domingo, 31 de julho de 2016

Aula 06 – A EVANGELIZAÇÃO DOS GRUPOS DESAFIADORES


3º Trimestre/2016

Texto Base: Lucas 7:36-50

 
“[...] e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora (João 6.37)”.

 

INTRODUÇÃO

A evangelização que não inclui as pessoas marginalizadas pela sociedade é incompleta e não expressa plenamente o amor de Deus. O amor de Deus é inclusivo. Ele não admite que ninguém fique de fora, mas "quer que todos os seres humanos se salvem e venham ao conhecimento da verdade" (1Tm 2:4). Certamente é um grande desafio evangelizar os grupos desafiadores, dentre os quais desta­camos as prostitutas, os homossexuais, os criminosos e os viciados. Todavia, a Igreja deve engendrar todo esforço possível, com estratégias inteligíveis e bem direcionadas, para atingir a mensagem do amor de Deus a todos esses que a sociedade pertinaz procura exclui-los. O Salvador Jesus não exclui ninguém. Ele nunca aprovou o pecado, porém sempre se mostrou acessível ao pecador. Seu convite generoso ainda continua aberto: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11:28).

I. JESUS ANUNCIA O EVANGELHO DA INCLUSÃO

Para mostrar a ação inclusiva de Jesus Cristo, quero destacar duas narrativas do Novo Testamento: da mulher prostituta que, além de ungir Jesus, lavou-lhe os pés com as lágrimas, enxugando-os com os pró­prios cabelos (Lc 7:36-50); da mulher samaritana, que tinha uma vida conjugal libertina (João 4:5-42).

1. A mulher prostituta. Trata-se da mulher que ungiu os pés de Jesus por ocasião de uma refeição na casa de um fariseu chamado de Simão (Lc 7:36-50). Uma refeição tal qual aquela que Jesus estava participando não era particular, as pessoas podiam entrar e ver o que estava acontecendo. Entretanto, uma prostituta não seria benvinda na casa de Simão, de modo que exigia coragem chegar até lá. Embora a mulher não fosse uma convidada, ainda assim ela entrou na casa e ajoelhou-se por detrás de Jesus, aos seus pés. As pessoas estavam reclinadas para comer, de modo que a mulher ungiu os pés de Jesus sem aproximar-se da mesa. A mulher levou um vaso de alabastro com unguento. Muitas mulheres judias usavam um pequeno frasco de perfume em um cordão ao redor do pescoço. Este vaso com unguento deve ter custado um grande valor para essa mulher. Ela começou a chorar, e a regar-lhe os pés com lágrimas, e os enxugou com os cabelos. Essa mulher compreendeu que Jesus era muito especial. Talvez ela, como uma pecadora, tivesse vindo a Jesus com grande tristeza pelos seus pecados. Talvez ela tenha vindo a Jesus agradecida por ter sido perdoada, e por isto ofereceu a Ele o seu unguento caro, o melhor que ela tinha. Lavar os pés de Jesus era um sinal de profunda humildade – este era o trabalho de um escravo. É uma conjectura razoável afirmar que Jesus fizera esta mulher voltar-se dos seus caminhos pecaminosos, e que tudo isto era a expressão do amor e da gratidão dela. A gratidão é um sinal da conversão. 

Algumas deduções são possíveis a partir deste episódio:

a) A mulher pecadora era “cobiçada” pelos homens, mas não se sentia amada por Deus. Não há dúvida de que essa mulher, sempre disponível para os homens, sendo cobiçada por eles, não se sentia uma mulher amada. É somente quando ela encontra o Senhor Jesus que ela de fato vai saber o que é se sentir realmente amada. Jesus fez com que a mulher pecadora se sentisse perdoada por Deus.

b) A mulher pecadora levava consigo um frasco de perfume, mas não conseguia encobrir o fedor do seu passado. O fariseu que convidou Jesus, ao observar a cena da mulher ungindo o Senhor, pensou: “Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora”. Pela lei, aquela mulher de fato era uma pecadora. O fariseu e todos os presentes ali sabiam disso. Parece que aquela mulher fedia a pecado. Foi somente quando teve o contato com o Mestre que o seu pecado e consequentemente o seu passado foram esquecidos diante de Deus. Agora ela não fedia mais a pecado, mas tornara-se o bom perfume de Cristo (2Co 2:15).

c) A mulher pecadora vendia o seu corpo, mas não conseguia comprar a paz. O que de fato essa mulher procurava e buscava com intensidade era encontrar a paz. Ela tinha os homens à sua volta, ganhava dinheiro com seu corpo, mas não conseguia encontrar a paz. Jesus mostra-lhe que ser amada por Deus e perdoada por Ele é o que importa. A paz vem quando o perdão de Deus é derramado em seu coração.

d) A mulher pecadora aprendeu que a Lei condena, mas a graça perdoa. A Lei puniu aquela mulher, a graça a perdoou. A Lei a excluía, a graça a abraçou. A Lei foi dada através de Moisés, a graça e a verdade vieram através de Jesus Cristo (João 1:17).

2. A mulher Samaritana. João 4:5-42 descreve o diálogo de Jesus com a mulher samaritana. Ela era uma pessoa que tinha tudo para ser relegada ao desprezo. Além de pagã, essa mulher (inimiga dos judeus) tinha uma vida totalmente desregrada. Ao acolher a samaritana, naquelas condições, Jesus abriu caminho para que ela pregasse o seu Evangelho ao povo a que ela pertencia, o que pode ser visto em João 4:26-29 - “Deixou, pois, a mulher o seu cântaro e foi à cidade e disse àqueles homens: Vinde e vê um homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura não é este o Cristo? Saíram, pois, da cidade e foram com ter com ele”. É interessante constatarmos que as pessoas que são libertas, que são salvas por Jesus, transformam-se em seguidoras dEle; em proclamadoras do reino de Deus, usando os recursos que tem em suas mãos. Você se sente liberto por Jesus? Você tem seguido a Jesus de forma secreta ou pública?

II. O EVANGELHO ÀS PROSTITUTAS

Prostituta é a profissional do sexo, é o modo de vida de uma mulher que pratica a atividade sexual por dinheiro. Neste sentido, a Bíblia fala de Raabe: “Foram, pois, e entraram na casa duma mulher prostituta, cujo nome era Raabe, e dormiram ali”(Josué 2:1).

A prostituta é também conhecida como meretriz e rameira. Em Israel não podia haver prostituta, ou rameira – “Não haverá rameira dentre as filhas de Israel...”(Dt 23:17). O dinheiro da prostituta não podia ser aceito na Casa do Senhor – “Não trarás salário de rameira... à casa do Senhor, teu Deus, por qualquer voto...”(Dt 23:18). Até o seu dinheiro era considerado como “...abominação ao Senhor, teu Deus”.

Deus aborrece os atos praticados pelas prostitutas, mas Ele almeja salvá-las - “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição”(1Ts 4:3). Raabe creu no Deus de Israel, abandonou a prostituição, casou e tornou-se a tataravó do rei Davi apesar de sua vida sórdida – “E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé” (Mt 1:5). O nome dela está no nobre rol dos heróis da fé – “Pela fé Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias” (Hb 11:31).

O Senhor Jesus Cristo desejava e deseja a conversão das meretrizes. Por isso, Ele profere as seguintes palavras aos escribas e fariseus: "Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus" (Mt 21:31,32).

