domingo, 30 de janeiro de 2011

Aula 06 - A IMPORTANCIA DA DISCIPLINA NA IGREJA

Texto Base: Atos 5:1-11

Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois, então, bastardos e não filhos”(Hb 12:8)


INTRODUÇÃO

O mandato bíblico referente à disciplina na igreja é encontrado especialmente no ensino de Jesus (Mt 18:15-17) e nos escritos de Paulo (1Co 5:1-13). Também, há clara referência bíblica de que a igreja que negligencia o exercício desse mandato compromete não apenas sua eficiência espiritual, mas sua própria existência. A igreja sem disciplina é uma igreja sem pureza (Ef 5:25-27) e sem poder (Js 7:11-12a). A igreja de Tiatira foi repreendida devido à sua flexibilidade moral (Ap 2:20-24). Uma igreja sem disciplina torna-se um empecilho para o avanço do evangelho. Essa relação vital entre evangelismo e disciplina é clara à luz de 1Co 5:12-13. O evangelismo é dirigido aos que estão fora dos portões da igreja e que estão escravizados pelo pecado. A disciplina é dirigida àqueles que estão dentro dos portões da igreja e que estão se sujeitando ao domínio do pecado. Assim, ambos (evangelismo e disciplina) almejam a liberdade do pecador e a concretização do triunfo histórico da graça sobre o pecado na vida do mesmo (Rm 6:1-23). Uma igreja sem disciplina proclama uma liberdade desconhecida, ou rejeitada, pelos seus próprios membros. Há pouca vantagem em uma igreja que tenta vencer o mundo se ela já tem se rendido ao mundo. Mostram as Escrituras que sem o exercício da disciplina, jamais alcançaremos o alvo que nos traçou Deus através de Cristo: a estatura de um ser humano perfeito(o que acontecerá no último processo da salvação: a glorificação) como perfeito era Adão antes de haver transgredido a lei divina.

I. A DISCIPLINA E SUA NECESSIDADE

A disciplina objetiva evitar que um erro seja repetido. Uma pessoa sem disciplina não consegue entender seus próprios limites, nem a consequencia de seus atos. Disse o sábio Salomão: “O que retém a sua vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, a seu tempo, o castiga”(Pv 13:24). Disciplinar é, antes de tudo, ensinar, para depois cobrar o que foi ensinado.
1. Definindo a disciplina.Disciplina”, diz-nos o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é “o ensino e educação que um discípulo recebe do mestre”, “obediência às regras e aos superiores”; “regulamento sobre a conduta dos diversos membros de uma coletividade, imposto ou aceito democraticamente, que tem por finalidade o bem-estar dos membros e o bom andamento dos trabalhos”; “ordem, bom comportamento”; “obediência a regras de cunho interior; firmeza, constância”.
Embora o cristão esteja livre por força da obra redentora de Cristo no Calvário, a liberdade tem, como correspondente necessário, a responsabilidade. Jesus, mesmo, ensinou-nos que, para segui-lo é necessário, antes, renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz (Mt 16:24; Mc 8:34; Lc 9:23; 14:27), ou seja, a liberdade que há em Cristo exige uma disciplina, uma conduta, pois não fazemos o que queremos, mas cumprimos a vontade do Senhor.
É interessante observar que os seguidores de Jesus são chamados de “discípulos”, ou seja, “alunos”, “aprendizes”, mas a palavra “discípulo” está diretamente relacionada com a palavra “disciplina”. Servir a Jesus, portanto, é sujeitar-se a uma disciplina, a um regulamento, a um modelo, é obedecer a uma série de preceitos, sem os quais não se atingirá o objetivo da nossa fé no Senhor, que é a salvação de nossas almas (1Pe 1:9). O Senhor deixou claro que a sujeição a esta conduta é a característica do discípulo (Lc 14:27).
2. A disciplina no Antigo Testamento. Segundo alguns estudiosos, o termo “disciplinar” no Antigo Testamento, em hebraico é yãsar e significa repreender, instruir, e os seus derivados são: yissôr aquele que reprova, e – mûsãr que quer dizer disciplina. Os termos yãsar e mûsãr demonstram a correção que resulta em educação. Esses dois termos quando aplicados à disciplina de Deus em relação ao seu povo demonstram a correção de um pai amoroso ao filho que precisa mudar para que não venha a cair no erro a todo instante. Cremos que a disciplina do Antigo Testamento é considerada como educação teocêntrica, que parte do Deus amoroso para com os seus filhos pecadores.
Podemos dizer também que no Antigo Testamento a disciplina refere-se à instrução com o intuito de guiar alguém à conduta. Em Provérbios, Salomão deixa isto bem claro quando diz: “Filho meu, não rejeites a disciplina do Senhor, nem te enfades da sua repreensão”(Pv 3:11). Moisés também, ao falar sobre a disciplina do Senhor como forma de instrução, registra em Deuteronômio 11:2: “Não falo com os vossos filhos que não conheceram nem viram a disciplina do Senhor vosso Deus...”. Temos também o Livro dos Salmos que cita a disciplina como forma de instrução para que o servo de Deus não se desvie dos Caminhos Santos. O Salmo 50:16 e17 diz: “De que te serve repetires os meus preceitos e teres nos lábios a minha aliança, uma vez que aborreces a disciplina e rejeita as minhas palavras?”.
Vemos que, a disciplina do Senhor visava sempre o bem, e nesses textos que lemos, vimos que, os que não acatam a disciplina do Senhor, não podem ser considerados seus servos, não fazem parte do seu povo santo e separado.
Os santos do Antigo Testamento, em sua peregrinação rumo à Jerusalém Celeste, disciplinavam-se de tal forma que, ousada e bravamente, venceram um mundo comprometido com o maligno. Quando lemos o capítulo 11 de Hebreus, fascinamo-nos, de imediato, por aqueles homens e mulheres que, na marcha para os céus, operaram o impossível. O segredo? A disciplina da piedade.
3. A disciplina em o Novo Testamento. Em o Novo Testamento, a palavra “disciplina” aparece em Cl 2:23 traduzindo a palavra grega “apheidia”, cujo significado é “severidade”, “tratamento duro”, expressão que o apóstolo aplicara para as práticas ascéticas seguidas pelos gnósticos que estavam perturbando a igreja em Colossos. Já em Hb 12:8, a palavra “disciplina” traduz a palavra grega “paidéia”, palavra que corresponde ao hebraico “mûsãr” e cujo significado é “instrução”, “disciplina”, “castigo”. No texto em apreço, o escritor aos hebreus faz questão de mostrar aos servos de Deus que o Senhor nos mantém sob disciplina porque nos ama, porque faz parte do real e verdadeiro relacionamento com Deus a manutenção de uma vida regrada, de uma vida disciplinada.
A Cabeça da Igreja, o Senhor Jesus, foi quem instituiu a disciplina na Sua Igreja com o objetivo de restringir o pecado na vida do crente, de modo que o servo venha a ser obediente à Palavra do seu Senhor. No Evangelho segundo Mateus, o próprio Jesus dá aos discípulos o poder de aplicar a disciplina quando disse: “Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus” (Mt 8:15-18). Nesse texto, vemos como a disciplina deve ser aplicada e como deve ser o seu procedimento.
Exemplos de punições aplicadas no Novo Testamento são os casos de Ananias e Safira em Atos capítulo 5, e o caso do mágico Simão(Atos 8:24).
Portanto, quando falamos de disciplina na Igreja é transmitida a mesma idéia: fazer com que o cristão se mantenha nos caminhos do Senhor, a fim de que o mesmo não transgrida os preceitos colocados por Deus na sua Santa Palavra. Caso haja a transgressão, é necessária a aplicação da disciplina. Cremos que muitas igrejas, atualmente, estão em ruína, porque não tem dado o devido valor à Palavra do Senhor.
Atualmente, devemos, como nunca, procurar aprender com o Senhor, mantendo com Ele um contínuo diálogo mediante a leitura e meditação da Palavra e a oração, para que, pelo Espírito de Deus, compreendamos o desejo, a vontade de Deus para as nossas vidas e para que ajamos cada vez mais como verdadeiros “cristãos”, ou seja, “parecidos com Cristo”. Foi esta semelhança que fez com que os habitantes de Antioquia denominassem os discípulos de cristãos(At 11:26).
Não se compreende, pois, que pessoas queiram servir ao Senhor Jesus, digam-se “crentes” na atualidade, mas não têm qualquer interesse em aprender de Jesus, nem sequer fazem uma leitura devocional diária das Escrituras Sagradas. Tais pessoas são “sem disciplina” e, por isso, não podem ser consideradas como verdadeiros “discípulos” do Senhor.
4. Símbolos (figuras) das disciplinas da vida cristã. Nas Escrituras Sagradas, o cristão é apresentado por três figuras que bem explicam o caráter indispensável da disciplina na vida espiritual: o soldado, o atleta e o agricultor. Todos estes evidenciam, em suas atividades, a necessidade da disciplina na vida diária de cada crente.
a) A disciplina do crente como soldado“Sofre comigo como bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum soldado em serviço se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra”(2 Tm 2:3,4).
A imagem do soldado com a do cristão disciplinado é extremamente apropriada, porquanto o Senhor, quando disse que iria edificar a sua igreja, disse que ela estaria em constante luta contra os poderes do mal (Mt 16:18). A vida espiritual sobre a face da Terra, portanto, é caracterizada por uma constante luta entre os servos de Deus e o inimigo de nossas almas, uma luta que é muito mais difícil e renhida do que a luta entre os homens, pois não envolve a carne e o sangue, mas as hostes espirituais da maldade (Ef 6:12).
O apóstolo Paulo bem afirmou que o cristão, consciente desta sua condição de soldado, deve ter a armadura de Deus, descrita em Ef 6:13-17, devendo estar treinado para delas usar em qualquer ocasião, bem como que mantenha uma boa forma, o que se faria por meio da oração, da vigilância e da perseverança (Ef 6:18). Portanto, assim como o soldado, deve o cristão, na sua vida diária, manter uma disciplina, um modo de viver que o permita lutar contra o inimigo a qualquer instante.
b) A disciplina do crente como atleta(ler 1Co 9:24-27). Um atleta, para poder ter chance de vencer uma competição, precisa dirigir sua vida tendo em vista única e exclusivamente o prêmio que pretende conquistar. Como vemos todos os dias, os grandes atletas estabelecem uma maneira de viver levando em conta tão somente os objetivos a que se propôs. Tem uma alimentação dirigida para a sua atividade esportiva, um período de sono também relacionado com sua atividade, um cronograma extremamente rigoroso, onde cada ação sua tem em vista tão somente a competição, a obtenção do prêmio.
O cristão, assim como o atleta, tem de se abster de tudo aquilo que possa comprometer a sua forma espiritual, de tudo quanto possa fazer com que o seu rendimento não o permita alcançar a vitória. Muitos cristãos, entretanto, assim como muitos atletas, deixam-se envolver pelas coisas desta vida, pelas distrações e acabam perdendo a sua forma espiritual, deixam de render e fracassam as suas carreiras, seguindo o triste exemplo de Demas (2Tm 4:10).
c) A disciplina do crente como agricultor. O agricultor é uma pessoa paciente. Ele espera o precioso fruto da terra e, por isso, é dotado de paciência(Tg 5:7), pois sabe que a frutificação não está sob seu controle, mas, sim, sob o controle do Senhor. Esperar com paciência no Senhor é algo que somente o verdadeiro cristão disciplinado tem condições de fazer. O salmista afirma que o fazia porque havia, realmente, tido uma transformação de vida (Sl 40:1-3). O exercício da paciência ao modo do agricultor faz com que se alcance a bem-aventurança, pois, como afirma o salmista, é “bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança e que não respeita aos soberbos nem os que se desviam para a mentira” (Sl 40:4).
Nos dias em que vivemos, a característica não é a paciência, mas, sim, o imediatismo. As pessoas exigem que tudo aconteça já e não são poucos os que “exigem” de Deus esta prontidão, esquecendo-se que uma vida cristã disciplinada, de acordo com a vontade de Deus, é comparada ao agricultor, que tem na paciência, na espera da chuva serôdia e temporã, o segredo da sua vitória, de seu êxito, de sua frutificação. É bom ressaltar que sem fruto, o crente é cortado da videira verdadeira (João 15:4,6).

