sábado, 26 de setembro de 2015

LIÇÕES BÍBLICAS DO 4º TRIMESTRE/2015


 


 



 
 
Durante o 4º Trimestre de 2015, estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o tema: “O Começo de Todas as Coisas – Estudos sobre o Livro de Gênesis”. As lições serão comentadas pelo Pr. Claudionor de Andrade e estão distribuídas sob os seguintes títulos:

1. Gênesis, o Livro da Criação Divina.

2. A Criação dos Céus e da Terra.

3. E Deus os Criou Homem e Mulher.

4. A Queda da Raça Humana.

5. Caim Era do Maligno.

6. O Impiedoso Mundo de Lameque.

7. A Família que Sobreviveu ao Dilúvio.

8. O Início do Governo Humano.

9. Bênção e Maldição na Família de Noé.

10. A Origem da Diversidade Cultural da Humanidade.

11. Melquisedeque Abençoa Abraão.

12. Isaque, o Sorriso de uma Promessa.

13. José, a Realidade de um Sonho.

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GÊNESIS – O COMEÇO DE TODAS AS COISAS


Quero trazer, como base em estudos e pesquisas, alguns argumentos introdutórios acerca do primeiro livro da Bíblia Sagrada, o livro de Gênesis, objeto de estudo neste 4º Trimestre de 2015. Tudo neste Livro é relevante, didático, profundo, belo e devocional. Até as suas genealogias trazem-nos preciosas lições. Da criação do Universo à morte de José, percorremos um caminho que, apenar das agruras e provas, conduz-nos logo a Criador. Em cada página, encontramos um Deus que, não se limitando a criar, deleita-se em revelar-se à criatura. O livro de Gênesis, portanto, por várias razões, é um dos mais fascinantes de toda a Escritura. Sua localização no cânon, sua relação com o restante da Palavra de Deus e a natureza surpreendente e variada do seu conteúdo o tornam um dos livros mais notáveis das Sagradas Escrituras. É um Livro que precisa ser lido, conhecido e vivido.

1. Gênesis - seu significado. O título Gênesis, vem do grego, e significa “origem”. É, portanto, o Livro das Origens ou do começo. Foi dado pelos tradutores da Septuaginta, entre o século III a.C e o século I a.C, em Alexandria. Os judeus o chamam de bereshîth - “no princípio”, que contém o único relato verdadeiro da criação feito pela única pessoa que estava lá: o Criador. Em Gênesis 1:1, ou seja, no primeiro versículo da Bíblia, Deus é apresentado como Criador dos céus e da terra.

2. Gênesis fala sobre a origem de tudo - menos de Deus. O Espírito Santo, por meio de seu servo Moisés, relata a origem de tudo o que há de mais importante: o homem e a mulher, o matrimônio, o pecado, os sacrifícios, as cidades, o comércio, a agricultura, a música, a adoração, as línguas, as raças e as nações do mundo. Tudo isso nos primeiros onze capítulos. Em seguida, os capítulos 12 a 50 narram o surgimento de Israel, nação criada por Deus com o objetivo de se tornar um microcosmo espiritual a representar todos os povos do planeta. A vida dos patriarcas Abraão, Isaque, Jacó e os doze filhos deste (em especial o cativante e piedoso José) inspirou milhões de pessoas, desde crianças até estudiosos e pesquisadores do Antigo Testamento. Como se vê, Gênesis fala sobre a origem de tudo, menos de Deus.

A Bíblia, em nenhum de seus 31.175 versículos, procura provar a origem ou a existência de Deus. Para o Livro de Gênesis, bem como para toda a Bíblia, Deus existe e só há uma maneira de comprovar sua existência: pela fé - “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe...” (Hb 11:6). Para a Bíblia, não crer em Deus é loucura - “Disse o néscio no seu coração: não há Deus...”(Salmos 14:1). Se o homem crer, Deus existe. Se o homem não crer, Deus continua existindo da mesma maneira.

Gênesis não poderia falar da origem de Deus, porque ele é eterno - “... de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Salmo 90:2). Eterno significa não ter começo e nem fim. Somente Deus, na pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo, é eterno. Ninguém mais. Todos os demais seres, materiais ou espirituais, incluindo Satanás, foram criados, ou seja, tiveram uma origem, por isto não são eternos. Assim, o Livro de Gênesis não começa apresentando provas da existência de Deus, mas começa apresentando Deus como Criador dos céus e da terra.

