sexta-feira, 11 de junho de 2010

Aula 12 - A OPÇÃO PELO POVO DE DEUS

Leitura Bíblica: Jeremias 40:1-6

"Escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo"(Hb 11:25,26).

INTRODUÇÃO
As profecias do profeta de Jeremias se cumprem literalmente: Nabucodonosor invade Judá e destrói suas cidades, Jerusalém e o Templo; o povo jaz cativo; os mortos acumulam-se nas ruas e nas praças. Diante do dever cumprido e das vantagens que lhe foram apresentadas pelo rei da Babilônia (Jr 40:5), Jeremias poderia muito bem se beneficiar delas. Todavia, o autêntico homem de Deus tem como primazia a excelência do ministério que lhe foi confiado (como estudamos na aula anterior) com vista ao engrandecimento do Reino de Deus. A cidade de Jerusalém estava destruída, bem como o seu maior símbolo religioso: o Templo. Se quisesse, Jeremias poderia ser levado à Babilônia onde seria tratado com real deferência. Mas, ainda não tinha findado o seu ministério. Aliás, o ministério do homem de Deus só se finda com a morte. Em Jerusalém foram deixadas muitas pessoas, que não eram do interesse do rei da Babilônia: os desprezíveis intelectualmente e os excessivamente pobres (Jr 39:10). Jeremias não poderia deixá-los sem orientação espiritual. Aquele povo precisava de um pastor que lhe orientasse no caminho da verdade. Ele amava seu povo, mesmo que a recíproca não fosse verdadeira. Jeremias não foi egoísta! Ele não olhou só para o seu umbigo! Ele optou por permanecer entre o seu povo! Tal qual Moisés, preferiu escolher “antes ser maltratado com o povo de Deus, do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado...”(Hb 11:25,26). O Israel da dispensação da Graça (1Pe 2:9), a Igreja, necessita de homens altruístas como Jeremias. “Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara”(Lc 10:2).
I. AS PROFECIAS DE JEREMIAS SE CUMPREM
A mente do povo estava tão cauterizada pelo pecado que era incapaz de enxergar o iminente juízo divino. Eles zombavam dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras, e escarneceram dos seus profetas (2Cr 36:15,16). Isto provocou “furor no SENHOR contra o seu povo, que mais nenhum remédio houve “(2Cr 36:16). Porventura não vimos isto atualmente? No mundo inteiro, a mensagem do Evangelho é desprezada e os seus mensageiros zombados. Por enquanto, Deus é amor, mas o juízo divino é iminente, que será sem piedade sobre as nações que desprezam a Salvação gratuita através da morte vicária de Jesus Cristo. Jesus advertiu: “E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem”(Lc 17:26).
Após vários anos profetizando, Jeremias contempla o momento de Deus realizar o julgamento que tinha proferido através dele: os exércitos de Babilônia derribam os muros e profanam a mais formosa das cidades, Jerusalém; em seguida, deitam por terra o Santo Templo, matam o rei Zedequias e levam cativos à Babilônia os judeus mais cultos e ricos. Para se ter uma imagem mais clara desta tragédia, leia as seguintes passagens: Jeremias 39; 2Reis 25 e 2Crônicas 36.
O ministério profético de Jeremias fora reconhecido até por Nabucodonozor, mas o povo e o rei, não o reconheceram. Quando o capitão da guarda babilônica encontrou a Jeremias, pronunciou as seguintes palavras: “O Senhor, teu Deus, pronunciou este mal contra este lugar; e o Senhor o trouxe e fez como tinha dito, porque pecastes contra o Senhor e não obedecestes à sua voz; pelo que vos sucedeu tudo isto" (Jr 40:2,3). Um gentio idólatra e estranho à comunidade de Israel havia entendido perfeitamente a justiça divina, enquanto que os judeus, iludidos pelos falsos profetas e pregadores, esperavam uma paz que não existia e uma prosperidade que já era miséria. Onde estão, agora, os profetas que, superficialmente, curavam as feridas do povo? Onde estão aqueles que prometiam paz e prosperidade? Que esta lição seja devidamente considerada por todos nós.
II. A OPÇÃO DE JEREMIAS
Jeremias 40: 1. Palavra que veio a Jeremias, da parte do SENHOR, depois que Nebuzaradã, capitão da guarda, o deixou ir de Ramá, quando o tomou, estando ele atado com cadeias no meio de todos os do cativeiro de Jerusalém e de Judá, que foram levados cativos para a Babilônia;
2. porque o capitão da guarda levou a Jeremias e lhe disse. O SENHOR, teu Deus, pronunciou este mal contra este lugar;
3. e o SENHOR o trouxe e fez como tinha dito, porque pecastes contra o SENHOR e não obedecestes à sua voz; pelo que vos sucedeu tudo isto.
4. Agora, pois, eis que te soltei, hoje, das cadeias que estavam sobre as tuas mãos. Se te apraz vir comigo para a Babilônia, vem, e eu velarei por ti; mas, se te não apraz vir comigo para Babilônia, deixa de vir. Olha: toda a terra está diante de ti; para onde parecer bom e reto aos teus olhos que vás, para ali vai.
