quinta-feira, 6 de maio de 2010

Aula 07 - O CUIDADO COM AS OVELHAS

Leitura Bíblica: Jeremias 23.1-4; João 10.1-5
Ministrada em:16 de maio de 2010
Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor"(Jeremias 23:1).

INTRODUÇÃO

Jeremias chamou o povo, e especialmente os líderes dos judeus, ao arrependimento. Ele viu a corrupção do povo, de cima para baixo, como motivo do castigo divino iminente. No capítulo 23, ele apresenta uma mensagem de Deus que mostra a diferença entre o Pastor verdadeiro e fiel e os maus pastores que maltrataram as ovelhas do Senhor. Os líderes do povo de Deus, principalmente os reis, sacerdotes e os profetas, foram extremamente negligentes e irresponsáveis na conduta moral e espiritual do povo de Israel. Eles perderam o senso de responsabilidade diante de Deus e fizeram com que as ovelhas(o povo de Israel) ficassem sem orientação. Quando os líderes são contaminados, o rebanho segue pelo mesmo caminho. Citamos como exemplo o rei Manasses que aproveitou a liderança que tinha e conduziu o povo à idolatria, e esta resultou no exílio, pois o povo não a abandonou, apesar de Deus ter dado tempo para que se arrependessem, mas eles não queriam ouvir a voz do Senhor, preferindo o engano dos falsos profetas (23:9-12). Eles eram movidos pela avareza e usavam o poder, que lhes fora conferido pelo Senhor, para legislar em causa própria. Deixavam-se subornar (22:17), extorquiam dinheiro das pessoas (22:17) e defraudavam o próximo para obter vantagens (22:13,14). O "direito e a justiça" não eram estabelecidos, e o povo cada vez mais se atolava no lamaçal do pecado. Essa é a lição que Deus mostra a Jeremias no início do capítulo 23: aqueles que pastoreiam ou cuidam do rebanho devem fazê-lo de forma que as ovelhas sejam tratadas como ovelhas do Senhor.
I. O QUE É UM PASTOR
Conforme o texto de 1Pedro 5:1-4, podemos dizer que, em termos eclesiásticos, Pastor é aquele que supervisiona o rebanho; ou melhor, ele é um mordomo do Senhor, por isso deve guardar cada uma das ovelhas que lhe confiou o Sumo Pastor. Sua função principal é conduzir os santos ao Senhor Jesus, dispensando a estes os meios da graça.
Como bem diz o reverendo Hernandes Dias Lopes, ser pastor é estar disposto a investir a vida na vida dos outros sem receber o devido reconhecimento. Ser pastor é amar sem esperar a recompensa, é dar sem esperar receber de volta. Ser pastor é saber que o seu galardão não lhe é dado aqui, mas no Céu. Creio que ser pastor é um grande privilégio. Nenhuma posição na terra deveria seduzir o coração de um pastor a desviar-se do seu foco ministerial. Ser embaixador de Deus é melhor do que ser embaixador da nação mais poderosa da Terra. Charles Spurgeon dizia para os seus alunos: "Filhos, se a rainha da Inglaterra vos convidar para serdes embaixadores em qualquer lugar do mundo, não vos rebaixeis de posto, deixando de serdes embaixadores do Céu”. Hoje, vemos muitos pastores deixando o ministério para serem vereadores, deputados ou senadores da República. Trocam o seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas. Isso é um equívoco e uma troca infeliz. Muito embora a vocação civil também seja uma sacrossanta vocação, aquele que Deus chamou para o ministério não deve desviar sua atenção com outros afazeres, ainda que dentre os mais nobres.
1. Obrigações do pastor. A principal obrigação do pastor é pastorear. Mas, o que é pastorear?
a) é alimentar o rebanho de Deus com a Palavra de Deus. Não nos cabe prover o alimento, mas oferecer o alimento. O alimento é a Palavra. Reter a Palavra ao povo de Deus é um grave pecado.
