não tiveram como repor o azeite nas suas lâmpadas, e por isso foram excluídas da festa.
As lâmpadas usadas numa ocasião festiva, como era a cerimônia de um casamento, eram reveladas como símbolo de vida, de alegria e de paz, e, portanto, era indispensável que não se tolerasse sequer a hipótese de as lâmpadas virem se apagar. Tratava-se, portanto, de uma preocupação das mais exigíveis para as virgens, consideradas acompanhantes da noiva. Portanto, levar o azeite consigo era a principal obrigação das virgens, neste momento do dia, um dever supremo, a sua principal responsabilidade.
O azeite, nesta parábola, representa:
a) o compromisso daquelas virgens em ir até o novo lar do casal de nubentes, a disposição de se ir até o fim no cumprimento de seus deveres, no papel que haviam assumido desde o início do dia.
b) a existência da prudência, da comunhão, da santidade.
c) no crente, a presença permanente do Espírito Santo, aliada à fé verdadeira e à santidade; Representa comunhão com o Espírito Santo.
Lembremos que as virgens simbolizam as pessoas que, tendo ouvido o Evangelho, resolveram ter o mesmo destino da Igreja, resolveram ir para o céu, creram no retorno de Cristo e na promessa de que nos dará uma nova morada, a vida eterna. Porém, lamentavelmente, as pessoas aqui representadas pelas virgens loucas não decidem conhecer o Senhor. Nascidas de novo, despertadas para a realidade da vinda de Cristo e da vida eterna, dizem estar se preparando para o encontro com o esposo, mas, infelizmente, não o fazem. Não se separam do pecado, não criam uma intimidade com Deus e, pouco a pouco, aquela chama que acendeu pelo efeito da fé salvadora, vai enfraquecendo e, como não foi levado azeite consigo, instantes antes da chegada do esposo, a lâmpada começa a se apagar, sem condições de haver um reabastecimento, porque não há mais comunhão, não se construiu um relacionamento entre esta pessoa e Deus depois do instante do novo nascimento.
Para ser de Cristo não basta ser evangélico; não basta ter a Bíblia nas mãos, na cabeça, ou no Púlpito. Para ser de Cristo é preciso ter azeite na vasilha , ter plena comunhão com o Espírito Santo - “... se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”(Rm 8:9).
3. VIRGENS LOUCAS E AS VIRGENS PRUDENTES: DUAS CLASSES DE CRENTES
Jesus afirmou que as dez virgens saíram ao encontro com o esposo. Isto nos mostra que a existência de duas classes de crentes que, aparentemente, estão servindo a Deus, que, aparentemente, estão aguardando o encontro com o Esposo, perdurará até o final do dia, ou seja, somente quando do arrebatamento da Igreja se saberá quem pertence à Igreja genuína, ao grupo que estava preparado para se encontrar com Jesus; e quem pertence à falsa Igreja, formada por pessoas que, embora afirmem que estejam esperando Jesus, simplesmente não vivem de acordo com esta suposta esperança, não estão devidamente preparados para se encontrar com Jesus.
a) As virgens loucas. As Virgens Loucas representam os crentes não salvos, aqueles que abraçaram o evangelho como se fosse uma religião. Aqueles que mudaram de religião, mas que não mudaram de vida. Estão na Igreja, são batizados nas águas, são parecidos com os verdadeiros crentes, mas, não têm vida espiritual, porque não têm Azeite, ou seja, não estão em plena comunhão com o Espírito Santo.
É interessante observar que as virgens loucas não tendo conseguido o Azeite, por empréstimo, junto às Virgens Prudentes, então elas foram comprá-lo. Isto demonstra duas coisas: elas sabiam onde poderiam “comprar” Azeite e elas tinham condições, ou o “dinheiro” necessário para pagarem o preço requerido. Assim, se não tinham Azeite em suas vasilhas, foi por pura negligencia.
Elas tiveram tempo. Na parábola é dito que o noivo tardou a chegar, então elas tiveram tempo para adquiri azeite; elas sabiam que havia Azeite disponível para ser adquirido; elas tinham condições para poder adquirir. Para que não incorramos no erro das virgens loucas, Paulo nos adverte, dizendo: “... enchei-vos do Espírito”(Ef 5:18), mas isso deve ser feito antes da “meia-noite”.
Elas foram comprar, mas não conseguiram. No dia do arrebatamento da Igreja, quando chegar a “meia-noite” e quando se ouvir “um clamor: ai vem o esposo!”, então, a Noiva que deverá estar pronta, será levada pelo Espírito Santo para ser entregue a Jesus. Ao deixar a Terra Ele terminará sua missão, nesta dispensação da graça, em relação à Igreja. Em sendo desta forma, é certo que as virgens loucas não mais encontrarão o Espírito Santo na Terra. Elas foram comprar Azeite, mas, não encontraram Azeite para comprar.
Quando do arrebatamento da Igreja, o Espírito Santo entregará a Noiva(a Igreja) ao Esposo(Jesus), tendo assim terminado a sua missão que foi começado no dia do Pentecostes. Por esta razão não há mais Azeite(o Espírito Santo) disponível para ser adquirido. Observe que as “virgens loucas” saíram para comprar Azeite, mas não acharam, pois já havia começado “o grande e terrível dia do Senhor” (A Grande Tribulação). Já havia terminado a dispensação da graça, na qual por mais de dois mil anos Deus falara ao homem com voz meiga e suave, sendo que, mesmo assim, muitos não quiseram ouvir. A grande tribulação trará consigo os juízos de Deus sobre os moradores da terra, razão porque as Virgens Loucas ouviram-no dizer, com voz firme e forte: “Em verdade vos digo que vos não conheço”.
b) As virgens pudentes. As cinco virgens chamadas de prudentes pelo Senhor eram pessoas que conheciam o cerimonial, que conheciam o caminho que seria percorrido e que, portanto, sabiam que deveriam ter azeite suficiente para a espera do noivo e o caminho até o novo lar do casal. Elas tinham pleno conhecimento do que estava ocorrendo à sua volta, de que havia possibilidade de o noivo se demorar, mas que ele certamente viria e que, portanto, era de bom senso, era necessário, para evitar inconveniências, que houvesse uma reserva de azeite para poder alimentar as lâmpadas até a chegada ao novo lar do casal.
A prudência tem, portanto, como requisito um prévio conhecimento, um domínio sobre o assunto que se está a tratar, sobre o problema que se está a enfrentar. As virgens prudentes conheciam o que se passava à sua volta, conheciam o noivo, seus atributos e tinham como provável a sua demora e, portanto, a necessidade de um abastecimento de azeite até o momento de sua chegada.
Jesus mostra-nos, portanto, que não há como se chegar ao novo lar do casal, não há como entrar na casa do noivo a não ser através da prudência, ou seja, do prévio conhecimento do noivo, do prévio conhecimento das circunstâncias que nos rodeiam.
As virgens prudentes não se sentiam senhoras da situação, não criam em si mesmas. Estavam dispostas a seguir o cerimonial estabelecido, em seguir o noivo para sua casa nova. O dia já declinava, haviam procurado, durante todo o dia, preparar a noiva e não iriam, agora, neste último instante, descuidar deste importante pormenor: o azeite. Vejamos que a única coisa que poderia dar errado, nesta altura do dia, em que todos os preparativos já haviam sido tomados, era a falta de azeite. As lâmpadas já estavam em suas mãos e se tinha apenas de esperar o noivo, que certamente viria. Assim, o que dependia das virgens era apenas tomar o cuidado de não deixar faltar o azeite até a chegada na nova moradia dos nubentes.
Esta é, precisamente, a situação em que se encontra a Igreja genuína, a Igreja militante, a Igreja que está preparada para se encontrar com o Senhor. Ela percebe que se está no final do dia, ou seja, no final da dispensação da graça. A noite está chegando, quando ninguém mais poderá trabalhar (João 9:4) e, desta forma, é hora de empunhar as lâmpadas, mas devemos tomar todo o cuidado para que não falte o azeite para abastecê-la.
Os salvos que estão em comunhão com o Senhor e percebem que Ele está voltando, e que as profecias estão se cumprindo, precisam estar alerta para o momento da chegada do noivo, que vem buscar a noiva para levá-la à nova moradia.
No instante do arrebatamento, o salvo deve estar ciente de que não pode deixar faltar o azeite em sua lâmpada, ou seja, de que é preciso manter esta comunhão com o Senhor, que é preciso estar na luz, como Ele na luz está (1João 1:7), para que não seja apanhado desprevenido no instante da chegada do noivo.
4. A CHEGADA DO ESPOSO(Mt 25:10)
a) O clamor da meia noite. O momento em que se notou a diferença entre as virgens prudentes e as virgens loucas foi o momento do clamor: “À meia-noite, ouviu-se o clamor: aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro” (Mt.25:6). O momento do clamor é o que se costuma dizer de “a hora da verdade”.
O clamor do esposo representa aqui o instante do alarido, da voz de arcanjo, da trombeta de Deus (1Tss 4:16), ou seja, o dia do arrebatamento da Igreja. Será apenas neste instante que se saberá a diferença entre os genuínos salvos e aqueles que apenas servem a Deus nominalmente. Quando Deus fizer a chamada, então saberemos quem tem levado azeite consigo e quem não o tem.