5. Mas, como ele ainda não tinha voltado, disse-lhe: Volta a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, a quem o rei da Babilônia pôs sobre as cidades de Judá, e habita com ele no meio do povo; ou, se para qualquer outra parte te aprouver ir, vai. Deu-lhe o capitão da guarda sustento para o caminho e um presente e o deixou ir.
6. Assim, veio Jeremias a Gedalias, filho de Aicão, a Mispa e habitou com ele no meio do povo que havia ficado na terra.
No capítulo 39, Jeremias foi liberto da prisão e confiado aos cuidados de Gedalias(39:14). Esse homem, que tinha sido posto sobre as cidades de Judá pelo rei da Babilônia(40:5), levou Jeremias à sua casa em Jerusalém, onde o profeta permaneceu por algum tempo. Mas uma decisão final no caso de Jeremias pelas autoridades babilônicas ainda não havia ocorrido. As obrigações administrativas de Gedalias em relação ao rei da Babilônia teria requerido dele ir a Mispa para cumpri-las ali. Jeremias permaneceu na casa de Gedalias em Jerusalém, porque “ele ficou entre o povo”(39:14).
Finalmente, quando os muros de Jerusalém foram derrubados, e tudo que era valioso tinha sido removido das casas e prédios, e a cidade estava pronta para ser queimada, os cativos de Jerusalém foram removidos para Ramá(o ponto de partida para a deportação à Babilônia). Visto que nenhuma decisão final tinha sido tomada em relação a Jeremias, o oficial que cuidava do povo de Jerusalém não tinha alternativa senão levá-lo junto com o restante dos cativos para Ramá.
Quando Nebuzaradã o encontrou entre os cativos em Ramá, rapidamente o soltou das suas cadeias, e disse a Jeremias: “Agora, pois, eis que te soltei, hoje, das cadeias que estavam sobre as tuas mãos. Se te apraz vir comigo para a Babilônia, vem, e eu velarei por ti; mas, se te não apraz vir comigo para Babilônia, deixa de vir. Olha: toda a terra está diante de ti; para onde parecer bom e reto aos teus olhos que vás, para ali vai”. “Mas, como ele ainda não tinha voltado...”, isto é, enquanto ainda estava no processo de decidir se iria para a Babilônia ou não, Nabuzaradã sugeriu que, pelo fato de Gedalias ser agora governador de Judá, talvez ele desejasse ir para lá. Quando Jeremias escolheu permanecer com Gedalias(40:6) foi lhe dado suprimento de comida e um presente e o deixaram ir. Assim Jeremias habitou no meio do povo em Mispa, com o governador Gedalias. Mispa ficava a cerca de sete quilômetros a noroeste de Jerusalém.
O profeta poderia ter optado por Babilônia onde certamente haveria de ser bem tratado. Mas lá já estavam dois profetas: Daniel e Ezequiel. Ao passo que, em Judá, nenhum pastor havia para aquela gente abandonada. Por isso, opta Jeremias por ficar com os restantes do povo de Deus.
“A forma com que respondemos ao êxito é de extrema importância, pois mais importante que chegar ao topo é saber lidar com ele. Muitas pessoas, quando obtém destaque, tornam-se arrogantes e mesquinhas. Jeremias teve a oportunidade de ser uma pessoa assim, mas não o foi, ainda que tivesse motivos.
Ao longo de sua jornada, o profeta recebeu poucos incentivos, e seu ministério não era bem aceito entre seus compatriotas. Em diversos momentos teve de lidar com a angustia. Seus familiares o traíram, como também seus amigos (Jr 11:18-12:6). Mas Jeremias fora avisado pelo Senhor: ‘E eu te porei contra este povo como forte muro de bronze; e pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te guardar, para te livrar deles, diz o Senhor’(Jr 15:20). Com esta palavra, o profeta sabia que seu ministério teria pouca aceitação entre os israelitas.
Mas eis que Jerusalém é sitiada e, após 18 meses, invadida, e Jeremias vê cumpridas suas palavras. O próprio Nabucodonozor disse acerca de Jeremias: ‘Mas Nabucodonozor, rei da Babilônia, havia ordenado acerca de Jeremias, a Nebuzaradã, capitão dos da guarda, dizendo: Toma-o, e põe sobre ele os olhos, e não lhe faças nenhum mal; antes, como ele te disser, assim procederás para com ele’(Jr 39:11,12). Ele teve a oportunidade de escolher que destino teria, diferente dos nobres, que foram mortos: ‘Agora, pois, eis que te soltei, hoje, das cadeias que estavam sobre as tuas mãos. Se te apraz vir comigo para a Babilônia, vem, e eu velarei por ti; mas, se te não apraz vir comigo para a Babilônia, deixa de vir. Olha: toda a terra está diante de ti; para onde parecer bom e reto aos teus olhos que vás, para ali vai’(Jr 40:4).
Após ter sido perseguido e traído, o profeta recebe a oportunidade de fazer o que quisesse, mas escolhe permanecer em Jerusalém e fortalecer os que ficariam ali, ‘Porque Israel e Judá não foram abandonados pelo seu Deus, pelo Senhor dos exércitos, ainda que a sua terra esteja cheia de culpas perante o Santo de Israel’(Jr 51:5). Ele ainda tinha planos para seu povo, e julgaria posteriormente seus opressores. Portanto, permanecer em Jerusalém para fortalecer aqueles que ficaram demonstra a grandiosidade e a esperança que Jeremias tinha no Senhor”(Ensinador Cristão).
III. COMO OS HERÓIS DA FÉ FIZERAM SUAS OPÇÕES