II. A OFERTA DE ANANIAS E SAFIRA

Ananias e Safira parecem ter se impressionado com a generosidade de Barnabé e outros(Atos 4:36,37). Talvez desejassem receber o louvor dos homens por um ato semelhante de bondade. Por essa razão, venderam uma propriedade e deram parte da renda aos apóstolos. O pecado deles foi terem dito que haviam dado tudo, quando, na verdade, entregaram apenas parte do dinheiro. Eles fingiram uma entrega total quando, na realidade, tinham retido uma parte. Por meio do dom de discernimento do Espírito, Pedro percebeu toda a mentira deles e veio um repentino juízo divino sobre o casal. Pedro acusou Ananias e sua esposa de mentir não apenas aos homens, mas também ao Espírito Santo. Ao mentir ao Espírito Santo, Ananias e Safira mentiram a Deus, pois o Espírito Santo é Deus.
1. O pecado contra o Espírito Santo e a Igreja. Os pecados mais evidentes contra o Espírito Santo são os seguintes: Resistir ao Espírito Santo; Entristecer; Mentir; Extinguir; Agravar e Blasfemar contra o Espírito Santo. Os dois últimos são os considerados imperdoáveis, porque são praticados de forma voluntária e dirigidos diretamente à Pessoa do Espírito Santo. Quem o disse foi o próprio Jesus, no episódio narrado nos evangelhos de Mateus(Mt 12:31) e de Marcos, e cujo ensinamento foi mencionado também no evangelho de Lucas, quando os fariseus disseram que Ele expulsava demônios pelo príncipe dos demônios. Além desta passagem dos evangelhos, o escritor aos hebreus também nos fala a respeito deste pecado(Hb 10:29), demonstrando, também, ao longo de sua epístola, que não há possibilidade de redenção para quem, voluntariamente, já tendo sido alvo da graça salvadora de Deus na pessoa de Cristo Jesus, vier a pecar de modo deliberado, agravando o Espírito da graça.
O pecado de Ananias e Safira foi a hipocrisia, a mentira. Este pecado está categoricamente exemplificada na passagem em que Pedro, pelo Espírito Santo, denuncia a mentira de Ananias e Safira: "Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade?" (At 5:3). A atitude deste casal foi qualificada pelo apóstolo Pedro como mentira ao Espírito Santo. Neste caso, temos uma deliberada ação de desprezo e de irreverência em relação ao Espírito Santo.
Segundo Stott, “à primeira vista, não havia nada de errado em ficar com parte do dinheiro da venda. Como Pedro disse mais tarde, claramente, a propriedade era deles, tanto antes como depois da venda(ver Atos 5:4). Eles não tinham a obrigação de vender a terra, nem de, após vende-la, doar uma parte do dinheiro da venda e, muito menos, todo ele. Entretanto, a história não está completa. Existe outra coisa, algo meio obscuro. Pois, ao declarar que Ananias reteve parte do dinheiro, Lucas emprega o verbo nosphizomai, que significa ‘apropriar-se indevidamente’. A mesma palavra foi usada na Septuaginta em relação ao roubo de Acã, e na única outra ocorrência do Novo Testamento, esse verbo significa roubar. Devemos, portanto, pressupor que, antes da venda, Ananias e Safira assumiram algum tipo de compromisso no sentido de darem à igreja todo o dinheiro. Por causa disso, quando trouxeram apenas parte do valor, em vez de tudo, eles se tornaram culpados de apropriação indébita”.
Contudo, diz Stott,Pedro não denunciou a falta de honestidade (trazer apenas uma parte do dinheiro da venda), mas a falta de integridade (trazer apenas uma parte, fingindo que era todo o dinheiro). Eles não eram avarentos; eram ladrões e – sobretudo – mentirosos. Queriam o crédito e o prestígio da generosidade sacrificial, sem terem que arcar com as inconveniências. Assim, a fim de conquistar uma reputação à qual não tinham direito, contaram uma mentira deslavada. A motivação do casal, ao dar, não era aliviar os pobres, mas inflar o próprio ego”.
Ananias e Safira deixaram-se influenciar pelo adversário de nossas almas que encontrou ocasião para encher o coração daquele infeliz casal, a tal ponto que ambos entenderam não haver problema algum em mentir sobre o preço da herdade diante das autoridades constituídas sobre a Igreja. É interessante observar que, quando a Bíblia nos fala a respeito de Judas Iscariotes, diz que o diabo havia entrado em seu coração(Lc 22:3) e, em outra passagem, que havia posto no coração o desejo da traição (João 13:2), mas, com relação a Ananias e a Safira, é dito que o coração deles foi cheio por Satanás, a demonstrar, portanto, como era funesta a situação espiritual daquele casal, bem pior que a do próprio traidor do Senhor.

III. O EXTREMO DA DISCIPLINA

1. A sentença de morte. Quem mente ao Espírito Santo, menospreza a sua deidade; Ele é Deus (vv.3,4). Como Pessoa da Santíssima Trindade, Ele é onisciente, onipresente e onipotente. Isso significa que o Espírito Santo tudo sabe e tudo conhece. Logo, mentir e tentar o Espírito do Senhor (v.9), é testar a tolerância de Deus, isto é, pecar até enquanto Deus suportar. Ver Nm 14.22,23; Dt 6.16; Mt 4.7.
O resultado de uma tal conduta é terrível. Ananias e Safira morreram fulminados, o que gerou grande temor em toda a igreja e em todos que ouviram o que havia acontecido (At 5:11). Nos nossos dias, como não tem havido a morte física daqueles que assim agem, há muitos que não demonstram o mesmo temor da igreja primitiva, e assim tem-se visto a morte espiritual de muitos que assim têm se comportado, como dão conta os diversos e cada vez mais numerosos escândalos que têm ocorrido nas igrejas locais.
Vivemos tempos trabalhosos (2Tm 3:1), tempos em que há multiplicação do pecado (Mt 24:12), tempos de escassez de fé na Terra(Lc 18:8). São dias em que há falta de temor por parte de multidões que, insensibilizadas pelos seus pecados, tornam-se indiferentes ao Espírito Santo, a ponto de deixarem seus corações se encher de Satanás e de mentirem deliberadamente contra o Espírito Santo.
2. A maldição é retirada do arraial dos santos. A prática de Ananias e Safira se assemelha à de Acã (Josué 7), ocorrida logo no início da entrada de Israel na terra prometida (Canaã). O comportamento hipócrita desse casal foi mais um exemplo da estratégia de Satanás para destruir a comunhão e pureza espiritual da igreja. Alguém disse que a história de Ananias é para o livro de Atos o que a história de Acã é para o livro de Josué. Em ambas as narrativas, uma mentira interrompe o progresso vitorioso do povo de Deus.
Segundo John Stott, “se a hipocrisia de Ananias e Safira não tivesse sido exposta e castigada publicamente, o ideal cristão de uma comunhão aberta não teria sido preservado, e a afirmação atual: ‘existem tantos hipócritas dentro da Igreja’ teria sido ouvida desde o inicio”.
Recordando: O capítulo 7 do livro histórico de Josué trata do assunto do pecado de Acã. Espias foram enviados para fazer o levantamento estratégico de como seria a batalha (Js 7:2). O efetivo foi numerado e enviado a guerrear (v.3). O combate contra a cidade de Ai foi um desastre, com baixa de cerca trinta e seis hebreus (vs 4-5). Josué quis saber o porquê (vs.6-9). Deus havia feito garantias a Josué (Js 1:5). “Israel pecou”, disse Deus; transgrediu, furtou e mentiu; escondeu objetos proibidos (vs.10-11). Deus exigiu conserto urgente, sob pena de não mais estar com Israel (vs.12-13). O pecado faz separação entre a pessoa e Deus(Is 59:2). O Senhor Deus coordenou o processo da descoberta e revelação do transgressor (v.14); e sentenciou o culpado à pena de morte (v. 15). Acã admitiu que pecou contra Deus: cobiçou uma capa babilônica, duzentos ciclos de prata e uma cunha de ouro; tomou-os e escondeu em sua tenda(vs. 20-21). Tudo o que estava escondido foi trazido e apresentado por Josué a Deus(vs 22-23). “Ai daquele que ajunta em sua casa bens mal adquiridos”(Hc 2: 9). Hoje, a capa babilônica representa a sensualidade; a prata, a ambição desmedida e a cunha, o orgulho. Estes males traiçoeiros só vistos e sentidos por aqueles que são vigilantes em Cristo Jesus.
Acã, da tribo de Judá, quebrou o mandamento do Senhor. Apoderou-se de bens valiosos, o que não foi permitido por Deus, quando da queda dos muros de Jericó. Assim como uma pequena enfermidade leva à morte, o pecado de Acã o levou ao abismo.
Dê graças ao Senhor porque Ele não age mais como fez como Acã e com o casal Ananias e Safira, mas não brinque com Ele, porque é horrível cair nas mãos do Deus vivo (Hebreus 10:31). Tratemos de levá-lo a sério.

CONCLUSÃO

A disciplina é uma necessidade essencial na vida da Igreja Cristã, pois se a Igreja deseja ter alguma influência neste mundo deve purificar-se, aplicando a Disciplina Bíblica, obedecendo ao Senhor e estando mais saudável diante do seu Rei. Oremos! Adoremos a Deus! Leiamos a Bíblia!. Sejamos, pois, disciplinados como o soldado, o atleta e o agricultor. Sem disciplina, não poderemos jamais agradar ao que nos arregimentou para o seu exército.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento)
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Antigo Testamento)
John Stott – A mensagem de ATOS(Até os confins da Terra)
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 45.
Claudionor de Andrade - As disciplinas da vida Cristã

domingo, 23 de janeiro de 2011

Aula 05 - SINAIS E MARAVILHAS NA IGREJA

Texto Base: Atos 3:1-26

E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos”(At 2:43).

INTRODUÇÃO

O Senhor Deus, no desenrolar da história do povo escolhido, manifestou-se e manifesta-se poderosamente, em algumas situações de forma direta e em outras, através de homens santos. Milagres, sinais e obras poderosas testemunharam e testemunham o poder soberano do Todo Poderoso, chamando o povo a adorá-lo e a servi-lo. Através dos sinais e maravilhas o Eterno mostra-se como o Todo Poderoso, não deixando margens para dúvidas ou questionamentos. Os sinais e maravilhas são uma demonstração de que Deus não só existe, é distinto da sua criação, como também é um participante dela. Eles mostram a participação divina na criação e, mui especialmente, na vida dos seres humanos, a coroa da criação terrena. São uma prova do desejo de Deus de nos fazer companhia e de estabelecermos com Ele um relacionamento pessoal e eterno. Se a mensagem da salvação é válida para hoje, os milagres também o são. Lembremos que Jesus ensinou a continuidade dos milagres (João 14:12).