No tópico anterior, mencionamos um fato narrado por Lucas, que retrata o amor de Jesus por qualquer pessoa, inclusive pelas prostitutas. Deus não faz acepção de pessoas, Ele quer salvar todas elas, indistintamente. Diz João 3:16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Veja que o texto sagrado diz: “todo aquele que nele crê”, não exclui nenhum ser humano, por mais vil que ele seja.

O apóstolo João narra um episódio que ocorrera com uma mulher apanhada em adultério (João 8:1-11). A palavra adultério tem origem no latim, onde “adulterium” significa “dormir em cama alheia”. Logo, adultério é o pecado sexual praticado por pessoa casada.

Certa feita, Jesus foi para o monte das Oliveiras e, pela manhã cedo, voltou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele, e, assentando-se, os ensinava. E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério. E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando, e, na lei, nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isso diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra. E como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se e disse-lhes: Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isso, saíram um a um, a começar pelos mais relhos até aos últimos; ficaram só Jesus e a mulher, que estava no meio. E, endireitando-se Jesus e não vendo ninguém mais além da mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais.

Max Lucado, narra em seu livro - “Ele ainda remove pedras” -, a cerca deste episódio:

“Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando” (Jo 8:4). A acusação ressoa para fora dos tribunais. Num instante ela foi arrancada da paixão privada para o espetáculo público. As cabeças apareciam em todas as janelas enquanto tais homens a arrastavam pelas ruas. Os cachorros latiam. A cidade inteira estava olhando. Agarrando um fino véu sobre seus ombros, ela esconde sua nudez. Mas nada podia esconder sua vergonha.

A partir daquele momento, ela seria conhecida como a mulher adúltera. Quando fosse ao mercado, as mulheres comentariam. Quando passasse pelas ruas, as cabeças se voltariam para o outro lado. Quando seu nome fosse mencionado, as pessoas se lembrariam.

Os fracassos morais são facilmente lembrados. Contudo, o que é mais ridículo passa despercebido. O que a mulher fez é vergonhoso, porém, o que os fariseus fizeram foi desprezível. De acordo com a Lei, o adultério era punido com a morte, mas apenas se duas pessoas tivessem testemunhado o fato. Era preciso haver duas testemunhas oculares. Pergunto: qual a probabilidade de duas pessoas serem testemunhas oculares de um adultério? Quais são as chances de duas pessoas, de manhã cedo, encontrarem subitamente um homem e uma mulher em abraços proibidos? É improvável. Todavia, se isso acontecer, há muita chance de não ter sido uma simples coincidência.

Assim, somos levados a pensar: por quanto tempo aqueles homens ficaram olhando pela janela antes de entrarem no local? Porquanto tempo eles ficaram espreitando por trás das cortinas até que se revelassem?

E quanto ao homem? O adultério exige a participação de duas pessoas. O que aconteceu com ele? Será que fugiu?

As evidências deixam poucas dúvidas.  Era uma armadilha. A mulher fora pega. Mas logo descobriria que ela não era a presa — era apenas a isca.

"Na lei, nos mandou Moisés que as tais [mulheres] sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?" (João 8:5). Como eram convencidos os membros daquele “nobre” comité de ética. Muito orgulhosos de si mesmos, esses agentes da “retidão”. Este será um momento do qual eles se lembrarão por muito tempo: a manhã em que pegaram e derrotaram o poderoso Nazareno.

E quanto à mulher? Bem, ela era secundária. Era simplesmente um peão no jogo. Seu futuro? Isso não era importante. Sua reputação? Quem se importa se for arruinada? Para eles, ela era uma parte necessária de seu plano, mas totalmente descartável.

A mulher olha para o chão. Seus cabelos suados caem sobre os ombros. Suas lágrimas escorrem diante de tamanho sofrimento. Seus lábios estão apertados e sua boca, cerrada. Ela sabe que foi apanhada. Não adianta buscar ajuda. Nunca receberá nenhuma misericórdia. Ela olha para as pedras nas mãos dos homens. Eles apertam com tanta força que seus dedos estão esbranquiçados. Ela, então, pensa em correr. Mas para onde? Poderia alegar maus-tratos. No entanto, para quem? Poderia negar o fato, mas fora vista. Poderia clamar por misericórdia, mas aqueles homens não estavam dispostos a lhe oferecer tal piedade. A mulher não tinha para onde ir.

Você poderia esperar que Jesus se levantasse e proferisse um julgamento contra aqueles hipócritas. Todavia, Ele não fez isso. Poderia até esperar que Ele tomasse a mulher e os dois se teletransportassem para a Galiléia. Mas não foi isso o que aconteceu. Você também poderia imaginar que um anjo desceria do céu e falaria alguma coisa ou que a terra tremeria. Não, não foi nada disso.

Mais uma vez, o movimento de Jesus é sutil. Porém, uma vez mais, sua mensagem é clara. O que Jesus faz? Ele escreve na areia. Ele se curva e começa a desenhar na terra. Os mesmos dedos que gravaram os Mandamentos do Sinai e escreveram o aviso na parede da sala de banquete de Belsazar, agora rabiscam o chão. Enquanto escreve, Ele fala: "Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela" (João 8:7). Os jovens olharam para os velhos. Os velhos olharam para dentro de seus corações. Estes são os primeiros a deixar as pedras caírem no chão. Enquanto se viram para ir embora, os jovens, tomados do mesmo sentimento, fazem a mesma coisa. O único som que se houve é o da batida das pedras no chão e o dos passos daqueles que estão se retirando.

Jesus e a mulher são deixados sozinhos. Sem o júri, a sala do tribunal se transforma no gabinete do juiz e a mulher espera seu veredicto. É certo que Ele está preparando um sermão. Sem dúvida vai querer que eu peça desculpas. Mas o Juiz não fala. Sua cabeça está baixa; talvez ainda esteja escrevendo alguma coisa na areia. Ele parece surpreso quando percebe que a mulher ainda está ali.

Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Ninguém, Senhor. Então, disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais (João 8:10,11).

Se você já se maravilhou com o modo como Deus reage quando você fracassa, coloque essas palavras num quadro e pendure-o na parede. Leia este quadro. Pondere sobre ele. Coloque-se diante dele e deixe que sua mensagem lave a sua alma. Permita que Cristo se coloque ao seu lado, enquanto você torna a contar todos os eventos das noites mais escuras de sua alma. Depois disso, ouça. Ouça atenciosamente. Ele está falando: "Eu não julgo a sua culpa”.

Depois, assista. Assista com atenção. Ele está escrevendo. Está deixando uma mensagem. Não na areia, mas numa cruz. Não com sua mão, mas com seu sangue. Sua mensagem é composta por uma única declaração: inocente.

Este episódio nos leva a entender que o tribunal dos homens é mais rigoroso que o tribunal de Deus, pois no tribunal dos homens a mulher saiu envergonhada e condenada; mas, no tribunal de Cristo, ela foi exortada a deixar o seu pecado e a recomeçar sua vida.

Portanto, Jesus quer salvar todas as pessoas, indistintamente, inclusive as prostitutas, porque Ele morreu por elas também (João 3:14-16). Cabe à igreja estabelecer estratégias para evangelizar essas pessoas.