Infelizmente, vivemos dias difíceis. Dias em que é notório o abandono do ensino da Palavra de Deus nas igrejas. Muitos dentre os crentes se dizem ser, como nos afirmam as Escrituras, terão comichões nos ouvidos e não sofrerão mais a sã doutrina (2Tm.4:3), ou seja, não quererão se dobrar aos ensinos da Palavra de Deus e os distorcerão, a fim de poderem praticar os seus pecados, construindo para si doutores que justifiquem seus pecados e iniquidades. São dias difíceis, mas nós, que conhecemos a Palavra, que fomos ensinados na boa doutrina, sabendo que estas coisas iriam mesmo acontecer, só devemos ser cautelosos e, sobretudo, submissos aos ensinos do Senhor, pois o ensino da Palavra de Deus é essencial para o crescimento espiritual do cristão.
Que os pastores jamais esqueçam deste conselho de Bernard Ramm: “A tarefa fundamental de um pastor, na pregação, não é ser brilhante ou profundo, mas é ministrar a verdade de Deus”.
b) é proteger o rebanho de Deus dos lobos vorazes. Poucos animais são tão indefesos como as ovelhas. Com pouca defesa contra inimigos naturais, pouco senso de direção e nenhuma capacidade para encontrar seu próprio alimento, elas são muito dependentes do pastor para prover suas necessidades. No tempo em que não havia cercas, os pastores de ovelhas tinham que ficar com elas no deserto, algumas vezes durante meses de uma só vez. O pastor tinha que providenciar para as ovelhas tudo que elas não podiam providenciar para si mesmas. Ele procurava pastos verdes onde as ovelhas pudessem encontrar comida (1Crônicas 4:39-40) e as conduzia gentilmente para lá, sempre cuidadoso com as que estavam com filhotes (Isaías 40:11). Ele as protegia até com sua própria vida. O jovem Davi relatou a Saul como tinha arrancado um cordeiro da boca de um leão e de um urso (1Sm 17:34-37).
Paulo alertou para o fato dos pastores estarem vigilantes para que os lobos vorazes não penetrem no meio do rebanho. Jesus, também, fez o mesmo alerta: “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores”(Mt 7:15).
c) é apascentar o rebanho de Deus. O pastor é alguém que convive com a ovelha. Está perto. Leva para os pastos verdes as famintas; às águas tranquilas as sedentas; atravessa os vales escuros dando segurança à ovelha que está insegura e carrega a fraca no colo; resgata a que caiu no abismo; disciplina aquela que põe em risco a vida do rebanho.
2. A excelência com que o pastor deve exercer o seu pastorado - “E vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência”(Jr 3:15). Destacamos duas verdades importantes:
a) O pastor deve apascentar o rebanho de Deus com conhecimento. O pastor é um estudioso. Ele precisa conhecer a Palavra, alimentar-se da Palavra e pregar a Palavra. Aliás, a recomendação de Paulo é que “[...] o bispo seja [...] apto para ensinar”(1Tm 3:2). A vida do ministro está indissociavelmente vinculada ao ensino e à observância da sã doutrina (1Tm.1:3,10; 4:6,16; 5:17; 6:1,3; 2Tm.4:2,3; Tt.2:1,7,10). Paulo diz que devem ser considerados dignos de redobrados honorários aqueles que se afadigam na Palavra(1Tm 5:17).
Ao longo de todo o livro de Atos dos Apóstolos e das epístolas paulinas, vemos que havia um esforço todo especial por parte do Apóstolo Paulo para que as igrejas locais por ele fundadas sempre dessem proeminência à Palavra do Senhor. Eram igrejas onde a doutrina tinha o primeiro lugar e, não sem motivo, igrejas espiritualmente abundantes, onde o avivamento era uma realidade patente. Muitas são as passagens onde vemos o zelo e o cuidado dos apóstolos em ensinar a Palavra ao povo, em que o povo de Deus perseverasse na doutrina. A razão do crescimento da igreja primitiva foi a cuidadosa exposição da palavra de Deus: “Assim, a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At. 19.20).
b) O pastor deve apascentar o rebanho de Deus com inteligência. Isso significa apascentar o rebanho de Deus com sabedoria e sensibilidade. Sabedoria é usar o conhecimento para os melhores fins. Precisamos tratar as ovelhas de Deus com ternura. Paulo diz que o pastor é como um pai e também como uma mãe (1Tess 2:7-12). O pastor chora com os que choram e festeja com os que estão alegres. O pastor trata cada ovelha de acordo com sua necessidade, com seu temperamento, com seu jeito peculiar de ser. Ele é dócil com as crianças como foi Jesus, que as pegou no colo. Ele trata os da sua idade como a irmãos e aos mais velhos como a pais. Uma coisa é amar a pregação, outra coisa é amar as pessoas para quem pregamos.
