domingo, 24 de fevereiro de 2013

Aula 09 – ELIAS NO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO


1º Trimestre/2013

 
Texto Básico:Mateus 17:1-8

 

E Jesus transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele”(Mt 17:2,3).

 

INTRODUÇÃO


O profeta Elias, foi um dos maiores profetas que Isael conheceu. Em momentos de decepção e expectativa frustrada, ele anseia a morte. Todavia, a Bíblia diz que ele não morreu, foi levado aos céus em um redemoinho(2Rs 2:11). Sua missão foi findada na Terra, mas a participação desse admirável homem de Deus na história sagrada não se encerrou com o seu arrebatamento. Deus o faria aparecer séculos depois, como representante dos profetas, para confirmar o ministério de Jesus. Aliás, a experiência da transfiguração foi uma confirmação, por Deus Pai, que Jesus era verdadeiramente seu Filho, todo suficiente para redimir a raça humana – “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; escutai-o”(Mt 17:5). Nesta Aula, diferentemente dos outros textos até aqui estudados, Elias não aparece como a figura central, mas como uma figura secundária! O centro é deslocado do profeta de Tisbe para o Profeta de Nazaré. Jesus, e não mais Elias, é o centro da revelação bíblica. No Monte da Transfiguração, Elias é apenas um figurante, representando os profetas, mas Cristo é a figura principal, o Messias prometido.

I. ELIAS, O MESSIAS E A TRANSFIGURAÇÃO


1. Transfiguração. A transfiguração foi um breve vislumbre da verdadeira glória de Jesus, a afirmação divina de Deus de tudo o que Jesus havia feito, e que estava prestes a fazer. A Transfiguração revelou claramente não só que os discípulos estavam corretos ao crerem que Jesus era o Messias (Mt 16:16), mas que o compromisso deles estava bem firmado, e que a eternidade deles estava assegurada. Jesus era verdadeiramente o Messias, o divino Filho de Deus.

A Palavra grega que relata que a aparência de Jesus mudou é “metamorphothe” de onde obtemos a palavra “metamorfose”. O verbo se refere a uma mudança extrema que vem de dentro. Não era uma mudança meramente de aparência, mas era uma mudança completa, em que a pessoa passa ter outra forma. Na terra, Jesus tinha a aparência de um homem, mas na Transfiguração, o corpo de Jesus foi transformado em um esplendor glorioso que Ele tinha antes de vir para a Terra (João 17:5); Fp 2:6), e que Ele terá quando voltar em glória (Ap 1:14,15).

2. A glória divina. Na Transfiguração, Pedro, Tiago e João viram a glória, identidade e poder de Jesus como o Filho de Deus (veja 2Pedro 1:16-18). Eles foram testemunhas oculares do poder e da glória do Reino de Cristo. Jesus quis transmitir aos seus discípulos que não teriam que esperar por outro Messias futuro, porque o Reino estava entre eles, e logo viria com poder.

Mateus detalha que durante a Transfiguração “...uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; escutai-o” (Mt 17:5). Da mesma maneira como a voz de Deus na nuvem sobre o monte Sinai conferiu autoridade à sua lei (Ex 19:9), a voz de Deus na Transfiguração também conferiu autoridade às Palavras de Jesus. Uma “nuvem luminosa” apareceu repentinamente, e a “voz” de Deus falou a partir da nuvem, destacando Jesus de Moisés e Elias como sendo o longamente esperado Messias, que possuía autoridade divina. Como já havia feito no batismo de Jesus, o Pai estava identificando Jesus como o seu “Filho amado” e o Messias prometido.

Quando os discípulos ouviram a voz de Deus lhes falando diretamente, pois estavam envoltos pela nuvem luminosa, “tiveram grande medo”. Ao longo das Escrituras, a glória visível da divindade cria medo(veja Dn 10:7-9). Mas Jesus lhes disse que não temessem. Pedro desejou manter Jesus, Elias e Moisés ali, em três tabernáculos no Monte, mas o seu desejo era equivocado. O evento era meramente um vislumbre da glória divina, daquilo que estava por vir. Assim, quando “ergueram os olhos”, a nuvem e os profetas já não estavam mais ali. Os discípulos tinham que olhar somente para Jesus. Somente Ele estava qualificado para ser o Salvador.

II.  ELIAS, O MESSIAS E A RESTAURAÇÃO


1. Tipologia. Na cena da Transfiguração, o texto destaca os nomes de Moisés e Elias (Mt 17:3). Estes eram considerados os dois maiores profetas do Antigo Testamento. Moisés representava a lei, ou a antiga aliança; ele havia escrito o Pentateuco e predito a vinda de um grande profeta(Dt 18:15-19). Elias representava os profetas que haviam predito a vinda do Messias (Ml 4:5,6). A presença de Moisés e Elias com Jesus confirmava a missão messiânica de Jesus para cumprir a lei de Deus e as palavras dos profetas de Deus (Mt 5:17). O aparecimento deles também removia qualquer pensamento de que Jesus fosse a reencarnação de Elias ou Moisés. Ele não era meramente um dos profetas. Como o único Filho de Deus, Jesus os sobrepujava grandemente em autoridade e poder. Além disto, a capacidade que eles tiveram de falar com Jesus, apóia a promessa da ressurreição de todos os crentes.

2. Escatologia.E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem, então, os escribas que é mister que  Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas. Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim  farão eles também padecer o Filho do Homem. Então, entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista” (Mt 17:10-13).

O aparecimento de Elias no Monte causou uma pergunta na mente dos discípulos. Baseado em Malaquias 4:5,6, os escribas judeus criam que Elias devia voltar antes que o Messias viesse.  Elias havia aparecido no Monte, mas não tinha vindo em pessoa para preparar o povo para a chegada do Messias (especialmente na área do arrependimento). Os discípulos criam que Jesus era o Messias, mas queriam saber onde estava Elias. Jesus respondeu que Elias viria primeiro e restauraria todas as coisas. Estava escrito nas Escrituras que o Messias iria padecer muito e ser aviltado (por exemplo, Salmos 22:14,16,17; Is 53:1-12). Jesus explicou que, na verdade, Elias já veio. Mateus explica que os discípulos perceberam que Jesus se referia a João o Batista (Mt 17:13), que havia assumido o papel profético de Elias – confrontando o pecado com ousadia, e levando o povo a Deus.

Assim como Elias, João Batista foi um profeta de confronto (Mt 3:7), ousado (Lc 3:1-14) e rejeitado (Mt 11:18). Como no caso de Elias, fizeram a João Batista tudo o que quiseram. Elias foi severamente perseguido pelo rei Acabe e pela rainha Jezabel, e fugiu para salvar a própria vida (1Reis 19). João Batista foi decapitado (Mc 6:14-20). Tudo isto ocorreu, como dele está escrito (Mc 9:13). Portanto, a presença de João Batista, o Elias que havia de vir, pregava com muita penetração que Jesus era o verdadeiro Messias vaticinado pelos patriarcas e profetas veterotestamentários.

III. A ESPIRITUALIDADE DO MONTE – ÊXTASE SEM DISCERNIMENTO ESPIRITUAL


Pedro, Tiago e João sobem o Monte da Transfiguração com Jesus, mas não alcançam as alturas espirituais da intimidade com Deus. Eles contemplam quatro fatos milagrosos: a transfiguração do rosto de Jesus, a aparição em glória de Moisés e Elias, a nuvem luminosa que os envolvem e a voz do Céu que troveja em seus ouvidos. Nenhuma assembleia na Terra jamais foi tão esplendidamente representada: lá estavam o Deus trino, Moisés e Elias – o maior legislador e o maior profeta. Lá estavam Pedro, Tiago e João - os discípulos mais íntimos de Jesus, os quais apesar de estarem envoltos num ambiente de milagres, faltou-lhes discernimento em quatro questões básicas:

1. Os discípulos não discerniram a centralidade da Pessoa de Cristo (Mt 17:3-8). Os discípulos estão cheios de emoção, mas vazios de entendimento. Querem construir três tendas, dando a Moisés e a Elias a mesma importância de Jesus. Querem igualar Jesus aos representantes da Lei e dos Profetas. Como o restante do povo, eles também estão confusos quanto à verdadeira identidade de Jesus (Lc 9:18,19). Não discerniram a divindade de Cristo. Andam com Cristo, mas não lhe dão a glória devida ao seu nome (Lc 9:33). Onde Cristo não recebe a preeminência, a espiritualidade está fora de foco. Jesus é maior que Moisés e Elias. A Lei e os Profetas apontaram para Jesus. Tanto a Lei quanto os Profetas tiveram o seu cumprimento em Cristo (Hb 1:1,2; Lc 24:25-27). Moisés morreu e seu corpo foi sepultado, mas Elias foi arrebatado aos céus. Quando Jesus retornar, Ele ressuscitará os corpos dos santos que morreram e arrebatará os santos que estiverem vivos (1Ts 4:13-18).