III. O EVANGELHO AOS HOMOSSEXUAIS

Não há como negar a relevância de tema como este: a evangelização de homossexuais. Para alguns, o esforço para a evangelização de homossexuais é inútil, é como lançar pérolas aos porcos. Mas acredito que pessoa alguma, por pior que seja, jamais está fora do alcance da graça, do amor e do poder de Deus. Deus diz, em sua Palavra, que ainda que os nossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã (cf. Is 1:18). Para quem crer na origem divina desta palavra há motivos para compartilhar as boas-novas aos homossexuais.

1. O que você precisa saber para evangelizar os homossexuais. Em primeiro lugar, você precisa saber que ninguém nasce homossexual. Assim sendo, você não deve tratar e olhar para essas pessoas como se fossem homossexuais deste o ventre da mãe. É ao longo da criação e da vida que as pessoas se tornam desajustadas moral, psicológica e socialmente. Não é o corpo que torna corruptível a mente ou a alma, mas é uma mente desajustada que torna o corpo desenfreado. Uma mente pervertida leva a pessoa a um comportamento sexual (ou outro qualquer) pervertido, antinatural.

Em segundo lugar, o cristão que vai evangelizar os homossexuais precisa também tomar consciência de que, embora Deus ame essas pessoas, Ele reprova o comportamento delas. Paulo em sua Primeira Carta aos Coríntios, diz que "nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas...herdarão o reino de Deus (1Co 6:9,10). Em Levítico 18:22 Deus exorta seu povo para que o homem não se deite com outro homem como se fosse uma mulher, pois isso é abominação. Essa é uma outra razão por que tais pessoas precisam ser trazidas de volta para Deus, para o caminho da verdadeira vida.

2. Como evangelizar os homosse­xuais. O Cristão ao evangelizar um homossexual não deve discriminá-lo, tratá-lo como se fosse sujo, indigno ou inferior. É uma pessoa, é gente, é criatura de Deus. Deve ser tratado com dignidade. Devemos vê-lo como as demais pessoas carentes da graça de Deus. Se crer no Evangelho e arrepender-se de seus pecados, certamente será salvo.

É preciso paciência, perseverança, insistência, muita oração e solidariedade na evangelização dessas pessoas. Precisamos tomar consciência de que os frutos dessa evangelização não são imediatos, rápidos. Se queremos ganhar essas pessoas para Jesus, precisamos estar possuídos de um profundo amor por elas. Aquele amor de Jesus que não se envergonhava, mas que se identificava sem dar apoio ao mal.

Muitas pessoas estão na prática do homossexualismo e da prostituição não porque gostam dessa vida. Muitas dessas pessoas foram levadas a isso por traumas de infância, ou traumas recentes ou por abuso de adultos inescrupulosos e impiedosos.

A recuperação dessas pessoas e a integração delas na sociedade em geral, e na igreja em particular, é muito difícil. Elas precisam de um acompanhamento todo especial. Caso não haja um trabalho de acompanhamento, essas pessoas logo serão novamente assediadas pelos falsos amigos, que as arrastarão para a vida de prostituição, masculina e feminina.

A recuperação do homossexual é difícil, mas não impossível. Temos exemplos na igreja de Corinto. Diz o apóstolo Paulo: “Tais fostes alguns de vós” (1Co 6:11). Aqui, Paulo dá testemunho de conversão genuína naquela igreja. Essa é uma frase milagrosa. Houve um milagre da graça de Deus no inferno moral da cidade de Corinto. Paulo chama-os de “irmãos” vinte vezes na Primeira Carta aos Coríntios.

Quando se começa a ler a Carta Primeiro aos Coríntios, a gente coça a cabeça e pergunta: “será que esse povo era crente mesmo? Será que esse povo era convertido mesmo?”. Paulo tem o cuidado de chamá-los vinte vezes de irmãos. Paulo dá esse testemunho: “Tais fostes alguns de vós...”: injustos, impuros, idólatras, adúlteros, homossexuais.... Porém, Paulo acrescenta: houve um momento em que Jesus transformou a vida de vocês e vocês foram mudados.

Portanto, devemos olhar os homossexuais como pessoas que precisam do arrependimento e da fé em Cristo Jesus.

IV. O EVANGELHO AOS CRIMINOSOS

O Senhor Jesus está interessado em salvar não apenas as prostitutas, os homossexuais, mas igualmente os criminosos que estão presos. As prisões, em todos os estados da federação, acham-se abar­rotadas de homens e mulheres que precisam ouvir a verdade libertadora do Evangelho. A maior prisão de um ser humano não é a cadeia que prende o homem exterior, mas a cadeia que prende o homem interior. Só quem pode libertá-lo é Jesus Cristo. Está escrito: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). Quem é a verdade? Jesus. Ele disse: “Eu sou o caminho a verdade e a vida...” (João 14:6).

1. Por que devemos evangelizar o criminoso. Em novembro de 2015, certo pastor por nome Davey Blackburn - que lidera a Resonate Church em Indianapolis, Indiana -, perdeu sua esposa grávida durante um assalto à sua residência. Ele, que já havia anunciado que perdoava os assassinos, afirmou que gostaria de evangelizá-los.

Sua esposa estava grávida de três meses quando foi estuprada e assassinada a tiros em sua própria casa no dia 10 de novembro. Os criminosos, Larry Taylor, Jalen Watson e Diono Gordon, foram presos e processados pela morte de Amanda Blackburn, que deixou um filho pequeno.

Em uma entrevista concedida ao pastor Perry Noble, líder da megaigreja New Spring, em Anderson, Carolina do Sul (EUA), Davey disse que “o perdão não é uma emoção”, e que, portanto, precisa colocá-lo em prática.

“Eu nunca poderia simplesmente sentir que iria perdoá-los. Você nunca vai se sentir como se quisesse perdoar alguém que lhe fez algo que é irreparável… O que eu percebi é que o perdão é uma decisão e não apenas uma decisão de uma só vez. É uma decisão diária”, pontuou. “Todos os dias eu tenho que acordar… e eu tenho que decidir perdoar. E eis o motivo pelo qual eu decidir perdoar. A amargura e a falta de perdão seriam um câncer que mais ninguém além de mim estaria desenvolvendo. Isso iria me corroer por dentro se eu o alimentasse”, acrescentou.

“Eu sei que isso parece loucura, e eu honestamente não sei como vou fazê-lo fora da graça de Deus, mas eu realmente espero ter a oportunidade de compartilhar o Evangelho com esses caras […] Imagine se esses três caras conhecem Jesus. Imagine o grande golpe que isto seria para o inimigo”, concluiu (fonte: https://noticias.gospelmais.com.br/pastor-evangelizar-criminosos-assassinaram-esposa-82480.html).

Então, por que devemos evangelizar os criminosos? Porque cada alma convertida é um grande golpe para Satanás, o arqui-inimigo de Deus, e um grande triunfo para o Reino e Deus. Devemos visitar os presídios para evangelizar os ladrões e criminosos que porventura lá estejam, pois Jesus não veio para os sãos e sim para os doentes, não veio para os justos, mas para os injustos, não veio para os salvos, mas para buscar e salvar os perdidos (Lc 19:10; Mt 9:10-13).

2. Como Evangelizar nos Presídios. A evangelização nos presídios requer muito cuidado e sabedoria do evangelizador. Pode acontecer o fato de o preso procurar um visitante para dizer de sua inocência, que está ali injustamente. É possível também ser isso verdade. Mas esse é um caso para advogado. Peça que ele converse com o seu advogado sobre isso, e se a igreja tiver algum serviço nessa área, diga ao preso que pedirá ao advogado para conversar com ele. Não obstante, não se esqueça de dizer ao preso que tanto você quanto ele são pecadores diante de Deus e precisam do perdão de Jesus, da paz de Deus.