3. Contexto e tema. Aqueles que rejeitam a existência de um Deus pessoal tendem a classificar Gênesis como uma coleção de mitos pagãos adaptados da mitologia mesopotâmica e “purificados” de seus elementos politeístas, com a intenção de solidificar o monoteísmo hebreu. Outros, menos céticos, consideram Gênesis como uma coleção de sagas ou lendas com algum valor histórico. Na verdade, Gênesis é história e, como toda história, possui natureza interpretativa. Gênesis apresenta uma história teológica, isto é, narra os fatos sob a perspectiva do plano divino. Como se diz: “a história do mundo é a história de Deus”.

Embora seja o primeiro livro da “lei” (Tora no hebraico, com o significado de “instrução”), Gênesis apresenta pouco material jurídico. Gênesis é chamado de “lei” pelo fato de servir de fundamento para os textos de Êxodo a Deuteronômio e para a entrega da lei a Moisés. Na verdade, Gênesis representa não apenas o fundamento da história bíblica, mas também da história da humanidade.

Os temas de bênção e maldição estão meticulosamente entrelaçados no texto de Gênesis e em toda a Escritura. A obediência produz bênção, mas a desobediência gera maldição.

As maldiçoes mais conhecidas são: as punições após a queda, o dilúvio universal e a confusão das línguas em Babel.

As Bênçãos mais famosas são: a promessa do Redentor, a salvação de um remanescente durante o dilúvio e a escolha de Israel como nação, formada especialmente para servir de canal da graça de Deus.

Se Gênesis narra a história como de fato aconteceu, então de que maneira Moisés teve acesso às genealogias, aos acontecimentos e à correta interpretação desses acontecimentos?

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que a arqueologia tem apoiado (não “aprovado”, mas confirmado, esclarecido) o relato de Gênesis em muitas áreas, principalmente com relação aos patriarcas e seus costumes.

Alguns liberais do século XIX, como Hartmann, afirmaram que Moisés não poderia ter sido o autor do Pentateuco, uma vez que a escrita ainda não havia sido inventada. Hoje sabemos que Moisés poderia ter utilizado qualquer um dos vários sistemas de escrita da Antiguidade, pois era versado em todo o conhecimento do Egito.

Sem dúvida, Moisés utilizou relatos deixados por José, além de tabuinhas, pergaminhos e traduções orais da Mesopotâmia trazidos por Abraão e seus descendentes. Esse material continha as genealogias que compõem as seções principais de Gênesis conhecidas como “os descendentes de Adão”, etc.

O Espírito Santo o inspirou a separar o material adequado e deixar de lado o restante. Em última análise, porém, todas essas fontes ainda não eram suficientes. Portanto, Deus provavelmente acrescentou detalhes aos diálogos e aos outros fatos por meio de revelação direta.

No final das contas, tudo se resume em fé: ou Deus é capaz de produzir esse material por meio de seu servo, ou não. Fiéis de todas as gerações, desde os primórdios até hoje, têm atestado que Deus é verdadeiro.

A arqueologia pode nos ajudar a reconstruir a cultura dos patriarcas e assim proporcionar mais vivacidade aos relatos bíblicos. Todavia, somente o Espírito Santo é capaz de iluminar a verdade de Gênesis em nosso coração e vida cotidiana. (1)

4. Gênesis - sua esfera de ação, no tempo. A abrangência do Livro de Gênesis, no tempo, não pode ser quantificada em números. Gênesis informa que os céus e a terra foram criados no princípio. Não se diz que foi a milhões, bilhões, ou trilhões de anos - diz, no princípio. Tentar identificar quando foi esse “princípio” é uma tarefa inglória. Não se pode entender aquilo que o Espírito de Deus não revelou.

5. Gênesis - sua esfera de ação depois que o tempo começou a ser contado. Pelos cálculos da ciência a história do homem sobre a terra retrocedeu até o ano 4.004 a. C., que seria o tempo de Adão. Assim, de acordo com a história que é conhecida, o Livro de Gênesis - de Adão à morte de José - abrange um período de cerca de 2.369 anos, que pode ser assim dividido:

a) de Adão, ano 4004 a. C., até o Dilúvio, ano 2348 a. C., foram 1.656 anos;

b) do Dilúvio até a chamada de Abraão, ano 1921 a. C., foram 427 anos;

c) de Abraão até a morte de José (Gn 50:26) - ano 1.635 a. C. -, foram 286 anos.

Lembrando que os números são mais ou menos aleatórios. Servem, apenas, como ponto de referência.