I. SINAIS E MARAVILHAS, A AÇÃO SOBRENATURAL DA IGREJA

As ações sobrenaturais, sinais e maravilhas, foram-nos dados para vermos a manifestação da glória de Deus Pai e do Senhor Jesus.
Pouco antes de ser preso e morrer por nós, o Senhor fez questão de ensinar aos seus discípulos a respeito do Espírito Santo, o outro Consolador, que continuaria a obra do Senhor aqui na Terra, juntamente com a Igreja(João 14.25,26; Lc 24.49). Jesus, em seus ensinos sobre o Espírito Santo, foi claro ao mostrar que o Espírito Santo prosseguiria a sua obra, não só no que se refere ao convencimento dos pecadores, mas também no que concerne à operação de sinais e maravilhas que confirmassem a palavra que seria pregada.
1. O que são Sinais e Maravilhas? São intervenções divinas sobre as leis da natureza. Estas intervenções revelam o poder de Cristo sobre as enfermidades, a natureza, a morte, o Inferno e o Diabo. Em cada prodígio ocorre uma alteração na ordem natural do Universo. De acordo com as Escrituras, esse modo de Deus manifestar-se é um ato de sua soberana vontade e, sob certos aspectos, está sujeito à fé daquele que espera pelo socorro celestial (Mc 11:23, 24; João 11:40).
Por que os sinais e maravilhas, que, também, chamamos de “milagres”, são acontecimentos que causam admiração? Porque são fatos incomuns. São fatos que fogem à explicação das leis naturais. São ocorrências difíceis de explicar, que aparentemente contradizem a ordem natural das coisas. Por isso, os sinais e maravilhas são uma demonstração de que Deus criou o mundo, não se confunde com a sua criação e, além disso, participa desta criação, fazendo intervenções que modificam as leis por Ele mesmo estabelecidas, quando isto é da sua vontade e atende aos seus sublimes propósitos.
Usando de argumentos aparentemente lógicos, muitos dizem não ser possível a existência de milagres, pois, sendo Deus imutável e não contradizente, não poderia mudar as leis que criou. Se o milagre é uma mudança, uma alteração das leis da natureza, um acontecimento extraordinário, fora do normal, tem-se que não pode existir, diante da imutabilidade de Deus. Assim, ou o milagre é um acontecimento natural, que o homem não tem conhecimento suficiente para explicar ou, então, é apenas uma fantasia, uma ilusão, pois Deus não pode negar-se a Si mesmo e, portanto, não pode modificar as leis que criou, dizem.
Este argumento, que não é novo, mas se encontra muito em voga em nossos dias, notadamente naquilo que o pastor Ciro Sanches Zibordi denominou de “evangelho filosófico” e “evangelho teologicocêntrico”, embora tenha a sua lógica, não corresponde à verdade dos fatos.
Por primeiro, a própria ciência admite a sua insuficiência e precariedade, tanto que muitos filósofos da ciência estão a dizer que a “verdade científica” é, por natureza, “provisória”. Se assim é, não há como considerar que a ciência possa invalidar os milagres ou negá-los, se admite a sua própria ignorância sobre tudo o que ocorre no universo. Como dizia Shakespeare, “há entre os céus e a terra mais mistérios do que possa imaginar a nossa vã filosofia”. Assim, como considerar que os milagres não existem porque não se podem violar as leis naturais, se nem conhecemos estas mesmas leis?
Por segundo, este raciocínio parte do princípio de que Deus não pode mudar as leis que estabeleceu, como se a criação não tivesse como pressuposto o fato de que o Criador é o dono da criação (Sl 24:1). Ora, a soberania divina não pode ser anulada pelo Senhor, pois Ele não pode negar-Se a Si mesmo (2Tm 2:13).
Portanto, a intervenção de Deus na criação é sempre uma possibilidade, pois Deus está acima da criação, visto que ela lhe é sujeita (1Co 15:27,28). Deus tem propósitos que, ou nos são revelados, ou permanecem ocultos para nós, mas o fato é que, para cumpri-los, mantendo a Sua fidelidade e senhorio, sem qualquer dificuldade altera as leis naturais, pois acima delas está o caráter divino e a Sua soberania. Tanto assim é que este universo desaparecerá (Ap 21:1), para que o Senhor cumpra o Seu propósito de habitar com os homens num ambiente sem qualquer injustiça (Ap 21:3).
2. Objetivos do Milagre. Os milagres estão diretamente ligados com a obra salvífica de Cristo e tem a função de confirmar a palavra que é pregada pelos mensageiros do Senhor. Destacamos alguns objetivos do milagre:
a) Glorificar o nome de Jesus. Na luta diária contra as hostes espirituais da maldade (Ef 6:12), contra as portas do inferno (Mt 16:18), a Igreja não pode apenas viver dos registros constantes das Escrituras, mas tem de sentir a glorificação presente e atual de Jesus através da operação de poder pelo Espírito Santo, que foi derramado sobre a Igreja, entre outras coisas, precisamente para glorificar o nome de Jesus (João 16:14). Uma das formas de glorificação é a realização de sinais e maravilhas, quando o Pai é glorificado no Filho (João 14:13,14).
b) Mostrar aos homens que a salvação é feita mediante a fé. O milagre é uma forma perceptível de demonstração de que a fé é o meio pelo qual alguém obtém os benefícios da parte de Deus, notadamente o do estabelecimento de uma comunhão com Ele por meio do perdão dos pecados. Não é por outro motivo, aliás, que Tiago afirma que a cura divina feita mediante a unção com óleo pelo presbítero da igreja ao crente doente significa, também, o perdão dos pecados eventualmente cometidos (Tg 5:14,15).
O maior milagre do ministério de Jesus, qual seja, a ressurreição de Lázaro, é uma comprovação de que um dos intuitos dos milagres era despertar a fé salvadora no povo, pois as Escrituras registram que muitos creram que Jesus era o Messias ao verem Lázaro ressuscitado depois de quatro dias em que esteve sepultado (João 12:11,12).
c) Autenticar a mensagem de Cristo. Após sua ressurreição e subida aos Céus, seus discípulos deram prosseguimento à proclamação do Reino de Deus e, sem dúvida, os milagres tiveram uma participação ativa nessa proclamação. Marcos, ao fim do seu Evangelho, conta que quando os discípulos pregavam, o Senhor cooperava com eles realizando milagres e dando validade à pregação, pois o poder de Deus era demonstrado junto com as palavras - “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém”(Mc 16:20).
Lucas, narrando a história dos Atos dos Apóstolos, diz que os discípulos “detiveram-se, pois, muito tempo, falando ousadamente acerca do Senhor, o qual dava testemunho à palavra da sua graça, permitindo que por suas mãos se fizessem sinais e prodígios”(At 14:3).
O milagre não tem por objetivo criar um espetáculo. Observe que os milagres não davam testemunho dos apóstolos e sim do Senhor Jesus e da sua mensagem. Somente os que buscam a própria gloria transformam os sinais e maravilhas em um show (é o que estamos vendo hoje em muitas igrejas). Para esses, Jesus tem um recado: “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”(Mt 7:22,23).
3. Os milagres apostólicos. Muitos milagres de cura e ressurreição de mortos foram realizados pelos apóstolos mediante o poder do Espírito Santo (At 3.6-9; 9.33-41; 14.8-9; 20.9,10). Estas maravilhas não cessaram com a morte daqueles abnegados servos do Altíssimo, mas continuam acontecendo no seio da igreja contemporânea (Mc 16.17,18; Jo 14.12; 11.40).
Entre os sinais e maravilhas apresentados no livro de Atos, destacamos:
a) Curas. Houve diversas curas entre os cristãos da Igreja Primitiva. Entendemos que as doenças são, de forma direta ou indireta, fruto do pecado na humanidade, mas também cremos que Deus é glorificado na cura das pessoas que dela precisam. Lucas nos mostra diversos exemplos de curas ocorridas no livro de Atos, como a que foi realizada por Pedro e João ao coxo à Porta do Templo(At 3:1-10); Enéias, habitante de Lídia, paralítico, foi curado quando Pedro o visitou(At 9:32-34). Em Samaria, muitos paralíticos e coxos foram curados após a pregação de Filipe, e muitos endemoninhados eram libertos(At 8:5-7). A cura de aleijado, através do apóstolo Paulo, em Listra(At 14:10). A cura da pitonisa em Filipos(At 16:18). Sem falar dos prodígios e grandes sinais realizados através de Estevão(At 6:8).
Os apóstolos eram tão cheios do poder de Deus que as coisas com as quais tinham contato íntimo se tornavam como que em extensões deles, para curar e abençoar as pessoas, como a sombra de Pedro que curava os doentes(Atos 5:15), bem como o poder curador dos lenços e aventais de Paulo(Atos 19). Mas é bom ressaltar que os lenços e aventais de Paulo e a sombra de Pedro, só foram empregados para mostrar o extraordinário poder de Deus sobre tais homens. Quando refletimos no fato de que somente coisas pessoais dos apóstolos foram usadas, perguntamo-nos se nossos objetos pessoais teriam o mesmo poder. A resposta humilde deve ser "não". Os apóstolos foram pessoas especiais e pertenceram a uma época especial e única dentro da história da revelação.
b) Ressurreição. A morte é chamado por Jó de “rei dos terrores”(Jó 18:14). É um destino do qual não podemos fugir, exceto aqueles que estiverem vivos por ocasião do arrebatamento da Igreja. Atos nos mostra que sinais e maravilhas incluem a ressurreição dos mortos. Dorcas, uma cristã que residia em Jope, adoeceu e morreu, mas foi ressuscitada pelo Senhor após Pedro orar. Esse fato foi tão notório em Jope que muitos creram no Senhor(At 9:42). Quando Paulo pregava em Trôade, um jovem de nome Êutico caiu da janela do cenáculo e morreu, mas foi trazido de volta à vida por meio da oração do apóstolo(At 20:7-13).
c) Livramento sobrenaturais. O livro de Atos nos mostra que a Igreja sofreu perseguição quando de seu nascimento. Mas Deus trouxe diversos livramentos aos seus servos. Os apóstolos foram presos pelo Sumo-Sacerdote(At 5:17-21), mas um anjo do Senhor os libertou da prisão e ordenou que fossem ao Templo para ensinar sobre Jesus. Herodes, por ocasião da Páscoa, prendeu Pedro, o qual foi entregue a 16 soldados, para que o guardassem(At 12:4), mas enquanto a Igreja orava, Deus enviou o seu anjo e trouxe outro livramento para o seu servo. Vemos também o livramento que Deus deu ao apóstolo Paulo, quando foi picado por uma serpente(At 28:5).
4. O cuidado com a supervalorização dos milagres. Conquanto Deus realize sinais e maravilhas através do seu povo santo, os mesmos não devem nortear a vida do crente. Sinais e maravilhas são feitos pelo Senhor, que utiliza a instrumentalidade humana para esse fim, mas isso não significa que eles são o indicativo para a orientação de Deus às nossas vidas. Há pessoas que se colocam como reféns de milagres, como se estes fossem o marco regulatório para a vida cristã, e não tomam nenhuma postura ou atitude na vida se não virem milagres à sua volta. Tais pessoas precisam aprender a crer que os milagres são parte do Evangelho, mas que a Palavra de Deus é que deve nortear a vida do crente. Os sinais seguem aqueles que seguem a Palavra de Deus, e não os que crêem seguem os milagres(Revista Ensinador Cristão – nº 45 – p.38).

II. O MILAGRE NA PORTA FORMOSA

Lucas iniciou o livro de “Atos dos Apóstolos” afirmando aos leitores que iria relatar o que Jesus continuou "a fazer e ensinar", apos a ascensão, através de seus apóstolos (1:1-2). Ele também disse que "muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos" (2:43). Agora ele fornece um exemplo especialmente dramático. Pedro e João subiam ao templo (3:1). Lucas não especifica a data (aconteceu um dia), mas a hora é as três da tarde, que é a hora da oração (3:1). Isso aconteceu pouco depois do sacrifício da tarde que era observado por todos os judeus piedosos e “tementes a Deus”. A chegada dos apóstolos ao templo coincidiu com a chegada de um coxo de nascença, que era levado ali, provavelmente por amigos ou parentes, para que pudesse pedir esmolas aos que vinham adorar e que pensavam (incidentalmente) que ganhariam algum mérito com isso.
O lugar do mendigo, diz Lucas, era a porta do templo, chamada Formosa (3:2). Os comentaristas normalmente a identificam com a porta de Nicanor, a entrada principal do lado oriental, que separava o recinto do templo do pátio dos gentios. O fato de Lucas denominá-la "porta Formosa" faz supor que era a porta feita de bronze coríntio, que Josefo descreveu como a que "superava grandemente as que eram apenas cobertas com ouro e prata". A porta media cerca de vinte e dois metros de altura e tinha enormes portões duplos. Mas, ao pé dessa magnífica porta, sentava-se o coxo a mendigar. Lembra-nos da pobreza e ignorância que sobejam à sombra das catedrais e da incapacidade dos sistemas eclesiásticos poderosos de ajudar os que sofrem de debilidades físicas e espirituais.
O interesse médico de Lucas parece ser revelado na breve análise clinica que ele nos dá: era um coxo de nascença; o homem agora tinha mais de quarenta anos (4:22); e era tão inválido que precisava ser carregado, de modo que o punham diariamente para pedir esmola aos que entravam (3:2). O homem coxo havia, evidentemente, perdido toda a esperança de ser curado e se contentava em pedir esmolas(3:3).
Em vez de considerar esse homem um pobre coitado, Pedro o viu como alguém em quem o poder de Deus poderia ser manifestado. Os apóstolos pararam, fitaram-no, e Pedro deu-lhe duas ordens, não com intuito de alardear a presença dele e de João, mas para chamar a atenção do mendigo. Primeira, Olha para nós (3: 4). Ele os olhava atentamente, esperando receber alguma coisa (3: 5). Mas em sua segunda ordem, Pedro disse-lhe que tinha algo melhor do que dinheiro para oferecer: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (3:6). Como disse um pregador espirituoso: “O aleijado pediu uma esmola, mas recebeu pernas”.
Conta-se que Tomás de Aquino visitou o papa numa ocasião em que se estava realizando a contagem de uma grande soma em dinheiro. O papa disse em tom satisfeito: “Agora não precisamos mais dizer, como Pedro: ‘Não possuo nem prata nem ouro’!”. Aquino respondeu: “Vossa Santidade também não pode dizer, como Pedro, ‘Anda! ’ ”.
Enquanto recebia ajuda de Pedro para se levantar, o homem sentiu que seus pés e tornozelos, até então imprestáveis, se firmaram. Somos lembrados, mais uma vez, de que na vida espiritual ocorre uma mistura interessante de ação divina e humana. Pedro ajudou o homem a se levantar(3:7), e Deus realizou a cura. Devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance; então, Deus fará o que está além da nossa capacidade.
O milagre da cura foi imediato(3:8), e não gradual. Observe como o Espírito de Deus enche o relato de palavras de ação e movimento: “de um salto se pôs em pé, passou a andar e entrou [...] saltando”. Quando nos lembramos do processo lento e difícil pelo qual uma criança passa a fim de aprender a andar, percebemos como foi maravilhoso esse homem andar e saltar de imediato, pela primeira vez na vida. Esse milagre realizado em nome de Jesus foi mais um testemunho ao povo de Israel: O Messias crucificado por eles estava vivo e desejava curá-los e salvá-los.

III. O MILAGRE ABRE A PORTA DA PALAVRA

O mendigo era uma figura conhecida, haja vista que o mesmo ficava assentado à porta do Templo diariamente. Assim, a noticia da cura se espalhou rapidamente (3:9-10), e o povo não podia negar o milagre poderoso(At 4:16). Mas o que esse milagre significava? Significava uma excelente oportunidade para a pregação do Evangelho, de anunciar que Cristo é o Senhor, o Messias; que Ele cura, batiza e leva para o Céu! Pedro e João não se vangloriaram do milagre acontecido, não fizeram dele um espetáculo!
Enquanto o homem estava apegado a Pedro e a João, como se fossem seus médicos, todo o povo correu para a parte do Templo chamada de “pórtico [...] de Salomão”(3:11). Ao ver a perplexidade e admiração de todos, Pedro aproveitou para pregar o evangelho(Atos 3:12-26). Primeiro, Pedro muda o foco da atenção até então voltado para o homem curado e os apóstolos, pois a explicação para o milagre não se encontrava neles(3:12). Mais que depressa, ele apresenta o verdadeiro autor do milagre: Jesus, aquele que havia sido rejeitado, negado e morto pelos judeus(3:15). Deus o ressuscitou dentre os mortos e o glorificou no Céu. Pela fé em Jesus, o coxo havia sido curado de sua deficiência física(3:16).
O aspecto mais notável no sermão de Pedro é o seu fator cristocêntrico(ver 3:12-26). Ele desviou os olhos da multidão do coxo curado e dos apóstolos e os fixou em Cristo, a quem os homens haviam rejeitado, matando-o, mas a quem Deus vindicou, ressuscitando-o dentre os mortos, e cujo nome, uma vez adotado pela fé, era poderoso o bastante para curar completamente o homem.
Percebemos, portanto, que a tarefa evangelizadora da Igreja abrange não só a pregação do Evangelho, mas também a realização de sinais e maravilhas, cujo papel é confirmar a palavra que é pregada, sendo, como nos mostra Mc 16:20, uma cooperação do Senhor no trabalho de seus discípulos.
Ora, a tarefa da evangelização, como sabemos, somente findará no dia do arrebatamento da Igreja e, até lá, temos de pregar o Evangelho e a palavra pregada tem de ser confirmada por sinais. Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13:8) e prometeu estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28:20), tendo, como uma de suas missões, a de cooperar com o trabalho evangelizador da Igreja (Mc 16:20). Como se dá esta cooperação? Através da realização de sinais e maravilhas que confirme a palavra que é pregada.