Os evangelizadores devem respeitar os regulamentos estabelecidos para visita. Eles visam à boa ordem nos presídios e à segurança de todos. Infringir tais regulamentos, sob o pretexto de que Deus nos guarda e não permitirá que coisa alguma de mal aconteça é imprudência. Procure saber sobre quantas pessoas podem ir ao presídio, se pode levar instrumentos, se pode cantar, se há um lugar para culto com todos os presos, quanto tempo disponível para tal visita, se pode distribuir literatura, etc.

Os evangelizadores devem contar com literatura especial. Devemos ter muito cuidado ao escolher a literatura a ser usada na evangelização nos presídios. Leia o material a ser distribuído, e certifique-se se tal material é o mais indicado. Cuidado com os textos bíblicos a serem lidos. Não se deve apontar o dedo acusador. Não use a Bíblia ou Deus como uma arma ou um juiz implacável contra os pecadores. Lembre-se que nós todos somos pecadores. Não são pecadores apenas aqueles que estão nos presídios. Portanto, em sua fala nos presídios, procure sempre incluir-se entre os pecadores, entre os que necessitam do amor de Deus.

A Igreja deve se esforçar para evangelizar os presídios e os menores que estão sofrendo medidas socioeducativas. Além disso, não deve se ausentar das áreas de risco, levando o Evangelho de Cristo às pessoas que traficam drogas e dependentes químicos. Há muitos crentes chamados por Deus para evangelizar nesses ambientes. A igreja deve dar todo apoio logístico a esses evangelizadores.

V. O EVANGELHO AOS VICIADOS

O vício da droga e do álcool está cada vez mais se tornando comum entre os jovens. Muitos começam a usá-los para preencher um profundo vazio interior e/ou esquecer traumas de suas vidas. Porém, não conseguem. Outros acabam indo para o caminho das drogas através de "amigos" do colégio ou faculdade. E muitas pessoas, só se sentem bem atrás do álcool e das drogas. É uma terrível situação que tira toda tranquilidade e alegria das famílias. Mas isso não significa que sejam impossíveis de serem ganhos para Cristo. Aquilo que é impossível para os homens é possível para Deus (Mt 19:25,26). Pessoas viciadas precisam dessa libertação, e sabemos que a verdadeira liberdade é em Jesus Cristo.

Como evangelizar os viciados? Não é fácil expor o Evangelho aos alcoólatras e aos que vivem nas cracolândias. Levá-los a uma conversão a Cristo exige um grande trabalho, com uma equipe evangelizadora especializada e assistida por profissionais competentes. Você deve mostrar o amor e o poder de Deus para perdoar e transformar nossas vidas por completo. Aceitando a Cristo, encaminhe-o para alguma casa de recuperação. Paralelamente a um encaminhamento, você deve orar por ele e levá-lo a Jesus, lendo textos da Bíblia que mostram o amor e o poder de Deus para perdoar e transformar toda nossa vida, tais como estes: Salmo 32 e 51; Isaías 53; Mateus 11:28-30; Lucas 19:1-10; João 14:6; Romanos 12:1,2; 1João 1:7-9.

Evite colocar-se numa posição de juiz. Mostre, com amor, a necessidade que o viciado tem, como você, de Jesus como Salvador e Senhor. 

É preciso conscientizar o que consome e abusa do álcool e das drogas que ele não é um viciado inveterado, que não tem mais jeito. É preciso dizer-lhe que há solução em Cristo Jesus para a vida dele. Isso pode ser feito com oração, paciência e pelo poder do Espírito Santo.

Na obra de evangelização dos viciados, o cristão precisa reconhecer a validade e a necessidade dos lares de recuperação. Encaminhar um viciado do álcool ou das drogas para essas comunidades que visam à recuperação dessas pessoas dependentes é algo que não deve ser negligenciado.

Na igreja em Corinto, havia também muitos irmãos libertos do álcool que, à semelhança de outras drogas, vinha minando as bases do Império Romano. Entretanto, os que dantes eram escravos do vício levavam, agora, uma vida produtiva e digna (1Co 6:10,11). O mesmo aplica-se aos que, hoje, vivem aprisionados à cocaína, ao crack, ao haxixe e outras substâncias nocivas. A igreja tem a obrigação de oferecer todo apoio logístico aos irmãos que evangelizam nesses ambientes.

CONCLUSÃO

A Igreja de Cristo não deve viver acomodada e descompromissada com os valores do evangelho face ao mundo enfermo. Não devemos contemplar, paralisados, ou rir, ironicamente, das desgraças e carências que há no mundo. Deus amou esse mundo enfermo (João 3:16; Rm 5:8). Vamos pregar com convicção e amor, na graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que há cura e perdão para o homossexual, a prostituta, o ladrão, o criminoso, o opressor, o avarento, o mentiroso, o hipócrita, e para qualquer outro pecador. Nenhum segmento social pode ficar de fora de nossa ação evangelística. Que o Espírito Santo nos habilite para tal testemunho, para tão grande obra de evangelização (At 1:8).

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Luciano de Paula Lourenço

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards.

Revista Ensinador Cristão – nº 67. CPAD.

Pr. Washington Roberto Nascimento. Evangelizar Prostitutas e Homossexuais.

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco. Missão Profética da Igreja. PortalEBD_2007.

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco. Evangelização – a Missão máxima da Igreja. PortalEBD_2007.

domingo, 24 de julho de 2016

Aula 05 - A EVANGELIZAÇÃO URBANA E SUAS ESTRATÉGIAS


3º Trimestre/2016

Texto Base: Atos 2:1-12

“E aconteceu que, acabando Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles" (Mt 11:1).

INTRODUÇÃO

A vida urbana é uma realidade que desafia e exige da igreja uma pronta e veemente atitude para alcançá-la. Tem havido um enorme êxodo rural de pessoas em busca de melhores oportunidades, e isto tem inchado as grandes cidades de favelas e de marginalização, causando um desarranjo social incontrolável. A desorganização da vida urbana tem causado muitos problemas sociais, e a igreja deve estar preparada para responder a esses dilemas. Estratégias adequadas devem ser desenvolvidas para alcançar as pessoas. Os problemas típicos da vida urbana, tais quais a diversidade cultural, a marginalização social, o materialismo, a invasão das seitas e as tendências sociais, desafiam a igreja no sentido de demonstrar o poder da Palavra de Deus que transforma e dá esperança a todos (Rm 1:16). É bom estarmos conscientes de que o primeiro campo missionário deve ser o local onde a igreja está localizada. Antes de atravessar o mundo, a igreja precisa atravessar a rua, ou deve fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Mas não deve esquecer que na cidade há um farto campo para missões: crianças, jovens, estudantes, adultos e idosos.

I. ESTRATÉGIAS URBANAS DE EVANGELIZAÇÃO

A cidade é um campo de batalha entre Deus e Satanás. Existem missões que trabalham com grupos específicos: drogados, prostitutas, homossexuais, universitários ou profissionais liberais, por exemplo. Mas toda a cidade deve comover a equipe de missões. Este comover, quer dizer que o cristão deve sentir compaixão pelas almas perdidas.