3. A vocação do Pastor. A vocação para o ministério pastoral é um chamado específico de Deus, conjugado por uma necessidade urgente e uma capacitação especial. Há muitos pastores que jamais foram chamados por Deus para o ministério. Eles são voluntários, mas não vocacionados. Entraram pelos portais do ministério por influências externas, e não por um chamado interno e eficaz do Espírito Santo. Foram motivados pela sedução do status ministerial ou foram movidos pelo glamour da liderança pastoral, mas jamais foram separados por Deus para esse mister.
Há aqueles que entram no ministério com a motivação errada. Abraçam o ministério por causa do lucro; outros, por causa da fama. Outros ainda, por acomodação. Há aqueles que tentam vestibular para medicina, direito, engenharia e, por não lograrem êxito, chegam à conclusão de que Deus os está chamando para o ministério. Mas, vocação é quando você tem todas as outras portas abertas, mas só consegue enxergar a porta do ministério. Vocação é como algemas invisíveis; você não pode fugir permanentemente desse chamado.
O profeta Jeremias tentou desistir do seu ministério, mas isso foi como fogo em seus ossos. Paulo diz que aquele que aspira ao episcopado, excelente obra almeja (1Tm 3:1). O pastoreado é uma obra, e uma obra excelente. Não é uma obra para gente preguiçosa, mas uma obra que exige todo esforço, todo empenho e todo zelo.
Há pastores que estão mais interessados no dinheiro das ovelhas do que na salvação delas. Há pastores que negociam o ministério, mercadejam a Palavra e transformam a igreja em um negócio lucrativo. Há pastores que organizam igrejas como uma empresa particular, onde prevalece o nepotismo. Transformam o púlpito em uma praça de negócios, e os crentes em consumidores. São obreiros fraudulentos, gananciosos, avarentos e enganadores. São amantes do dinheiro e estão embriagados pela sedução da riqueza. Há pastores que mudam a mensagem para auferir lucros. Pregam prosperidade e enganam o povo com mensagens tendenciosas para abastecer a si mesmos.
Hoje estamos assistindo ao fenômeno do mercadejamento da fé. Pastores e mais pastores estão se desvinculando da estrutura eclesiástica e rompendo com suas denominações para criar ministérios particulares, em que o líder se torna o dono da igreja. A igreja passa a ser uma propriedade particular do pastor. O ministério da igreja torna-se um governo dinástico, em que a esposa é ordenada, e os filhos são sucessores imediatos. Não duvidamos de que Deus chame alguns para o ministério específico em que toda a família esteja envolvida e engajada no projeto, mas a multiplicação indiscriminada desse modelo é deveras preocupante. Estamos vivemos uma época parecida com a de Jeremias. Deus abominou as atitudes dos pastores de Israel e, certamente, aborrece as atitudes mercenárias de inúmeros pastores dos dias de hoje que ludibriam o rebanho com falsas mensagens e mentiras.
II. OS PASTORES DE ISRAEL
No período do Antigo Testamento, todos os que tinham responsabilidades de lideranças, como os profetas, os sacerdotes e os reis, eram considerados pastores do povo de Israel. Quanto ao Rei, a sua missão era aconselhar e guiar o povo de Deus (1Sm 9:16; ler Dt17:14-20); quanto ao Sacerdote, sua missão era santificar o povo, oferecer sacrifícios pelo povo e interceder pelos transgressores(Hb 5:1-3; ler Lv 10:8-11; 16; 21:1-24); quanto ao Profeta, sua missão era preservar o conhecimento e manifestar a vontade do único e verdadeiro Deus(Ez 2:1-10; ler Dt 18:20-22).
Uma vez o povo instalado em Canaã esses líderes foram infiéis à missão que Deus lhes entregou; maltrataram, em vez de cuidarem das ovelhas do Senhor. Deus ficava furioso com esses pastores relapsos e pedia-lhes severas contas pelo sofrimento que infligiam às ovelhas que lhes confiou.