Até que se ouvisse o clamor, todas as virgens estavam adormecidas, todas se encontravam com suas lâmpadas acesas, aparentemente todas estavam em condições de ir ao encontro do noivo. Assim ocorre nos nossos dias: dentro das igrejas locais, todos parecem estar servindo a Deus, todos parecem estar esperando Jesus, todos parecem estar em comunhão com o Senhor. Entretanto, isto não é verdade. Existem aqueles que são salvos, que servem a Deus com sinceridade de propósito, com prudência, que estão em comunhão com o Senhor e aqueles que são apenas cristãos nominais, que não servem a Deus, que vivem uma vida de aparência, denominamos isso de hipocrisia. No instante da chamada, porém, a aparência se desfará e as lâmpadas se apagarão, porque não haverá azeite, não haverá comunhão com Deus.
b) A chegada do noivo. O noivo aqui é o Senhor Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
O casamento sempre foi uma figura que representa o relacionamento entre Deus e o seu povo. Assim, Israel sempre foi apresentado como sendo a esposa do Senhor, como também a Igreja, apresentada como a esposa do Cordeiro.
O relacionamento matrimonial é uma figura típica do relacionamento de Deus com o seu povo, porque é um relacionamento fundado em amor, em fidelidade e em santidade, precisamente como deve ser o relacionamento entre Deus e os homens.
O noivo era a pessoa que viria buscar a noiva no final do dia para levá-la até o novo lar do casal. A parábola, portanto, reforça a promessa de Jesus de que viria buscar a sua Igreja(João14:1-3), promessa que é a mensagem mais repetida em todo o Novo Testamento.
O noivo prometeu vir e viria até o final do dia, pois aquele era o dia marcado para o casamento. Entretanto, não disse a que hora viria, de modo que a noiva deveria aguardá-lo até o final do dia e a parábola nos diz que o noivo chegou à meia-noite, ou seja, no final do dia, mas, apesar da demora, cumpriu a sua promessa e veio buscar a noiva. Jesus, igualmente, cumprirá a sua promessa. No momento certo, que não sabemos nem temos condição de saber qual é (Mt 24:36), Jesus virá e levará consigo tão somente aqueles que estiverem preparados.
A volta do Senhor é uma realidade que se apresenta cada vez mais iminente e, por isso, tem de ser divulgada e pregada a cada momento, com maior intensidade pela sua Igreja. A noite está chegando, a volta do noivo se aproxima e nós, que tanto a desejamos, devemos anunciá-la, para que outros possam dela usufruir. Infelizmente, a mensagem da volta de Cristo tem desaparecido dos nossos púlpitos e tem sido substituída por mensagens de prosperidade material e pelas coisas desta vida.
c) As Bodas. Na parábola, Jesus deixa bem claro que quem não tiver levado azeite consigo não o encontrará enquanto noivo, não participará das bodas. A parábola, portanto, reforça a lição de que a Igreja não sofrerá a grande tribulação e que participará das bodas do Cordeiro, separadamente daqueles que serviram a Cristo apenas de aparência, ou seja, das virgens loucas. As virgens loucas não chegaram a ver o esposo, apenas ouviram o clamor e notaram que suas lâmpadas se apagavam. Pediram azeite as virgens prudentes, mas estas só tinham o suficiente para si. Assim, foram comprar mais azeite, mas, quando chegaram, já era tarde demais, pois a porta já havia se fechado e as bodas se iniciado sem elas.
CONCLUSÃO
Muitos têm sido levados por escarnecedores e começam a achar que o noivo está demorando e, por isso, não mais se preparam para encontrá-lo, preferindo amar o mundo e aquilo que no mundo há. Como consequência, não mais mantêm comunhão com Deus, não levam consigo o azeite e a consequência disto será funesta: antes que o noivo chegue, terão suas lâmpadas apagadas e ficarão do lado de fora das bodas. Não achemos, pois, que Jesus está demorando, esperemos o Senhor a qualquer momento, pois, assim agindo, certamente estaremos vigilantes, não permitindo que venhamos a perder a comunhão com o Senhor.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD/Assembléia de Deus –Ministério Bela Vista/Fortaleza-CE.
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Bibliografia: Comentário Bíblico do Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco, Prof Antonio Sebastião da Silva; Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo das Profecias. Bíblia de Estudo Pentecostal.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Aula 09 - ESPERANDO CONTRA A ESPERANÇA

Leitura Bíblica: Jeremias 30:7-11
“Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR”(Lm 3:26).

INTRODUÇÃO
Esperança contra a esperança” é uma expressão de circunstâncias que tanto ameaçam quanto impedem, e de uma esperança que resiste (ler Rm 4:18). Apesar das evidências ao redor dizerem o contrário, a mensagem de Esperança pelo um futuro promissor para o povo de Israel é tema geral dos capítulos 30-33 do livro de Jeremias. Ele quer que o seu povo saiba que nem tudo está perdido. Essa mensagem de Jeremias é dirigida a Israel, o extinto reino do norte, e Judá, o reino do Sul que logo seria extinto (30:4). Ele fala sobre Israel não como entidade nacional, mas como aquela entidade mais conhecida como povo de Deus, entidade moral que nenhuma catástrofe nacional pode destruir e que existe hoje e sempre existirá, apesar de todas as vicissitudes e derrocadas da história.
As profecias da esperança começam com os gritos de terror e de medo (30:5-7) que enchem todos os corações quando se torna claro que chegará o “temível Dia do Senhor”, em que Deus cumprirá todas as ameaças anteriores de destruição para Judá e Jerusalém. Entretanto, a escravidão pelos senhores pagãos não durará. No futuro, Israel servirá a Deus e ao seu rei messiânico (30:8-9). Essa reversão da sorte será obra de Deus (30:10-23). Deus não rejeitou Israel como o povo do seu concerto, e Ele ainda tem um propósito para ele. O Senhor é bom e misericordioso com aqueles que nEle esperam com humildade e arrependimento(Lm 3:24-27).
I. O QUE É A ESPERANÇA
Nestes tempos pós-modernos as pessoas estão cada vez mais desesperançosas. São imediatistas, querem logo o que alvejam a qualquer custo doa em quem doer, e quando não conseguem o que querem ficam desesperadas e muitos até se suicidam. A bíblia diz em Provérbios 10:28 que “a esperança dos justos é alegria, mas a expectação dos ímpios perecerá”. Mas, o que é esperança?
1. Definição. Para aqueles que cristãos dizem ser, esperança é a guarda com fé e paciência da provisão ou da salvação do Senhor. Para o justo sempre há esperança. Ela nunca se finda. A Bíblia mesmo diz em 1Co 13:13 que a esperança nunca morre – “agora, pois, permanecem a fé, a esperança...”.
Esperança é a certeza do cumprimento das promessas que nos foram feitas por Deus (2Co 1:20). O Apóstolo Paulo assim se expressou: “Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê, como o esperará?"(Rm 8:24). O salmo 46, composto pelos filhos de Coré, começa assim: “Deus é o nosso refugio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Pelo que não temeremos, ainda que a terra se mude ainda que os montes se transportem para o meio dos mares; ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza...”. E assim continua o compositor desta bela canção hebréia. Ele canta ao Deus das coisas impossíveis, ao Jeová-Jiré que um dia se apresentou a Abraão, e falou ao ancião de 100 anos, cuja mulher aos 90 anos de idade estava totalmente fora de cogitação humana em conceber e dar à luz um filho. Mas Abraão, à vista da promessa de Deus, não vacilou por incredulidade, antes foi fortalecido na fé, dando glória a Deus, e estando certíssimo de que o que Deus tinha prometido, também era poderoso para fazê-lo. Assim falou o apóstolo Paulo: “O qual em esperança, creu contra a esperança que seria feito pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: assim será a tua descendência” (Rm 4:18). Quando Deus promete, não há dúvida que Ele vai cumprir, mesmo que as circunstâncias mostrem o contrário. Creia nisso!
2. A esperança no livro de Jeremias.Assim fala o Senhor, Deus de Israel, dizendo: Escreve num livro todas as palavras que te tenho dito”(30:2). Jeremias recebe a ordem de escrever num livro as palavras que Deus lhe tinha anunciado em relação ao futuro do seu povo da aliança. Os capítulos 30 a 33 do livro de Jeremias são a única parte que retrata a esperança de forma constante em todo o livro.
O período em que Jeremias foi preso no “pátio da guarda” foi um período escuro na vida do profeta e da nação. Jerusalém estava debaixo do cerco inimigo por um ano. Fome, peste e miséria estavam por toda parte na cidade. Mas essa hora pesarosa deu origem a uma das mensagens mais bonitas de toda a Bíblia: a esperança - “Porque eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei tornar do cativeiro o meu povo de Israel e de Judá, diz o Senhor; e torná-los-ei a trazer à terra que dei a seus pais, e a possuirão”(30:3). Este versículo aponta para um tempo futuro seguro e incontestável, mas indefinido. Aqui, Jeremias mescla a esperança da restauração futura de Israel com a angústia presente de Jacó. Encontramos, também, aqui uma clara predição de um retorno do cativeiro. Tanto Israel quanto Judá voltarão a possuir a terra que Deus tinha dado a seus pais. Podemos dizer que é por meio do vale da tragédia e da tristeza indescritível “que o povo de Deus será levado ao triunfo”.
3. Quando a esperança desvanece. Quando a esperança desvanece, Deus age por meio da fé. “O profeta Jeremias recebeu a mensagem de Deus, e alimentou a esperança de que seu povo fosse se arrepender e evitar o julgamento que os aguardava, mas esta esperança foi frustrada porque Israel preferiu permanecer desobedecendo a Deus. Jeremias, em suas lamentações, mostra a tristeza que teve pela queda de Jerusalém. Ele chega a dizer: “Então, disse eu: Já pereceu a minha força, como também a minha esperança no Senhor”(Lm 3:18). Há pessoas que ao lerem esse verso de Jeremias, reprovam o profeta por imaginarem que ele passou por uma aparente falta de fé e confiança em Deus, mas este não é o caso. Deus não reprovou Jeremias por escrever esse verso, pois compreendia a dor do profeta. Essa era a dor de quem viu sua mensagem sendo rejeitada, e viu também o resultado da rejeição à Palavra de Deus”(Revista Ensinador Cristão nº 42 –Ano 11).