É importante conhecer a cidade e seus problemas, tanto geograficamente, como socialmente e espiritualmente. Algumas cidades têm conotação religiosa, outras têm conotação esportiva e outras têm conotação financeira. Quem nela habita conhece-a melhor. Cabe a igreja aproveitar as oportunidades de grandes eventos, grandes aglomerações e realizar a tarefa de evangelização urbana. A estratégia contemplará a cidade de forma racional e planejada, visando à proclamação da Palavra de Deus em todas as estratificações da região metropolitana.

Os missiólogos afirmam que não pode haver nenhum esquema uniforme de evangelização. O que está dando certo em uma determinada igreja não quer dizer que dará certo noutra. Assim, pode-se dizer que o trabalho de evangelização urbana executado pela igreja nunca será ou estará completo. Nesse sentido, haverá sempre necessidade de descobrir as realidades desconhecidas e repensar os métodos, técnicas e estratégias utilizadas nesse processo.

1. A estratégia de Jonas. O Senhor havia determinado a destruição de Nínive. Seus habitantes, no entanto, decidiram arrepender-se e humilhar-se diante de Deus. Toda Nínive apregoou um jejum, que incluiu até os animais, clamando a Deus por misericórdia e pela revogação da sentença destruidora que fora motivada por eles mesmos. Qual foi a estratégia de Jonas? O tempo que ele dispunha para percorrer toda Nínive com o juízo de Deus era exíguo. Então, ele usou as vias principais da capi­tal assíria para apregoar a mensagem divina - “E começou Jonas a entrar pela cidade caminho de um dia, e pregava, dizendo: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida" (Jn 3:4). A resposta à pregação de Jonas foi imediata e retumbante. A cidade inteira se converteu, embora Jonas não a tenha percorrido toda, e mesmo que a Palavra não tenha chegado a todos os ouvintes. Mesmo ouvindo a mensagem indire­tamente, todos, sem exceção, inclusive o rei (Jn 3:6) se humilharam em extremo debaixo da mão de Deus.

A ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, é alvo de todo ódio, de toda repugnância, de todo o desprezo da sociedade e do mundo. Não cabe à Igreja julgar as pessoas e dizer a quem deve, ou não, ser pregada a Palavra. Nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que fosse feita a pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles fossem os homens mais cruéis que existiam no mundo naquele tempo. Jonas teve de pregar para todos, sem exceção, ainda que muitos, pela sua extrema crueldade e maldade, fossem, na verdade, verdadeiras “bestas-feras”, verdadeiros “animais”; mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia divina.

Quais são os sinais da conversão dos ninivitas? Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes:

a) O arrependimento sincero (Jn 3:5). Os ninivitas externaram sua tristeza interior pelo pecado através do jejum e da humilhação com pano de saco. No mundo antigo, esse era um meio comum de expressar tristeza, humildade e penitência - as marcas do verdadeiro arrependimento. O arrependimento dos ninivitas foi unânime: desde o maior até o menor. Começou de cima para baixo. Desde o rei até as crianças. Desde os homens até os animais. Toda prepotência e arrogância acabaram. Nenhuma justificativa e desculpa foi dada. Eles todos se prostraram em total humilhação diante de Deus. O próprio rei trocou seus mantos reais por pano de saco e se sentou no chão em meio ao pó e à cinza. A verdadeira conversão é evidenciada pelo arrependimento. Não há conversão genuína sem arrependimento.

b) A confiança profunda em Deus (Jn 3:5). Se o arrependimen­to é o lado negativo da conversão, a fé em Deus é o seu lado positivo. O arrependimento nos afasta do pecado e a fé nos faz correr para Deus. Pelo arrependimento o homem foge da ira; através da fé corre para a graça. A fé sempre conduz às obras. O povo ninivita creu em Deus e imediatamente se humilhou! Os marinheiros pagãos foram exemplo para Jonas em oração, agora os ninivitas pagãos são exemplo para ele no quebrantamento e volta para Deus. A conversão produz verdadeira mudança. O homem vem a Cristo como está, mas não permanece como está. Encontro com Cristo implica necessariamente imediata transformação. É impossível converter-se a Cristo e ainda permanecer no pecado.

c) O abandono das práticas pecaminosas (Jn 3:8). A conver­são toca o ponto nevrálgico da vida. Quando o rico Za­queu, que vivera extorquindo o povo, cobrando impostos abusivos, se converteu, ele resolveu dar a metade dos seus bens aos pobres e restituir quatro vezes mais a quem havia defraudado. Quando o truculento carcereiro de Filipos se converteu, passou a lavar os vergões de Paulo e Silas. A conversão dos ninivitas foi demonstrada pelo abandono imediato de seus maus caminhos e pela renúncia imediata e definitiva da violência. Essas práticas abomináveis que provocavam a ira de Deus foram abandonadas. Onde o pecado não é abandonado, não há evidência de conversão. Onde não há evidência de santificação, não há prova de conversão.

d) Uma posição de humildade diante de Deus (Jn 3:9). A ordem do rei ao seu povo foi que todos deveriam se humilhar. Nenhuma exigência foi feita. Deus não tem obrigação de ser misericordioso. Ele tem o compromisso de ser justo. Se Deus aplicasse Sua justiça, os ninivitas estariam subvertidos. O pecador merece o castigo, o juízo, e a condenação. O pecador não tem nada a exigir, mas a suplicar. Uma pessoa convertida é revestida de humildade e não de arrogância.

2. A estratégia do Pentecostes. Deus escolheu o momento apropriado para mostrar aos israelitas, reunidos para uma festa de grande aglomeração, a festa do Pentecostes, para revelar o seu grande mistério: o evangelho e a sua igreja. Nesse evento judaico tão importante, achavam-se em Jerusalém israelitas de todas as partes do mundo (At 2:1-12). E, quando da descida do Espírito Santo, eles ouviram as maravilhas de Deus em sua própria língua. Ao retor­narem aos seus lugares de origem, levaram a semente do Evangelho que, mais tarde, germinaria igrejas (ex.: igreja em Roma, igreja em Antioquia da Síria).

3. A estratégia de Jesus. Jesus Cristo, o evangelista por excelência, não restringiu o seu ministério às multidões, Ele foi à procura das pessoas marginalizadas pela sociedade. Ele ia ao encontro dos publicanos e das meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo. Jesus valorizava a todos indistintamente, até mesmo aqueles considerados a pior escória da sociedade, como era o endemoninhado gadareno (cf. Mc 5:1-20).

3.1. Na cidade de Gadara. Jesus, depois de um dia fatigante, atravessou o mar da galileia, enfrentou uma tempestade impiedosa para salvar um homem rejeitado e descartado pela sociedade de então, até mesmo pelos de sua família. Jesus preferiu investir na salvação de um homem, pois sabia que os habitantes daquela região, majoritariamente pagãos, não formariam um grande número para ouvi-lo ensinar, nem se disporiam a segui-lo na esperança de ver milagres. A estratégia de Jesus para ganhar Gadara foi salvar "um homem com espírito imundo, o qual tinha a sua morada nos sepulcros, e nem ainda com cadeias o podia alguém prender" (Mc 5:2,3). Ao experimentar a salvação e ao ver-se liberto daqueles demônios, o homem, revigorado e exultante, quis acompanhar Jesus, segui-lo por onde fosse. Mas disse-lhe: “Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez e como teve misericórdia de ti" (Mc 5:19). Tornou-se o primeiro evangelista entre os gentios. Qual o valor de uma vida? Para Jesus tem um imenso valor. E nós, como avaliamos as pessoas?

