domingo, 21 de maio de 2017

Aula 09 - HULDA, A MULHER QUE ESTAVA NO LUGAR CERTO


2º Trimestre/2017

Texto Base: 2Crônicas 34.22-28

"Assim diz o Senhor: Eis que trarei mal sobre este lugar e sobre os seus habitantes, a saber, todas as maldições que estão escritas no livro que se leu perante o rei de Judá" (2Cr.34:24).

 

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo dos personagens bíblicas, trataremos, nesta Aula, de Hulda, uma das mulheres extraordinárias da Bíblia Sagrada. Ela foi vocacionada por Deus para levar a Sua Palavra ao povo de Judá e aos seus líderes. Deus levantou Hulda para chamar a atenção dos israelitas a respeito dos pecados que vinham cometendo de forma deliberada e contumaz. Ela foi contemporânea do rei Josias, que governou Israel no período de 639-609 a.C. Ela entrou em cena quando o rei Josias tomou conhecimento do conteúdo do livro da Lei, que fora perdido na Casa do Senhor. Ao ouvir a leitura do livro da Lei e as maldições que cairiam sobre seu povo, o rei mandou consultar ao Senhor sobre tamanha desgraça, causada pela desobediência de Judá. E Hulda, usada por Deus, com ousadia e coragem confrontou a nação sobre as consequências de seus pecados afim de que se arrependessem e se voltassem para Deus. É difícil explicar o fato de Hulda ter sido a pessoa procurada, mesmo tendo grandes profetas como Jeremias, Sofonias e possivelmente Habacuque, vivendo em seu tempo; ela era rara exceção, já que os homens normalmente ocupavam o cargo de profeta. Hulda, presumivelmente, havia se estabelecido como uma confiável porta-voz de Deus. Certamente, a sua inspiração profética naquela ocasião é justificativa suficiente para o rei e seus assessores a terem procurado.

I. QUEM FOI HULDA

1. Hulda. Seu nome vem do hebraico hul’da, que se traduz “doninha”. Pouca conhecida nas Escrituras Sagradas, mas a sua atuação, conquanto transitória e discreta, no momento mais dramático da história do reino de Judá, quando o povo estava completamente afastado dos caminhos do Senhor e dos ditames da Sua Palavra, é suficiente para aprendermos acerca do seu caráter, que oferece lições preciosas ao povo de Deus da Nova Aliança. Foi uma extraordinária conselheira do rei Josias e de seus assessores. Seu marido chamava-se Salum, que era o guarda das vestiduras do templo (cf. 2Rs.22:14). Hulda testemunhou a ascensão e queda do reino de Ezequias, e decadência de Judá, nos tempos de Manassés e Amom (2Cr.33:11-25). Ela foi contemporânea dos profetas Jeremias, Sofonias e, possivelmente, Habacuque.

Hulda foi uma das únicas seis mulheres chamadas de “profetisa” na Bíblia Sagrada (as outras foram Miriam (Ex.15:20), Débora (Jz.4:4), Noadias (Ne.6:14), a mulher do profeta Isaias (Is.8:3) e Ana (Lc.2:36)). Ela aparece na Bíblia apenas numa ocasião, mas evidentemente era já conhecida como profetisa do Senhor, quando foi procurada pelo sumo sacerdote Hilquias e outros quatro homens importantes (cf. 2Cr.34:20; 2Rs.22:14), a fim de consultar o Senhor pelo rei Josias de Judá e pelo povo sobre o conteúdo do livro da lei que haviam encontrado, quando começavam a reparar o templo em Jerusalém. É interessante que estes cinco homens de confiança do rei Josias fossem procurar Hulda, uma mulher, para consultar o Senhor sobre uma matéria tão importante, pois à época já estavam em cena os profetas Sofonias e Jeremias, ambos trazendo profecias severas da parte do Senhor. Sem dúvida, estes cinco homens de confiança do rei Josias, foram dirigidos por Deus para ir até Hulda, e dela receberem uma mensagem confortadora e estimulante da parte do Senhor para este rei, que cedo se destacou pela sua fidelidade em contraste com seus antecessores ímpios.