O apóstolo Paulo passou por uma situação parecida em Atos 27, por ocasião de sua viagem a Roma. O navio em que estava sendo transportado foi apanhado em uma grande tempestade, e Lucas descreve o acontecimento nestes termos: “E, não aparecendo, havia já muitos dias, nem sol nem estrelas, e caindo sobre nós uma não pequena tempestade, fugiu-nos toda a esperança de nos salvarmos”(At 27:20). Se continuarmos, porém, a leitura do texto, veremos que o Senhor se encarregou de lidar com essa perda de esperança: um anjo apareceu a Paulo, confirmou-lhe a promessa de Deus de levá-lo a Roma e garantiu a preservação de todos os que estavam no navio. Paulo nos mostra que, quando se vai a esperança, Deus age por meio da fé - “Portanto, ó varões, tende bom ânimo! Porque creio em Deus que há de acontecer assim como a mim me foi dito”(At 27:25). O mesmo se deu com Jeremias: “Disso me recordarei no meu coração; por isso, tenho esperança. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim. Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade”(Lm 3:21-23). Jeremias enxergou um raio de esperança em meio a todo o pecado e tristeza que o rodeava, por isso disse a Deus: “As suas misericórdias não têm fim. Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade”.
Deus prometeu que o juízo viria se Judá lhe desobedecesse, e foi o que aconteceu. Mas o Eterno também prometeu uma restauração futura, e Jeremias sabia que Deus cumpriria suas promessas. Confiar na fidelidade de Deus dia após dia nos faz crer em sua grande promessa para o futuro. Àquele que confia em Deus, mesmo que a esperança venha a desvanecer, há de ressurgir em glória.
II. A ANGÚSTIA DE JACÓ
A salvação do povo de Deus é apresentada de maneira clara, mas será precedida por um tempo de grande dificuldade: “Ah! Porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante! E é tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será salvo dela”(30:7).
Estas palavras parecem apontar para um tempo que vai além da destruição presente (época de Jeremias) de Jerusalém, para um Dia em um futuro distante. E todas as nações serão envolvidas(ver Is 2:12-21; Jl 2:11; Am 5:18-20). A passagem termina chamando esse momento histórico de “tempo de angústia para Jacó”, mas proclamando que ele será salvo dela.
O que vem a ser esta angústia de Jacó? É a grande tribulação que haverá de recair sobre o povo judeu (cf Is 2:12; Ez 30:3; Dn 9:27; Jl 1:25; Zc 14:1-8,12-15; Mt 24:21). No meio dessa grande tribulação, “Jacó” (um remanescente de Israel e Judá) será salvo (30:10); será liberto dos seus opressores(30:8) para servir a Jesus Cristo(30:9), o descendente de Davi(cf Os 3:5; Ez 37:24,25). A “angústia de Jacó” terminará por ocasião da vinda de Cristo (o Messias) para estabelecer o seu reino na Terra (Ap 19:11-21; 20:4-6). Finalmente, Israel ficará em sossego, e não haverá quem o atemorize (cf 30:10,11).
Entendendo melhor a Grande Tribulação. Após o arrebatamento, Israel e o Mundo estarão aqui na Terra, padecendo no Grande e Terrível “Dia do Senhor”. A Terra estará entregue ao domínio de Satanás e governado por “seu ungido”, o Anticristo. Conforme a Profecia de Daniel sobre a última das setenta semanas (Daniel 9:27), o governo do Anticristo será dividido em duas etapas iguais, de três anos e meio cada. Na primeira etapa haverá, em toda a Terra, uma falsa paz, e, na segunda etapa haverá a Grande Tribulação, que terá alcance mundial, porém, a Nação e o Território de Israel serão o alvo principal de Satanás e do Anticristo.
Assim, será, que, no final da Grande Tribulação, com o propósito de acabar, de vez, com o povo de Deus, o Anticristo arregimentará, dentre todas as Nações, o maior exército de todos os tempos, em número de soldados, e em capacidade bélica. O próprio Anticristo será o seu comandante. Com este gigantesco e poderosíssimo exército no Território de Israel, com Jerusalém totalmente cercada, poderia considerar o fim para o povo de Deus. Não haverá qualquer possibilidade de salvação. Porém, quando o Anticristo for desferir o “golpe de misericórdia”, “então verão vir o Filho do Homem numa nuvem com poder e grande glória”(Lc 21:28). Será o Dia da Revelação do Senhor, e Jesus virá para salvar e libertar Israel. João descreve este evento em Ap 19:11-21. Travar-se-á a Grande Batalha do Armagedom, no qual o exército do Anticristo será totalmente dizimado. O Anticristo e o Falso Profeta serão “... lançados vivos no ardente lago de fogo e enxofre”(Ap 19:20). Satanás será preso por mil anos. As Nações, vivas, serão julgadas. Israel reconhecerá e receberá o Senhor Jesus como Messias, e depois será implantado o Milênio – O Reino do Messias.
Israel no Milênio. Israel ocupará todo o território bíblico prometido por Deus a Abraão – Do Nilo ao Eufrates; do mediterrâneo ao deserto. Jerusalém será a capital do mundo, e a nação de Israel será a nação mais importante da Terra – “E virão muitos povos, e dirão: vinde e subamos ao monte do Senhor, à casa de Deus de Jacó; para que nos ensine o que concerne aos seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor”(Is 2:3).
III. O RESTABELECIMENTO DE ISRAEL
Israel, que foi criado e formado por Deus, a partir da chamada de Abraão(Gn.12:2), será restabelecido, pois Deus prometeu que Israel seria sua propriedade peculiar e uma nação santa, que duraria para sempre (Ex.19:5,6; 2Sm.7:10). Jeremias, também, sabia que o Senhor resgataria o seu povo do exílio, mesmo que as circunstâncias do momento pregassem ao contrário. Ele profetiza: "Não temas, pois, tu, meu servo Jacó, diz o Senhor, nem te espantes, ó Israel; porque eis que te livrarei das terras de longe, e a tua descendência, da terra do seu cativeiro; e Jacó tornará, e descansará, e ficará em sossego, e não haverá quem o atemorize" (Jr 30.10).
Israel é como o relógio de Deus a revelar “o horário” em que nos encontramos dentro da presente dispensação da graça (Ef 3:2). Particularmente, o retorno dos Judeus à sua pátria, depois de quase vinte séculos, constitui um extraordinário sinal de que estamos vivendo no “tempo do fim”, nos dias que antecedem a volta em glória do Senhor Jesus Cristo. Ele ainda nos adverte: “Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima”(Lc. 21:28).
Vejamos como esta profecia começou a ser cumprida:
1. A volta de Israel à sua terra. “Porque eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei tornar do cativeiro o meu povo de Israel e de Judá, diz o Senhor; e torná-los-ei a trazer à terra que dei a seus pais, e a possuirão”(Jr 30:3). Jeremias profetiza que os exilados voltariam à sua pátria e possuiriam a terra prometida. A promessa foi feita tanto ao Reino do Norte (Israel, que fora dispersa em 722 a.C, quando os assírios levaram cativos as dez tribos de Israel) quanto ao Reino do Sul (Judá). “Segundo se especula, as dez tribos perderam a sua identidade, misturando-se aos povos de sua dispersão. A profecia de Ezequiel, porém, diz o contrário: todas as tribos, inclusive a de Dã, voltarão à terra de promissões onde recuperarão sua formosa herança” (Ez 48:1,2,32).
2. O restabelecimento do Estado de Israel. Deus já havia predito, desde a época de Moisés, que se Israel não O obedecesse, seria disperso entre todas as nações(Dt 28:15,34). O próprio Jesus profetizara que Israel seria disperso entre todas as nações da terra e que cairia à espada. Isto ocorreu no ano 70 d.C, quando o exército do general Tito cercou Jerusalém matando milhares de pessoas, e os que escaparam estiveram cativos entre as várias nações da terra. O Senhor também predisse que tornaria a congregar o seu povo, transferindo-o de entre as nações da terra para a sua terra de origem (Dt. 30:3; Is 11:11-16; Ez 36,8,24; 37:11,12; 38:8).
O Retorno: A criação da primeira colônia judia em 1882, nas proximidades de Jaffa, marcou o início da imigração de Judeus para a região - “Então o Senhor teu Deus te fará voltar do teu cativeiro e se apiedará de ti; e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou o Senhor teu Deus”(Dt 30.3). Em 1923, quase vinte séculos depois da diáspora (dispersão dos Judeus), milhares de famílias judaicas começam a retornar à região, que após o domínio turco, se tornara protetorado inglês, desde 1922. É o cumprimento da profecia que diz: “... Eis que eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações, para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra”(Ez 37:21); “E removerei o cativeiro do meu povo Israel, e reedificarão as cidades assoladas e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho e farão pomares, e lhes comerão o fruto. E os plantarei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus”(Amós 9:14,15).