3.2. Na cidade de Samaria. O cenário urbano registrado pelo evangelista João é um protótipo ou um modelo de evangelização urbana que funciona. Jesus havia deixado a Judeia, ao Sul, e seguido para a Galileia, ao Norte, quando sentiu que era necessário passar por Samaria, cidade que ficava entre as duas regiões (João 4:4). Ao meio-dia, junto ao poço de Jacó, na cidade de Sicar (“cidade dos bêbados”), travou um longo diálogo com uma mulher samaritana que viera buscar água. E como resultado de sua estada nesse lugar, muitas pessoas foram ter com ele, para ouvir a palavra de Deus (João 4:30). Nós precisamos aprender com Jesus. Ele foi um evangelista por excelência.

Veja algumas estratégias interessantes de Jesus para salvar a mulher samaritana:

a) Jesus cria uma ponte de contato com a mulher. Veja João 4:7-9:

“Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. Porque os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida. Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos)?

Jesus podia Ele mesmo tirar água do poço. Jesus podia fazer um milagre ali e fazer brotar uma fonte naquela região. Mas Jesus resolve criar uma ponte de contato com essa mulher, pede a ela um favor. A verdade é que Jesus está querendo apenas construir um caminho de contato para conquistar o coração dessa mulher. O que significa isso? Significa que nós precisamos evangelizar de onde as pessoas estão. Jesus não tem um método engessado de evangelismo; Ele não tem o único método, em que ele usa aquele método para todas as pessoas, em todos os lugares e em todas as circunstâncias. Jesus faz uma leitura do texto e do contexto. Ele faz uma leitura da Palavra e da cultura. Ele faz uma leitura do ambiente e da pessoa. E ele começa de onde a pessoa está.

Na evangelização, nós devemos fazer uma leitura do que as pessoas são e qual o contexto da vida delas, para que então entremos por esta brecha para levar-lhes a Palavra de Deus.

b) Jesus não apenas cria uma ponte de contato, mas também desperta a curiosidade da mulher. Veja João 4:10-12:

“Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És tu maior do que Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?”.

Jesus está dizendo: olha, mulher, eu vou falar com você sobre algo que é grandioso, que é sublime, que é maravilhoso! Jesus está aqui como jogando sal na boca dessa mulher para lhe provocar sede. Veja no verso 11 o que esta mulher respondeu para Jesus: “Senhor tua não a tens com que a tirar e o poço é fundo”. Note vocês que Jesus está dando uma dica para a samaritana: olha, mulher, a sua vida é como este poço, esta cacimba de águas paradas, que junta lodo; a tua vida está assim, sem sentido, sem sabor, sem novidade, sem uma experiência concreta e real com o eterno. Pois eu quero te apresentar não um poço, uma cacimba, mas uma fonte, uma fonte que não jorra para esta vida, mas para vida eterna. Eu quero apresentar uma vida gloriosa, sublime, maravilhosa. Eu quero apresentar a melhor notícia que você pode ouvir. Jesus gera nessa mulher uma ideia de curiosidade de conhecer a Jesus, de conhecer o dom de Deus.

c) Jesus desperta na mulher a sua necessidade. Leia João 4:13-15:

“Jesus respondeu e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede, mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna. Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede e não venha aqui tirá-la”.

A mulher ouviu falar da água viva, e disse: puxa vida que noticia boa! Agora não vou mais pegar o meu cântaro e vir todo dia para este poço com trinta metros de profundida e puxar água lá de baixo! Mas Jesus está querendo dizer para aquela mulher que as coisas deste mundo não satisfazem a alma: dinheiro, sucesso, prazeres, conquistas, medalhas, diplomas. Nada disso pode preencher o vazio de seu coração. As pessoas estão buscando muitas coisas, muitas experiências, muitas novidades, muitas crenças, muitas doutrinas, muitas religiões, muitos prazeres, muitos sucessos, muitas riquezas. E tudo isso não satisfaz.

A água do poço de Jacó não era uma água permanente. A água do poço de Jacó fica fora da alma e não é capaz de satisfazer as necessidades. A água do poço de Jacó é de quantidade limitada, ela diminui, desaparece. Mas a agua que Jesus oferece vem de uma fonte que jorra para a vida eterna. Que fonte é essa? O Senhor Jesus Cristo disse: “quem crê em vim como diz a Escritura, no seu interior fluirão rios de água viva” (João 7:38). O que significa isso? Primeiro, isso tem a ver com abundância. Segundo, isso tem a ver com dinâmica. Terceiro, isso tem a ver com vida pura.

d) Jesus desperta na mulher a necessidade de arrependimento. Veja João 4:16-18:

“Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido e vem cá. A mulher respondeu e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido, porque tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade”.

Note que Jesus, no início, não começou a conversa com a mulher da seguinte maneira: “vai lá e chama o teu marido”. Porque às vezes a gente começa dando pancadas nas pessoas sem despertar nelas por coisas maravilhosas. Há irmão que, quando vai testemunhar de Jesus e vê a pessoa adepta de um ídolo, vai logo dizendo: “isso aí é do diabo!”. Aí, meu amigo, já era o interesse daquela pessoa por ouvir o evangelho! Nós temos que ter sensibilidade, tato, habilidade! Veja que Jesus só disse, “vai lá e chama o teu marido”, na hora oportuna da conversa, quando Ele está falando para ela da água da vida.

A pessoa que está sendo evangelizada só vai entender da água da vida, quando ela entender que é pecadora e que precisa de salvação e precisa de um Salvador. Ninguém pode receber o evangelho da graça a não ser que entenda que está perdido, que pecado é abominável para Deus, que o pecado é maligníssimo, que não há alternativa para a pessoa fora do evangelho sem o Salvador! Se a pessoa não tiver percepção de que está arruinada, que está perdida, dificilmente ela vai receber o evangelho da graça; não importa se esse ser humano é doutor, se é analfabeto, se é rico, se é pobre, se é religioso, se não é religioso, se frequenta igreja, se não frequenta igreja.

O grande drama, hoje, é que há muitos pregadores pregando fé sem arrependimento! Não se prega mais arrependimento hoje! Essa mensagem é politicamente incorreta, dizem. O pregador acha que vai ofender a plateia falando de pecado, da necessidade de arrependimento. Mas, sem arrependimento não existirá fé. E a fé é o meio para se alcançar a justificação – “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1) – e sem justificação ninguém chegará ao Céu.

Talvez essa mulher estivesse fugindo de si mesma! Quem sabe tentando preencher o vazio do seu coração com várias aventuras amorosas. Cinco casamentos fracassados e agora estava vivendo com um amante, com uma vida totalmente sedenta, vazia. Então ela queria saber onde está essa água da vida. E Jesus toca neste nervo exposto da situação: a necessidade do arrependimento!

e) Jesus desperta no coração dessa mulher a fé verdadeira. Veja João 4:25-30:

“A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo. E nisso vieram os seus discípulos e maravilharam-se de que estivesse falando com uma mulher; todavia, nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela? Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens: Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura, não é este o Cristo? Saíram, pois, da cidade e foram ter com ele”.

Se a primeira fala de Jesus com a mulher fosse: “mulher eu sou o Messias e você é uma pecadora!”. Talvez aquela mulher tivesse saído escandalizada e ido para casa irada, e os resultados não tivessem sido promissores. Mas, Jesus era sábio em suas estratégias. O evangelho não muda, a mensagem não muda, o conteúdo não muda. Mas a abordagem precisa ser sábia, sensível, estratégica!