2. Atividade que exerceu. Além de uma piedosa serva de Deus, foi uma exímia conselheira e vocacionada para levar a mensagem de Deus ao povo de Judá, na época do rei Josias. Poucas foram as mulheres escolhidas pelo Senhor para serem profetisas, e dentre tantas mulheres que viviam na época do rei Josias, Ele escolheu exatamente Hulda para servi-lo no ministério de Profecia. Deus conhecia a sua coragem, capacidade de aconselhar, fé e muitos outros atributos que O levaram a esta decisão. 

Josias começou o seu reinado com oito anos de idade e, logo cedo, começou a buscar o Deus de Davi (2Co.34:3). Por amar ao verdadeiro Deus, ele decidiu purificar Judá e Jerusalém, mandando derrubar os altares de falsos deuses, quebrar as imagens de escultura e de fundição. Esta purificação se estendeu também a outras cidades. Logo no início do seu reinado, um fato muito importante aconteceu, quando a Casa do Senhor estava sendo reparada por ordem do rei: "Hilquias, o sacerdote, achou o livro da lei do Senhor, dada pela mão de Moisés" (2Cr.34:14). Ao encontrar o livro de Deus, o sacerdote o deu a Safã, o escrivão, que levou ao rei e disse: "O sacerdote Hilquias entregou-me um livro. E Safã leu nele perante o rei" (2Cr.34:18). Ao ouvir a Palavra do Senhor, o rei viu que todos não estavam guardando a Palavra Santa de Deus. O rei, então, rasgou as suas vestes e pediu, imediatamente, para irem consultar o Senhor. Ele sabia que a nação estava afastada de Deus e as consequências para isso eram irreparáveis. Foi a profetiza Hulda quem teve o privilégio de ser a mensageira do nosso Deus. A mensagem de Hulda foi contundente e forte (2Rs.22:18-20). Ela não teria outra atitude a tomar, senão a de entregar o que Deus havia determinado, embora o conteúdo fosse duro e pessimista. Ela disse tudo que o Senhor mandou dizer:

- Ao povo: "Eis que trarei mal sobre este lugar, e sobre os seus habitantes, a saber, todas as maldições que estão escritas no livro que se leu perante o rei de Judá" (2Cr.34:24b).

- Ao rei: "Porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante Deus, ouvindo as Suas palavras contra este lugar, e contra os seus habitantes, e te humilhaste perante Mim, e rasgaste as tuas vestes, e choraste perante Mim, também Eu te ouvi, diz o Senhor. Eis que te reunirei a teus pais, e tu serás recolhido ao teu sepulcro em paz, e os teus olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este lugar e sobre os seus habitantes" (2Cr.24:27-28).

Depreende-se deste texto - o dirigido ao povo de Judá e o outro dirigido ao rei - dois atributos do nosso Deus: um Deus que julga e castiga aqueles que estão errados (os habitantes da terra eram adoradores de outros deuses); um Deus que perdoa e tem misericórdia daqueles que, de coração, se arrependem (o rei se arrependeu e chegou a rasgar as suas vestes). Aqui, vemos a concretização de 1João 1:9 que diz: "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça".

Hulda falava o que o Senhor mandava, porque ela tinha certeza de que o que ouvia do Senhor era verdadeiro. Ela profetizou, por exemplo, a destruição de Judá, confiando que isto se concretizaria, pois era o Senhor que estava dizendo. Por causa de sua maneira de transmitir a Palavra de Deus com coragem e fé, ela conseguiu tocar no coração do povo que foi reavivado e transformado. Num tempo em que os reis e os profetas haviam se desviado dos caminhos do Senhor ela demonstrou um caráter firme, decidido e discreto. A sua coragem e determinação são dignas de nossa admiração. Sabemos que hoje em dia não existe mais profetisa, como Hulda, mas podemos agir como ela, sendo portadores da Palavra de Deus.

II. HULDA VÊ O TEMPO DO AVIVAMENTO

O que é um avivamento? É o “retorno de algo à sua natureza e propósito”. Significa acordar e viver. Significa que os crentes mornos, cansados, despertem para uma nova vida espiritual e entrem outra vez em contato com "rios de água viva”(ler Is.44:3). Significa retornar à Bíblia como a nossa única regra de fé e prática. Infelizmente, a maioria de nós experimenta aqueles momentos de apatia espiritual que tornam o avivamento necessário. Mas se vivêssemos continuamente na plenitude do Espírito de Cristo, como Deus deseja, o avivamento seria um estado permanente.