A Restauração: Em 14 de maio de 1948, quando os ingleses deixaram a região, os Judeus, apoiados pelos Estados Unidos, proclamaram oficialmente o novo Estado de Israel, em cumprimento à profecia bíblica de Isaías, que diz: “Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra em um só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos”(Isaías 66:8). Entretanto, os árabes em hipótese nenhuma concordaram com a restauração de Israel. A intenção deles, muitas vezes reafirmada, é a de expulsar os Judeus e riscar Israel do mapa. Nesse sentido foram travadas cinco grandes guerras: em 1948, a Guerra da Independência; em 1956, a Guerra de Suez; em 1967, a Guerra dos Seis Dias; em 1973, a Guerra do Yom Kippur; e, em 1982, a Guerra do Líbano. Em todos esses embates, as forças judaicas têm saído vencedoras, porque o Senhor dos Exércitos está ao seu lado. Nunca se intimidou com as inúmeras ameaças de um povo hostil que os cerca de todos os lados.
As espetaculares vitórias dos Judeus sobre seus inimigos têm sido um assombro para o mundo. Quando em junho de 1967, os árabes, liderados pelo ditador egípcio Gamal Abdel Nasser, planejaram e tentaram a destruição do Estado Judaico, foram seis dias de medo e apreensão em todo o mundo, de terrível surpresa e humilhação para os invasores e de grandes e inesquecíveis glórias para a jovem nação israelense. Os soldados Judeus enfrentaram heroicamente os inimigos, destroçaram por completo seu moderníssimo arsenal bélico e ampliaram, para quase quatro vezes mais o território de seu país. Muitos indagam: como pode um país tão pequeno prevalecer sobre seus inimigos (Israel para os árabes está na proporção do Sergipe para o Brasil)? Nenhuma resposta fora da Bíblia Sagrada pode satisfazer plenamente a razão humana: “E o Senhor te porá por cabeça e não por cauda”(Dt 28:13); “E os plantarei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus”(Amós 9:15). Verdadeiramente Deus interveio em defesa da minúscula nação israelense.
Israel, hoje, é indestrutível, porque Deus é o seu protetor. As nações deveriam prestar atenção àquilo que Deus diz do Seu "vermezinho Israel" e como Ele o protege: "Porque aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho" (Zc 2:8b).
Um dia, alguém que odiava os judeus perguntou a um velho judeu: "O que você pensa que acontecerá com o seu povo se nós continuarmos perseguindo vocês?”. O judeu respondeu:” Haverá um novo feriado para nós!". "O que você quer dizer com isso?", perguntou o outro, "como vocês podem ter um novo feriado se continuarmos perseguindo vocês?". O velho judeu disse: "Veja bem, Faraó quis nos exterminar e nós recebemos um feriado: a Páscoa! Hamã quis enforcar Mordecai e exterminar todos os judeus e nós recebemos um novo feriado: Purim! Antiôco, o rei da Síria, quis exterminar os judeus; ele ofereceu um porco ao deus Júpiter no templo e Israel recebeu outro feriado: Hanucah! Hitler quis nos exterminar e nós recebemos mais um feriado: Yom Ha’atzmaut - o Dia da Independência! Os jordanianos ocuparam Jerusalém Oriental durante 19 anos, impedindo-nos de orar no Muro das Lamentações, até que, no ano de 1967, nossos soldados libertaram Jerusalém Oriental; desde então, festejamos anualmente o Yom Yerushalaym - o Dia de Jerusalém! E caso continuarem nos perseguindo, receberemos mais feriados da parte de Deus! E o velho judeu tem razão!” (revista Notícias de Israel, julho de 1998).
3. A retomada de Jerusalém. Jerusalém foi destruída, pela primeira vez, em 586 a.C por Nabucodonozor. Esta é considerada a data inaugural em que Jerusalém não seria dominada, de forma plena, pelos Judeus, mas seria pisada pelos gentios. E Jesus afirmou que Jerusalém seria pisada até que se completem os tempos dos gentios (ver Lc 21:24). No entanto, Deus começou a reverter tal situação em junho de 1967, quando os exércitos israelenses retomaram o lado oriental da Cidade Santa. Em 1980, o então primeiro-ministro Menachen Begin proclamou Jerusalém como a capital una e indivisível de Israel. Mas, não foi tão fácil. Os inimigos de Israel procuraram com toda veemência impedir isso.
Após o renascimento de Israel como nação soberana, os árabes lançaram sucessivas ondas de terror sobre o bairro judaico de Jerusalém. Os Judeus passaram a viver dias de tensão e medo. Apesar da estrondosa vitória obtida na ONU, obtendo o direito de voltar à sua terra natal, continuavam peregrinos em sua própria terra, estrangeiros no próprio solo. No dia 28 de maio de 1948, os árabes invadem o setor hebreu de Jerusalém e tomam a cidade, não permitindo, a partir daí, o acesso dos judeus ao Muro das Lamentações, na velha Jerusalém. Assim, os Judeus são obrigados a ficarem distantes de seu santuário maior. Em maio de 1967, o presidente do Egito, Gama Abdel Nasser, faz a seguinte declaração: ”Nosso objetivo básico é destruir Israel”. E na segunda quinzena de maio do mesmo ano ele começa a arquitetar-se a fim de concretizar o seu intento. Nasser assina um acordo militar com a Jordânia e o Iraque. Ao mesmo tempo, tropas argelianas, marroquinas, kuaitianas e sauditas unem-se aos exércitos egípcios e sírios.
“No dia seis de junho de 1967, Israel reage. Em menos de uma semana, os soldados israelenses, comandados pelo general Ytzark Rabin, conquistam toda a península do Sinai até o Canal de Suez. Com a mesma eficiência, tomam a Cisjordânia e as colinas de Golan. E, no auge dos combates, reconquistaram Jerusalém. Os árabes sofrem enormes prejuízos. Na chamada guerra relâmpago, tombam dez mil soldados egípcios, quinze mil jordanianos e milhares de sírios, iraquianos, marroquinos, kwaitianos, etc. As perdas materiais dos mulçumanos também foram vultosas: quatrocentos aviões egípcios destruídos, além de outros equipamentos militares. Os prejuízos árabes foram calculados em mais de um bilhão de dólares. Todos, na verdade, esperavam a destruição de Israel, mas o Altíssimo saiu em defesa de seu povo. Da esperada derrota, brotou um dos mais espetaculares triunfos da nação judaica. Até o que não esperavam, os israelitas conseguiram: a posse definitiva da Cidade Santa” (Extraído do Livro: Jerusalém, 3000 anos de história, editado pela CPAD).
CONCLUSÃO
Os que confiam em Deus jamais serão subvertidos pelas crises e dificuldades; pois é justamente em meio às crises que brota a esperança. O profeta Jeremias, que predisse com tanta certeza a queda de Jerusalém e Judá, com igual certeza predisse a sua volta do exílio e a inauguração de uma nova e bem-sucedida aliança no futuro, efetivada na última santa ceia, quando Jesus declara: “Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós” (Lc 22:20).
Quando o crente é convicto de sua fé ele não titubeia, mas põe a sua confiança, a sua esperança só em Deus. Ele é o que nos inspira a esperança mesmo onde não mais há esperança. Paulo disse perante o governador Félix: “tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição tanto dos justos como dos injustos”. É isso, só os que crêem em Jesus Cristo como o Único Provedor de nossa salvação pode dizer isso que Paulo disse. Um dia todos nós morreremos, caso o Senhor Jesus não venha antes disse, mas temos a esperança que ressuscitaremos e viveremos com ele para sempre – é sem dúvida a nossa maior esperança.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão. Guia do leitor da Bíblia – Jeremias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Aula 08 - O PODER DA VERDADEIRA PROFECIA

Leitura Bíblica: Jeremias 28.5-12,16,17

"Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam; ensinam-vos vaidades e falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor” (Jr 23:16)

INTRODUÇÃO
Jeremias enfrentou grandes dificuldades na sua época por causa dos falsos profetas. Eles pervertiam os caminhos do Senhor e desviavam o povo de Israel da verdade. Possuíam uma boa posição financeira, política e social e entregavam mensagens falsas, levando o povo de Deus a tropeçar. Eles eram bem populares, pois proclamavam somente o que o rei, o sacerdote e as demais pessoas queriam ouvir. Eles haviam se tornado um obstáculo para que o povo abandonasse o erro. Os falsos líderes religiosos constantemente anunciam que as bênçãos de Deus são incondicionais e que não dependem de arrependimento, nem de um santo viver. Uma mensagem desse tipo sempre goza de popularidade.
Nesta aula, estudaremos um desses falsos profetas: o arrogante e insolente Hananias. Ele se opunha à mensagem de julgamento pregada por Jeremias. Ele predizia a queda de Babilônia e a volta dos exilados e dos tesouros do Templo, dentro de dois anos. Ele enganava o povo, fazendo-o crer em mentiras. Por causa disso recebeu uma palavra do Senhor com predição de sua morte, que ocorreu dentro de dois meses. Isto mostra que o castigo da apostasia e da falsa profecia é pesado.
I. O QUE É O PROFETA
Deus levantou profetas durante toda a história de Israel. O primeiro profeta mencionado na Bíblia foi Abraão, de onde seria formada a nação israelita (Gn.20:7). No entanto, o primeiro profeta bíblico não foi Abraão, mas, sim, Enoque, que, ainda antes do dilúvio, teria profetizado a respeito do estabelecimento do reino milenial de Cristo (Jd.14). Em seguida, as Escrituras mostram que Deus levantou como profeta a Moisés (Ex.4:15,16). A partir de Moisés, Deus sempre levantou profetas no meio do povo, revelando, sempre, qual era a Sua vontade para o povo. Como o próprio Jesus afirmou, o ofício profético somente se encerrou com João Batista (cf.Mt.11:13), quando, então, veio o próprio Senhor, que não era apenas o porta-voz de Deus, mas o próprio Deus conosco (Mt.1:23).