O que aconteceu com essa mulher? Veja os versículos 28 a 30: “Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens: Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura, não é este o Cristo? Saíram, pois, da cidade e foram ter com ele”. Aqui mostra que essa mulher tem pressa. Já que ela viu Jesus, teve um encontro com Jesus, ela tem pressa de testemunhar de Jesus. Ela correu para anunciar Jesus. Ela testemunhou para toda a cidade que tinha encontrado o Messias. Talvez nós precisemos deixar o nosso “cântaro”. Talvez nós precisemos ter pressa para ir falar para outras pessoas que nós encontramos Jesus!

Amados irmãos, quem tem um encontro com Cristo tem pressa para testemunhar dEle. Quem teve um encontro com Cristo e retém isso para si, talvez não tenha ainda um encontro com Cristo. Alguém já disse e é verdade: a igreja é uma agência missionária com um campo missionário. Ou a igreja evangeliza ou ela precisa ser evangelizada.

E os samaritanos vieram aos montões. Então Jesus disse aos seus discípulos: “levantai os vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa” (João 4:35). Os samaritanos chegaram e receberam a Jesus. Convidaram Jesus para ficar com eles. E Jesus ficou ali dois dias.

Após os samaritanos receberem a Jesus deram o seguinte testemunho: “E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra. E diziam à mulher: Já não é pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo” (João 4:41,42). Oh como foi maravilhoso Jesus pegar a uma mulher proscrita da sociedade, não somente levar a ela a salvação, mas fazer dela uma missionária.

Amados irmãos, nós devemos ir à nossa cidade, ao nosso bairro, ao nosso condomínio, à nossa igreja, à nossa parentela, e vamos anunciar que Jesus é o Salvador. E depois as pessoas vão dizer: “agora não é porque você nos anunciou, nós mesmos vimos, nós mesmos ouvimos, nós mesmos temos a convicção de que de fato Jesus é o Salvador do mundo!”.

4. Qual a nossa estratégia? Toda igreja que prima pela evangelização utiliza-se de estratégias apropriadas para levar as pessoas a Cristo. Nas cidades urbanas do Brasil é costumeiro se pregar o evangelho, distribuindo folhetos, em aglomerados esportivos, festivos e culturais. Muitos testemunhos de pessoas convertidas têm vindo à tona, mostrando com isso que a Palavra de Deus não volta vazia; antes, prosperará naquilo para que foi enviada (Is 55:11).

Em todos os lugares existem pessoas tristes, chorando, sofrendo, desanimadas, almas perdidas sem a mensagem do Evangelho. E a igreja tem a mensagem que salva. O alerta de Jesus ainda ecoa: “Erguei os vossos olhos e contemplai esses campos, que estão brancos para a ceifa” (Jo 4:35). A advertência de Deus dada ao profeta Ezequiel ainda ecoa: “Se eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para desviar o ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniquidade, mas o seu sangue eu o demandarei da tua mão. Mas, quando tu tiveres falado para desviar o ímpio do seu caminho, para que se converta dele, e ele se não converter do seu caminho, ele morrerá na sua iniquidade, mas tu livraste a tua alma” (Ez 33.8-9).

II. OS DESAFIOS DA EVANGELIZAÇÃO URBANA

As cidades, com sua complexidade social, cultural, econômica, emocional e espiritual, constituem-se campo propício para atuação da igreja ou do inferno; dos cristãos ou dos feiticeiros; dos homens de bem ou dos assassinos. Veja os principais desafios da evangelização urbana, nos tempos hodiernos:

1. Populações concentradas verticalmente em edifícios fechados. A verticalização das metrópoles impede-nos que evangelizemos de porta em porta, como acontecia há 50 ou 60 anos. Os condomínios, hoje, são quase impenetráveis aos que desejam evangelizar pessoalmente. Por isso, crie um círculo de relacionamentos. Não podemos entrar em um condomínio, mas um novo convertido que ali reside há de estabelecer um núcleo de evangelização, por meio do qual alcançaremos outras famílias. O evangelho de Cristo não muda, todavia, os métodos de evangelização devem ser periodicamente avaliados, para que o nosso trabalho não se torne improdutivo.

2. Excesso de entretenimento. Antigamente, só havia um pequeno campo de futebol em cidades de médio porte. Hoje, há estádios grandes, que atraem muita gente; a televisão e a internet tiraram as pessoas das ruas e as confinou dentro de suas casas. O evangelismo pessoal é muito dificultado nessas condições. Então, utilizemos os mesmos meios que confinaram essas pessoas dentro de suas casas. Oh! O uso da televisão é muito caro para atingir as pessoas confinadas em suas casas! Há muitos segmentos heréticos usando a Televisão, pregando suas heresias deletérias, e eles são muito inferiores a nós quantitativamente falando. Por que nós, que somos em maior número, não usamos esse meio de comunicação? Simplesmente por falta de amor pelas almas perdidas, por falta de visão missionária, porque a maioria dos líderes só pensa em construir suntuosos templos para competir com a outra denominação, porque a maioria dos líderes só pensa em se locupletar com a “lã das ovelhas”. Certamente, no tribunal de Cristo isso será levado em conta! Urge mudarmos esta situação!.

3. Proliferação de denominações. A concentração de igrejas diferentes, além das seitas diversas, causa confusão junto à população. Cada uma evangelizando com mensagens diferentes e contraditórias. Parece que há um "supermercado da fé". Há quem ofereça religião como mercadoria mais barata, em "promoção", com descontos (sem exigências, sem compromissos) e há os que "cobram" caro demais, com exigências radicais.

4. O fundamento materialista. O elevado grau de materialismo e consumismo do homem urbano faz com que o mesmo sinta-se autossuficiente, sem a necessidade de Deus. A doutrina fundamental do materialismo é: o mundo existe por si mesmo. O materialismo prega que a única realidade no universo é o mundo físico e material e que nada existe além dele. Esta vertente filosófica prega o ateísmo, nega a realidade espiritual, a existência dos anjos, os milagres, a criação do Universo e do homem por Deus.

5. O relativismo moral predominante. Sob um discurso de tolerância e de liberdade, o mundo hodierno, defende a ideia do "relativismo moral”, ou seja, nega que haja padrões de comportamento válidos para todos os homens, independentemente da época, da cultura ou da vontade de cada ser humano. Dentro deste pensamento, não é considerado exigível dos homens qualquer conduta estabelecida "a priori" por quem quer que seja. Deste modo, entende-se que não possa ser imposto qualquer comportamento a qualquer homem, sendo "fanáticos" e "intolerantes" aqueles que assim não entendem. Todavia, ao contrário do que se diz no mundo, existe, sim, um padrão universal de conduta, que independe de cultura, de época ou da vontade de cada ser humano: o padrão bíblico, o padrão estabelecido por Deus e revelado ao homem por sua Palavra.

6. Incredulidade e perseguição. Num tempo em que o evangelho é desgastado por falsos pregoeiros, anunciemos a Cristo com sabedoria, poder e eficácia (2Tm 4:17). Nossa mensagem não pode ser confundida com a dos mercenários e falsos profetas (Rm 6:17). Preguemos a mensagem da cruz na virtude do Espírito Santo (1Co 1:18). Se formos perseguidos, não desistamos. Jesus também o foi em sua própria cidade, mas levou a sua missão até o fim (Lc 4:28-30).