O Pai corrigiu a teologia dos discípulos, dizendo-lhes: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; escutai-o”. Jesus não pode ser confundido com os homens, ainda que com os mais ilustres. Ele é Deus. A Ele deve ser toda devoção. Nossa espiritualidade deve ser cristocêntrica. A presença de Moisés e Elias naquele monte longe de empalidecer a divindade de Cristo, confirmava que de fato Ele era o Messias apontado pela lei e pelos profetas.

2. Os discípulos não discerniram a centralidade da missão de Cristo. Moisés e Elias apareceram para falar da iminente partida de Jesus para Jerusalém (Lc 9:30,31). A agenda daquela conversa era a cruz. A cruz é o centro do ministério de Cristo. Ele veio para morrer. Sua morte não foi um acidente, mas um decreto do Pai desde a eternidade. Cristo não morreu porque Judas o traiu por dinheiro, porque os sacerdotes o entregaram por inveja nem porque Pilatos o condenou por covardia. Ele voluntariamente se entregou por suas ovelhas (João 10:11), pela sua Igreja (Ef 5:25).

Toda espiritualidade que desvia o foco da cruz é cega de discernimento espiritual. Satanás tentou desviar Jesus da cruz, suscitando Herodes para matá-lo. Depois, ofereceu-lhe um reino. Mas tarde, levantou uma multidão para fazê-lo rei. Em seguida, suscitou a Pedro para reprová-lo. Ainda quando estava suspenso na cruz, a voz do inferno vociferou na boca dos insolentes judeus: “desça da cruz, e creremos nele” (Mt 27:42). Se Cristo descesse da cruz, nós desceríamos ao inferno. A morte de Cristo nos trouxe vida e libertação. A morte de Cristo abriu as portas da nossa prisão e nos deu liberdade. Moisés e Elias entendiam isso, mas os discípulos estavam sem discernimento dessa questão central do cristianismo (Lc 9:44,45). Hoje, há igrejas que aboliram dos púlpitos a mensagem da cruz. Pregam sobre prosperidade, curas e milagres. Contudo, esse não é o evangelho da cruz, é outro evangelho e deve ser anátema!

3. Os discípulos não discerniram a centralidade de seus próprios ministérios (Mt 17:4). Eles disseram: “Senhor, bom é estarmos aqui”. Eles queriam a espiritualidade da fuga, do êxtase e não do enfrentamento. Queriam as visões arrebatadoras do monte, não os gemidos pungentes do vale. Mas é no vale que o ministério se desenvolve.

É mais cômodo cultivar a espiritualidade do êxtase, do conforto. É mais fácil estar no templo, perto de pessoas co-iguais do que descer ao vale cheio de dor e opressão. Não queremos sair pelas ruas e becos. Não queremos entrar nos hospitais e cruzar os corredores entupidos de gente com a esperança morta. Desviamos das pessoas caídas na sarjeta. Não queremos subir os morros semeados de barracos, onde a pobreza extrema fere a nossa sensibilidade. Não queremos visitar as prisões insalubres nem pôr os pés nos guetos encharcados de violência. Não queremos nos envolver com aqueles que vivem oprimidos pelo diabo nos bolsões da miséria ou encastelados nos luxuosos condomínios fechados. É fácil e cômodo fazer uma tenda no monte e viver uma espiritualidade escapista, fechada entre quatro paredes. Permanecer no monte é fuga, é omissão, é irresponsabilidade. A multidão aflita nos espera no vale!(veja o caso do jovem lunático – Mc 9:14-29).

4. Os discípulos estavam envolvidos por uma nuvem celestial, mas tinham medo de Deus (Mt 17:5,6). Quando os discípulos ouviram a voz de Deus lhes falando diretamente, pois estavam envoltos pela nuvem luminosa, tiveram grande medo. Eles se encheram de medo a ponto de caírem de bruços. A espiritualidade deles é marcada pela fobia do sagrado. Eles não encontram prazer na comunhão com Deus através da oração, por isso, revelam medo de Deus. Jesus subiu ao Monte da Transfiguração para orar, mas em nenhum momento os discípulos estavam orando com Ele (Lc 9:28,29). Eles não sentem necessidade nem prazer na oração. Eles não tem sede de Deus. Eles estão o Monte a reboque, por isso veem Deus como uma ameaça. Eles se prostram não para adorar, mas por causa do medo. Eles estavam assombrados (Mc 9:6). Pedro, o representante do grupo, não sabia o que dizia (Lc 9:33). Mas Jesus lhes disse que não temessem (Mt 17:7). Deus não é um fantasma cósmico; Ele é o Pai de amor. O medo de Deus revela espiritualidade rasa e sem discernimento.

CONCLUSÃO


Diante do exposto acima, concluímos que os eventos ocorridos durante a Transfiguração aconteceram para demonstrar que Jesus era de fato o Messias esperado (Mt 16:16), e que a aparição de Moisés e Elias com Jesus confirmava a missão messiânica de Jesus de cumprir a Lei de Deus e as palavras dos profetas de Deus. Os discípulos ficaram deslumbrados com a presença de Elias e Moisés, mas logo perceberam que eles foram embora, e que apenas Jesus ficou. Esses personagens tão importantes no contexto bíblico não possuem glória própria, mas irradiam a glória proveniente do Filho de Deus. Ele, sim, é o centro das Escrituras, do Universo e de todas as coisas (Cl 1:18,19; Hb 1:3). Nada neste mundo poderá substituir a presença de Jesus nem no culto nem em nossas vidas. Ao fim de tudo, que possamos ver unicamente a Jesus, como os discípulos também o viram.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.

A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.

Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.

Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.

Marcos (o evangelho dos milagres) –  rev. Hernandes Dias Lopes.

 

 

 

QUANDO A IGREJA PARA DE CRESCER


1º Trimestre/2013


EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTINUADA - Tema: “Igreja – Missão e Crescimento”

Subsídio para lição 9 da revista da EBD – Educação Cristã Continuada.

Leitura Básica: Atos 4:33-35


 

 

A mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor”(Atos 11:21)

 

INTRODUÇÃO


A igreja foi instituída para crescer, quantitativamente e, principalmente, qualitativamente. Quando isso não acontece é porque, primeiramente, há fatores internos que impedem esse crescimento. Digo interno porque fatores externos nunca foram obstáculos ao crescimento da igreja (cf. Mt 16:18). Um determinado líder perguntou a outro: “o que devo fazer para minha igreja crescer?”. O outro respondeu: “A pergunta está errada, o correto seria perguntar: “por que a igreja não está crescendo?”. A igreja é um organismo vivo, ela cresce por si só. Se ela não cresce, então, é porque está enferma. Um organismo enfermo, tende a definhar e pode até a morrer. Veja o que o apóstolo Paulo falou à igreja de Corinto: “Por causa disso há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem” (1Co 11:30). O maior milagre na vida de uma pessoa é o novo nascimento. A falta do milagre do novo nascimento é a razão principal da existência de tantas igrejas locais raquíticas, anêmicas, nanicas, compostas de pessoas vazias, sem nenhuma experiência profunda com o Senhor. Sem o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo muitos igrejas estão caminhando de forma recreativa e festiva para o inferno. É lamentável!