1. Definição. De acordo com Êx 4:15,16 , profeta é "aquele que fala no lugar de outrem"; "porta-voz de Deus", ou seja, aquele que traz mensagens da parte do Senhor, aquele que revelava Deus ao povo; podendo, ou não, predizer o futuro.
No Antigo Testamento, o profeta era aquele que revelava o desconhecido à humanidade, o propósito divino para a restauração do homem. Neste sentido, o ofício profético durou até João (Mt 11:13), pois, com a vinda de Cristo, o próprio Deus se revelou ao homem, de forma plena e integral (Hb 1:1). São, pois, totalmente espúrias e sem qualquer respaldo bíblico a aparição de novos “profetas”, que nada mais são que falsos profetas, como é o caso de Maomé, Joseph Smith, Reverendo Moon, Benny Hinn, Morris Serullo, Mike Murdock, e tantos quantos se disserem complementadores da revelação de Cristo ao mundo.
2. A função do profeta. Os Profetas revelavam a vontade de Deus e exortavam o povo ao arrependimento e à obediência da Lei divina(Ez 33:7). Pregavam também a justiça e anunciavam as coisas futuras. Isso demonstra que eles não apenas prediziam o futuro, mas que eram usados por Deus para falar acerca das questões do presente.
Os profetas se tornaram tão importantes entre os judeus que eram consultados pelo povo e pela classe dominante. Deus os considerava tanto que disse que não faria coisa alguma sem antes revelar aos seus servos, os profetas – “ Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas”(Am 3:7).
Profetizar era algo tão sério que a pena para o profeta que se usava em nome de Deus era clara: a morte-“ Mas o profeta que tiver a presunção de falar em meu nome alguma palavra que eu não tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá”(Dt 18:20). Infelizmente, mesmo com a possibilidade de uma pena tão dura, falsos profetas se levantavam entre o povo de Deus e o conduziam à idolatria. E outros profetizavam coisas que não vinham de Deus, como é o caso dos profetas que enganavam o rei Acabe(2 Cr 18), e o falso profeta Hananias, que enganava o rei Zedequias(Jr 28).
3. A prova de autenticidade do profeta. Para o profeta ser considerado autêntico não basta apenas a profecia se cumprir (ler Dt 13.1-5). É necessário, também, que a profecia não contrarie de forma alguma a Bíblia Sagrada. Isaías chama a atenção para o fato de que os profetas verdadeiros serão provados por sua fidelidade às revelações anteriormente escritas: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a luz”(Isaías 8:20). O profeta é o porta-voz fidedigno da Palavra de Deus. Se ele falar 99,99% ele não é considerado um profeta autêntico. Cada profecia deve ser considerada de acordo com as demandas e reivindicações da Bíblia. Nada, absolutamente nada, pode estar acima da Bíblia Sagrada - nossa única regra de fé e conduta.
No Antigo Testamento, somente era reconhecido como “homem de Deus”, como profeta, aquele que dissesse algo que se cumprisse, visto que esta era a prova indelével de que tinha sido ele porta-voz de Deus, que é a verdade. Eram estas, aliás, as instruções dadas pelo próprio Moisés ao povo: “E, se disseres no teu coração: Como conheceremos qual seja a palavra que o Senhor falou? Quando o profeta falar em nome do Senhor e tal palavra não se cumprir, nem suceder assim, esta é a palavra que o Senhor não falou; com presunção a falou o profeta; não o temerás”(Dt.18:21,22). Este conceito israelita era conhecido até mesmo pelos povos vizinhos, como se verifica no caso da viúva de Zarefate – “E Elias tomou o menino, trouxe-o do quarto à casa, e o entregou a sua mãe; e disse Elias: Vês aí, teu filho vive. Então a mulher disse a Elias: Agora sei que tu és profeta de Deus, e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade” (I Rs.17:23,24).
Como reconhecer um falso profeta? Qualquer uma das seis marcas a seguir identifica substancialmente um falso profeta: (1) por meio de sinais e maravilhas eles desviam pessoas para servirem a deuses falsos (Dt 13:1-4); (2) suas profecias não se realizam (Dt 18:20-22); (3) eles contradizem a Palavra de Deus (Is 8:20); (4) eles produzem maus frutos (Mt 7:18-20); (5) todos falam bem deles (Lc 6:26); (6) eles negam a encarnação de Jesus Cristo (1Jo 4:3).
Como reconhecer o legítimo mensageiro de Deus, no contexto atual em que a Igreja vive? Jesus Cristo nos adverte a respeito de falsos profetas que se infiltram no meio do povo de Deus. Apesar da aparência de piedade, não passam de agentes de Satanás; sua missão: corromper a fé dos salvos e destruir a unidade da Igreja (Mt 7:15-23). Muitos deles operam sinais e prodígios (Mt 24:24), mas tudo isto fazem sob a eficácia de Satanás (2Ts 2:9,10). Como identificá-los? Como saber se estão em nosso meio?
a) Discernindo o caráter da pessoa. Ela tem uma vida de oração perseverante e manifesta uma devoção sincera e pura a Deus? Manifesta o fruto do Espírito(Gl5:22), ama os pecadores(João 3:16), detesta o mal e ama a justiça(Hb1:9) e fala contra o pecado(Lc 3:18-20)?
b) Observando os frutos da vida e da mensagem da pessoa. Os frutos dos falsos pregadores comumente consistem em seguidores que não obedecem a toda a Palavra de Deus(ver Mt 7:16). A árvore má não pode dar frutos bons (Mt 7:16-20).
c) Discernindo até que ponto a pessoa se baseia nas Escrituras. Este é um ponto fundamental. Essa pessoa crê e ensina que as Escrituras Sagradas são plenamente inspirados por Deus e que devemos observar todos os seus ensinos(ver 2João 9-11)?.
d) Em fim, observando a integridade da pessoa quanto à administração do dinheiro arrecadado dos fiéis da igreja. Ela recusa grandes somas para si mesma, administra todos os assuntos financeiros com integridade e responsabilidade, e procura realizar a obra de Deus conforme os padrões do Novo Testamento para obreiros cristãos?(1Tm 3:3; 6:9,10).
Portanto, sejamos cuidadosos porque mesmo sendo acurados nos critérios de avaliação de um pregador, mesmo assim, muitas vezes, eles aparecem vestidos de cordeiros, mas são terríveis lobos devoradores.
II. O FALSO PROFETA HANANIAS ENTRA EM CENA
1. Quem era Hananias.
“... Hananias, filho de Azur, o profeta de Gibeão...”(28:1). Não se sabe quase nada sobre este profeta. No capítulo 28:1 só diz que ele era filho de Azur. Ele representa todo o grupo de profetas profissionais. Na época de Jeremias havia profetas pouco sóbrios, irrealistas e falsos, que desencaminhavam o povo com profecias enganosas. Mesmo quando as nuvens da tempestade do juízo se ajuntavam mais densas do que nunca sobre Jerusalém, eles acalmavam o povo. Suas declarações eram muito positivas e soavam edificantes, até mesmo encorajadoras aos ouvidos das pessoas. Eles prometiam muito, inclusive a vitória. É o caso de Hananias, falso profeta, que apresentava uma “mensagem maravilhosa” e tinha a ousadia, e até mesmo a insolência, de proclamá-la abertamente, como se vê no capítulo 28:2-4. Como bem diz o pr. Claudionor de Andrade, ele era do tipo que impressionava. Falava como profeta, tinha discurso de profeta e vestia-se como profeta. Aliás, era mais dramático que os profetas de Deus. Além disso, só falava o que o povo queria ouvir. Pregava a paz e determinava a prosperidade. Com um coração despreocupado fez, em nome de Jeová, promessas inconsistentes, apesar da má condição moral do povo, que não podiam ser cumpridas. Ele esperava resultados sem colocar os devidos alicerces para alcançá-los. Com grande segurança ele estabelece um limite de dois anos na sua profecia. Hananias era um fanático. Fanáticos sempre estão com pressa.
2. As palavras de Hananias. “Assim fala o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, dizendo: Quebrei o jugo do rei da Babilônia. Dentro de dois anos, eu tornarei a trazer a este lugar todos os utensílios da Casa do Senhor, que daqui tomou Nabucodonosor, rei da Babilônia, levando-os para a Babilônia. Também a Jeconias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, e a todos os exilados de Judá, que entraram na Babilônia, eu tornarei a trazer a este lugar, diz o Senhor; porque quebrei o jugo do rei da Babilônia” (Jr 28:2-4).
O falso profeta Hananias falou estas palavras, para perturbar o povo e afrontar o profeta Jeremias. Ele mentiu ao povo. Ele atribuiu suas palavras ao Senhor – “Assim fala o Senhor dos Exércitos” – quando eram suas próprias palavras, não as do Senhor.
Por que ele mentiria ao povo? “Politicamente correto”, tais profecias eram o que o rei e o povo queriam ouvir e vaticinou o que todos almejavam que acontecesse naquele momento. Tais ensinamentos o deixariam popular. O que Hananias disse sobre a duração do cativeiro babilônico? Chegaria ao fim em dois anos. O que o Senhor disse sobre a duração do cativeiro babilônico? Continuaria “... até que os setenta anos se cumpriram” (2Cr 36:21). Hananias disse que o rei Jeconias (Joaquim) voltaria do cativeiro babilônico dentro de dois anos. Na verdade ele ficou preso na Babilônia por trinta e sete anos (Jr 52:31). No teste do verdadeiro profeta, estava reprovado (Dt 18.22).