Veja a bela declaração de amor do Pastor apaixonado por suas ovelhas, descrita por Jeremias no capítulo 23:1-6. Veja também Ezequiel 34:2-31. Em nome deste amor, Deus se indigna contra os pastores que não respeitam as ovelhas que lhe foram confiadas. Não as respeitam porque não as amavam - “1. Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor. 2. Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca dos pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o Senhor. 3. E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão e se multiplicarão. 4. E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor”(Jr 23:1-4).
Deus falou aos líderes de Judá que eles eram culpados de negligenciar e maltratar o rebanho dele. Preste atenção nos verbos que ele usa para descrever a conduta destes pastores: destruir, dispersar, afugentar e não cuidar. Pastores devem juntar, alimentar, cuidar, guiar e proteger. Mas, os pastores de Israel faziam tudo ao contrário! Uma coisa marcante neste parágrafo é a maneira que Deus fala do rebanho. Ele o descreve como “o meu povo”, “as ovelhas do meu pasto” e “as minhas ovelhas”. A linguagem dele mostra o problema raiz do comportamento errado dos líderes. Eles não amavam o povo como Deus o amava! Para eles, ser pastor era uma posição de destaque, honra e privilégio. Para Deus, ser pastor era uma posição de responsabilidade, sacrifício e amor.
Hoje, ainda há muitos que olham para o cargo de pastor como uma posição de honra a ser cobiçada. Buscam o destaque e desejam a honra diante dos homens. Ao invés de agir humildemente como pastores no rebanho local (veja 1Pedro 5:1-3), apresentam-se em todo lugar com o “título” de pastor. Em outras palavras, “Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens” (Mt 23:6-7). Tais pastores não cuidam do rebanho como devem.
Veja, também, o que Deus diz através do profeta Ezequiel contra os pastores infiéis de Israel, isto é, seus reis, sacerdotes e profetas: “2. Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Jeová: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? 3. Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. 4. A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. 5. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam. 6. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as busque”(Ez 34:2-6).
Nota-se que as palavras do Senhor dirigidas aos líderes de Israel são de condenação absoluta desde o começo: "Ai dos pastores de Israel". Aqueles homens achavam que as posições que ocupavam eram tão dignificadas que os tornavam, automaticamente, isentos e imunes a toda e qualquer forma de crítica. Não entendiam que as posições que ocupavam, bem como as funções executadas por eles, realmente, não os isentavam de ter que admitir seus erros, de ter que confessar seus pecados e de sofrer as graves conseqüências dos juízos de Deus, caso não se arrependessem. Estas palavras, realmente duras da parte do Senhor, são motivadas pelo fato de que os pastores não são "donos" do rebanho de Deus e por este motivo não podem tratar o rebanho de Deus de qualquer maneira e de forma abusiva. Pastores, como diz o apóstolo Pedro, não passam de cooperadores submetidos ao Senhor Jesus que é chamado de Supremo Pastor(ver 1Pedro 5:4).
Deus, certamente, tratará com firmeza aqueles que não viverem à altura dos compromissos assumidos como pastores e servos a serviço do povo de Deus. Ele diz: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor”(Jr 23:1). Porque somos ovelhas do pasto do Senhor, e Ele se mostra aborrecido quando somos maltratados por aqueles que deveriam realmente cuidar de nós.
III. ISRAEL FOI DESTRUÍDO POR LHE FALTAR VERDADEIROS PASTORES
A denuncia de Jeremias, no capítulo 23, dos maus pastores é uma predição do fim da nação de Judá, pois os líderes são aqueles que conduziram a nação a esse lugar de destruição. Eles, ao invés de anunciarem ao povo a Palavra de Deus, e conduzi-lo de conformidade com os preceitos divinos, desviaram-no com suas mentiras e falsidades.
Nota-se através dos versículos 9 a 10 que Jeremias sentiu-se esmagado com o que estava acontecendo dentre os lideres religiosos dos seus dias: “O meu coração está quebrantado dentro de mim; todos os meus ossos estremecem; sou como um homem embriagado”(23:9). Apesar da maldição da seca com suas consequentes catástrofes, o povo era flagrantemente imoral - “A terra está cheia de adultério”(23:10). Quando o profeta viu essas condições à luz do caráter de Deus e sua Palavra santa, ele foi dominado por tristeza e dor.