Pensamos sempre em acontecimentos espetaculares quando falamos em avivamento. Entretanto, o acontecimento maior e mais espetacular do avivamento é quando filhos de Deus que estavam mornos e cansados espiritualmente se tornaram outra vez ardorosos pelo Senhor; quando em suas vidas começaram a jorrar outra vez "rios de água viva"(João 7:38).

Deus sempre estabelece condições para que haja a renovação espiritual na vida de uma pessoa. Dentre elas, destacamos: buscar a Deus; submeter-se à Palavra do Senhor; confessar os pecados; arrepender-se; mudar de vida. Foi o que aconteceu na época da profetiza Hulda e do rei Josias.

1. Josias promove verdadeiro avivamento. Nos dias do rei Josias, houve um vigoroso avivamento, um dos mais impressionantes da história de Judá. Isto ocorreu quando a Palavra de Deus, que estava perdida na Casa do Senhor, foi encontrada. Josias ordenou que todos os homens de Judá, todos os moradores de Jerusalém, os sacerdotes, os profetas e todo o povo, desde o menor até ao maior se reunissem com ele diante do Templo; em seguida, todas as palavras do Livro da Aliança, que fora encontrado na Casa do Senhor, foram lidas diante deles. Feito isto, o rei se pôs em pé junto à coluna e fez aliança ante o Senhor, para O seguirem, guardarem os seus mandamentos, os seus testemunhos e os seus estatutos, de todo o coração e de toda a alma, cumprindo as palavras dessa aliança, que estavam escritas naquele livro; e todo o povo anuiu a esta aliança. Dessa forma, aconteceu um avivamento em Judá, quando o povo se arrependeu e retornou às práticas descritas por Deus em sua Palavra. Aquele avivamento trouxe maravilhosos resultados ao Reino de Judá: os judeus puseram-se, com temor e com o coração cheio de júbilo, a celebrar as festas do Senhor (2Cr.35:18).

O princípio bíblico essencial para o verdadeiro avivamento é o arrependimento sincero de pecados. Sempre que há arrependimento verdadeiro, pecados específicos são reconhecidos, falsos mestres e irmãos são devidamente disciplinados, praticas pagãs e mundanas são abandonadas e os padrões de santidade são restaurados. Falar de renovação ou avivamento espiritual, sem incluir mudança de atitude, ou sem arrependimento, significa que não há propósito sadio e real mudança no coração e na maneira de viver do povo.

Avivamento, também, significa retorno à obediência da Palavra de Deus. Uma evidência segura de que o avivamento está chegando entre o povo de Deus é o grande desejo de ouvir, estudar e obedecer à Palavra de Deus (veja Atos 2:42).

Todo avivamento espiritual registrado no Antigo Testamento surgiu de uma renovada proclamação da Palavra de Deus e da obediência a ela: (a) Josias leu as “palavras do Livro do concerto diante do povo, e os ouvintes voltaram-se para Deus (cf. 2Cr.34:30-33); (b) numa ocasião anterior, o rei Josafá e os levitas “ensinaram em Judá, e tinham consigo o Livro da Lei do Senhor” (cf. 2Cr.17:9); (c) posteriormente, Esdras leu a Lei de Deus, seis horas por dia, durante sete dias a fio (cf. Ne.8:3,18) e a explanou de tal maneira que o povo entendesse o que se lia (cf. Ne. 8:8). Todos os reais e duradouros avivamentos são marcados pela reposição da Palavra de Deus ao seu devido lugar de autoridade e de honra.

O avivamento é necessário, pois a tendência do homem é a de esquecer-se das coisas de Deus com o passar do tempo. Não é de estranhar que em muitas de nossas igrejas, o ”Livro da Lei” de Deus esteja perdido. Não no mundo, mas na própria igreja, vemos a carência de que a pregação genuína e o ensino da Palavra de Deus sejam mais consistentes. Para que possamos ver o verdadeiro avivamento acontecer, precisamos retornar à Palavra. Nenhum avivamento é possível sem um retorno incondicional à Palavra de Deus. Enquanto a Palavra de Deus não for achada, lida e crida, não poderá haver avivamento na Casa do Senhor.