CONCLUSÃO

A presença de sinais e maravilhas na Igreja confirma e autentica a disposição divina de manter uma estreita comunhão com o homem que Lhe for fiel. Cristo, ainda hoje, dispensa aos seus servos o mesmo poder para operação de maravilhas (Mt 10.8; Jo 1.50; 5.20; 14.12) que conferira a seus discípulos no passado. São milhares os testemunhos de pessoas alcançadas pelas obras extraordinárias operadas pelo Filho de Deus em sua amada Igreja.
Jesus não limitou esta situação apenas aos apóstolos, como defendem os “cessacionistas”, mas “a todos quantos Deus nosso Senhor chamar”. Não houve, em absoluto, cessação dos milagres ao longo da história da Igreja, mas uma diminuição que, ao contrário do que afirmam os “cessacionistas”, está, sim, relacionada à falta de fé ou, quando muito, à falta de insistência por parte dos cristãos, pois os milagres precisam ser buscados, procurados por parte daqueles que deles necessitam (Sl.105:4; Mt.7:7; Lc.11:9; Cl.3:1).
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular(Novo Testamento)
John Stott – A mensagem de ATOS(Até os confins da Terra)
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Revista Ensinador Cristão – nº 45.
ZIBORDI, Ciro Sanches. Evangelhos que Paulo jamais pregaria, p.117
Caramuru Afonso Francisco – Os milagres de Jesus

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Aula 04 - O PODER IRRESISTIVEL DA COMUNHÃO NA IGREJA

Texto Base: Atos 2:40-47

Procurando guardar a unidade do Espírito Santo pelo vinculo da paz: há um só corpo e um só Espírito [...] (Ef 4:3,4).

INTRODUÇÃO

A ”Comunhão” é a principal característica da Igreja. É a sua marca perante a humanidade, a característica indispensável para que o Senhor possa realizar a sua obra através do seu povo. Pela comunhão, a Igreja mostra-se como um povo perante os demais seres humanos e, graças a ela, pode cumprir todas as tarefas determinadas a ela. Tanto assim é que o relato de Lucas a respeito da igreja primitiva termina com o cumprimento da principal missão da Igreja: “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”(At 2:47 ).

I. A COMUNHÃO DOS SANTOS

O termo "comunhão dos santos" tem dois significados intimamente interligados: "comunhão nas coisas santas" e "comunhão entre as pessoas santas".
1. O que é a Comunhão. A palavra “comunhão” designa o vinculo espiritual e social estabelecido pelo Espírito Santo entre aqueles que recebem a Cristo com o seu único e suficiente Salvador. É o sentimento de unidade que leva os cristãos a se sentirem um só corpo em Cristo Jesus.Tendo como vínculo o amor, a comunhão cristã desconhece distinções sociais, culturais e racionais. Agora somos um em Cristo. Não basta amar o próximo como a nós mesmos; temos de amá-lo como Jesus nos amou.
O amor de Jesus por nós é o exemplo do amor que devemos expressar na comunhão diária com nossos irmãos em Cristo. O amor agápe, manifestado entre os irmãos, é mais precioso do que a manifestação do dom profético, da sabedoria ou da fé. Pois somente através do amor é que podemos entender e nos relacionarmos adequadamente uns com os outros.
A palavracomunhão” é uma expressão típica da Igreja, tanto que só é encontrada nas Escrituras Sagradas em o Novo Testamento e, mais especificamente, após a “inauguração” da Igreja a partir do dia de Pentecostes do ano 34. Seu primeiro aparecimento na Bíblia é em Atos 2:42, na primeira descrição deste novo povo de Deus, quando se diz que os crentes “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na “comunhão”.
Portanto, não há que se falar em “comunhão” se, antes, não se tiver o novo nascimento (João 3:3,5). Em Seu diálogo com Nicodemos, o Senhor Jesus deixou bem claro que somente através do novo nascimento se pode ver e entrar no reino de Deus e que quem vê e entra está na luz (João 3:21) e para que tenhamos comunhão uns com os outros e com Deus é necessário que andemos na luz (1João 1:7).
2. A unidade do Corpo de Cristo. A unidade espiritual do corpo de Cristo(a igreja) é uma obra exclusiva de Deus. Não podemos produzir unidade, mas apenas mantê-la. Todos aqueles que crêem em Cristo, em qualquer lugar, em qualquer tempo fazem parte da família de Deus e estão ligados ao Corpo de Cristo pelo Espírito. Esta unidade não é externa, mas interna. Ela não é unidade denominacional, mas espiritual. Só existe um Corpo de Cristo, uma Igreja, um rebanho, uma Noiva. Todos aqueles que nasceram de novo e foram lavados no sangue do cordeiro fazem parte dessa bendita família de Deus. Esta unidade é construída sobre o fundamento da verdade (Ef 4:1-6). Por isso, a tendência ecumênica de unir todas as religiões, afirmando que doutrina divide enquanto o amor une é uma falácia. Não há unidade cristã fora da verdade.
A Igreja não é um clube de amigos ou uma associação humana secular; também não é uma empresa. É o conjunto ou comunhão dos redimidos em Cristo, que compartilham da “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4:3).
A Igreja é o corpo místico de Cristo, e, cada crente em particular, é membro desse corpo glorioso (1Co 12:12,13). Por conseguinte, a comunhão no Espírito (Fp 2:1) é vital à unidade e à paz da Igreja. Segundo Efésios 4:3, a comunhão, unidade e paz na Igreja não são produtos dos esforços humanos, mas uma ministração do Espírito Santo. Uma vez que o crente é Templo e habitação do Espírito de Deus (João 14:16,17; Rm 8:14; 1Co 3:16; 6:19), somos todos “um só corpo” (Ef 4:4), servindo e amando a “um só Senhor”, compartilhando de “uma só fé”, “um só batismo”, “uma só esperança”, “um só Deus e Pai de todos” (Ef 4:5,6). Guardemos, pois, a “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” .
3. A comunhão da Igreja agrada a Deus. A Comunhão da Igreja agrada a Deus porque ela tem como vinculo o amor, que traduz em união, que é a qualidade de ser um, mediante a unidade na diversidade. Infelizmente, a união que deveria ser encontrada na Igreja nem sempre o é. As pessoas discordam e causam divisões por causa de assuntos sem importância. Alguns sentem prazer em causar tensão, depreciando e desacreditando outros.
Viver em união não significa que concordaremos em tudo; haverá muitas opiniões, da mesma maneira que existem muitas notas em um acorde musical. Mas devemos concordar em nosso propósito na vida: trabalhar juntos para Deus. A união reflete a nossa concordância de propósitos.
Comunhão da Igreja, portanto, compartilha dos sentimentos, propósitos e desígnios de Deus, “participa da natureza divina”(2Pe 1:4), é ser “vara da videira verdadeira” (João 15:4,5). O salvo, ao alcançar a salvação, passa a ter em comum a natureza divina, ou seja, passa a ser santo, a se separar do pecado, a abominá-lo e a ter os mesmos desejos, pensamentos e sentimentos divinos em suas atitudes.
Para que haja comunhão, portanto, é preciso que haja ausência de pecado, não só em virtude da chamada “santificação posicional”, ou seja, a nossa colocação por Deus entre os santos, pelo perdão dos nossos pecados (cf Sl 40:2,3), como também em virtude da nossa “santificação progressiva”, ou seja, a nossa contínua separação do pecado no dia-a-dia de nossa vida espiritual (cf Ap 22:11). A multiplicação do pecado em nossos dias (Mt 24:14) produz inevitavelmente a diminuição da comunhão e o consequente crescimento das divisões, porfias, dissensões e todas as obras pecaminosas similares a estas no meio daqueles que servem a Deus(Gl 5:20; Jd 20).

II. A COMUNHÃO CRSTÃ CARACTERIZA-SE PELA UNIDADE

A unidade da igreja não implica num único governo eclesiástico mundial, mas no senhorio de Cristo sobre toda igreja local. A Igreja é o corpo místico de Cristo, e, cada crente em particular, é membro desse corpo glorioso (1Co 12:12,13). Devemos trabalhar para manter a unidade do Corpo, pois a Bíblia nunca recomenda a separação entre salvos, mas somente entre salvos e ímpios. Com estes não devemos manter comunhão (2Co 6:14-17), pois estão fora da comunidade dos salvos. A comunhão de duas naturezas espirituais opostas (luz/trevas, santo/impuro, Cristo/demônios) é impossível.
Muitas pessoas hoje se esforçam para unir as religiões de forma não bíblica. Eles dizem: “Nós não estamos interessados em doutrinas, mas no amor”. Dizem: “Vamos esquecer doutrinas, elas só nos dividem. Vamos simplesmente nos amar uns aos outros”. Mas, Paulo não discute a unidade cristã sem antes falar do Evangelho (Ef 4:1-3). Unidade edificada sobre outra base que não a verdade bíblica é o mesmo que edificar uma casa sobre a areia.
Em Efésios 4:1-6 Paulo nomeia algumas realidades básicas que unem todos os cristãos:
1) Um só corpo(Ef 4:4). Ser um só corpo exige de cada salvo a consciência de que somos todos “parte do corpo”, ou seja, de que precisamos trabalhar, todos, sem exceção, em harmonia, sem choques, sem disputas, sem dissensões. Este é o verdadeiro “espírito ecumênico”, esta é a verdadeira “unidade do corpo de Cristo”.
Precisamos reconhecer que cada um, ao modo determinado por Deus, está na face da Terra para realizar a obra de Deus e que, cada um fazendo a sua parte, o que não se pode fazer de forma solitária ou individualista, mas mediante a união de um em relação aos outros, o Senhor também cooperará e confirmará a Palavra com os sinais (Mc 16:20). Entretanto, o espírito de competição e de concorrência, que domina o sistema econômico mundial, também chegou à Igreja, que, infelizmente, convive, na atualidade, com um verdadeiro “mercado religioso” ou um “mercado da salvação”, uma disputa por crentes e por fiéis que está aumentando a cada dia. Tudo isto é perda de comunhão com Deus, é falta completa da consciência de que há um só corpo e que todos devem se completar uns aos outros para que haja um verdadeiro e genuíno crescimento ajustado da Igreja.
2) Um só Espírito(Ef 4:4). Ser um só Espírito significa que devemos seguir uma só orientação e direção, a direção do Espírito Santo, a Pessoa divina que o Senhor Jesus nos enviou para não nos deixar órfãos, para nos guiar, ensinar e anunciar tudo o que tiver ouvido (João 16:13-15). A comunhão leva-nos a ser sensíveis à voz do Espírito Santo, que é uma característica que sempre deve existir na Igreja(Ap 2:7,11,17,29; 3:6,13,22).
3) Uma só Esperança(Ef 4:4). A comunhão, além de gerar a consciência do chamado de cada salvo, dá a cada membro da Igreja a mesma esperança. Todos estamos esperando Jesus. Todos estamos esperando a glorificação dos nossos corpos para que desfrutemos a eternidade com o Senhor. Quem tem comunhão com Deus comporta-se como peregrino nesta Terra (Sl 119:19), a exemplo de Abraão, o pai da fé (Gn 23:4) e dos demais heróis da fé (Hb 13:13-16). Quando vemos pessoas que se dizem servas do Senhor, mas que estão completamente envolvidos com as coisas desta vida, podemos notar que são pessoas que partem rapidamente para a morte espiritual, se é que já não a alcançaram (Mt 13:22).
4) Um só Senhor(Ef 4:5). A Igreja tem uma única cabeça, o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ele é o Sumo Pastor (1Pe 5:4). Quando estamos em comunhão com Deus, temos esta consciência de que somos servos e que há um só Senhor. Na Igreja, todos sabem que não são melhores do que os outros e que os maiores existem para servir os menores (Mt 20:26; Mc 10:43). Os falsos mestres, falsos profetas e falsos apóstolos procuram arrebanhar pessoas à sua volta, procuram criar subterfúgios e falsos ensinos para fazer valer a sua “autoridade” sobre os crentes, por intermédio de “novas unções”, “coberturas apostólicas” e coisas desta natureza, que nada mais são do que enganos e provas de que são pessoas que estão fora da comunhão do Senhor.
5) Uma só Fé(Ef 4:5). A comunhão faz com que tenhamos fé apenas em Jesus, ou seja, na Sua Palavra, abandonando, assim, as fábulas, as crendices, as superstições, os pensamentos filosóficos e científicos. Muitos têm se apartado da simplicidade que há em Cristo Jesus (2Co 11:3), sendo enganados pelo adversário de nossas almas e passando a crer em tudo menos na Palavra de Deus. Entretanto, a fé é única e sem esta única fé não poderemos, de modo algum, alcançar a salvação e, consequentemente, a comunhão (Ef 2:8).
6) Um só Batismo(Ef 4:5). Este batismo a que Paulo se refere não é nem o batismo nas águas, nem o batismo com o Espírito Santo, mas o batismo por ele próprio mencionado em 1Co 12:13, ou seja, o ingresso no corpo de Cristo através da regeneração, da salvação.
Nas igrejas locais, há muitos que ali estão não porque foram “batizados em um Espírito” nem tampouco porque tenham nascido de novo, mas que estão a pertencer ao grupo social por tradição familiar, por simpatia ou, mesmo, por religiosidade, quando não, como tem sido cada vez mais frequente, por interesses materiais. Estes não estão em comunhão, porque só há um batismo, só há uma forma de se ingressar no corpo de Cristo, e esta forma exige a fé na Palavra e o convencimento do Espírito Santo, ou seja, o novo nascimento.
7) Um só Deus e Pai de todos O qual é sobre todos, e por todos e em todos (Ef 4:6). A comunhão traz-nos também a certeza de que há um só Deus e Pai de todos, ou seja, pela comunhão sentimos o amor de Deus por nós e seu cuidado paternal a cada um de nós. Através da Comunhão vemos cada irmão como filho de Deus, como alguém que é fruto do amor divino e que, por isso, tem de ser considerado, respeitado e dignificado.
É Deus de todos, ou seja, não faz acepção de pessoas e considera a todos os salvos igualmente. Além do mais, a comunhão faz-nos perceber que Deus está sobre todos nós, ou seja, é soberano, alguém que deve ser objeto de adoração e obediência; que Deus está por todos, ou seja, que Ele sempre está trabalhando a nosso favor, é um Deus que intervém na criação, que não nos abandona e um Deus que está em todos, ou seja, que habita em cada salvo.
Entretanto, a Comunhão não significa uniformidade. A comunhão não significa uniformidade, ou seja, não se exige que todos os salvos tenham, em todos os lugares e em todas as épocas, a mesma forma, a mesma maneira, o mesmo jeito de servir a Deus. A comunhão proporciona a união, que é a qualidade de ser um, mediante a unidade na diversidade, como já foi dito anteriormente.
Esta é uma das grandes riquezas do povo de Deus que, muitas vezes, é desprezada e até alvo de ataque por alguns menos avisados e que não conhecem bem a Palavra de Deus. O povo de Deus tem um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, mas é um povo formado por pessoas que são diferentes umas das outras, que têm grupos que se distinguem por causa de sua cultura, de seu modo de viver, de seus costumes, de sua maneira de servir a Deus.
Todos são santos, todos têm de ser separados do pecado, todos devem servir ao mesmo Senhor, ter a mesma fé, ter o mesmo batismo, ter o mesmo Pai. Todos são irmãos e, portanto, devem amar-se uns aos outros, não devem promover dissensões, lutas e pelejas entre si, porque produzem o fruto do Espírito e não as obras da carne, mas, nem por isso, são iguais. Deus, aliás, não fez uma pessoa igual ou idêntica a outra sobre a face da Terra e, como a Igreja é formada por seres humanos, naturalmente que será um grupo de pessoas que diferem entre si.