Como enfrentar estas e outras dificuldades que tendem dificultar a evangelização no orbe urbano? Utilizando-se de estratégias habilidosas, sob o auspício do Espírito Santo. A cidade em que vivemos é campo de batalha entre Deus e o diabo; ela pertencerá aos céus ou ao inferno, depende de quem agir com mais eficiência e eficácia, com as forças dos céus ou do inimigo. Nas grandes metrópoles, os sistemas sociais, econômicos, políticos, educacionais e outros estão sob a influência dos demônios, das potestades das trevas. É preciso muito poder, muita oração, muito jejum e muita ação para que as estruturas das cidades sejam resgatadas do poder do inimigo. O desafio é grande, mas o que está conosco é maior do que o inimigo.

III. COMO FAZER EVANGELISMO URBANO

Para realizar evangelização urbana é imprescindível tomar as seguintes decisões:

1. Orar e jejuar pela Cidade. Qualquer plano de evangelização, por melhor que seja, com recursos, métodos, estratégias, fracassará, se não tiver o poder de Deus. Este poder só vem pela busca, pela oração constante. Os demônios infestam as cidades e só são expulsos pelo poder da oração (Jr 29.7; Lc 19.41). A oração é a base.

2. Treinar a equipe ou as equipes. Esse treinamento refere-se ao estudo da Palavra de Deus e das estratégias estabelecidas. As seitas preparam bem seus adeptos. As igrejas precisam gastar tempo e recursos no preparo dos que evangelizam para que eles não tenham de que se envergonhar, que manejem bem a palavra da verdade (2Tm 2:15).

3. Conhecer o contexto urbano. O contexto diz respeito à cultura - aos valores, ideias e sentimentos - de um determinado povo. Também diz respeito às classes sociais e à religião. O contexto revela quais são as características que são próprias de uma determinada cidade. Isto ensina que evangelização e contexto precisam andar de mãos dadas. Então, para se usar um determinado tipo de técnica ou método na evangelização é preciso conhecer o contexto, o ambiente em que se vai trabalhar. Jesus, quando evangelizou a mulher samaritana, conhecia o contexto da cidade de Sicar. Ele conhecia o modo de vida desse povo. Foi em razão disso que, em sua conversa com a Samaritana, ele usou o método indutivo, ou seja, ele começou o diálogo partindo do particular para o geral - do problema pessoal para a solução. Os argumentos usados por Jesus foram tão convincentes que a mulher abriu-lhe o coração: “não tenho marido. Disse-lhe Jesus: disseste bem: Não tenho marido, porque tiveste cinco e o que tens agora não é o teu marido” (João 4:18,19).

4. Planejar a evangelização. O sucesso da evangelização depende do Espírito Santo. Só Ele convence o pecador (João 16:8). Entretanto, no que depende de nós, precisamos fazer o que está ao nosso alcance, devemos fazer a nossa parte.

Daniel Berg e Gunnar Vingren não vieram ao Brasil porque olharam, aleatoriamente, para o mapa e escolheram uma cidade da região norte do Brasil, não! Eles, certamente, oraram muito e, orien­tados pelo Espírito Santo, escolheram a cidade de Belém, no Pará, como ponto de partida para a sua missão no Brasil. Constataram que a capital paraense era geograficamente estratégica para se alcançar o país em todas as direções. Não se faz evangelização, principalmente em cidades, sem uma estratégia previamente estabelecida e direcionada pelo Espírito Santo.

O apóstolo Paulo, antes de chegar à Macedónia, já podia contar com uma equipe altamente qualificada para implantar o evangelho na Europa. Primeiro, tomou consigo a Silas e depois, o jovem Timóteo (At 15:40;16:1,2). Acompanhava-os, também, Lucas, o médico amado (At 16:11). Com esse pequeno, mas operoso grupo, o apóstolo levou o evangelho a Filipos, a Tessalônica e a Beréia, até que a Palavra de Deus, por intermédio de outros obreiros, chegasse à capital do Império Romano (At 16.12; 17.1,10).

Algumas sugestões importantes devem ser consideradas, no âmbito do planejamento:

Ø Defina áreas a serem evangelizadas: bairro, quarteirão, ruas, avenidas, praças...

Ø Estabeleça postos-chave. É necessário que sejam encontrados postos principais para a evangelização urbana. Pode ser a casa de um crente, ou a de alguém que está se abrindo ao Evangelho da graça, como aconteceu com Lídia (At 16:15). Na evangelização, as bases são muito importantes.

Ø Defina as equipes de evangelização e distribua as áreas com as equipes (ex.: rua tal com equipe tal; ou quarteirão tal com tal equipe; bairro tal com equipe tal, etc.).

Ø Estabeleça metas ou alvos (nº de decisões, pessoas batizadas, etc.).

Ø Prepare os meios necessários: literatura, equipamentos, recursos financeiros, etc.

Ø Acompanhe de perto a equipe ou as equipes de evangelização. Isso deve ser feito pelo pastor da Igreja ou pelo departamento de evangelismo.

Ø Jamais se deve descuidar dos novos convertidos. Fortaleça-os na fé, na graça e no conhecimento da Palavra de Deus. Quem se põe a evangelizar as áreas urbanas deve estar sempre atento. Por isso mesmo, tenha uma equipe amorosa, competente e disponível. Deve-se engendrar esforço para estimular o recém-convertido a frequentar com fidelidade a Escola Bíblia Dominical. A EBD é um meio propício para o fortalecimento da fé e maturidade espiritual do novo cristão.

Ø Mobilize o maior número possível de crentes para a execução do que for planejado: jovens, adolescentes, adultos, com a liderança à frente.

Ø Avalie os resultados obtidos. Deve-se avaliar os resultados obtidos e extrair os conhecimentos necessários para melhor aplicá-los no futuro.

Não podemos deixar de frisar que todo planejamento deverá ser dirigido e confirmado pelo Espírito Santo. Caso contrário, estaremos fazendo evangelismo apenas no sentido técnico, e não com a unção do Espírito Santo, causando desperdício de esforços e recursos. Por outro lado, não podemos nos esquecer da necessidade da estratégia, para não corrermos o risco de estarmos utilizando mal os meios que o Senhor nos deu para uma evangelização eficaz.

CONCLUSÃO

Indubitavelmente, a evangelização urbana é o gran­de desafio do século 21. As cidades tornam-se cada vez maiores e mais complexas, exigindo da Igreja de Cristo ações e estratégias mais ousadas e eficientes, visando bons resultados. Precisamos orar e pedir a Deus estratégias e os meios propícios para atingirmos as pessoas que ainda não conhecem o evangelho da graça. Neste tempo pós-moderno é de bom alvitre o uso dos meios de comunicação social (Ex: WatsApp, Facebook, twitter, blog, site, instagram, etc). Não podemos prescindir dos programas de rádio e de TV. A cada momento, milhares morrem sem aceitar Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Isto é uma terrível notícia.

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Luciano de Paula Lourenço

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards.

Revista Ensinador Cristão – nº 67. CPAD.

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco. Evangelização – a Missão máxima da Igreja. PortalEBD_2007.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja.

O desafio da Evangelização. Pr. Claudionor, de Andrade. CPAD.

Orlando Boyer. Esforça-te para ganhar almas. Ed. Vida.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Jonas (um homem que preferiu morrer a obedecer a Deus).