2. Josias aboliu a idolatria. Com a sua forte liderança, Josias purificou o Templo de todo resquício de idolatria; eliminou por toda a terra de Israel os sacerdotes idólatras, matando os sacerdotes dos altos sobre os próprios altares; destruiu e profanou os objetos, altares, templos e monumentos aos deuses falsos; para cumprir as palavras da lei aboliu os médiuns, os feiticeiros, os ídolos do lar, os ídolos e todas as abominações que se viam na terra de Judá e em Jerusalém. Ainda moço, no oitavo ano de seu reinado, ou seja, aos dezesseis anos de idade, tomou medidas drásticas e corajosas contra a idolatria que tomou conta de Jerusalém e de cidades vizinhas. Aos vinte anos de idade, com doze no trono, começou a purificar Judá e Jerusalém, tirando-lhes os altos, os postes-ídolos e as imagens de escultura e de fundição que seu pai havia novamente introduzido. Certamente, foi uma obra de grande envergadura, tendo, inclusive, destruído os “intocáveis” bezerros de ouro construídos por Jeroboão, porque ouviu a Palavra de Deus, porque quis saber o que estava naquele Livro que fora achado na Casa de Deus. Foi isto que o impulsionou a abolir a idolatria, a levar o povo a observar a Lei do Senhor. Veja o que diz o texto Sagrado (2Cr.34:3-7):

3. Porque, no oitavo ano do seu reinado, sendo ainda moço, começou a buscar o Deus de Davi, seu pai; e, no duodécimo ano, começou a purificar a Judá e a Jerusalém dos altos, e dos bosques, e das imagens de escultura e de fundição.

4. E derribaram perante ele os altares de baalins; e cortou as imagens do sol, que estavam acima deles, e os bosques, e as imagens de escultura e de fundição quebrou, e reduziu a pó, e o aspergiu sobre as sepulturas dos que lhes tinham sacrificado.

5. E os ossos dos sacerdotes queimou sobre os seus altares e purificou a Judá e a Jerusalém.

6. O mesmo fez nas cidades de Manassés, e de Efraim, e de Simeão, e ainda até Naftali, em seus lugares assolados, ao redor.

7. E, tendo derribado os altares, e os bosques, e as imagens de escultura, até reduzi-los a pó, e tendo cortado todas as imagens do sol em toda a terra de Israel, então, voltou para Jerusalém.

Verdade é que, após sua morte, o povo, como em outros avivamentos, desviou-se, mas isto era consequência de séculos de inobservância da Lei do Senhor.

3. Os frutos do avivamento. O avivamento sempre resulta em frutos que denotam claramente mudança no padrão moral e espiritual das pessoas. O avivamento na vida do crente produz os seguintes frutos:

a) Mantém o crente afastado do mundo. Em Efésios 4:25-31 encontramos uma relação de vícios e práticas mundanas, emanadas do velho homem, que muitas vezes atingem sorrateiramente a vida do crente. Precisamos não somente abandonar, mas abominar estas coisas que entristecem o Espírito de Deus - "Não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas, antes, condenai-as" (Ef.5:11). Pela renovação espiritual nos mantemos firmes no processo de despir-se do velho homem e revestir-se do novo (Ef.4:22-24).

b) Aprofunda o crente na Palavra de Deus. Quando somos renovados, nosso espírito é impelido pelas verdades eternas da Palavra (João 6:63), e nossa fé cresce abundantemente (Rm.10:17). 

c) Perseverança nas orações. Uma igreja avivada não para de orar, faz contínua oração. A história dos avivamentos mostra que sempre o povo foi levado a buscar ao Senhor, a orar, a jejuar e a adorá-lo na beleza da Sua santidade. Diz a Bíblia que a igreja recém-nascida era uma igreja que perseverava na oração (At.2:42) e que todos viviam orando, desde os apóstolos (At.3:1) até os crentes mais jovens (At.12:12,13). Paulo afirmou que devemos orar em todo o tempo, sendo a oração o verdadeiro exercício que mantém o soldado de Cristo em forma para que use com eficácia a armadura de Deus (Ef.6:18). A oração é a forma pela qual nos comunicamos com Deus e, se temos comunhão com Ele, quereremos, sempre, orar.