Você, homem de Deus, não foi chamado para brincar de pregador; convocou-o o Senhor para atuar como pregoeiro da verdade, que é a Palavra de Deus. Devemos pregar a Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios. Para o mundo tal pregação é uma demonstração de fraqueza. Para o mundo tal pregação não vai mudar nada na sociedade. Todos querem pregação de riquezas, pregação de milagres, pregação de curas. Mas, a nossa pregação deve ser diferente.
Nós não devemos pregar prosperidade e riquezas. A nossa pregação deve ser a mesma do profeta Jeremias, de arrependimento. A nossa pregação deve ser a mesma do apóstolo Paulo, que pregou com fraqueza, temor e muito tremor (1Co 2:3). Pregamos a Cristo. Pregamos aquele que morreu por todos nós. É a mensagem mais difícil de entender. É a mensagem mais difícil de aceitar. Mas esta mensagem é verdadeira. Ela nos traz Cristo, o poder de Deus. Ela nos leva ao arrependimento para o perdão dos nossos muitos pecados. Esta mensagem é desprezada por muitos. Esta mensagem é um osso duro de roer. Pois quem quer ouvir alguém anunciando os seus pecados numa época em que muitos vivem estressados por causa de milhares e milhares de dificuldades e incertezas? Mas esta é a mensagem que pregamos. É a mensagem da Palavra de Deus. É a mensagem da salvação, pois ela nos leva à cruz de Cristo, escândalo para os que estão conformados com o mundo, mas poder de Deus para todos que foram chamados para a eterna glória. Se não quiserem nos ouvir, que não nos ouçam. No entanto, todos haverão de saber que, em seu meio, esteve um autêntico pastor de almas e um legítimo proclamador da verdade divina (Ez 2:4,5).
3. O castigo de Hananias. O Senhor mandou Jeremias a Hananias com a seguinte mensagem: “... Ouve agora, Hananias: O Senhor não te enviou, mas tu fizeste que este povo confiasse em mentiras. Pelo que assim diz o Senhor: Eis que te lançarei de sobre a face da terra; morrerás este ano, porque pregaste rebeldia contra o Senhor. Morreu, pois, o profeta Hananias, no mesmo ano, no sétimo mês” (Jr 28:15-17).
Esse é o destino daquele que, sem temor nem tremor, brinca com o nome de Deus, zombando-lhe da santidade. Certamente, Deus não tolerará um líder do seu povo colocar palavras mentirosas em sua boca. Veja, também, o destino dos falsos profetas do capítulo 29: 21-23; 31,32.
Assim como havia falsos profetas na época de Jeremias que diziam às pessoas coisas que Deus não havia falado, há o mesmo tipo hoje em dia. Na sua falsidade eles ensinam rebelião contra a palavra verdadeira de Deus. Na sua interpretação errada da palavra de Deus eles caminham para a condenação, levando juntos aqueles que acreditam nos seus falsos ensinamentos.
Precisamos distinguir duas coisas: o pregador e a Palavra que ele prega. O pregador é uma coisa; a palavra pregada por ele é outra. O pregador pode ser muito poderoso e impressionante. Ele pode ser igual a Hananias, que bateu forte e deu um show de autoconfiança e determinação. Parece que a personalidade de Hananias era muito mais forte que a personalidade de Jeremias, que era uma pessoa sensível e até tímida (Jr 1:6). Porém, ter uma personalidade forte, não significa ser o dono da verdade! Reparem que Hananias falou, “em nome do Senhor, com toda convicção, que dentro de dois anos, o jugo do rei da Babilônia seria quebrado. Porém isso não aconteceu. O jugo do rei da Babilônia somente foi quebrado depois de setenta anos (Jr 29:10). Então, é possível alguém ser um pregador muito empolgado, um pregador que fala poderosamente, fazendo promessas lindas, um pregador que arranca aplausos, “politicamente correto”. Mas isto não quer dizer que ele é um pregador que fala a Palavra do Senhor. Devemos, portanto, respeitar a Palavra de Deus, não ultrapassá-la nem fazer menos do que aquilo que Deus falou - “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina de Cristo, esse tem tanto o Pai como o Filho” (2João 9).
III. CUIDADO COM OS FALSOS PROFETAS
As Escrituras falam de profetas verdadeiros e de profetas falsos. Os primeiros constituem enorme bênção para o povo de Deus; os últimos representam ameaça permanente. O povo de Deus não pode renunciar à responsabilidade de prová-los, com os melhores elementos extraídos das Escrituras Sagradas. Se um profeta é verdadeiro, sua mensagem é de Deus, cheia de verdade e de autenticidade; seu testemunho representa adequadamente a natureza, o caráter e a missão de Cristo; sua mensagem está em harmonia e em correspondência com todas as revelações de Deus. Repetidas vezes, a Palavra de Deus adverte contra falsos profetas. Precisamos dar ouvidos a essas advertências.
Jesus disse: "Acautelai-vos dos falsos profetas" (Mt 7:15). "Levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos... operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos" (Mt 24:11,24).
Paulo compara os falsos profetas a Janes e Jambres, que se opuseram a Moisés e Arão com sinais e maravilhas operados pelo poder de Satanás - “E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”(2 Tm 3:8).
Pedro advertiu que assim como houve falsos profetas no tempo do Antigo Testamento, assim também haverá entre nós falsos mestres, os quais introduzirão dissimuladamente heresias destruidoras – “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição”(2 Pe 2:1).
O apóstolo João declarou que já em seus dias muitos falsos profetas atuavam entusiasticamente no meio da igreja – “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1Jo 4:1).
Quanto mias hoje, portanto, devemos estar alertas quanto aos falsos profetas à medida que a apostasia profetizada para os últimos dias atinge o seu clímax, preparando o mundo e uma falsa religião para a chegada do Anticristo!
Conhecer, amar e obedecer à Palavra de Deus é o único meio seguro de não sermos enganados. Como é trágico que a Regre de fé e prática concedida por Deus à Igreja, a Bíblia Sagrada, seja tão negligenciada hoje por aqueles que se chamam cristãos! Muitos que professam conhecer a Deus e servi-lo têm pouca ou nenhuma sede por Sua Palavra. Em vez disso, buscam sinais e maravilhas, experiências emocionais, novas revelações, o último "mover" do Espírito, ou os dons em lugar do Doador. Como resultado, são suscetíveis a todo "vento de doutrina" (Ef 4:14) e caem vítimas de falsos mestres que “... movidos por avareza, farão comércio de vós com palavras fictícias..." (2Pe 2:3), "supondo que a piedade é fonte de lucro" (1Tm 6:5). A mentira popular da "$emente de fé" – a idéia de que uma contribuição para um ministério abre a porta para milagres e prosperidade – engana e promove cobiça entre os milhões que ignoram a Palavra de Deus. Precisamos julgar as profecias e discernir os espíritos, a fim de não sermos enganados pelos falsos profetas.
CONCLUSÃO
Tenhamos cautela, e não sejamos ignorantes! Os nossos olhos podem ver o pregador mais poderoso do mundo, mas isto não significa nada! Ninguém deve ficar impressionado com qualquer show, seja um show de gritaria, ou um show de milagres ou um show de lágrimas ou um show de mentiras. Também não devemos ficar impressionados quando o pregador só fala o que o povo quer ouvir: promessas de paz, promessas de prosperidade, promessas de milagres e curas. Numa época de crise e desemprego, muitos se aproveitam, pregando prosperidade e bênçãos, enganando até multidões. A nossa época é também uma época muito propícia a isso. Os problemas financeiros, de saúde, de educação são extremamente graves para grande parte da população. Existe um clima de insegurança muito forte. Que o povo de Deus não se engane! Que o povo de Deus não seja ignorante, mas conheça a santa Bíblia! Importa ouvirmos a pura e verdadeira Palavra de Deus, a qual nos orienta sobre os nossos pecados e sobre as nossas transgressões. Sejamos como os crentes de Beréia: “Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (Atos 17:11).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão. Guia do leitor da Bíblia – Jeremias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Aula 07 - O CUIDADO COM AS OVELHAS

Leitura Bíblica: Jeremias 23.1-4; João 10.1-5
Ministrada em:16 de maio de 2010
Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor"(Jeremias 23:1).

INTRODUÇÃO

Jeremias chamou o povo, e especialmente os líderes dos judeus, ao arrependimento. Ele viu a corrupção do povo, de cima para baixo, como motivo do castigo divino iminente. No capítulo 23, ele apresenta uma mensagem de Deus que mostra a diferença entre o Pastor verdadeiro e fiel e os maus pastores que maltrataram as ovelhas do Senhor. Os líderes do povo de Deus, principalmente os reis, sacerdotes e os profetas, foram extremamente negligentes e irresponsáveis na conduta moral e espiritual do povo de Israel. Eles perderam o senso de responsabilidade diante de Deus e fizeram com que as ovelhas(o povo de Israel) ficassem sem orientação. Quando os líderes são contaminados, o rebanho segue pelo mesmo caminho. Citamos como exemplo o rei Manasses que aproveitou a liderança que tinha e conduziu o povo à idolatria, e esta resultou no exílio, pois o povo não a abandonou, apesar de Deus ter dado tempo para que se arrependessem, mas eles não queriam ouvir a voz do Senhor, preferindo o engano dos falsos profetas (23:9-12). Eles eram movidos pela avareza e usavam o poder, que lhes fora conferido pelo Senhor, para legislar em causa própria. Deixavam-se subornar (22:17), extorquiam dinheiro das pessoas (22:17) e defraudavam o próximo para obter vantagens (22:13,14). O "direito e a justiça" não eram estabelecidos, e o povo cada vez mais se atolava no lamaçal do pecado. Essa é a lição que Deus mostra a Jeremias no início do capítulo 23: aqueles que pastoreiam ou cuidam do rebanho devem fazê-lo de forma que as ovelhas sejam tratadas como ovelhas do Senhor.