A lição do grão de mostarda


“Outra parábola lhes propôs, dizendo: O Reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem, pegando dele, semeou no seu campo; o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu e se aninham nos seus ramos”  (Mt 13:31,32).

Ao propor a parábola do grão de mostarda, o Senhor Jesus quis revelar como seria o crescimento de sua Igreja, após ter tido um inicio revestido de muita humildade, sem qualquer aparência exterior, quase imperceptível aos olhos dos homens, ou à semelhança de um grão de mostarda que um homem, pegando dele, semeou no seu campo. Contudo, apesar de um começo sem toques de trombetas”, tal como uma hortaliça, a Igreja teria um rápido crescimento, da mesma forma que o pé de mostarda que “...crescendo, é a maior das plantas e faz-se uma árvore, visto que embora sendo uma hortaliça, chega a atingir até quatro metros de altura. Nós acrescentamos que a Igreja do Senhor, contida no cristianismo, se destacaria na imensa Horta na qual o grão de mostarda foi plantado, que seria, infinitamente maior, deixando lá em baixo, rastejando sobre a terra, os pés de pepinos, alface, couve e diversas outras hortaliças, que bem podem representar as “grandes religiões” fundadas por homens como Confúcio, Buda, Maomé, e tantos outros. O crescimento da Igreja foi fundada no calvário, inaugurada no pentecostes, e que, hoje, está em toda a Terra.

“...mas, crescendo, é a maior das plantas”. A Igreja que começou com “o Semeador” que “saiu a semear”, que foi inaugurada no Pentecostes, quando ali no Cenáculo estavam reunidos “quase cento e vinte pessoas”(Atos 1:15), começou a crescer tal como cresce uma hortaliça, conforme podemos constatar pelo livro de Atos dos Apóstolos. Logo no dia da inauguração, após a pregação de Pedro, “o Pé de Mostarda” teve um considerável crescimento – “...agregaram-se quase três mil almas”(Atos 2:41). O Pé de Mostarda não parou mais de crescer. Em Atos 4:4 lemos que muitos dos que ouviram a palavra creram, e chegou o número desses homens a “quase cinco mil”. O número, agora já não dava para contar, falava-se em multidão – “E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais”(Atos 5:14). Depois passou a falar-se em multiplicação – “E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos e grande parte dos Sacerdotes obedecia a fé “(Atos 6:7). Em seu crescimento, “o Pé de Mostarda” começou a estender “seus ramos” para fora de Jerusalém – formavam-se as igrejas locais – como projeção dos “ramos” - “...as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria tinham paz e eram edificadas, e se multiplicavam”(Atos 9:31). A Igreja cresceu tal como cresce uma hortaliça, no caso, a mostarda. Pouco mais de trinta anos depois de sua fundação, a Igreja já havia alcançado todo o Império Romano, o que significa dizer que a Igreja havia chegado “...aos confins da terra”(Atos 1:8), conforme declaração de Paulo, quando falando do “...evangelho que já chegou a vós, como também está em todo o mundo”(Cl 1:5-6). Continuando a crescer... Chegou até nós!

- As ameaças ao crescimento. O crescimento do reino de Deus sempre tem gerado o surgimento de ninhos de aves dos céus no meio do povo de Deus, com grandes malefícios para a obra de Deus. Quando olhamos o nosso país não podemos deixar de ver a repetição do que aconteceu nos dias de Constantino. Hoje, o povo de Deus já não é mais tão perseguido como antigamente, mas a arma do inimigo não tem sido mais o uso de fogueiras de bíblias ou as pedras que, décadas atrás, eram atiradas nos pequenos salõezinhos ou humildes templos dos nossos irmãos. Hoje em dia, o adversário não mais precisa fazer uso destes expedientes, porque já tem grandes ninhos na mostarda adulta, ninhos como os interesses político-partidários de alguns, o mercantilismo de outros, a vida fácil e luxuosa de muitos. Para muitos, as igrejas locais passaram a ser meio de vida, fonte de sobrevivência, causa de lucro, assim como fora predito nas Santas Escrituras (2Pedro 2:1-3). O resultado deste estado de coisas é o prejuízo para a obra de Deus, o início da perda de esplendor da mostarda adulta.

I. IDENTIFIQUE O PROBLEMA


Se uma igreja não cresce quantitativamente e espiritualmente, o primeiro passo a ser dado rumo à solução desse problema é encontrar sua causa. Vejamos algumas causas, dentre várias outras, que podem impedir o crescimento da igreja:

1. Centralização excessiva. Há líder que pensa que é super-homem, o “rei da cocada preta”, e que sem ele não se pode falar em desenvolvimento. Pensa ele que os demais membros da igreja são incapazes de dar crescimento a obra sem a sua intervenção presencial. Circunscreve todas atividades da igreja em torno de si como se a igreja local fosse propriedade sua. A falta de confiança no corpo eclesiástico constituído, se é que há algum, faz com que haja centralização excessiva do trabalho. Se alguém se destaca na igreja local, principalmente aqueles que possuem dom de liderança, suas “asas” são cortadas e impedido de assumir qualquer ministério na igreja que o deixe em evidência.

O líder não pode fazer tudo sozinho, deve delegar tarefas a outrem. Faz parte da liderança saber delegar funções, atribuir tarefas e missões a quem o Senhor preparou para exercê-las. Moisés, por exemplo, embora tivesse sido um grande general no passado, não vacilou em nomear Josué para comandar o exército na guerra contra os amalequitas (Ex 17:9), enquanto ele, Arão e Hur oravam durante a batalha. Faz-se necessário que o líder saiba delegar tarefas, tudo fazendo segundo a orientação divina, mas jamais se esquecendo que o fato de ter sido chamado à liderança não significa que tenha de fazer tudo sozinho.

O autêntico líder é receptivo aos conselhos – é humilde. Lembram-se de Moisés no início da jornada à Canaã? A centralização excessiva quase o levou a desastre administrativo e espiritual do povo de Israel(quase dois milhões de pessoas). Mas, chegou um homem inteligente, Jetro, e o alertou que centralizar excessivamente o trabalho de Deus era um erro crasso. Ao ver que Moisés decidia sozinho todas as causas do povo, que se aglomerava todos os dias para ser atendido por ele, Jetro, dentro de sua experiência, sugeriu a Moisés que efetuasse a descentralização do poder, resolvendo apenas as causas mais graves, criando maiorais de mil, de cem, cinquenta e de dez para resolver as “pequenas causas”, trazendo agilidade e paz para o povo de Israel. Moisés prontamente atendeu ao conselho de Jetro, demonstrando ser uma pessoa humilde e receptiva a criticas. Que grande qualidade de um líder: o de ouvir conselhos (ler Ex 18:13-24).

Na atualidade, muitos líderes não querem ouvir conselhos, nem aceitam que surjam conselheiros e, muito menos, auxiliares. Querem ter súditos, pessoas que somente saibam dizer “amém”, mas que não têm qualquer poder decisório. O resultado é a ineficiência, o esgotamento do líder e um acúmulo cada vez maior de problemas sem solução, causando um prejuízo muito grande à obra de Deus. Como ensinou Jetro, a descentralização, o aproveitamento de homens e mulheres que o Senhor põe à disposição do seu povo, é fundamental para que o líder subsista e o povo de Deus venha em paz ao seu lugar (Ex 18:23), que é o céu.

O modelo para “crescimento de igreja” apresentado em o Novo Testamento não é o Cristo agindo por intermédio de alguns poucos homens e mulheres e sim através de todos os membros da Igreja local. Deus não usa ‘métodos e estratégias’ por melhores e mais bem elaborados que possamos imaginar. Deus usa homens e mulheres consagrados e sempre dispostos a realizar a Sua obra! No término de sua Epístola aos Romanos, Paulo envia saudações a diversos homens e mulheres, seus “cooperadores em Cristo” que muito trabalharam no Senhor (Rm 16:3-16). Ele ainda recomenda: Paulo recomenda: “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função" (Ef 4:15). Portanto, para uma Igreja local crescer é necessário o envolvimento de todos: "Dele todo o corpo" (Ef 4:16). Por amor a Cristo e seu corpo, todos devem se envolver.