6. O Conteúdo do Livro de Gênesis. Para efeito de estudo, o Livro de Gênesis pode ser dividido de muitas maneiras. Vamos dividi-lo, aqui, em duas partes:

1ª Parte - Sinopse, ou síntese, da Criação:

a) A criação primitiva (Gn 1:1).

b) O estado caótico (Gn 1:2).

c) A obra dos seis dias (Gn 1:3-31).

d) O sétimo dia (Gn 2:1-3).

Esta primeira parte não pode ser delimitada no tempo. Ela teve início “no princípio”.

2ª parte - a história de 2.369 anos em torno de nove personagens (Gn 2:4-50:26).

Entendendo melhor...

1ª Parte - Sinopse, ou síntese, da Criação. “No princípio, criou Deus...”. Como dissemos, não há como identificar quando ocorreu esse “princípio”. Não vamos tentar entender o que o Espírito de Deus não revelou. Pelo que está revelado, sabemos que Deus é o Criador - “... criou Deus...”. Deus não fez - Deus criou. Fazer significa construir ou elaborar alguma coisa utilizando-se algo preexistente, ou seja, matéria prima. O fazer é do homem - o criar é de Deus.

Deus é o Criador - criar significa trazer à existência o que antes não existia, ou seja, do nada. A matéria não é eterna, como quer a ciência. A matéria teve uma origem - foi criada por Deus.

Deus é o Criador e não transferiu a propriedade da obra que ele criou - “Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam”(Salmo 24:1).

- A obra criada - “no princípio” - era perfeita. A perfeição é um dos atributos de Deus. As coisas que ele cria ou faz, levam a marca de sua perfeição. A terra criada, referida pelo Espírito de Deus, era perfeita e bela e sua criação foi aplaudida pelos anjos, os quais foram criados antes da criação do mundo material, conforme Deus revelou a Jó: “Onde estavas tu, quando eu fundava a terra?... Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam?” (Jó 38: 4,7).

- A obra da Criação foi executada pela Trindade. No hebraico, referindo-se à obra de Criação a expressão usada é “Elohim”, que é o plural de “Elôah”. “Elôah” significa Deus.

2ª Parte - a história de 2.369 anos em torno de nove personagens (Gn 2:4 -50:26). Os nove personagens são: Adão, Caim, Abel, Sete, Noé, Abraão, Isaque, Jacó e José. Tendo uma ideia dos acontecimentos havidos em torno destes homens, então temos uma visão global do Livro de Gênesis.

a) Adão (Gn 2:4 - 3:24). Relata o homem como foi criado, sua relação de dependência de Deus e a relação familiar. Num segundo momento o homem é enfocado sob a tentação, terminando com a queda e a consequente expulsão do jardim do Éden.

b) Caim (Gn 4). A Bíblia não é o Livro da história do homem. A Bíblia é o Livro da história da redenção. Assim, o Espírito de Deus só registrou os nomes daquelas pessoas que participam da história da redenção. Caim é uma dessas pessoas. Ele representa a humanidade caída, pecadora e fugitiva da presença de Deus - “E saiu Caim de diante da face do Senhor...”(Gn 4:16).

c) Abel/Sete (Gn 4:1 e 5:1-8). Os dois podem ser agrupados como sendo apenas um, visto que representam Jesus, em dois momentos. Abel - aquele que foi morto pelo seu irmão, porque as suas obras eram boas e as de seu irmão eram más (1Pedro 3:12) -, representa Jesus, Homem, morto pelos seus irmãos, os judeus. Sete - aquele que nasceu logo após a morte de Abel -, representa Jesus, ressuscitado. Abel morreu e desceu à sepultura. Sete, nasceu, ou subiu a ocupar o lugar deixado pelo seu irmão.

d) Noé (Gn 6:1-11:9). O Dilúvio pode ter ocorrido por volta do ano 2.348 a. C., ou seja, 1.656 anos depois de Adão. Noé representa o ponto de ligação entre a geração antediluviana e a pós-diluviana. Seus descendentes repovoaram a terra.

e) Abraão (Gn 11:10-25:10). Para se ter uma ideia da importância que Abraão representa na Bíblia, basta verificar que o Espírito de Deus reservou 14 capítulos para relatar a sua história, num período de tempo compreendido entre a sua chamada e a sua morte, ou seja, num espaço de 100 anos, apenas. Dentro deste período, o Espírito de Deus, usou onze capítulos da Bíblia para relatar vinte e cinco anos de sua vida - de sua chamada ao nascimento de Isaque, ou seja, dos 75 aos 100 anos. Enquanto isto, o Espírito de Deus, para contar a história de 2.100 anos - de Adão a Abraão - usou, apenas, onze capítulos da Bíblia. Abraão é, sem dúvida, um dos principais personagens da história da redenção.