I. O QUE É UM PASTOR
Conforme o texto de 1Pedro 5:1-4, podemos dizer que, em termos eclesiásticos, Pastor é aquele que supervisiona o rebanho; ou melhor, ele é um mordomo do Senhor, por isso deve guardar cada uma das ovelhas que lhe confiou o Sumo Pastor. Sua função principal é conduzir os santos ao Senhor Jesus, dispensando a estes os meios da graça.
Como bem diz o reverendo Hernandes Dias Lopes, ser pastor é estar disposto a investir a vida na vida dos outros sem receber o devido reconhecimento. Ser pastor é amar sem esperar a recompensa, é dar sem esperar receber de volta. Ser pastor é saber que o seu galardão não lhe é dado aqui, mas no Céu. Creio que ser pastor é um grande privilégio. Nenhuma posição na terra deveria seduzir o coração de um pastor a desviar-se do seu foco ministerial. Ser embaixador de Deus é melhor do que ser embaixador da nação mais poderosa da Terra. Charles Spurgeon dizia para os seus alunos: "Filhos, se a rainha da Inglaterra vos convidar para serdes embaixadores em qualquer lugar do mundo, não vos rebaixeis de posto, deixando de serdes embaixadores do Céu”. Hoje, vemos muitos pastores deixando o ministério para serem vereadores, deputados ou senadores da República. Trocam o seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas. Isso é um equívoco e uma troca infeliz. Muito embora a vocação civil também seja uma sacrossanta vocação, aquele que Deus chamou para o ministério não deve desviar sua atenção com outros afazeres, ainda que dentre os mais nobres.
1. Obrigações do pastor. A principal obrigação do pastor é pastorear. Mas, o que é pastorear?
a) é alimentar o rebanho de Deus com a Palavra de Deus. Não nos cabe prover o alimento, mas oferecer o alimento. O alimento é a Palavra. Reter a Palavra ao povo de Deus é um grave pecado.
Infelizmente, vivemos dias difíceis. Dias em que é notório o abandono do ensino da Palavra de Deus nas igrejas. Muitos dentre os crentes se dizem ser, como nos afirmam as Escrituras, terão comichões nos ouvidos e não sofrerão mais a sã doutrina (2Tm.4:3), ou seja, não quererão se dobrar aos ensinos da Palavra de Deus e os distorcerão, a fim de poderem praticar os seus pecados, construindo para si doutores que justifiquem seus pecados e iniquidades. São dias difíceis, mas nós, que conhecemos a Palavra, que fomos ensinados na boa doutrina, sabendo que estas coisas iriam mesmo acontecer, só devemos ser cautelosos e, sobretudo, submissos aos ensinos do Senhor, pois o ensino da Palavra de Deus é essencial para o crescimento espiritual do cristão.
Que os pastores jamais esqueçam deste conselho de Bernard Ramm: “A tarefa fundamental de um pastor, na pregação, não é ser brilhante ou profundo, mas é ministrar a verdade de Deus”.
b) é proteger o rebanho de Deus dos lobos vorazes. Poucos animais são tão indefesos como as ovelhas. Com pouca defesa contra inimigos naturais, pouco senso de direção e nenhuma capacidade para encontrar seu próprio alimento, elas são muito dependentes do pastor para prover suas necessidades. No tempo em que não havia cercas, os pastores de ovelhas tinham que ficar com elas no deserto, algumas vezes durante meses de uma só vez. O pastor tinha que providenciar para as ovelhas tudo que elas não podiam providenciar para si mesmas. Ele procurava pastos verdes onde as ovelhas pudessem encontrar comida (1Crônicas 4:39-40) e as conduzia gentilmente para lá, sempre cuidadoso com as que estavam com filhotes (Isaías 40:11). Ele as protegia até com sua própria vida. O jovem Davi relatou a Saul como tinha arrancado um cordeiro da boca de um leão e de um urso (1Sm 17:34-37).
Paulo alertou para o fato dos pastores estarem vigilantes para que os lobos vorazes não penetrem no meio do rebanho. Jesus, também, fez o mesmo alerta: “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores”(Mt 7:15).
c) é apascentar o rebanho de Deus. O pastor é alguém que convive com a ovelha. Está perto. Leva para os pastos verdes as famintas; às águas tranquilas as sedentas; atravessa os vales escuros dando segurança à ovelha que está insegura e carrega a fraca no colo; resgata a que caiu no abismo; disciplina aquela que põe em risco a vida do rebanho.
2. A excelência com que o pastor deve exercer o seu pastorado - “E vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência”(Jr 3:15). Destacamos duas verdades importantes:
a) O pastor deve apascentar o rebanho de Deus com conhecimento. O pastor é um estudioso. Ele precisa conhecer a Palavra, alimentar-se da Palavra e pregar a Palavra. Aliás, a recomendação de Paulo é que “[...] o bispo seja [...] apto para ensinar”(1Tm 3:2). A vida do ministro está indissociavelmente vinculada ao ensino e à observância da sã doutrina (1Tm.1:3,10; 4:6,16; 5:17; 6:1,3; 2Tm.4:2,3; Tt.2:1,7,10). Paulo diz que devem ser considerados dignos de redobrados honorários aqueles que se afadigam na Palavra(1Tm 5:17).
Ao longo de todo o livro de Atos dos Apóstolos e das epístolas paulinas, vemos que havia um esforço todo especial por parte do Apóstolo Paulo para que as igrejas locais por ele fundadas sempre dessem proeminência à Palavra do Senhor. Eram igrejas onde a doutrina tinha o primeiro lugar e, não sem motivo, igrejas espiritualmente abundantes, onde o avivamento era uma realidade patente. Muitas são as passagens onde vemos o zelo e o cuidado dos apóstolos em ensinar a Palavra ao povo, em que o povo de Deus perseverasse na doutrina. A razão do crescimento da igreja primitiva foi a cuidadosa exposição da palavra de Deus: “Assim, a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At. 19.20).
b) O pastor deve apascentar o rebanho de Deus com inteligência. Isso significa apascentar o rebanho de Deus com sabedoria e sensibilidade. Sabedoria é usar o conhecimento para os melhores fins. Precisamos tratar as ovelhas de Deus com ternura. Paulo diz que o pastor é como um pai e também como uma mãe (1Tess 2:7-12). O pastor chora com os que choram e festeja com os que estão alegres. O pastor trata cada ovelha de acordo com sua necessidade, com seu temperamento, com seu jeito peculiar de ser. Ele é dócil com as crianças como foi Jesus, que as pegou no colo. Ele trata os da sua idade como a irmãos e aos mais velhos como a pais. Uma coisa é amar a pregação, outra coisa é amar as pessoas para quem pregamos.
3. A vocação do Pastor. A vocação para o ministério pastoral é um chamado específico de Deus, conjugado por uma necessidade urgente e uma capacitação especial. Há muitos pastores que jamais foram chamados por Deus para o ministério. Eles são voluntários, mas não vocacionados. Entraram pelos portais do ministério por influências externas, e não por um chamado interno e eficaz do Espírito Santo. Foram motivados pela sedução do status ministerial ou foram movidos pelo glamour da liderança pastoral, mas jamais foram separados por Deus para esse mister.
Há aqueles que entram no ministério com a motivação errada. Abraçam o ministério por causa do lucro; outros, por causa da fama. Outros ainda, por acomodação. Há aqueles que tentam vestibular para medicina, direito, engenharia e, por não lograrem êxito, chegam à conclusão de que Deus os está chamando para o ministério. Mas, vocação é quando você tem todas as outras portas abertas, mas só consegue enxergar a porta do ministério. Vocação é como algemas invisíveis; você não pode fugir permanentemente desse chamado.
O profeta Jeremias tentou desistir do seu ministério, mas isso foi como fogo em seus ossos. Paulo diz que aquele que aspira ao episcopado, excelente obra almeja (1Tm 3:1). O pastoreado é uma obra, e uma obra excelente. Não é uma obra para gente preguiçosa, mas uma obra que exige todo esforço, todo empenho e todo zelo.
Há pastores que estão mais interessados no dinheiro das ovelhas do que na salvação delas. Há pastores que negociam o ministério, mercadejam a Palavra e transformam a igreja em um negócio lucrativo. Há pastores que organizam igrejas como uma empresa particular, onde prevalece o nepotismo. Transformam o púlpito em uma praça de negócios, e os crentes em consumidores. São obreiros fraudulentos, gananciosos, avarentos e enganadores. São amantes do dinheiro e estão embriagados pela sedução da riqueza. Há pastores que mudam a mensagem para auferir lucros. Pregam prosperidade e enganam o povo com mensagens tendenciosas para abastecer a si mesmos.
Hoje estamos assistindo ao fenômeno do mercadejamento da fé. Pastores e mais pastores estão se desvinculando da estrutura eclesiástica e rompendo com suas denominações para criar ministérios particulares, em que o líder se torna o dono da igreja. A igreja passa a ser uma propriedade particular do pastor. O ministério da igreja torna-se um governo dinástico, em que a esposa é ordenada, e os filhos são sucessores imediatos. Não duvidamos de que Deus chame alguns para o ministério específico em que toda a família esteja envolvida e engajada no projeto, mas a multiplicação indiscriminada desse modelo é deveras preocupante. Estamos vivemos uma época parecida com a de Jeremias. Deus abominou as atitudes dos pastores de Israel e, certamente, aborrece as atitudes mercenárias de inúmeros pastores dos dias de hoje que ludibriam o rebanho com falsas mensagens e mentiras.