2. Falta de sustento financeiro. O dinheiro está no âmago de muitos problemas das igrejas. A contribuição financeira da igreja deve ser única e exclusivamente destinada para subsidiar o trabalho de evangelização(pregação e ensino da Palavra de Deus e serviços sociais), organização e manutenção dos templos e o sustento dos obreiros que vivem exclusivamente do Evangelho (Lc 10:7; 1Co 9:14). Às vezes a escassez de recurso financeiro pode arrefecer um pouco a implementação de determinadas metas, mas quando isso acontece é porque houve um mau planejamento de seu gasto ou má administração dos recursos financeiros arrecadados. Quantas atividades das igrejas locais, muitas delas excessivamente burocráticas ou, mesmo, totalmente alheias aos objetivos primordiais da igreja, não têm canalizado os esforços e os parcos recursos humanos e financeiros das igrejas locais? O resultado disso: o esgotamento do sustento financeiro.

Muitos líderes exigem dízimos de seus liderados para financiar estilos de vida extravagantes. Aqueles que verdadeiramente procuram seguir a Jesus precisam buscar sua vontade no Novo Testamento. Ali encontramos tanto instruções dadas por apóstolos inspirados, como exemplos de como as igrejas obtinham e usavam o dinheiro no serviço do Senhor.

Os líderes das igrejas locais devem administrar com sabedoria, honestidade e com senso de responsabilidade as finanças da Igreja visando único e exclusivamente o seu crescimento e a expansão do Evangelho.

3. Falta de conhecimento. Muitos membros e congregados desconhecem as suas responsabilidades porque não são ensinados pelos líderes, que compõe o corpo eclesiástico da igreja local. Muitos, por falta de ensino, pensam que oração, evangelismo, educação cristã são de responsabilidade única e exclusiva do pastor. Por isso não se dispõem a evangelizar, a irem à Escola Dominical, a buscarem a Deus em oração, etc.

A falta de conhecimento de muitos membros e congregados é a causa da falência espiritual de muitas igrejas locais. Foi assim que aconteceu com Israel (o reino do norte), o que culminou na sua destruição. O profeta diz: "O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento..." (Os 4:6). Em Israel, os maiores culpados pela falta de conhecimento do povo eram os lideres (reis, profetas e sacerdotes). O sincretismo religioso despertou afeição do povo, sempre chamou a atenção do povo, mas isso só ocorria porque o povo estava morto espiritualmente, a apostasia já tinha grassado toda a nação. Deus reprovou severamente esse comportamento a ponto de desterrar o povo de Israel (reino do Norte) para sempre! A falta de conhecimento da verdade, da Palavra de Deus, levou o povo à destruição (Os 4:6).

Nas igrejas locais da atualidade, também, os lideres, que na ânsia de ver a igreja crescer quantitativamente, de ver resultados rápidos, usam de métodos espúrios, não dando importância para o crescimento qualitativo do povo. Quem poderia imaginar, há alguns anos atrás, que haveria “blocos carnavalescos evangélicos”? Quem poderia dizer que haveria o “heavy metal rock evangélico”? Isto para não falar de “novenas evangélicas”, “amuletos evangélicos” (sal grosso, rosas ungidas, óleo santo etc.), “samba evangélico”, “comunicação com santos do Paraíso”, “cultos evangélicos dirigidos por anjos” e tantas outras heresias e modismos que têm invadido e confundido muitos que cristãos dizem ser. Tudo isso na ânsia de ver a igreja cheia de pessoas. O resultado de toda essa adesão irresponsável e incontrolável é a secularização da igreja, é a banalização do evangelho, é a conformação com o mundo. O lema é: “venha como estás, e fique como estás”. O objetivo precípuo de toda essa banalização é a entronização do deus mamom. A lógica é clara: quanto mais gente mais dinheiro. Por isso, os lideres desses movimentos sincréticos distanciam o povo da verdade, da Palavra de Deus, e os conduzem consigo à perdição eterna.

4. Acomodação e resistência à mudança. Acomodação é sinal de mornidão espiritual, tal qual havia igreja de Laodicéia (AP 3:15,16); ou está morta espiritualmente, tal qual a igreja de Sardes (Ap 3:1-6). Às vezes, a acomodação e resistência às mudanças é resultado de embaraço na desenvoltura do trabalho, por parte dos líderes; ou, com maior incidência, falta de união e comunhão entre os líderes responsáveis por “ministérios” dentro da igreja local. Também, muitos resistem às mudanças por causa do orgulho que tem impregnado o seu “eu”. Não acatam ideias que visam o crescimento da obra, exatamente porque se o idealizador do Plano for exitoso em sua empreitada poderá trazer-lhe maior honra. É isso mesmo, muitos líderes procuram honra e não honrar o nome do Senhor Jesus – é a síndrome de Saul (1Sm 18:7,8). Ninguém pode ser melhor do que ele dentro da igreja, senão...fica fora do contexto (no mínimo, desempenho ministerial). A competitividade se instaurou de tal maneira no seio da igreja que os pastores não conseguem mais confiar uns nos outros. Eles estão sempre disputando terreno, querendo ser maior do que outro. A insegurança tem feito com que muitos adoeçam tanto no corpo quanto na alma. Isso é um sério problema que impede o crescimento da igreja.

II. ESTABELEÇA O PLANO DE MULTIPLICAÇÃO


Ao lado da direção indispensável do Senhor Jesus, torna-se absolutamente necessário que o líder saiba precisamente o que está a fazer e como deve fazê-lo, usando do que é trivial em administração para que tenha bom êxito. Assim, torna-se necessário planejar, organizar, executar e controlar, a fim de que, no tempo previamente fixado, possam ser obtidos os resultados desejados. Mas, é bom estar cônscio de que nenhuma mudança que vise à melhoria da igreja local poder ser implementada apenas com base na capacidade humana. O Espírito Santo guiará o líder em cada passo que der no sentido de fazer da igreja uma congregação que cresce e se multiplica.

1. Comece com um plano de oração. A oração é o principal investimento que a igreja local deve efetivar, se quiser alcançar mudança espiritual eficaz na igreja. Infelizmente, damos pouco valor à oração. Nossos cultos de oração, quando existem, não são frequentados pelos líderes. Perguntaram a Paul Yong Cho, quando veio ao Brasil, qual a diferença entre a igreja no Oriente e no Ocidente. Ele respondeu: “Nosso templo fica cheio para cultos de oração e vazio para festas e o de vocês vazio para oração e cheio para festas”. Meus irmãos, isso não pode ser assim! Quando uma igreja pára de crescer é porque os seus lideres e liderados não oram com insistência e devoção. Isso não é um ministério exclusivista para determinados grupos de pessoas selecionadas, não; é um dever de todos os membros e líderes, indistintamente. Muitas igrejas marcam vigílias para mostrar que oram, mas na verdade nessas vigílias nada de espiritual de verdade acontece, só barulho sem fundamento e sem lógica, pessoas conversando, cânticos infindáveis e nauseabundos, cujas letras, a maioria, são reprovadas ao passar pelo crivo da Palavra de Deus. 

Se quiser que haja uma direção de Deus para o objetivo a alcançar, então é necessário que a igreja ore, inclusive todos os lideres. O pastor da igreja deve ensinar e motivar as “ovelhas do Senhor” a orar e a criar o hábito da oração. Não é criar “círculos de oração” onde somente as mulheres freqüentam, não!  Todos, indistintamente, devem ser motivados a buscar ao Senhor em oração. Deve-se estabelecer horários para que os crentes possam reunir-se a fim de orar juntos. Agindo assim, certamente, a igreja experimentará um grande crescimento, principalmente o qualitativo (ler Atos 2:23-31).