III. OS FRUTOS DA COMUNHÃO CRISTÃ

1. Temor a Deus.Em cada alma havia temor...”(At 2:43). O povo foi tomado de um temor reverente. Temer ao Senhor significa ter reverência e amor por Ele e guardar os Seus mandamentos. Diante da manifestação clara do poder extraordinário do Espírito Santo, o coração dos cristãos calou-se e aquietou-se.
Reverência é uma atitude de profundo respeito, amor, estima, honra e consideração para com Deus e que nos torna mais preparados para receber aquilo que sua graça nos tem reservado. Nossa identidade primária como filhos e filhas de Deus, redimidos por Cristo, reconciliados com Deus pela sua graça e incluídos na comunhão dos santos é a de adoradores reverentes. O culto público é a ocasião onde todos nós, criados à imagem e semelhança de Deus, cumprimos o propósito para o qual fomos criados. É por isso que nenhum de nós comparece ao culto para “assistir” como se fosse espectador, como se estivesse num teatro ou cinema. Todos fomos chamados para adorar e oferecer a Deus um coração compungido, humilde, contrito e grato, que é o coração do adorador.
O culto cristão é a reunião do povo de Deus para a adoração. Uma das mudanças significativas da cultura pós-moderna é a inversão que vem acontecendo na forma da celebração do culto. A razão de ser do culto é Deus. Reunimo-nos para adorá-lo; esta é nossa condição básica como seres criados por Deus e para Deus. Somos seres adoradores. Porém, é visível a natureza cada vez mais antropocêntrica dos cultos modernos. Daí a quebra da reverência. Não estamos mais diante de Deus para adorá-lo, mas diante de um programa, uma atividade religiosa, cujo fim somos nós e não Deus.
2. Sinais e Maravilhas. “... e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos”(At 2:43). Após terem sido revestidos de poder, os discípulos passaram não só a pregar o Evangelho, mas, também, a fazer sinais e maravilhas por onde passavam (At.2:43; 4:30; 5:12; 8:6; I Co.2:4). Percebemos, portanto, que a tarefa evangelizadora da Igreja abrange não só a pregação do Evangelho, mas também a realização de sinais e maravilhas, cujo papel é confirmar a palavra que é pregada, sendo, como nos mostra Mc.16:20, uma cooperação do Senhor no trabalho de seus discípulos.
A tarefa da evangelização, pela igreja, somente findará no dia do arrebatamento da Igreja e, até lá, temos de pregar o Evangelho e a palavra pregada tem de ser confirmada por sinais. Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13:8) e prometeu estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28:20), tendo, como uma de suas missões, a de cooperar com o trabalho evangelizador da Igreja (Mc.16:20). Como se dá esta cooperação? Através da realização de sinais e maravilhas que confirme a palavra que é pregada.
A história da Igreja está repleta de exemplos de que, quando os crentes passaram a buscar a Deus de forma mais decidida, orando, jejuando e se santificando, Deus promoveu grandes avivamentos, sempre acompanhados de sinais e maravilhas, de que é prova, aliás, o avivamento pentecostal, que já tem 105 anos de existência, embora, tenhamos de admitir, em muitos lugares, pela falta de persistência, não mais vemos tanto sinais e maravilhas como no passado. De qualquer maneira, esta é a maior demonstração de que o propósito do Senhor é fazer com que os milagres que ocorreram em seu ministério terreno continuem a acontecer durante a dispensação da graça, que só terminará com o arrebatamento da Igreja.
3. Assistência Social. Desde o início da história da igreja, havia aqueles que padeciam de necessidades para sobreviver (cf. At 2:45; 4:35). A função de assistência social na Igreja é um dos seus pilares e, sem dúvida, uma das formas mais poderosas de demonstrarmos, ao mundo, a nossa diferença e o amor de Deus que está em nossos corações. Ela é a continuação da obra iniciada por Jesus. Jesus disse que sempre haveria pobres sobre a face da Terra (João 12:8), não fugindo desta realidade nem mesmo aqueles que pertencem à igreja, como nos mostra o episódio que levou à criação do diaconato (At 6:1-3).
Se é verdade que Deus tem promessa de que o justo não será desamparado e que sua descendência não mendigará o pão (Sl 37:25), isto se deve, em grande parte, ao fato de que o Senhor, na igreja, proporciona aqueles que repartem o que têm com quem tem necessidade. A base desse sentimento constitui o critério da generosidade que deve permear a vida cristã.
4. Crescimento. “louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”(At 2:47). O segredo para o rápido crescimento da Igreja Primitiva, formada por dois povos(judeus e gentios), foi a comunhão entre os crentes. A Igreja somente progrediu mediante a comunhão e unidade de seus membros.
Sem comunhão em uma igreja os crentes buscarão interesses próprios, esquecendo-se do objetivo de buscar o Reino de Deus e a sua justiça. Não basta apenas evangelizar e ganhar as pessoas para Jesus; é preciso que essas pessoas vejam os resultados da comunhão nos membros da igreja, e assim permaneçam nela.
5. Adoração. "louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo"(At 2:47). A adoração era outra marca da Igreja primitiva, cheia do Espírito Santo, que vivia em plena comunhão. Aqueles santos do Senhor adoravam no templo e em casa, nas ceias do Senhor e nas orações, com alegria e reverencia. Uma Igreja cheia do Espírito Santo é uma igreja que cultua.

CONCLUSÃO

Não pode haver cristianismo sem a comunhão dos santos. Ela é a base e a razão da Igreja. É o sinal mais claro e mais vivo de que o Corpo de Cristo não está dividido. Por isto cantamos e cremos nas palavras da canção: “Como é precioso irmão estar bem junto a Ti e juntos lado a lado andarmos com Jesus. E expressarmos o amor que um dia Ele nos deu pelo sangue do Calvário Sua vida trouxe a nós. A Aliança do Senhor eu tenho com você, não existem mais barreiras em meu ser. Eu sou livre pra te amar, pra te aceitar e para te pedir, perdoa-me irmão. Eu sou um com você, no amor de nosso Pai. Somos um no amor de Jesus. Eu sou um com você no amor de nosso Pai. Somos um no Amor de Jesus”.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Hernandes Dias Lopes – A unidade da Igreja
Caramuru Afonso Francisco - comunhão dos santos - a missão conciliadora da igreja
A mensagem de Atos(Até os Confins da Terra) – John Stott.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 45.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Aula 03 - O DERRAMAMENTO DO ESPIRITO SANTO NO PENTECOSTES

Texto Base: Atos 2:1-6,12-18

E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne...”(Atos 2:14).

INTRODUÇÃO

O “derramamento do Espírito Santo” é cumprimento das Escrituras, tem base na Palavra de Deus e, portanto, nele crer é crer na verdade, nele crer é ficar do lado do Senhor Jesus. O mais antigo texto exclusivamente profético (Jl 28:32) já predizia este “derramamento” e, pois, não se trata de uma “inovação” ou um “modismo”, como, lamentavelmente, foi tratado por muitos, notadamente no início do movimento pentecostal, mas de demonstração clara e explícita de fé em Deus. Aliás, foi uma constante, na história dos líderes da primeira geração do movimento pentecostal, o fato de terem sido expulsos de suas congregações ou denominações, por terem crido, pregado e recebido o batismo com o Espírito Santo. Entretanto, quando nos voltamos para a Bíblia Sagrada, vemos que tais pessoas, ainda que tenham sido excluídas de suas igrejas locais, encontram-se na mesma situação do cego de nascença, que, por ter crido em Jesus, foi expulso da sinagoga, mas foi recebido pelo Senhor (João 9: 34-41).

I. O BATISMO COM O ESPIRITO SANTO

O Batismo com Espírito Santo correu 50 dias após a Páscoa, na celebração denominada Pentecostes, uma festa em ações de graças pela recente colheita de grãos. Nessa ocasião, ofertas e sacrifícios eram feitos, e de acordo com a opinião dos rabinos, o Pentecostes marcava a ocasião em que a Lei foi dada a Moisés. Foi nessa ocasião, em que judeus de diversas nações dirigiam-se para Jerusalém para participar dessa festa, que Deus encheu seus servos com seu Santo Espírito.
1. O Batismo com o Espírito Santo. O batismo com o Espírito Santo é uma promessa de Deus, feita no Antigo Testamento(Jl 2:28-32) e cumprida no Novo Testamento(At 2:1-4), que permanece em nossos dias. É um revestimento de poder, com a evidência física inicial das línguas estranhas para o ingresso do crente numa vida de profunda adoração e eficiente serviço a Deus (Lc 24:49; At 1:8; 10:46; 1Co 14:15, 26). Essa promessa é concedida a todos os que crêem em Cristo, e não há qualquer versículo no Novo Testamento que comprove que essa experiência ficou restrita à época dos discípulos. É algo a ser vivenciado pela Igreja em nossos dias.
Não podemos confundir o batismo com Espírito Santo com o batismo descrito em 1Co 12:13; Gl 3:27; Ef 4:5. Nestes textos sagrados, trata-se de um batismo figurado, apesar de real. Todos aqueles que experimentaram o novo nascimento (João 3:5) são imersos no corpo místico de Cristo (Hb 12:23; 1Co 12:12ss). Nesse sentido, todos os salvos são batizados pelo Espírito Santo, mas nem todos são batizados com o Espírito Santo.
Portanto, a experiência do novo nascimento e do Batismo com o Espírito Santo são distintas, sendo que esta última deve ser, necessariamente, antecedida da primeira, ou seja, o batismo com o Espírito Santo é uma experiência que se segue à conversão na vida espiritual do crente. Após ter nascido de novo, o homem tem à sua disposição a possibilidade de ser revestido de poder, de receber poder divino para que, assim, possa, de uma forma plena e eficaz, ser testemunha de Jesus Cristo neste mundo.
2. A evidencia inicial e física do batismo como o Espírito Santo. O falar noutras línguas, ou glossolalia (gr. glossais lalo) foi a evidência inicial do batismo com o Espírito Santo, que os primeiros 120 crentes no dia de Pentecostes tiveram. Entre os crentes do Novo Testamento, essa manifestação sobrenatural foi considerada como um sinal da parte de Deus para evidenciar o batismo no Espírito Santo (ver At 2:4; 10:45-47;19:6). Segundo o livro de Atos, esse fenômeno deve ser espontâneo e resultado do derramamento inicial do Espírito Santo. Portanto, não é algo aprendido, nem ensinado, como, por exemplo, instruir crentes a pronunciar sílabas sem nexo. Esse padrão bíblico para o viver na plenitude do Espírito continua o mesmo para os dias de hoje.
Todavia, o simples fato de alguém falar “noutras línguas”, ou exercitar outra manifestação sobrenatural não é evidência irrefutável da obra e da presença do Espírito Santo. O ser humano pode imitar as línguas estranhas como o fazem os demônios. A Bíblia nos adverte a não crermos em todo espírito, e averiguarmos se nossas experiências espirituais procedem realmente de Deus(ver 1João 4:1).
O Espírito Santo nos adverte claramente que nestes últimos dias surgirá apostasia dentro da igreja(1Tm 4:1,2); sinais e maravilhas operados por Satanás(Mt 7:22,23; cf 2Ts 2:9) e obreiros fraudulentos que fingem ser servos de Deus(2Pe 2:1,2).
Portanto, se alguém afirma que fala noutras línguas, mas não é dedicado a Jesus Cristo, nem aceita a autoridade das Escrituras, nem obedece à Palavra de Deus, qualquer manifestação sobrenatural que nele ocorra não provém do Espírito Santo (1João 3:6-10; cf Gl 1:9).
Warren Wiersbe, comparando o Pentecostes com o evento da Torre de Babel, comenta que Deus fez uma inversão. Em Babel, a confusão de línguas serviu para confundir os homens e dispersá-los, pois a torre foi criada para exaltar os homens, em um ato de rebelião a Deus, ao passo que as línguas faladas no Pentecostes uniram os cristãos em espírito, que louvaram a Deus e demonstraram a certeza da submissão ao plano divino. Mais que isso, Deus mostrou que sua vontade é que o nome de Jesus fosse conhecido em todas as línguas.