II. OS PASTORES DE ISRAEL
No período do Antigo Testamento, todos os que tinham responsabilidades de lideranças, como os profetas, os sacerdotes e os reis, eram considerados pastores do povo de Israel. Quanto ao Rei, a sua missão era aconselhar e guiar o povo de Deus (1Sm 9:16; ler Dt17:14-20); quanto ao Sacerdote, sua missão era santificar o povo, oferecer sacrifícios pelo povo e interceder pelos transgressores(Hb 5:1-3; ler Lv 10:8-11; 16; 21:1-24); quanto ao Profeta, sua missão era preservar o conhecimento e manifestar a vontade do único e verdadeiro Deus(Ez 2:1-10; ler Dt 18:20-22).
Uma vez o povo instalado em Canaã esses líderes foram infiéis à missão que Deus lhes entregou; maltrataram, em vez de cuidarem das ovelhas do Senhor. Deus ficava furioso com esses pastores relapsos e pedia-lhes severas contas pelo sofrimento que infligiam às ovelhas que lhes confiou.
Veja a bela declaração de amor do Pastor apaixonado por suas ovelhas, descrita por Jeremias no capítulo 23:1-6. Veja também Ezequiel 34:2-31. Em nome deste amor, Deus se indigna contra os pastores que não respeitam as ovelhas que lhe foram confiadas. Não as respeitam porque não as amavam - “1. Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor. 2. Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca dos pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o Senhor. 3. E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão e se multiplicarão. 4. E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor”(Jr 23:1-4).
Deus falou aos líderes de Judá que eles eram culpados de negligenciar e maltratar o rebanho dele. Preste atenção nos verbos que ele usa para descrever a conduta destes pastores: destruir, dispersar, afugentar e não cuidar. Pastores devem juntar, alimentar, cuidar, guiar e proteger. Mas, os pastores de Israel faziam tudo ao contrário! Uma coisa marcante neste parágrafo é a maneira que Deus fala do rebanho. Ele o descreve como “o meu povo”, “as ovelhas do meu pasto” e “as minhas ovelhas”. A linguagem dele mostra o problema raiz do comportamento errado dos líderes. Eles não amavam o povo como Deus o amava! Para eles, ser pastor era uma posição de destaque, honra e privilégio. Para Deus, ser pastor era uma posição de responsabilidade, sacrifício e amor.
Hoje, ainda há muitos que olham para o cargo de pastor como uma posição de honra a ser cobiçada. Buscam o destaque e desejam a honra diante dos homens. Ao invés de agir humildemente como pastores no rebanho local (veja 1Pedro 5:1-3), apresentam-se em todo lugar com o “título” de pastor. Em outras palavras, “Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens” (Mt 23:6-7). Tais pastores não cuidam do rebanho como devem.
Veja, também, o que Deus diz através do profeta Ezequiel contra os pastores infiéis de Israel, isto é, seus reis, sacerdotes e profetas: “2. Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Jeová: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? 3. Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. 4. A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. 5. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam. 6. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as busque”(Ez 34:2-6).
Nota-se que as palavras do Senhor dirigidas aos líderes de Israel são de condenação absoluta desde o começo: "Ai dos pastores de Israel". Aqueles homens achavam que as posições que ocupavam eram tão dignificadas que os tornavam, automaticamente, isentos e imunes a toda e qualquer forma de crítica. Não entendiam que as posições que ocupavam, bem como as funções executadas por eles, realmente, não os isentavam de ter que admitir seus erros, de ter que confessar seus pecados e de sofrer as graves conseqüências dos juízos de Deus, caso não se arrependessem. Estas palavras, realmente duras da parte do Senhor, são motivadas pelo fato de que os pastores não são "donos" do rebanho de Deus e por este motivo não podem tratar o rebanho de Deus de qualquer maneira e de forma abusiva. Pastores, como diz o apóstolo Pedro, não passam de cooperadores submetidos ao Senhor Jesus que é chamado de Supremo Pastor(ver 1Pedro 5:4).
Deus, certamente, tratará com firmeza aqueles que não viverem à altura dos compromissos assumidos como pastores e servos a serviço do povo de Deus. Ele diz: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor”(Jr 23:1). Porque somos ovelhas do pasto do Senhor, e Ele se mostra aborrecido quando somos maltratados por aqueles que deveriam realmente cuidar de nós.
III. ISRAEL FOI DESTRUÍDO POR LHE FALTAR VERDADEIROS PASTORES
A denuncia de Jeremias, no capítulo 23, dos maus pastores é uma predição do fim da nação de Judá, pois os líderes são aqueles que conduziram a nação a esse lugar de destruição. Eles, ao invés de anunciarem ao povo a Palavra de Deus, e conduzi-lo de conformidade com os preceitos divinos, desviaram-no com suas mentiras e falsidades.
Nota-se através dos versículos 9 a 10 que Jeremias sentiu-se esmagado com o que estava acontecendo dentre os lideres religiosos dos seus dias: “O meu coração está quebrantado dentro de mim; todos os meus ossos estremecem; sou como um homem embriagado”(23:9). Apesar da maldição da seca com suas consequentes catástrofes, o povo era flagrantemente imoral - “A terra está cheia de adultério”(23:10). Quando o profeta viu essas condições à luz do caráter de Deus e sua Palavra santa, ele foi dominado por tristeza e dor.
Jeremias não perde tempo para chegar à verdadeira causa dessa situação: tanto os profetas como os sacerdotes estão contaminados (Jr 23:11). Esses homens que deveriam estar reverenciando a Deus e todas as coisas santas eram culpados de sacrilégio; “até na minha casa achei sua maldade, diz o Senhor”. Eles lidavam com as coisas sagradas de maneira irreverente. Mas Deus não aceita essa falta de temor dos líderes, e lhes diz: “... porque trarei sobre eles mal...”(23:12).
O Reino do Norte tinha sido abertamente apóstata. Em Samaria, os profetas profetizaram da parte de Baal loucamente e fizeram errar o povo de Israel (Jr 23:13), e essa foi a causa principal de Israel ir para o exílio. Mas Judá tinha sobrepujado em muito a Israel em sua maldade. Os profetas em Jerusalém eram culpados dos tipos de pecados mais depravados: “cometeram adultérios, e andam com falsidade... eles têm-se tornado para mim como Sodoma, e os moradores dela, como Gomorra”(Jr 23:14). A capital de Judá era um “sumidouro” de perversidade moral. E, pior de tudo, esses líderes religiosos pareciam permanentemente enraizados em seus caminhos perversos.
A profanação, no entanto, tornou-se a semente de ruína e morte: “o caminho deles será como lugares escorregadios nas trevas”(23:12, NVI). Além do mais, “diz o Senhor [...]: Eis que darei a comer alosna, e lhes farei beber [...] fel”(23:15). Essa é a forma bíblica de dizer que seu fim será repleto de desgraça e pesar.
Mas, nas suas declarações em relação ao fim da nação, o profeta também nos apresenta um vislumbre do que vem “após o juízo”. Ele parece dar por certo que o propósito redentor de Deus no juízo será cumprido e que um dia melhor está por vir. Deus não se limita a julgar os maus pastores, mas diz que Ele mesmo recolherá o resto das suas ovelhas que haviam sido afugentadas para outros lugares, faria com que frutificassem e lhes daria pastores responsáveis. Isso porque Deus é o maior interessado em sua obra e em suas ovelhas. Há os pastores chamados e os chamados pastores, e o Senhor conhece na liderança quem é quem. Ele deu pastores à Igreja, que devem cuidar do rebanho não como se fossem seu, mas do Senhor, e devem conduzi-lo de acordo com as Sagradas Escrituras, levando a Igreja a uma vida de santificação e de pureza.
IV. OS DEVERES DAS OVELHAS
Pastores qualificados e dedicados merecem o respeito e apoio das ovelhas por eles guiadas. Paulo disse: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina” (1Tm 5:17). O autor de Hebreus nos ensina: “Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil” (Hb 13:17). Portanto, homens fiéis que amam a Deus e aceitam a responsabilidade de ajudar seus irmãos chegarem ao céu devem ser tratados com respeito e apreço.
CONCLUSÃO
Cuidado!
Este é o dever primordial do ministério pastoral. Deixar de cumpri-lo por ambições, lisonjas ou favorecimentos é rebelião; e “a rebelião é como pecado de feitiçaria”(1Sm 15:23a) – Deus abomina e rejeita o pastor que assim se comporta(ver 1Sm 15:23b).
As ovelhas do Senhor devem ser bem cuidadas, adequadamente alimentadas e diligentemente protegidas. Elas foram compradas com o próprio sangue de Cristo. Desta feita, elas são de imensurável valor, e não podem ficar expostas a nenhum capricho ou descuidos de quem quer que seja. O apóstolo Paulo adverte a todos os pastores que lideram o rebanho do Senhor: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue”(Atos 20:28). Jesus nos deixou um grande exemplo. O seu cuidado pastoral é extremo, a ponto de dar a sua vida por nós. Ele disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10b).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. O novo dicionário da Bíblia. Revista o Ensinador Cristão. Guia do leitor da Bíblia – Jeremias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. De:Pastor A:Pastor –Hernandes Dias Lopes.