f) Isaque (Gn 21 a 28). Isaque, o filho da promessa, é uma figura muito viva de Jesus, o Filho do Pai. No capítulo 24, vemos Isaque, como figura de Jesus, recebendo sua noiva, Rebeca, uma figura da Igreja. Foi ele quem levou Rebeca, símbolo da Igreja, para ocupar o lugar de Sara, símbolo de Israel, na tenda que estava vazia (Gn 24:67). Após cumprir sua missão de trazer ao mundo Isaque, o filho da promessa, Sara morreu, deixando vazia a sua tenda, a qual foi ocupada por Rebeca, da mesma forma que a Igreja ocupou o lugar da nação de Israel, no Plano de Deus.

g) Jacó (Gn 25:26-37:1). Jacó, através de seus doze filhos, deu origem à nação de Israel, formada por doze tribos.

h) José (Gn 37:2-50:26). José é, talvez, a/ou uma das mais perfeitas figuras de Jesus, no Antigo Testamento. Vejamos alguns pontos desta simbologia: amado do pai e odiado pelos irmãos; testemunhava contra os erros dos irmãos; conspiração dos irmãos contra ele; vendido por dinheiro; entre dois réus um se salva e o outro é condenado; obtendo uma esposa gentia durante sua rejeição pelos irmãos; perdoando os irmãos; seus sofrimentos e sua exaltação; salvador do mundo, etc.

7. Duas figuras de Jesus no Livro de Gênesis. Tipologicamente o Senhor Jesus pode ser encontrado inúmeras vezes em Gênesis. Vejamos duas:

a) o cordeiro sacrificado para cobrir a nudez do homem - “E fez o Senhor Deus a Adão e a sua mulher túnicas de peles, e os vestiu” (Gn 3:21).

b) o cordeiro que foi morto em lugar de Isaque - “... e foi Abraão, e tomou o carneiro, e oferecendo-o em holocausto, em lugar de seu filho” (Gn 22:13).

8. Uma mensagem de Gênesis para o crente de hoje. Em Gênesis, Deus é o Criador de todas as coisas. Segundo Lavoisier, o pai da química moderna, “na natureza nada se perde e nada se cria... tudo se transforma”. Assim, de acordo com a ciência, tudo o que se fez, até hoje, usou-se a matéria-prima que foi criada por Deus. Deus é o dono de tudo, incluindo o nosso corpo, por direito de criação. Desta forma, o “nosso” corpo é propriedade de Deus e deve ser usado de acordo com a Sua vontade - “... e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Tes 5:23).

Talvez você já tenha ouvido alguém afirmar a seguinte inverdade: “o corpo é meu; faço dele o que eu quero”. Esta é uma afirmação que só pode ser feita por alguém que não conhece a Palavra de Deus. Deus é o Criador de todas as coisas, razão porque todas as coisas lhe pertencem – “Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam”(Sal 24:1). Portanto, ninguém é dono de nada; tudo pertence a Deus, incluindo nossa vida e nosso corpo. Nós somos apenas mordomos dos bens de Deus. O mordomo tem que administrar de acordo com a vontade de seu Senhor, caso contrário, dará conta do mau uso que fizer dos bens que lhe foram confiados. Assim, aquele que afirmar ser dono de seu corpo está usurpando os direitos de Deus, pois o corpo é propriedade de Deus por direito de criação. Foi ele quem criou o corpo, do pó da terra. Assim, aquele que fizer do corpo o que quiser fazer, certamente responderá diante de Deus pelo uso errado que tiver feito.

Portanto, há razão suficiente para dedicarmo-nos ao estudo do livro de Gênesis. Nele, somos convidados a compreender como começou a história do povo de Deus que culminou na revelação de Jesus Cristo, a fim de que hoje fôssemos alcançados pela graça de Deus em Cristo Jesus, o nosso Senhor.

Que Deus nos abençoe e que o Seu Santo Espírito nos ilumine neste último trimestre de 2015.

Ev. Luciano de Paula Lourenço

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(1) William Macdonald – Comentário Popular do Antigo Testamento. CPAD.

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