Jeremias não perde tempo para chegar à verdadeira causa dessa situação: tanto os profetas como os sacerdotes estão contaminados (Jr 23:11). Esses homens que deveriam estar reverenciando a Deus e todas as coisas santas eram culpados de sacrilégio; “até na minha casa achei sua maldade, diz o Senhor”. Eles lidavam com as coisas sagradas de maneira irreverente. Mas Deus não aceita essa falta de temor dos líderes, e lhes diz: “... porque trarei sobre eles mal...”(23:12).
O Reino do Norte tinha sido abertamente apóstata. Em Samaria, os profetas profetizaram da parte de Baal loucamente e fizeram errar o povo de Israel (Jr 23:13), e essa foi a causa principal de Israel ir para o exílio. Mas Judá tinha sobrepujado em muito a Israel em sua maldade. Os profetas em Jerusalém eram culpados dos tipos de pecados mais depravados: “cometeram adultérios, e andam com falsidade... eles têm-se tornado para mim como Sodoma, e os moradores dela, como Gomorra”(Jr 23:14). A capital de Judá era um “sumidouro” de perversidade moral. E, pior de tudo, esses líderes religiosos pareciam permanentemente enraizados em seus caminhos perversos.
A profanação, no entanto, tornou-se a semente de ruína e morte: “o caminho deles será como lugares escorregadios nas trevas”(23:12, NVI). Além do mais, “diz o Senhor [...]: Eis que darei a comer alosna, e lhes farei beber [...] fel”(23:15). Essa é a forma bíblica de dizer que seu fim será repleto de desgraça e pesar.
Mas, nas suas declarações em relação ao fim da nação, o profeta também nos apresenta um vislumbre do que vem “após o juízo”. Ele parece dar por certo que o propósito redentor de Deus no juízo será cumprido e que um dia melhor está por vir. Deus não se limita a julgar os maus pastores, mas diz que Ele mesmo recolherá o resto das suas ovelhas que haviam sido afugentadas para outros lugares, faria com que frutificassem e lhes daria pastores responsáveis. Isso porque Deus é o maior interessado em sua obra e em suas ovelhas. Há os pastores chamados e os chamados pastores, e o Senhor conhece na liderança quem é quem. Ele deu pastores à Igreja, que devem cuidar do rebanho não como se fossem seu, mas do Senhor, e devem conduzi-lo de acordo com as Sagradas Escrituras, levando a Igreja a uma vida de santificação e de pureza.
IV. OS DEVERES DAS OVELHAS
Pastores qualificados e dedicados merecem o respeito e apoio das ovelhas por eles guiadas. Paulo disse: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina” (1Tm 5:17). O autor de Hebreus nos ensina: “Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil” (Hb 13:17). Portanto, homens fiéis que amam a Deus e aceitam a responsabilidade de ajudar seus irmãos chegarem ao céu devem ser tratados com respeito e apreço.
CONCLUSÃO
Cuidado!
Este é o dever primordial do ministério pastoral. Deixar de cumpri-lo por ambições, lisonjas ou favorecimentos é rebelião; e “a rebelião é como pecado de feitiçaria”(1Sm 15:23a) – Deus abomina e rejeita o pastor que assim se comporta(ver 1Sm 15:23b).
As ovelhas do Senhor devem ser bem cuidadas, adequadamente alimentadas e diligentemente protegidas. Elas foram compradas com o próprio sangue de Cristo. Desta feita, elas são de imensurável valor, e não podem ficar expostas a nenhum capricho ou descuidos de quem quer que seja. O apóstolo Paulo adverte a todos os pastores que lideram o rebanho do Senhor: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue”(Atos 20:28). Jesus nos deixou um grande exemplo. O seu cuidado pastoral é extremo, a ponto de dar a sua vida por nós. Ele disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10b).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. O novo dicionário da Bíblia. Revista o Ensinador Cristão. Guia do leitor da Bíblia – Jeremias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. De:Pastor A:Pastor –Hernandes Dias Lopes.

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