2. Estabeleça objetivos claros. Ao elaborar um plano de crescimento é necessário que os objetivos sejam bem definidos, claros e inteligíveis, e estejam dentro da baliza de possibilidade de realizações. Os objetivos quando são bem delineados e esclarecidos poderão estimular entusiasmos nos congregados a se envolverem na obra. Um objetivo do tipo “pregar o Evangelho aos perdidos” é muito vago e não provê nenhuma orientação. Não adianta estabelecer objetivos que são humanamente inatingíveis, utilizando-se do pretexto de que vivemos por fé e não por vista. A ignorância espiritual, o autoritarismo e a soberba podem anular qualquer progresso da igreja local. Usemos, pois, do senso de responsabilidade e da autocrítica.

Os objetivos já estão delineados? Já foram submetidos à apreciação do Espírito Santo? Há consenso entre os demais líderes de ministérios? Então, num momento apropriado, dê ciência à igreja; aproveite a ocasião para, em uníssonos, num forte clamor a Deus, em humildade e submissão, entregar ao Dono da Obra o Plano elaborado.

Mas, é bom estar ciente de que, por se tratar da Obra de Deus, o Espírito Santo muitas vezes pode alterar aquilo que dantes tínhamos planejado. Foi o que aconteceu com o apóstolo Paulo em sua segunda viagem missionária. Veja isso em Atos 16:9-15. Paulo tinha planejado fazer a segunda viagem missionária com Barnabé (At 15:37). Entretanto, quem afinal o acompanhou foi Silas (At 15:40), enquanto que Barnabé, juntamente com João e Marcos, foi para Chipre (At 15:39). A Grécia (Europa) ainda não pertencia aos planos do apóstolo Paulo, mas Timóteo, filho de pai grego, parecia querer apontar para esta possibilidade. Timóteo tornou-se, assim, uma das pontes do Evangelho entre Jerusalém e Filipos. A mudança radical nos planos de Paulo foi provocada pela ação do Espírito Santo (At 16:6). Atos 16:6-8 descrevem a tentativa de Paulo de seguir os seus planos, mas o poder de Deus traçou novos rumos para o Evangelho. Mesmo não sabendo certo para que lugar ir, Paulo e seus companheiros obedeceram à ação de Deus. É isso aí, no reino de Deus, quem comanda é o Espírito Santo. Nós temos que obedecê-lo. Paulo se colocava plenamente à disposição do Espírito Santo porque ele tinha uma meta a atingir. E somente se comportando dessa maneira ele poderia conseguir atingir o seu principal alvo. Disse ele: “uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”(Fp 3:13,14).

A seguir, listamos alguns exemplos de objetivos estabelecidos por igrejas que cresceram e se multiplicaram (sugestão do comentarista da lição):

a)      Fazer uma pesquisa no bairro ou região vizinha, a fim de determinar locais que precisam de igrejas (p. ex. próximo mês).

b)      Fundar igrejas em outros bairros, de forma que as pessoas possam se congregar mais próximas de suas casas (p. ex. por trimestre).

c)       Treinar uma nova equipe de líderes para dar assistência às novas congregações (p. ex. uma por semestre).

3. Compartilhe o plano com a igreja e seus líderes. Se já tem um plano estabelecido, com metas claras e já submetidas ao Espírito Santo, então compartilhe com a igreja e com os demais líderes de departamentos e ministérios. A igreja toda deve ser envolvida, respeitando as habilidades e limitações de cada um. Para que haja crescimento é  necessário que todos saibam sua missão no corpo: "...cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor " (Ef 4:15,16). O todo é constituído das partes. Cada parte deve cooperar visando o suprimento do corpo. Cada parte realiza sua função, seja ela qual for. Por isso cada um de nós deve possuir um profundo senso de missão, ou seja, quem sou eu e o que devo fazer. Deus respeita a identidade de cada um dentro do corpo, mas é necessário que cada um de nós saiba claramente qual é o seu ministério para poder cooperar. Enquanto apenas uns se preocupam em trabalhar e outros estão apenas observando, nunca conseguiremos desenvolver a missão para a qual Deus tem nos chamado. Note como você é importante aqui, pois o corpo cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função. O pastor da igreja deve ser o principal exemplo nessa empreitada. Todos vão observá-los como paradigma. Se ele esmorecer ou ficar acomodado, não tenha dúvida, os envolvidos se conformarão ao seu comportamento.

III. IMPLEMENTE O PLANO


Já que o Plano delineado foi concluído, já que foi submetido ao conhecimento da Igreja, já que houve um claro e sincero consenso entre os líderes e liderados, já que intercederam ao Senhor para  Ele tomar a direção na execução, então, implemente o Plano.

Uma coisa deve estar claro: todos na igreja, dentro das suas habilidades, devem participar da implementação do Plano. Se for necessário gastar recursos e mais tempo para capacitar os envolvidos na Obra, que assim seja; aliás, isto não é gasto é investimento.

O Novo Testamento, o mais autêntico manual de técnicas para “crescimento de igreja”, estampa em suas páginas que o crescimento da igreja local depende simplesmente de toda a comunidade cristã local, lavada e remida pelo precioso sangue de Jesus! É bem verdade que na Igreja Primitiva haviam pregadores brilhantes. E o que, então, fizeram os demais crentes? Ficaram de braços cruzados, ouvindo, meros espectadores, apenas capazes de levantar as mãos e balançarem-nas, assim como as folhas de uma palmeira ao vento e serem ‘fluentes’ em falar palavras incompreensíveis? Nada disso! Lucas nos diz em Atos 2:40-47 que TODOS os crentes de Jerusalém eram ativos, compartilhavam e adoravam ao Senhor! TODOS eram participantes e cooperadores! E isto se torna de grande relevância, pois naqueles dias “levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e TODOS, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria” (At 8:1). Eles ficaram sem os seus líderes – pregadores brilhantes – mas “dispersos iam por toda parte pregando a palavra” (At 8:4). Eram homens e mulheres comuns fazendo aquilo que estiveram fazendo antes: testemunhando, testificando com suas vidas, servindo a Cristo, falando sobre a Palavra de Deus. E qual foi o resultado disto? Atos 9:31 responde: “A Igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor e, no conforto do Espírito Santo, CRESCIA EM NÚMERO”!!!

Vocês já atentaram como uma família, pais e filhos, de agricultores trabalham? Isso mesmo: uns preparam a terra, outros semeiam, uns cultivam, outros colhem. Em um passado não tão distante toda família trabalhava no campo, isso era muito comum. Uma pessoa solteira não tem condições de trabalhar com a mesma velocidade ou eficácia do que uma família com quatro ou mais membros. Se em uma igreja apenas um ou dois trabalham ela não irá crescer como deveria a não ser que todos trabalhem. A conta é simples: se o irmão X planta vinte sementes por dia e se a irmã Y trabalhar também, eles plantarão quarenta. Se o irmão Z também ajudar, plantarão sessenta, e assim por diante. Portanto, plantar igrejas é semelhante ao trabalho realizado pela família que sempre trabalhou na agricultura para sobreviver, todos devem participar.

CONCLUSÃO


O crescimento da igreja deve ser equilibrado: qualitativo e quantitativo. Mas, o que é mais importante para a Igreja, a quantidade ou a qualidade? Segundo Rick Warren este é, infelizmente, um mito bastante propagado quando se fala em crescimento de igreja. É como se a igreja tivesse de escolher entre quantidade e qualidade. Ele define: “Quantidade se refere ao tipo de discípulos que uma igreja produz; quantidade se refere ao número de discípulos que uma igreja está produzindo”. Toda igreja deve buscar o maior numero de pessoas possíveis e também desejar que essas pessoas se tornem crentes de qualidade. Qualidade produz quantidade e quantidade cria qualidade. A igreja em Jerusalém possuía qualidade e quantidade (cf. Atos 6:1-7). Crescer em qualidade de vida: em intimidade com Deus, na oração e em santidade e no caráter de Cristo. Crescer em quantidade: em número de pessoas salvas pelo sangue de Jesus.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Dinheiro – a prosperidade que vem de Deus – rev. Hernandes Dias Lopes.