II. FUNDAMENTOS DO BATISMO COM O ESPIRITO SANTO

“O Batismo com o Espírito Santo não é uma prática destituída de doutrina; acha-se assentada num forte e inamovível fundamento bíblico-teológico”(pr.Claudionor de Andrade).
1. A festa do Pentecostes. A festa de Pentecostes era uma das três grandes festividades anuais do povo israelita, conforme determinado na lei de Moisés, as festas em que deveriam comparecer à presença de Deus todos os varões (Ex 23:14-19). Como nos explica a própria Bíblia, a lei, com todas as suas cerimônias, ritos e prescrições, tinha uma finalidade educativa, pedagógica, pois servia de “sombra” das coisas que estavam para vir (Cl 2:16,17; Hb 10:1), tudo tendo sido escrito para nosso ensino (Rm 15:4). Assim, a festa judaica de Pentecostes é uma figura, um símbolo, um tipo do derramamento do Espírito Santo e, por isso mesmo, este derramamento se iniciou num dia de Pentecostes, para que, através do que está escrito sobre esta festa judaica, entendêssemos o significado desta operação espiritual, que é fundamental para a nossa vida cristã.
Paralelismo com o derramamento do Espírito Santo. No dia seguinte ao sábado da páscoa, era oferecido um molho das primícias da colheita ao sacerdote (Lv 23:10), que seria movido perante o Senhor, primícia esta que não é outra senão o primogênito dentre os mortos, aquele que ressuscitou no primeiro dia da semana, Cristo Jesus (1Co 15:20,23; Cl 1:18). Em seguida, cinquenta dias depois, vinha o Pentecostes, a festa que indica o início da colheita no ano, ou seja, a ocasião que demonstra o início da salvação da humanidade através da Igreja, o início do movimento do Espírito Santo, baseado no sacrifício de Cristo, com poder e eficácia, em prol da colheita das almas para o reino celestial, algo que perdurará até a festa da colheita final, que se dará com a terceira festa, a festa das trombetas ou festa dos tabernáculos, que representa a volta de Cristo, o arrebatamento da Igreja.
Assim, a descida do Espírito Santo somente poderia ocorrer, mesmo, na festa das primícias, na festa das semanas, que indica o início da colheita, o início da manifestação plena do Espírito Santo no meio da humanidade com vistas à salvação das almas. Era o começo do movimento e o Espírito Santo sempre esteve relacionado com o mover, como vemos desde a Sua primeira aparição no texto sagrado (Gn 1:2).
2. A Profecia de Joel(Jl 2:28-32).E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito.E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue, e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como o Senhor tem dito, e nos restantes que o Senhor chamar”.
Naquele Pentecostes do ano 34, como afirmou o apóstolo Pedro no sermão inaugural da Igreja, cumpria-se a profecia de Joel, na festividade judaica que servira de tipo e figura principal da promessa do derramamento do Espírito Santo. O Espírito Santo foi derramado sobre os quase cento e vinte discípulos que haviam permanecido em oração em Jerusalém, consoante o mandado do Senhor.
Percebemos, pois, que a profecia fala que, antes da “chuva temporã e serôdia”, deve vir a conversão e a vinda do “ensinador de justiça” e haveria abundância nas colheitas, satisfação e louvor ao Senhor e, então, se saberia que o Senhor estaria no meio de Israel, que Ele só é o Deus de Israel, povo que jamais se envergonharia (Jl 2:24-27). O “ensinador de Justiça” é figura de Cristo, o Messias.
Sem Conversão não há “Derramamento do Espírito Santo
”. O “derramamento do Espírito Santo” é uma consequência resultante da conversão feita mediante a pessoa do “ensinador de justiça”, ou seja, da conversão e da fé em Cristo Jesus. Mais uma vez, vemos que a profecia confirma a figura apresentada na festa judaica das semanas, ou seja, de que é impossível que se tenha o “derramamento do Espírito Santo” sem que haja uma prévia conversão e, principalmente, que o “derramamento do Espírito Santo” não se confunde com a conversão, sendo uma bênção posterior.
Chuva temporã e Serôdia”, representam os dois instantes do Derramamento do Espírito Santo. A profecia apresenta-nos, também, nesta sua primeira parte, a conscientização de que o “derramamento do Espírito Santo” se daria em dois instantes, quais sejam, o da “chuva temporã”, no início do ano religioso, logo após a Páscoa, e a “chuva serôdia”, a chuva tardia, a chuva que ocorre pouco antes do término do ano civil, no outono. Este período corresponde ao “ano aceitável do Senhor” (Lc 4:19), que nada mais é que a dispensação da graça (Ef 3:2).
Derramamento do Espírito Santo sobre toda a carne” (Jl 2:28a). A promessa é de “derramamento”, que atingiria “toda a carne”, ou seja, o Espírito de Deus, que, segundo os preceitos judaicos, era peculiar ao povo de Israel, estaria sendo disseminado entre todas as nações, todos os povos, sobre todo o ser humano. Tal promessa prenunciava, portanto, um tempo inteiramente novo sobre a Terra, onde a presença do Senhor se faria sentir além das fronteiras do “reino sacerdotal”, da “propriedade peculiar entre os povos”, que era Israel (Ex 19:5,6), algo jamais visto pela humanidade desde a queda do homem no jardim do Éden.
E vossos filhos e vossas filhas profetizarão”(Jl 2:28b). A profecia prossegue dizendo que este derramamento, que não escolhe fronteiras (tanto é que a expressão “sobre toda a carne” que se encontra na ARC, é traduzida na NVI como “sobre todos os povos”) também não se prende a distinção de gênero, tanto que o profeta diz que tanto “os filhos” quanto “as filhas” “profetizarão”.
Os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões”(Jl 2:28c). Aqui, também, notamos que o “derramamento do Espírito Santo” ignora a discriminação relacionada com a idade, algo que era já frequente na Antiguidade e que tem sempre ocorrido nas civilizações humanas. O “derramamento do Espírito Santo” está à disposição tanto de idosos quanto de jovens e são eles igualmente aptos para serem instrumentos nas mãos do Senhor.
E também sobre os servos e sobre as servas...” (Jl 2:29). O profeta prossegue a sua mensagem dizendo que o derramamento do Espírito Santo também não teria discriminação social. O “derramamento do Espírito Santo” está à disposição tanto da elite quanto das camadas marginalizadas da sociedade, é uma bênção que não vê posição social, pois para Deus não há acepção de pessoas (Dt 10:17; At 10:34). Devemos, por isso, ter muito cuidado para não vincularmos a posição de alguém entre os homens com a sua posição na igreja local, lembrando que Deus é imparcial e que o “derramamento do Espírito Santo” a todos iguala.

III. O BASTISMO NO ESPIRITO SANTO NA HISTORIA DA IGREJA

A história da Igreja tem comprovado que o batismo com o Espírito Santo não é uma realidade circunscrita aos tempos apostólicos. Durante todos os avivamentos ocorridos nestes dois milênios, tanto na Era Patrística, quanto na idade Média, ou nos grandes avivamentos dos séculos 18 e 19, tem havido registros da manifestação do batismo com o Espírito Santo. Grandes homens de Deus, mesmo entre os chamados "reformados", mostra-nos a história, receberam esta bênção, como, por exemplo, registra-se na Igreja Morávia, num avivamento ocorrido durante cem anos no século XVIII, avivamento, inclusive, responsável pelo despertamento e conversão de John Wesley (o que alguns metodistas renovados indicam como sendo a experiência pentecostal de Wesley, em 24 de maio de 1738, é, em verdade, a experiência de novo nascimento do grande pregador do Evangelho).
A partir da Reforma Protestante, quando há um verdadeiro avivamento na Igreja, que consegue se livrar dos dogmas romanistas de forma ostensiva e organizada, a história começa a registrar episódios do fenômeno da glossolália, ou seja, do falar em línguas estranhas, com cada vez maior intensidade. T. L. Souer, em sua obra “História da Igreja Cristã”, no volume 3, na página 406, informa que Martinho Lutero falava em línguas estranhas, sendo que, no século XVII, entre os quacres (grupo religioso protestantes formado na Grã-Bretanha), é dito que, com frequência, os crentes recebiam o derramamento do Espírito e falavam em línguas, fenômeno que era, também, comum entre os pietistas(grupo protestante da Alemanha).
Seria, porém, no século XIX, que os casos de glossolália aumentariam. O pastor presbiteriano inglês Edward Irving (1792-1834) recebeu o batismo no Espírito Santo, o que o levou a ser excluído de sua denominação.
Nos Estados Unidos, também foram verificadas ocorrências de glossolália e tal fenômeno passou a ser frequente em vários grupos de crentes, a ponto de os evangelistas da época passarem a pregar a existência de uma “segunda bênção”, subsequente à salvação e que consistia em um “revestimento de poder do Alto”, “segunda bênção” esta que os evangelistas Dwight Lyman Moody e R.A. Torrey chamaram de “batismo no Espírito Santo”. Charles Finney seria outro grande pregador que passaria a defender a “segunda bênção”.
Charles Fox Parham, na escola que fundou na cidade de Topeka, no estado norte-americano de Kansas, chegou, com seus alunos, em 1900, à constatação de que o “batismo no Espírito Santo”, na Bíblia Sagrada, era sempre evidenciado pelo falar em línguas estranhas e, naquela mesma escola, no dia 1º de janeiro de 1901, foi batizada com o Espírito Santo a aluna Agnes Ozmam, a primeira pessoa a ser batizada com o Espírito Santo com a consciência de que o sinal para tanto era o falar em línguas estranhas depois do período apostólico.
Após este batismo e como alguns achassem que Agnes tivesse falado em chinês e em boêmio, entre outras línguas, Parnham passou a entender que as línguas faladas eram idiomas estrangeiros e que o falar em línguas estava vinculado à obra missionária.
Parnham começou a viajar pelos Estados Unidos para divulgar a descoberta que fizera e a ganhar alunos nestas suas andanças, entre os quais, um pastor negro leigo (isto é, que não havia estudado em seminário para se ordenar pastor), William Joseph Seymour, que pastoreava uma igreja em Houston, Texas.
William Joseph Seymour chegou a Los Angeles em 22 de fevereiro de 1906 e, dois dias depois, pregou na igreja, mas o líder da igreja rejeitou seu ensino. Em 9 de abril de 1906, começou o avivamento, com o batismo no Espírito Santo de Edward Lee. Naquele mesmo dia, seis outras pessoas receberiam o batismo com o Espírito Santo e, em 12 de abril, o próprio Seymour seria batizado com o Espírito Santo.
Ante o aumento do grupo, após estes primeiros batismos, acabou sendo ocupado um galpão na rua Azusa, 312, onde funcionara antigamente uma igreja metodista africana, onde se iniciou um avivamento que foi o responsável pela deflagração do movimento pentecostal que hoje conhecemos, inclusive das Assembléias de Deus no Brasil, pois os missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg frequentaram este movimento e lá tiveram a chamada para pregar no Brasil.
Neste ano de 2011, completamos cem e cinco anos do início deste grande avivamento na rua Azusa, do início deste derramamento sem igual do Espírito Santo em todo o mundo, sinal da “chuva serôdia”, ou seja, a “chuva da primavera”, que, em Israel, vinha um pouco antes da colheita, que, como sabemos, é a figura do arrebatamento da Igreja.

IV OS OBJETIVOS DO BATISMO NO ESPIRITO SANTO

O batismo no Espírito Santo cumpre alguns propósitos na vida do crente. Muitos o confundem como algo mágico, manipulado, um objeto sobrenatural para produzir fenômenos que glorifiquem o homem ou lhe traga algum tipo de vantagem, como pensava o mágico Simão, duramente repreendido pelos apóstolos Pedro e João (At 8:9-24). No entanto, Deus não dá dons aos homens para produzir espetáculos, para glorificação humana, mas com finalidades bem específicas na sua obra.
1. Poder para proclamar o Evangelho. O propósito principal da promessa do batismo no Espírito Santo é conceder ao crente poder para testemunhar a sua fé em Cristo, algo que é próprio e característico da dispensação da graça (Lc 24:49; At 1:8). Não eram apenas os discípulos da geração apostólica que deveriam pregar o Evangelho, mas a grande comissão é tarefa de toda a igreja, como nos deixam claro as expressões de Jesus, que são dirigidas a toda a igreja (Mc.16:15 e At.1:8), assim como os ensinamentos de Paulo a este respeito (1Co 9:16; 2Tm 4:1,2). Ora, diante disto, temos que o batismo com o Espírito Santo é uma operação que deve perdurar enquanto a igreja estiver pregando o evangelho, o que acontecerá até o final desta dispensação (Mt.24:14; Ap.22:17).
2. Criar um ambiente de maior intimidade entre o crente e o Espírito Santo. O batismo com o Espírito Santo é um "mergulho", uma "imersão" no Espírito. A pessoa passa a estar envolvida pelo Espírito Santo, a estar integralmente sob a influência do Espírito Santo, a desfrutar de uma intimidade tal que dispensa até mesmo a intermediação de nossa alma neste relacionamento espiritual (como ocorre quando falamos em línguas estranhas, cfr 1Co 14:2). Em consequência desta intimidade, o crente pode ser usado mais eficazmente pelo Espírito Santo e lhe compreende os desígnios com muito mais facilidade, o que não ocorre com o que não é batizado com o Espírito Santo. Enquanto Apolo teve de ser orientado por Priscila e Áquila, Paulo não teve dificuldade em discernir onde o Espírito Santo queria que ele pregasse o Evangelho.
3. Proporcionar ao crente a alegria do Espírito Santo. A Bíblia fala-nos que, uma vez cheios do poder do Espírito, os discípulos passaram a falar das grandezas de Deus (At 2:11). Estavam todos alegres, glorificando a Deus e exaltando o nome do Senhor. A alegria no Espírito Santo é uma característica indispensável para quem quer ser semelhante a Cristo (Lc 10:21). A alegria é resultado da ação do poder de Deus nas nossas vidas (cf Lc 10:17) e, como bem afirmou Neemias, quando o povo chorava enquanto ouvia a Palavra de Deus, " a alegria do Senhor é a nossa força" (Ne 8:10). Quando somos salvos, recebemos a alegria da salvação (Sl 51:12), mas se trata de uma alegria introspectiva, interna, enquanto que o gozo advindo da experiência pentecostal faz com que ela jorre para os outros, se expresse com ousadia e seja capaz de compungir os corações dos que nos ouvem.
Bem se vê, portanto, como é diferente a promessa do batismo no Espírito Santo com “novas unções” e as estranhas manifestações “espirituais” que têm surgido no meio da igreja nos últimos tempos, verdadeiras inovações que não têm qualquer propósito e que contrariam a Palavra de Deus.