Muitos homens e mulheres de Deus ao longo da história de Israel passaram por momentos difíceis, com reais oportunidades de mudar de situação, mas preferiram optar por algo que lhe proporcionasse um bem muito maior e além deste mundo, mesmo que as evidências ao redor pregassem o contrário. Vejamos alguns deles:
1. A opção de Abraão.Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia. Pela fé, habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus”(Hb 11:8-10).
Que linda e corajosa opção! Abraão era rico em Ur dos Caldeus, mas pela fé optou em fazer a vontade de Deus e saiu sem saber para onde ia (Gn 12:1-3). O que é mais interessante é que ele não visava a prosperidade terrena, mas a celestial. Abraão sabia que a terra que lhe fora prometida, aqui no mundo, não era o fim da sua jornada. Pelo contrário, o fim era bem além, na cidade celestial, que Deus preparara para seus servos fiéis – “esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus”(Hb 11:10). Como Abraão, devemos reconhecer que estamos apenas de passagem neste mundo, caminhando para o nosso verdadeiro lar no Céu (João 14:1-3).
2. A opção de José.Pela fé, José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel e deu ordem acerca de seus ossos”(Hb 11:22). José, um dos filhos de Jacó, foi vendido à escravidão por seus irmãos invejosos (Gn 37). No final, José foi novamente vendido, desta vez para um oficial do Faraó, no Egito. Porém, por causa da fidelidade de José a Deus, ele recebeu uma posição importante no Egito. Face a essa posição, ele poderia optar em construir um império pessoal, mas preferiu acreditar em algo ainda não tangível: a promessa que Deus visitaria seu povo e faria dele uma grande nação. O ato de sua fé foi demonstrado no momento que ele pediu que seus ossos fossem levados para a Terra Prometida, quando os judeus por fim deixassem o Egito (Gn 50:24,25). Fé significa confiar em Deus e fazer a sua vontade, a despeito das circunstancias ou das consequências.
3. A opção de Moisés.Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, Escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa”(Hb 11:24-26).
Moisés fora salvo milagrosamente da morte, e criado pela filha de Faraó na própria casa do Faraó(Ex 2). Anos depois, foi necessário fé para Moisés desistir de seu lugar no palácio, mas ele pode fazer isto porque percebera a natureza passageira daquela grande riqueza e prestígio. É fácil ser enganado pelos benefícios temporários da riqueza, da popularidade, da posição social e da conquista, e ficar cego em relação aos benéficos de longo prazo do Reino de Deus. A fé nos ajuda a olhar além do sistema de valores do mundo, para que possamos enxergar os valores eternos do Reino de Deus.
4. A opção de Ester.Vai, e ajunta todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas moças também assim jejuaremos; e assim irei ter com o rei, ainda que não é segundo a lei; e, perecendo, pereço”(4:16).
Ester, mesmo em sua posição tão favorecida, ela arriscou a própria vida, entrando à presença do rei sem ser chamada. Não havia sequer a garantia de que o rei a receberia. Embora fosse a rainha, não estava completamente segura. Mas, com cautela e coragem, Ester decidiu arriscar sua vida, abordando o rei a favor de seu povo. Ela faria o que lhe competisse, e deixaria o resultado com Deus. Deus não abençoará aqueles que se calam para manter seu lugar ou posição, mas, aqueles que, por amor a Deus e à sua Palavra, falam a verdade, mesmo com risco de sofrerem grandes danos.
5. A opção de Jesus. “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz”(Fp 2:5-8).
Jesus sempre foi Deus pela sua própria natureza e igual ao Pai antes, durante e depois da sua permanência na Terra (ver João 1:1; 8:58; 17:24; Cl 1:15,17). No entanto, Cristo não se apegou aos seus direitos divinos, mas abriu mão dos seus privilégios e glória no Céu, a fim de que nós, na Terra, fôssemos salvos.
CONCLUSÃO
Como servos de Deus, devemos optar em permanecer com o povo de Deus, ainda que isto nos custe sacrifícios, perdas e até a própria vida. “Já fez sua opção pelo povo de Deus? Ou ainda está a divertir-se com os privilégios oferecidos por este mundo? Quantos obreiros que, ao invés de levar adiante o ministério que lhes confiou o Senhor Jesus, não estão a trocar a glória de Deus por aquilo que não é de nenhum valor! E quantos jovens que, desprezando o chamamento ministerial de Deus, não estão a optar pelo efêmero e passageiro mundo (1Jo 2:17). Qual a sua opção?” (Claudionor de Andrade).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
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Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão. Guia do leitor da Bíblia – Jeremias. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD - volume 4. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.

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