O que a Bíblia Ensina Sobre a Igreja e seu Dinheiro? - Dennis Allan.

O árduo trabalho missionário – Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal, CPAD.

A secularização da Igreja – Dr. Caramuru Afonso Francisco.

 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Aula 08 – O LEGADO DE ELIAS


1º Trimestre/2013

Texto Básico: 1Reis 19:16,17,19-21

 
“E disse Josafá: Não há aqui algum profeta do SENHOR, para que consultemos ao SENHOR por ele? Então, respondeu um dos servos do rei de Israel e disse: Aqui está Eliseu, filho de Safate, que  deitava água sobre as mãos de Elias” (2Reis 3:11)

 

INTRODUÇÃO


Nesta Aula vamos falar um pouco acerca do legado do profeta Elias! Ele foi um homem que deixou seu legado na história bíblica como um gigante espiritual; foi um servo de Deus de profunda convicção espiritual e consciente de sua missão profética. Aprendemos com ele que os homens de Deus bem-sucedidos em seus ministérios são aqueles que tem o coração disposto a servir. Elias serviu a Deus com integridade e deixou uma herança para as gerações posteriores, e seu legado foi visto na pessoa de Eliseu, em atitudes, milagres e espiritualidade. O teólogo norte-americano A.W.Tozer disse certa vez que “nada morre de Deus quando um homem de Deus morre!”.

A fé, as nossas atitudes, o nosso relacionamento com Deus e o compromisso com a sua Palavra são o maior patrimônio que podemos passar às gerações seguintes. O apóstolo Paulo, ao final da carreira, fez menção de sua fé como algo zelosamente guardado no coração. Era a sua preciosa herança para os que viriam depois (2Tm 4:7). Que contribuição estaremos deixando nessa área vital de nossas relações com Deus? Que perspectivas nossos filhos e netos terão da fé ao olharem a nossa história? Eles nos verão como pessoas que sempre souberam confiar em Deus e viverem inteiramente para Ele, ou como incrédulos, sem nenhum legado espiritual, cristão e humano?

I. O LONGO PERCURSO DE ELIAS


1. Uma volta às origens. O desafio de Elias e sua vitória sobre os falsos profetas se tornou noticia em todo o reino de Acabe. A rainha Jezabel ficou irada e prometeu vingança. Elias teve medo e fugiu com seu ajudante para Berseba onde deixou o rapaz e seguiu para o deserto, caminhando um dia inteiro. Ao encontrar uma árvore, sentou-se à sua sombra e desejou a morte: “E ele se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu em seu ânimo a morte e disse: Já basta, ó SENHOR; toma agora a minha vida, pois não sou melhor  do que meus pais”(1Rs 19:4). O anjo do Senhor visita Elias e o alimenta por duas vezes. Com a força daquela comida caminhou por 40 dias e 40 noites. Nesse período a Bíblia não cita que Elias tenha parado em algum lugar para descansar, até chegar ao seu destino, o Monte Sinai. Porque ir ao Monte Sinai? Porque o Sinai era um lugar sagrado: ali Deus se revelou a Moisés (Ex 3); quando o povo em fuga do Egito teve sede, a rocha que ficava no monte Sinai deu água – “Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela sairão águas, e o povo beberá” (Ex 17:6); foi o lugar onde Deus falava com Moisés (Lv 25:1); foi o lugar onde Deus entregou ao povo, através de Moisés, as placas da Lei. Portanto, se tinha um lugar para ouvi a voz de Deus, era no Monte Sinai. A distância era grande – cerca de, aproximadamente, 400 quilômetros, de Berseba até o Monte Horebe -, mas era necessário que Elias voltasse às origens da sua fé. Ele precisava desse momento a sós com Deus, do mesmo modo que ocorreu com Moisés no passado. Jesus, mesmo, quando nos falou da oração, disse que deveria haver um espaço para uma intimidade nossa com Deus, um "aposento em secreto" onde desfrutássemos de um momento a sós com Deus, algo que não somente ensinou, mas também praticou (Lc 22:39-41).

2. Uma revelação transformadora. Naquele momento à sós com Deus no Monte Horebe, Deus faz uma revelação extraordinária e que renovou sobremaneira o ânimo de Elias. Em primeiro lugar, Deus lhe falou que ele não era o único fiel sobrevivente. Elias quando achava que somente ele havia permanecido fiel a Deus, foi surpreendido com a notícia de que ainda havia sete mil que não haviam dobrado seus joelhos a Baal (1Rs 19:14,18). A idolatria anuída e supervisionada pelo casal real, Acabe e Jezabel, quase levou Israel à perda de usa identidade nacional, moral e espiritual, mas Deus tinha preservado um remanescente fiel; certamente, dentre desses sete mil estava Eliseu, que seria seu sucessor. Isso nos ensina que, quando formos tentados a pensar que somos os únicos fiéis que restam para realizar algo, não dedemos parar para nos lamentar. A autocomiseração diluirá o bem que porventura fizermos. Estejamos certos de que ainda que não os conheçamos, outros obedecem fielmente a Deus e cumprem seu dever.

Outra revelação surpreendente a Elias: ele seria sucedido por outro profeta; ele teria que ungir outro profeta em seu lugar (1Rs 19:16). Elias não questionou, simplesmente obedeceu. Este é um dos elementos do legado de Elias: a obediência. Elias nos ensina a necessidade de obedecermos a vontade e a direção de Deus. Sabemos que nesta vida tudo tem o seu tempo, por isso, chegou o dia em que o ministério de Elias encerrou-se. Como um líder fiel, obediente e íntegro diante do Pai Celeste, teve o cuidado de seguir a orientação divina na escolha do seu sucessor. O Senhor continua a falar em nossos dias, o problema é que nem todos desejam lhe ouvir, pois a voz de Deus pode frustrar alguns ideais pessoais.

Todo líder, de qualquer seguimento, um dia terá que deixar o cargo. Isso é um processo natural. Acontece que muitos pensam que são insubstituíveis, ou não querem "largar" a liderança para não perder status, vantagens, benefícios, privilégios etc. É aí que surgem os problemas. Alguns líderes evangélicos na atualidade tratam igrejas e convenções como propriedade particular, empresa ou negócio de família. Esquecem que a igreja tem um dono e o seu nome é JESUS. Pasmem, atualmente muitos líderes para se manterem no poder se utilizam de estratégias mundanas, utilizando-se de artifícios para vencer eleições em igreja e convenções, do tipo: compra de votos, oferta de cargos e benefícios, manipulação de urnas, traições, calúnias, processos na justiça comum, ordenação de obreiros sem vocação ministerial, etc.! Outros, usam e abusam do nepotismo, colocando parentes, familiares e bajuladores em cargos estratégicos, garantindo assim a manutenção do poder por meio de retaliações, ameaças e outras ações vergonhosas! Outros, alteram de maneira escandalosa o estatuto da igreja ou da convenção, buscando com isso a perpetuação do poder e dos privilégios! Tudo isso, e muito mais, vemos acontecer. É por estas e outras razões que Jesus falou: “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7:22,23).

Devemos ser cônscios de que todos temos um tempo definido por Deus para trabalhar para Ele. Quando formos desafiados por Deus a ser substituídos, não devemos imaginar que estamos sendo descartados, ou que Deus não nos quer mais em seu serviço. Além disso, as novas gerações precisam ter sua oportunidade de servir com seus talentos ao Senhor. O próprio Jesus deixou claro que seus seguidores fariam coisas maiores do que Ele mesmo fez, exceto a salvação, é claro (João 14:12). Se o Mestre deu o exemplo de humildade, porque não o podemos seguir?