CONCLUSÃO

O Batismo no Espírito Santo é atemporal e não é de "propriedade" dos pentecostais, pois é estendido a todos. Continua sendo o instrumento indispensável e necessário para que possamos enfrentar o nosso adversário e ganhar almas para o reino do Senhor, a começar da nossa própria (pois de nada adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua própria alma – Mt 16:26). Jesus é o mesmo (Hb 13:8) e, deste modo, não haveria de mudar. Se determinou aos discípulos que aguardassem o revestimento de poder para que, com êxito, cumprissem a Sua vontade, se é Seu desejo que todos os crentes sejam batizados com o Espírito Santo, não haveria de, agora, às vésperas de Sua volta, alterar os Seus desígnios, modificar a Sua vontade.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas
A mensagem de Atos(Até os Confins da Terra) – John Stott.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 45.
O derramamento do Espírito Santo prometido – Caramuru Afonso Francisco.
A Promessa do Batismo no Espírito Santo – Geremias do Couto.

domingo, 9 de janeiro de 2011

ESSE É MEU REI





Jesus Cristo é o meu Rei! "E no vestido e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores" (Ap 19.16).
Os crentes relembram com alegria o nascimento de Jesus numa estrebaria para identificar-se conosco em todas as coisas. Lembramos com louvor e gratidão ter Ele morrido por nossos pecados. Mas Deus o ressuscitou para a nossa justificação.
O Senhor Jesus Cristo no epílogo da história da humanidade vencerá a todos os inimigos e manifestará o seu poder e a sua glória como o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Diante dEle todos os joelhos hão de dobrar-se, e toda a língua há de confessar que "Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai" (Fl 2.9-11).
Ele virá do céu como o Messias vencedor para estabelecer a justiça e a verdade, julgar as nações e aniquilar o mal. Todo crente que o tem aceitado como Senhor, há de reinar com Ele(Ap 20:6).
“Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém”(1Tm 1:17).

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A RESSUREIÇÃO DE JESUS – O TRIUNFO DA VIDA SOBRE A MORTE



Lc 24:1-12
1- E, no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado.
2 - E acharam a pedra do sepulcro removida.
3 - E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
4 - E aconteceu que, estando elas perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois varões com vestes resplandecentes.
5 - E, estando elas muito atemorizadas e abaixando o rosto para o chão, eles lhe disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos?
6 - Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia,
7 - dizendo: Convém que o Filho do Homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e, ao terceiro dia, ressuscite.
8 - E lembraram-se das suas palavras.
9 - E, voltando do sepulcro, anunciaram todas essas coisas aos onze e a todos os demais.
10 - E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam as que diziam estas coisas aos apóstolos.
11 - E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram.
12 - Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se, viu só os lenços ali postos; e retirou-se, admirando consigo aquele caso.


Primeiramente é necessário fazermos uma observação relativa ao dia da ressurreição. Jesus foi crucificado na sexta-feira, que também coincidia com a Festa da Páscoa, a festa central da religião judaica(Lc 22:15; 23:54). O dia seguinte era sábado. A partir da ressurreição de Jesus, o primeiro dia da semana ficou sendo chamado de dia do Senhor; em latim, dies dominica, que posteriormente deu origem ao nosso domingo. Com o primeiro dia da semana começava o novo mundo e a nova história, marcada pela ressurreição, pelo triunfo da vida sobre a morte.

Segundo o horário judaico, o domingo começava ao pôr do sol no fim do sábado. As especiarias podiam então ser compradas(Mc 16:1), e as mulheres podiam sair bem cedo na manhã seguinte. Ainda estava escuro quando saíram(João 20:1) e chegaram ao túmulo com os primeiros raios da aurora(Mt 28:1;Mc 16:2; Lc 24:1).

O amor e o carinho dessas mulheres fizeram que, ainda madrugada, elas fossem ao túmulo de Jesus, levando os perfumes que haviam preparado. Pensavam que encontrariam um morto. De acordo com o verso 2, a primeira grande surpresa que tiveram foi, certamente, encontrar a grande pedra da entrada removida. Elas entraram no túmulo, uma espécie de caverna escavada na rocha, não acharam o corpo de Jesus e ficaram sem entender o que estava acontecendo. É o que chamamos de prova negativa da ressurreição de Jesus: Ele não estava onde deveria estar – entre os mortos. Então, onde estava Jesus?

A prova positiva é o anúncio cristão, que aqui foi dado pelos dois “homens” vestidos com roupas brilhantes. Quem eram eles? Eram anjos que se manifestaram muitas vezes durante o ministério de Jesus. É interessante recordar que, no Evangelho de Lucas, Jesus havia enviado os discípulos dois a dois para anunciar o reino(Lc 10:1). E essa missão continuava, e esses dois mensageiros anunciaram às mulheres, em primeiro lugar, a ressurreição de Jesus(Lc 24:5-7). Assim como os anjos anunciaram aos pastores o nascimento de Jesus(Lc 2:10-14), esses anjos anunciaram às mulheres a ressurreição de Jesus. Ele está vivo, conforme havia prometido(Lc 9:22; 18:33).

O texto do verso 5 é muito significativo: ”Por que buscais o vivente entre os mortos?”. Jesus não devia ter sido procurado entre os mortos, porque estava vivo. Esse anúncio, que parece tão simples, teria profundas consequencias, pois Deus o ressuscitou, recebendo o seu sacrifício, e aprovou-o completamente.

Jesus foi entregue à morte por causa dos nossos pecados e foi ressuscitado dos mortos para que pudéssemos ser justificados. Para o apóstolo Paulo, a morte de Cristo por si só não possui eficácia redentora, precisa haver a evidencia de que Deus aceitou a morte do seu Filho como uma oferta eficaz, e a ressurreição é compreendia como esse ato de aceitação.

A ressurreição de Jesus, portanto, marca uma grande mudança na história: Salvação para os que crêem em Jesus ressuscitado e condenação para os que permanecessem incrédulos.

Os anjos recordaram as palavras de Jesus às mulheres e, então, se lembraram das suas palavras(24:8). Temos sempre que nos lembrar das promessas e das palavras de Jesus. Elas nos fortalecem a fé. Qual tem sido a sua experiência? Você tem estado firme nas promessas do Senhor Jesus?

Referências Bibliográficas:
Através da Bíblia (Lucas) – Itamir Neves de Souza/ John Vernon McGee
Bíblia de Estudo NVI, 2003, p. 1780.
MARSHALL, 2007, p. 243

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A ASCENSÃO DE CRISTO E A PROMESSA DE SUA VINDA

Texto Base: Atos 1:4-11

“[...] Varões galileus, por que estais olhando para o Céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no Céu, há de vir assim como para o Céu o vistes ir”(At 1:11).

INTRODUÇÃO

A Ascensão visível de Cristo ao Céu é um fato, e é evidência de sua volta no futuro (At 1:10,11). No Evangelho segundo escreveu Lucas é descrito esse fato da seguinte forma: "Então, os levou para Betânia e, erguendo as mãos, os abençoou. Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se retirando deles, sendo elevado para o Céu" (Lc 24:50-51 ARA). O Livro de Atos o descreve da seguinte forma: “Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir" (Atos 1:9-11 ARA). Aqui, o elemento novo é a afirmação sobre a volta visível de Jesus em glória. Portanto, a Ascensão de Jesus Cristo é a Sua grande coroação como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Isso significa júbilo para toda a cristandade.
Podemos afirmar ainda que a Ascensão de Cristo é o término de sua missão vicária e de sua presença visível na terra. Se o dia da sua crucificação fosse a Palavra final, estaríamos perdidos e nos restaria a confissão de desespero dos discípulos de Emaús: "Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel" (Lc 24:21 ARA); seria o triunfo da lei, da condenação, de Satanás e do Inferno. Todavia, Cristo triunfou sobre os poderes das trevas, sobre o pecado, a morte e Satanás. Agora, a cristandade pode confessar alegre e vitoriosamente: "Creio na ressurreição da carne, na vinda do Senhor Jesus Cristo e na vida eterna", pois a ascensão de Cristo é a aprovação e a confirmação divina de toda a obra redentora de Cristo, e sua coroação como Rei dos reis e Senhor dos senhores, como Redentor e Juiz de vivos e de mortos. Glórias sejam dadas ao Senhor Jesus Cristo!

I. A HISTORICIDADE DA ASCENSÃO DE CRISTO

Hoje, muitas pessoas, até mesmo dentro de algumas igrejas locais, negam a historicidade da ascensão de Cristo. Dizem que a crença numa ascensão literal seria compreensível nos dias de Lucas, quando as pessoas criam que o céu ficava “lá em cima”, de modo que Jesus precisava ser “elevado” a fim de chegar lá. Mas aquilo foi numa era pré-científica; hoje há uma cosmologia completamente diferente.
Harnack chegou a afirmar que “o relato da ascensão é inútil para o historiador”(Harnack, Acts, p. 241). Até mesmo Willian Neil, que normalmente é bastante conservador em suas conclusões, fala aos seus leitores (sem argumentação) que Lucas, ciente de que “muitas vezes a verdade teológica pode ser mais bem transmitida através de retratos falados imaginativos” não deve ser interpretado literalmente. “Seria um grave equívoco em relação à mente e ao propósito de Lucas ver o seu relato da ascensão de Cristo como se não fosse simbólico ou poético”.
Todavia, diversas razões plausíveis podem ser apresentadas para justificar a rejeição dessa tentativa de não aceitar a ascensão como um fato real e histórico.
Em primeiro lugar, os milagres não precisam de precedentes para autenticá-los. O argumento clássico dos deístas do século XVIII era que podemos acreditar em acontecimentos estranhos, fora da nossa experiência, apenas se pudermos produzir algo análogo dentro da nossa própria experiência. Esse “princípio da analogia”, se correto, seria suficiente para invalidar muitos dos milagres bíblicos, pois não temos nenhuma experiência de alguém andando nas águas, multiplicando pães e peixes, ressuscitando pessoas ou ascendendo ao céu. Uma ascensão, em especial, negaria a lei da gravidade que, em nossa experiência, funciona sempre e em todo lugar. O princípio da analogia, porém, não é relevante para a ressurreição e a ascensão, pois ambos os acontecimentos foram sui generis. Não estamos alegando que pessoas ressuscitam e ascendem ao céu frequentemente(ou mesmo ocasionalmente), mas apenas que ambos os eventos aconteceram uma vez. O fato de sermos incapazes de produzir analogias, antes ou depois, confirma sua veracidade ao invés de negá-la.
Em segundo lugar, a ascensão é um fato aceito em todo o Novo Testamento. [Além de Lucas, que trata da Ascensão de Jesus como maior clarividência] João registra o Jesus ressurreto recomendando a Maria Madalena que não o detivesse, pois ainda não subira para o Pai. Pedro, em seu sermão no dia de Pentecostes, diz que Jesus foi “exaltado à destra de Deus” e trata esse fato como sendo algo diferente de sua ressurreição e consequência dela(At 2:31ss.), e ele confirma isso em sua primeira carta. Paulo frequentemente fala da exaltação de Jesus ao lugar de suprema honra e poder, e a distingue de sua ressurreição. E na Epístola aos Hebreus, a ressurreição e o reinado de Jesus não são confundidos.
Em terceiro lugar, Lucas conta a história da ascensão com simplicidade e sobriedade. Não existe toda aquela extravagância associada aos evangelhos apócrifos. Não encontramos aqueles exageros tão comuns nas lendas. Não há evidencia de poesia ou simbolismo. Até mesmo Haenchen admite esse fato: “a história não é sentimental, é quase excepcional em austeridade”. O relato é redigido como se fosse história, como se Lucas pretendesse que o aceitássemos como parte real da história.
Em quarto lugar, Lucas enfatiza a presença de testemunhas oculares e repetidamente se refere ao que eles viram com seus próprios olhos: “foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia... Os dois anjos, então, lhes disseram: por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus... assim virá do modo como o vistes subir”(At 1:9-11). Neste relato extremamente curto, por cinco vezes é enfatizado que a ascensão foi um acontecimento visível. Lucas não escreveu essas frases à toa. Ele tem muito a dizer em seus registros sobre a importância da confirmação do evangelho pelo testemunho dos apóstolos. E aqui ele inclui a ascensão de Jesus entre as verdades históricas que as testemunhas oculares podiam certificar(e certificaram). De fato, quando Judas é substituído, Pedro faz do batismo de João e da ascensão de Jesus o início e o fim do ministério público acerca do qual os apóstolos precisam testemunhar(Atos 1:22).
Em quinto lugar, não existe uma explicação alternativa para justificar o fim das aparições após a ressurreição e o fato de Jesus ter desaparecido da terra. O que, então, aconteceu a ele e por que ele deixou de aparecer? Qual foi a origem da tradição de que as suas aparições duraram quarenta dias exatos? Em vista da falta de outras respostas a essas perguntas, damos preferências à explicação para a qual há evidencias, ou seja, o período de quarenta dias começou com a ressurreição e terminou com a ascensão.
Em sexto lugar, a ascensão histórica e visível tinha um propósito inteligível. Jesus não precisava fazer uma viagem pelo espaço, e é tolice da parte de alguns críticos ridicularizarem sua ascensão, apresentando-o como o primeiro cosmonauta. Não, na transição de seu estado terreno para o celestial, Jesus poderia, perfeitamente, sumir como em outras ocasiões, voltando para o Pai secretamente, de forma invisível. A razão para uma ascensão pública e visível certamente é que ele desejava que os discípulos soubessem que ele estava partindo de vez. Ele passou aqueles quarenta dias, aparecendo, desaparecendo e reaparecendo. Mas esse período havia terminado. Dessa vez, sua partida era definitiva. Portanto, eles não deviam aguardar uma outra aparição. Pelo contrário, deveriam esperar outra pessoa, o Espírito Santo(At 1:4). Pois o Espírito viria somente após a partida de Jesus, e então os discípulos estariam aptos a dar inicio à missão no poder que receberiam dele.
De qualquer modo, a forma como partiu (uma ascensão visível) atingiu o efeito planejado. Os apóstolos voltaram para Jerusalém e esperaram pelo Espírito Santo [1]. “E, adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para Jerusalém”(Lc 24:52).

II. A TEOLOGICIDADE DA ASCENSÃO DE CRISTO

A Ascensão é o evento pelo qual Cristo cumpriu o seu ministério terreno, concluiu suas aparições pós-ressurreição, deixou a Terra, e subiu para o Céu, de onde aguardamos o seu retorno, conforme nos garante a Palavra de Deus.
Logo no princípio do livro de Atos são descritos três fatos muito importantes: Jesus, ressuscitado, aparece aos discípulos por 40 dias(At 1:3); deixa as últimas instruções de prosseguimento de sua obra(At 1:2-8); é elevado aos Céus(At 1:9-11). À semelhança do que ocorrera no Monte da Transfiguração, seu corpo foi elevado aos Céus já revestido de glória, poder e celestialidade. Quando da sua segunda vinda, teremos um corpo semelhante ao dele (1Co 15:50-58; 1João 3:2). É a mais sublime promessa para toda a cristandade.
O Antigo Testamento contém várias histórias de, e referências a, “ascensão” que podem prefigurar a ascensão de Jesus. A maioria das referências enfatiza que a ascensão é um ato divino feito somente pelo poder de Deus e não para ser pensado como possível pela simples humanidade (Dt 30:11-12; Pv 30:4). Narrativas simples como a do anjo do Senhor que subiu na chama do altar, enquanto Manoá e sua esposa olhavam (Jz 13: 20), e particularmente de Elias subindo ao céu num redemoinho (2Rs 2:11-12), embora não relacionadas diretamente no Novo Testamento com a ascensão de Jesus, são corretamente vistas como fundamental para a compreensão do Novo Testamento de que Jesus fisicamente desceu do céu e voltou para lá. [2].
No Novo Testamento, referências claras para a ascensão de Cristo são encontradas espalhadas por todo o seu conteúdo, de modo que não se pode afirmar que apenas Lucas acreditava no que aconteceu. As passagens mais importantes são, naturalmente, nos escritos de Lucas 24:51 e At 1:1-11. As referências Joaninas (João 3:13, 6:62, 14:3-4, 16:5-7; 20:17), quando tomadas como um todo, ensinam claramente, assim como em Hebreus 4:14; 6:20 e 1Pe 3:21-22.
Em fim, todos autores do Novo Testamento dão testemunho relativamente uniforme para uma ressurreição corporal de Cristo, concordando com Lucas, que depois de quarenta dias de aparições aos seus discípulos, pós-ressurreição, Jesus experimentou uma ascensão, literal e física, para o céu, como as primícias da ressurreição final, prevista para todos nós, no dia da sua segunda vinda (cf. 1Co 15:20-28; 1Tes 4:13-18).
Portanto, sejam quais forem as conclusões teológicas que são feitas pelos autores do Novo Testamento sobre a ascensão de Cristo, elas são feitas no contexto de uma crença em um evento histórico. [3]
Teologicamente, a Ascensão de Cristo acha-se ligada a três importantes doutrinas: a ressurreição; a paracletologia e a escatologia.
1. Quanto à ressurreição. A ressurreição de Cristo foi (e é) a suprema e majestosa História dos Evangelhos e da humanidade. A missão plena do Cordeiro de Deus – através de seu nascimento, vida, morte e ressurreição – foi fazer a vontade divina e solucionar a necessidade humana a partir da salvação. Tudo isso foi possível porque Deus amou o mundo! [4].
É importante observar que Jesus ressuscitou enquanto homem e, portanto, foi o Deus Pai quem O ressuscitou (At 2:32; 3:15; 4:10; 10:40; 13:30,37; Rm 4:24; 1Co 6:14; 15:15;1Pe 1:21). Com a ressurreição, Jesus foi exaltado sobre todo o nome (Fp 2:9), passando, então, a ser chamado de Nosso Senhor (Rm 1:4), tendo todo o poder no céu e na terra (Mt 28:18).
Testemunho Bíblico sobre a Ressurreição de Jesus - “Muitas e Infalíveis Provas”(At 1:3). A ressurreição é a prova cabal da aceitação do sacrifício de Jesus e da vitória sobre o pecado e a morte, com a consequente salvação da humanidade pela fé em Jesus. Não é outro o motivo pelo qual a ressurreição foi cercada de “muitas e infalíveis provas”, a fim de que não houvesse como negá-la justificadamente.
Algumas pessoas, individualmente e coletivamente, viram a Jesus: a) Maria Madalena – no túmulo (João 20:11-18); b) Várias mulheres – próximas ao túmulo (Mt 28:9,10); c) dois discípulos – no caminho de Emaús (Lc 24:13-32); d) Pedro – em localização indefinida(Lc 24:33-35); e) aos dez discípulos – no salão superior (Lc 24:36-43); f) aos onze discípulos – no salão superior (João 20:26-31); g) a sete homens – no Mar da Galiléia (João 21:1-25); h) aos onze discípulos – no monte (Mt 28:16-20), e talvez, nesse mesmo lugar, aos 500 irmãos de 1Co 15:6; i) aos discípulos – próximo a Betânia (At 1:9-12).
A Ressurreição de Cristo é a principal garantia de que devemos aguardá-lo, pois, assim como Ele ressuscitou, como havia prometido, Ele também voltará para arrebatar a sua Igreja e nos livrar da ira futura (1Co 15:51-57; 1Ts 1:10).
2. Quanto à paracletologia. “E, agora, vou para Aquele que me enviou... digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo” (João 16:5a,7-8). Era necessário que o Espírito Santo viesse e enchesse os discípulos de Jesus, a fim de que eles prosseguissem com a obra do Senhor - “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”(At 1:8).
Portanto, Jesus avisara a seus discípulos sobre o seu retorno aos céus, mas deixou claro que eles não estariam sozinhos, nem que agiriam sem o respaldo divino. Disse também que o Consolador haveria de ser o responsável por convencer a humanidade da veracidade do Evangelho. De que forma isso aconteceria? Com o Espírito Santo agindo na vida de cada um dos discípulos.
Passaram-se apenas dez dias do retorno do Senhor ao Céu, e Deus cumpriu a promessa feita do derramamento do Espírito Santo sobre seus servos. Esse evento aconteceu cinquenta dias após a ressurreição do Senhor. No dia de Pentecostes, o quinquagésimo dia depois da Páscoa, Deus visitou seus servos e os encheu com seu Espírito Santo(Atos 2:1-4). [5]
3. Quanto à escatologia. A ascensão de Cristo foi sucedida por uma declaração escatológica. Mais que simplesmente ver seu Senhor e Mestre retornar aos Céus, os discípulos ouviram dos anjos a promessa que nós hoje aguardamos: “E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco,os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir”(At 1:10,11). A volta de Jesus Cristo é uma promessa viva, por se cumprir, que todo cristão deve ansiar, pois por ocasião de seu cumprimento, como diz Paulo, “... estaremos sempre com o Senhor”(1Ts 4:17c). [6]

III. A ASCENSÃO DE CRISTO EM NOSSA DEVOÇÃO

Vimos o efeito da ascensão visível sobre os apóstolos; mas o que ela tem a nos oferecer? Em primeiro lugar, a esperança de que Jesus voltará - “Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao Céu, assim virá do modo como o vistes ir”(At 1:11b). Esta volta de Cristo, conhecida como “parúsia” (“revelação de Cristo em glória”, “volta triunfal de Cristo”, “vinda de Jesus em glória”), será plenamente visível a todos os povos e nações e estava predita desde o início dos tempos, pois Enoque, o sétimo depois de Adão, já se referia a este episódio (Jd 14,15). É o fato que marca o início da vitória do bem sobre o mal.
Em segundo lugar, a ascensão de Cristo nos enche de compaixão pelas almas perdidas. Até que Jesus volte devemos ser suas testemunhas, pois isso é o seu mandato, desde a sua ascensão. Conforme disse John Stott, não seria normal os discípulos ficarem a olhar para o céu, quando tinham sido comissionado para irem até aos confins da terra(At 1:8). A Terra, e não o céu, deveria ser o centro da preocupação deles. Eles tinham sido chamados para serem testemunhas, não vasculhadores do céu. A visão que eles deveriam cultivar não era a vertical, de nostalgia do céu onde Jesus foi recebido, mas, sim, a horizontal, de compaixão pelo mundo perdido que precisava dele. O mesmo vale para nós.
Precisamos lembrar especialmente que entre a Ascensão e a Parúsia(o desaparecimento e o reaparecimento de Jesus), alonga-se um período de duração indeterminado que deve ser preenchido pelo testemunho da igreja, que deve alcançar o mundo inteiro no poder do Espírito Santo. Precisamos dar ouvidos à mensagem dos anjos: “Vocês o viram partir. Vocês o verão voltar. Mas entre essa ida e vinda é necessário que haja outra. O Espírito Santo precisa vir, e vocês precisam ir – para o mundo, por Cristo”.[7]
Em terceiro lugar, a Ascensão de Cristo nos enche de plena confiança da vida eterna, pois Cristo, tendo sido semelhante a nós, assentou-se à destra de Deus(Mc 16:19) e intercede por nós como o Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque(Sl 10:4). O fato de Jesus está à destra de Deus Pai nos confirma sua autoridade como Deus, sua coroação como Rei e que sua obra na Terra foi concluída.
Em quarto lugar, consola-nos saber que à destra de Deus temos um advogado que está pleiteando a nosso favor. João diz: “Meus filhinhos [...] se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo”(1João 2:1). Para as pessoas que estão se sentindo culpadas e condenadas, o apóstolo João nos mostra o restabelecimento da certeza. Elas sabem que pecaram, e Satanás (chamado de acusador em Ap 12:10) está exigindo a pena de morte. Quando você se sentir assim, não desista da esperança – o melhor Advogado de defesa do universo está pleiteando a seu favor.
Jesus Cristo, nosso Advogado, nosso Defensor, é o Filho do Justo Juiz. Ele já sofreu a penalidade em nosso lugar. Nós não podemos ser julgados por um processo que está terminado (vide Cl 2:14). Unido a Cristo, estamos tão seguro quanto Ele. Não tenhamos medo de pedir a Cristo para pleitear a nossa causa – Ele já a venceu (ver Rm 8:33,34; Hb 7:24,25).[8]
Agora não somos mais réus, mas filhos. Deus não é mais o nosso Juiz, mas Pai. Nós, que cremos em Cristo, não entramos mais em juízo, mas passamos da morte para a vida(João 5:24). Uma vez justificados, entramos na família de Deus. Se pecarmos, não precisaremos de uma nova justificação do Juiz divino, mas do perdão do Pai. Jesus Cristo está assentado à destra do Pai(Cl 3:1). Glórias sejam dadas a Ele!

CONCLUSÃO

A Ascensão de Jesus é uma preparação e antecipação da glorificação também de cada cristão que o segue fielmente. Significa que o cristão deve viver com os pés na Terra, mas com o coração no Céu, a nossa pátria definitiva e verdadeira, como o apóstolo Paulo lembrou aos filipenses: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas”(Fp 3:20,21). Portanto, o cristão vive neste mundo sem ser do mundo, caminha entre as coisas que passa abraçando somente as que não passa. Jesus breve vem!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Notas Bibliográficas:
[1] A Mensagem de Atos(Até os Confins da Terra)- John Stott.
[2] Baker's Evangelical Dictionary of Biblical Theology. Editado por Walter A. Elwell.
[3] Baker's Evangelical Dictionary of Biblical Theology. Editado por Walter A. Elwell.
[4] Teologia sistemática Pentecostal –CPAD – p. 162.
[5] Revista Ensinador Cristão – nº 45.
[6] Revista Ensinador Cristão – nº 45.
[7] A Mensagem de Atos(Até os Confins da Terra)- John Stott-p.50/51
[8] Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.