Elias saiu no tempo certo, não resistiu diante da vontade de Deus (2Rs 2:11). Não tinha ao que se apegar (cargos, bens, dinheiro, status, etc.). Acredito que se nos dias atuais um carro de fogo, com cavalos de fogo, fosse enviado pelo Senhor para buscar alguns líderes, eles pediriam para não ir, ficariam somente para continuar desfrutando das honras humanas, do luxo e dos privilégios que conquistaram. Duvida?

II. ELIAS NA CASA DE ELISEU


Partiu, pois, Elias dali e achou a Eliseu, filho de Safate, que andava lavrando com doze juntas de bois adiante dele; e ele estava com a duodécima. Elias passou por ele e lançou a sua capa sobre ele. Então, deixou ele os bois, e correu após Elias, e disse: Deixa-me beijar a meu pai e a minha mãe e, então, te seguirei. E ele lhe disse: Vai e volta; porque que te tenho eu feito? Voltou, pois, de atrás dele, e tomou uma junta de bois, e os matou, e, com os aparelhos dos bois,  cozeu as carnes, e as deu ao povo, e comeram. Então, se levantou, e seguiu a Elias, e o servia” (1Rs 19:19-21).

1. A exclusividade da chamada. Deus faz seu convite a cada pessoa, homem ou mulher, independente de raça, cor, idade, ou posição social. No trabalho do Senhor, é Ele quem sabe verdadeiramente escolher a pessoa certa para a missão que Ele determinar.

Quanto à vocação de Eliseu, se dá no exercício laborioso de seu acostumado trabalho: lavrador. Pelo texto de 1Reis 19:19-21 percebe-se que Eliseu trabalhava nas terras de seu pai conduzindo doze juntas de bois quando Elias, por orientação divina, o escolheu para ser profeta em seu lugar. As doze juntas de bois usadas por Eliseu para arar a terra indicam que ele era uma pessoa de posses. Quando o texto diz que Eliseu “estava com a duodécima” significa que Eliseu trabalhava perto do 12º par.

Deus chama pessoas fieis, ocupadas, que tem consciência do custo da chamada e que sabem que o ministério profético é um servir. Não raro, a Bíblia nos apresenta profetas de Deus que tinham uma vida produtiva na sociedade, que contribuíam com seu trabalho. Por exemplo, Amós era boiadeiro quando foi escolhido por Deus para profetizar nos reinados de Uzias, em Judá, e de Jeroboão II, em Israel. Eliseu estava lavrando a terra quando foi chamado por Deus. O trabalho de Eliseu até então era voltado àqueles bois. Mas para seguir Elias, ele precisou desapegar-se de suas atividades, suas "normalidades" e tudo o que era comum em sua rotina externa e emocional. Mas ele não "recusou", nem "ignorou", nem "abandonou" nada. Eliseu imolou seu passado. Segundo o dicionário Aurélio, imolar significa sacrificar, matar. Ou seja, Eliseu matou os bois dos quais cuidava e quebrou os aparelhos que usava para conduzi-los. Não restava mais nenhum fragmento de sua velha vida. O ato de matar seus bois e quebrar os aparelhos que utilizava, demonstrava que ele assumia um forte compromisso de seguir Elias. Sem eles, não poderia retornar à sua vida de lavrador. Ele dependia agora apenas de Deus. Nada mais havia que o mantivesse amarrado à suas antigas atividades, pois tudo estava extinto; ele mesmo os havia extinguido. Isto é, se estivesse tudo bem ele continuaria seguindo e servindo Elias e honrando sua vocação, mas se estivesse tudo mal também seguiria e serviria Elias e honraria sua vocação. Agora ele estaria com Deus ou com Deus. Enfim, Eliseu entendeu que o ministério profético é um “servir”, por isso passou a servir a Elias. Rayond B. Dillard destaca que “o chamado de Deus para todos nós é a sinceridade ao comprometimento. Para alguns, isso significa deixar um negócio ou emprego para seguir uma vocação profissional no ministério. Para outros, significa servir dedicadamente em muitos diferentes empreendimentos. Seja qual for o nosso trabalho, quer no ministério ou num emprego, o chamado de Deus para o serviço e compromisso deve eclipsar todos os outros”(DILLARD, Raymond B. Fé em Face da Apostasia — o evangelho segundo Elias e Eliseu. Editora Cultura Cristã).

2. A autoridade da chamada. Além da exclusividade, aprendemos também que a chamada de Eliseu envolveu a autoridade que acompanhava Elias –  Elias passou por Ele e lançou a sua capa sobre ele” (1Rs 19:19). Este ato de Elias de “lançar a sua capa” foi entendido por ambos como um símbolo da transferência da liderança e do ministério. A capa era o mais importante artigo do vestuário que uma pessoa possuía. Era usada como proteção contra intempéries, como cobertor ou um lugar para se sentar. Às vezes era oferecida como garantia de uma dívida, ou rasgada em pedaços como sinal de pesar. Era também um símbolo de autoridade profética (2Rs 1:8; Zc 13:4; Mt 3:4). Elias lançou sua capa sobre os ombros de Eliseu, para mostrar que ele seria seu sucessor. Mais tarde, quando a transferência de autoridade foi concluída, Elias a deixou para Eliseu (2Rs 2:11-14).

É bom dizer que a sucessão não foi imediata. Houve um tempo entre o "lançar do manto" (1Rs 19:19) e o "cair do manto" (2Rs 2:14). Com Elias e Eliseu aprendemos que no processo sucessório não deve haver pressa. Tudo tem que ser no tempo de Deus. Wong (Liderando a Transição. São Paulo: Z3 Editora, 2012, p. 113) escreve: “Líderes precisam ser nutridos e precisam de espaço para crescer. Líderes mais velhos precisam dominar menos e delegar mais. Mais importante, os líderes precisam dar tempo àqueles sob seus cuidados. Elias e Eliseu pertenciam a uma era abençoada, onde o aprendizado acontecia com o professor e o estudante vivendo e trabalhando juntos. Sem a intervenção da alta tecnologia, eles estabeleciam um relacionamento de alto contato”.

Se os líderes atuais desejarem preparar a nova geração para os desafios do ministério, precisam investir nela agora. O aprendizado no ministério se dá através do ouvir, ver e fazer. É preciso capacitar e treinar, é preciso mentorear a nova geração.

III. ELIAS E O DISCIPULADO DE ELISEU


1. As virtudes de Eliseu. O relato de 2Reis 2:1-8 mostra algumas fases do discipulado de Eliseu. Era chegada a hora de Elias encerrar seu ministério e de Eliseu suceder-lhe. Contudo, primeiro Elias precisava visitar Betel, Jericó e o Jordão. Como servo fiel, Eliseu insistiu em acompanhá-lo a esses locais. Em Betel e Jericó, os discípulos dos profetas disseram a Eliseu que o Senhor levaria Elias, “elevando-o por sobre a cabeça” de Eliseu naquele dia. Isso tratava-se de uma referencia à prática de o discípulo se assentar aos pés de seu mestre e, portanto, de o mestre estar junto à cabeça do discípulo. Eliseu já sabia o que aconteceria e ordenou aos profetas: “calai-vos”. Não desejava falar sobre um assunto tão triste e sagrado. De Jericó, Elias e Eliseu foram ao rio Jordão. Cinquenta dos profetas os seguiram a certa distância. Quando Elias feriu as águas do Jordão com seu manto, elas se dividiram, e os dois profetas atravessaram em seco. Elias tinha vindo de Gileade, do lado oriental do Jordão, para começar seu ministério profético durante o reinado de Acabe (1Rs 17:1). No final do ministério, atravessou o Jordão novamente para voltar ao lado de onde saíra e ser levado para o Céu.

Quais são as virtudes que podemos destacar de 2Reis 2:1-8?

Em primeiro lugar, Eliseu demonstrou estar familiarizado com aquilo que o Senhor estava prestes a fazer (2Rs 2:1). Ele estava consciente de que algo extraordinário envolvendo o profeta Elias aconteceria a qualquer momento (2Rs 2:3) e que ele também fazia parte dessa história.

Em segundo lugar, Eliseu demonstrou perseverança quando se recusou a largar Elias. Ele fez questão de permanecer junto de Elias durante todo o tempo. Diferentemente dos “filhos dos profetas”, ele acompanhou seu mestre até o fim. Igualmente, o cristão autêntico, que diferencia-se neste mundo, segue Jesus de perto. Em Lucas 22:54, que trata da prisão de Jesus, lemos: “e Pedro seguia-o de longe”. Em seguida, o evangelista nos afirma das três negativas de Pedro para com Jesus. Hoje, muitos há que seguem Jesus de longe e o resultado disso é escândalo para o Evangelho. Se Eliseu tivesse seguido Elias de longe não teria sido o homem de Deus que foi. Somente os perseverantes conseguem chegar ao fim!

Em terceiro lugar, Eliseu provou ser um homem vigilante quando “viu” Elias sendo assunto aos céus! (2Rs 2:12). Quando os dois caminhavam juntos, Elias foi levado para o Céu. Eliseu teve o privilegio de testemunhar essa translação e, clamando disse: “Meu pai, meu pai”. Esta atitude demonstra o reconhecimento por parte de Eliseu de que Elias era o seu líder espiritual e o seu reverenciado predecessor.

A história da chamada de Eliseu e como se deu o seu discipulado deveria servir de padrão para os ministros hodiernos! Infelizmente a qualidade dos ministros evangélicos da atualidade tem caído muito e a fragmentação das Convenções e Concílios tem uma boa parcela de contribuição nesse processo. Geralmente o processo acontece pela disputa de domínio de determinado espaço ou território entre as lideranças, que não chegando a um consenso sobre as suas esferas de atuação, resolvem dividir de forma litigiosa determinado campo pastoral. Feito isso, a parte menor passa a consagrar ministros para que uma nova Convenção ou Concílio seja formado. É exatamente aí que as qualificações exigidas para a apresentação de um Ministro da Palavra, exaradas em 1Timóteo capítulo 3, costumam ser esquecidas. A consequência de tudo isso é: uma igreja local doente espiritualmente.

2. A nobreza de um pedido. Antes de ser assunto aos céus, Eliseu fez um pedido muito ousado, porém, bastante nobre: “Peço-te que haja porção dobrado do teu espírito sobre mim” (2Rs 2:9). Esta frase tem sido muitas vezes mal interpretada como um pedido para receber o dobro do Espírito que estava na vida de Elias, e os maiores milagres que ele realizou foram considerados como indicação dessa assertiva. No entanto, esse pedido estava baseado em Deuteronômio 21:15-17, onde a mesma expressão “porção dobrada” é aplicada àquilo que o primogênito recebia da herança de seu pai, ou seja, o filho primogênito recebia o dobro da herança que os demais (Dt 21:17). Eliseu estava pedindo que seu pai espiritual (Elias) fizesse dele o seu principal herdeiro do seu espírito profético, para, deste modo, ele executar a missão de Elias. A resposta de Elias era que não podia conceder esse pedido; somente Deus tinha o poder para tanto. Porém, se o Senhor permitisse a Eliseu presenciar a sua subida ao céu, então ele receberia a “porção dobrada” (2Rs 2:10). Deus atendeu ao pedido de Eliseu, sabendo que o jovem profeta estava disposto a permanecer fiel a Ele, apesar de toda a apostasia espiritual, moral e doutrinária nos dois reinos, de Israel e de Judá. Seu principal objetivo não era ser melhor ou mais poderoso que Elias, mas realizar mais para o Senhor. Se nossos motivos forem honestos, não precisamos ter medo de pedir grandes coisas a Deus. Quando pedimos ao Senhor grande poder ou capacidade é necessário que examinemos nossos desejos e livremo-nos de qualquer egoísmo que encontramos. Se desejarmos obter a ajuda do Espírito Sano, devemos estar prontos para pedir isso.

O dobro de milagres! Eliseu realizou do dobro de milagres de Elias. Este, sete; aquele, quatorze, exatamente o dobro da porção do profeta. Os 14 milagres de Eliseu são: (1) dividir as águas do Jordão (2Rs 2:14); (2) sanear uma fonte (2Rs 2:21); (3) amaldiçoar zombadores (2Rs 2:24); (4) encher os poços com água (2Rs 3:15,26); (5) multiplicar o azeite de uma viúva (2Rs 4:1-7); (6) predizer uma gestação (2Rs 4:17); (7) fazer voltar à vida um jovem morto (2Rs 4:32-37); (8) neutralizar veneno (2Rs 4:38-41); (9) multiplicar pães (2Rs 4:42-44); (10) curar a lepra de Naamã (2Rs 5:1-19); (11) amaldiçoar Geazi com lepra (2Rs 5: 20-27); (12) preparar armadilha para a força militar Síria (2Rs 6:8-25); (13) revelar um exército de anjos (2Rs 6:15-16); e (14) predizer o alívio para a sitiada Samaria (2Rs 6:24-7:20).

IV. O LEGADO DE ELIAS


1. Espiritual. Este gigante da fé nos deixou um rico legado espiritual que deve ser imitado por todos aqueles que cristãos dizem ser. Apresentamos abaixo algumas virtudes espirituais de Elias: um homem mui zeloso, e foi esse zelo que o fez ir até as ultimas consequências na sua defesa da adoração verdadeira (1Rs 18:1-36); um homem extremamente ousado, e isto é facilmente percebido quando ele enfrentou o rei Acabe e prediz a grande seca sobre Israel (1Rs 17:1); um homem possuidor de grande fé, e isto é facilmente perceptível no episódio do Monte Carmelo quando ele sozinho enfrentou os 450 profetas de Baal e os 400 do poste-ídolo Aserá, levando o povo de Israel a reconhecer que “só o Senhor é Deus”. Eliseu teve esse legado espiritual como herança.

2. Moral. Elias não era apenas um homem dotado de grande relevância espiritual, mas também portador de singulares predicados morais. Um padrão moral moldado pela Bíblia é a maior necessidade de um cristão, principalmente os que lideram, na casa do Senhor. As pessoas podem até achar que você não tem grandes habilidades administrativas, técnicas, ou pedagógicas, mas elas precisam ver que você é um homem ou uma mulher temente a Deus. Quando uma pessoa é salva existem evidências da sua salvação. Se alguém diz “eu sou salvo”, mas continua a mentir, roubar e viver imoralmente, é muito claro que não está salvo. Se você é salvo, sua conduta muda como evidência de que alguma coisa mudou no seu interior – no coração. Em 2Corintios 5:17 está escrito:Se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Se não há uma mudança de conduta, então o coração não mudou.

Elias demonstrou que era um homem transformado, não somente portador de grandes virtudes espirituais, mas também de grandes valores morais. A forma como foi usado por Deus confrontando Acabe é um exemplo para todos os que são seduzidos a adular as lideranças ímpias. A percepção do que era certo, ou errado, do que era justo, ou injusto, era patente na vida deste grande profeta de Deus. Por isso ele teve autoridade espiritual e moral para repreender severamente o rei Acabe, quando este consentiu no assassinato de Nabote. Elias também foi um exemplo de obediência em relação à sua substituição; não teve receio de ser substituído por outra pessoa; não teve medo de Eliseu ser mais conhecido que ele, ou de ser mais "poderoso" nem de ter um ministério mais longo. Elias simplesmente obedeceu a Deus e "formou" Eliseu, deixando para Israel um profeta de grande quilate. Portanto, o profeta Elias é digno de ser imitado nestas duas esferas da vida – espiritual e moral -, que fazem o caráter do autêntico servo de Deus.

CONCLUSÃO


Eliseu não apenas herdou a primazia do poder do Espírito que operava em Elias, mas foi herdeiro também do seu caráter, de sua integridade e de sua fidelidade ao Senhor. O que os líderes atuais estão deixando para as novas gerações de líderes, para os nossos sucessores? O que eles estão fazendo por eles? Ainda são referenciais como Elias foi para Eliseu? Nossa “capa” é ainda desejada pelos mais jovens? Qual o nosso legado?

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.

A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.

Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.

Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.