d) Louvor a Deus (At.2:47). Um avivamento exalta o nome de Deus, coloca-o acima de tudo. Quando falamos em louvor, falamos em exaltação de Deus, em cânticos, hinos e salmos que enalteçam o Senhor e não o homem; que trazem enlevo à alma e ao espírito, e, por conseguinte, não agridem o corpo, nem promovem qualquer sentimento carnal. “Avivamentos” feitos com base em “louvorzões”, que suprimem a Palavra do Senhor, que promovam a sensualidade e a emoção, que agitem as pessoas e que se utilizem de ritmos criados para adoração ao diabo ou a seus agentes, que privilegiem o “eu” do crente em detrimento do Senhor, nunca podem ser verdadeiros e autênticos avivamentos.

e) Temor a Deus (At.2:43). Um verdadeiro avivamento não produz bagunça ou anarquia. É um ambiente de ordem e de decência, onde o nome do Senhor é glorificado e onde os incrédulos, ao invés de se escandalizarem, sentem a presença do Senhor. Um avivamento traz ao povo uma devida reverência às coisas de Deus, um respeito a tudo o que se relaciona com o culto.

4. Quando a Palavra de Deus é ensinada. Desde o Antigo Testamento, sempre vemos que os momentos de avivamento do povo de Deus são caracterizados por uma busca da Lei do Senhor, por uma renovação no interesse e na observância das Escrituras. Todo e qualquer movimento que menosprezar a Palavra de Deus, que não der espaço ao estudo e ao ensino da Palavra, não é um verdadeiro avivamento espiritual, mas um movimento místico, que se misturará facilmente com manifestações sobrenaturais de procedência maligna.

Dizer que se está diante de uma igreja avivada sem que haja ensino, exposição e meditação na Palavra do Senhor, onde há uma sequência interminável de cânticos, de divulgações intermináveis de “visões”, de “revelações”, de diálogos intermináveis com demônios, de teatralizações, de sessões de exorcismo e de operações similares, carregadas de misticismo e histeria, é um engano, é mentira, é ilusão. Deus Se revela através da Sua Palavra e as operações e manifestações de poder existem para confirmar a Sua Palavra (Mc.16:20). Não há como se concordar com um “avivamento” que deixa de lado as Escrituras e se apegam a invencionices humanas. Sejamos vigilantes e não deixemos que o adversário, com seus ardis, que não podemos ignorar (2Co.2:10,11), venha a nos enganar e a nos golpear.

III. HULDA É USADA POR DEUS

Hulda foi usada por Deus para advertir o rei e os israelitas do pecado de apostasia. O povo de Judá vivia numa degradação espiritual e moral tão grande que incomodou o próprio Deus. Certamente, isso não ficaria sem uma consideração punitiva do próprio Deus ao seu povo. A punição já estava escrita no Seu livro Sagrado, só precisava do momento certo para alguém encontrá-lo; foi o que aconteceu, como vimos anteriormente. Quando leram as Palavras do Senhor, Josias ficou apavorado, e logo buscou o Senhor através de seu instrumento, a profetiza Hulda, para dar-lhe uma resposta objetiva e clara acerca do que ali estava escrito. O sumo sacerdote Hilquias e os demais assessores do rei foram procurar a profetisa Hulda para saber o que iria acontecer com Judá - "e ela lhes disse: Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: Dizei ao homem que vos enviou a mim: Assim diz o SENHOR: Eis que trarei mal sobre este lugar e sobre os seus moradores, a saber, todas as palavras do livro que leu o rei de Judá. Porquanto me deixaram e queimaram incenso a outros deuses, para me provocarem à ira por todas as obras das suas mãos, o meu furor se acendeu contra este lugar e não se apagará“ (2Rs.22:15-17). Foi uma mensagem forte e objetiva, sem meandros. Era o prenúncio do cativeiro de Judá, o que ocorreu poucos anos depois.

O efeito da profecia sobre Judá e Jerusalém foi extraordinário. Quando um profeta merece credibilidade, sua palavra é reconhecida como sendo da parte de Deus por ser diferente da dos falsos profetas (Dt.18:18-22). A leitura da Palavra de Deus conduziu o rei a ouvir a profecia que o Senhor deu através de Hulda, e isso foi vital para o reavivamento espiritual do seu povo, e adiando para mais tarde o juízo de Deus sobre Judá. Esta é uma lição para nossos dias. Somente mediante o arrependimento da negligência existente, a busca e a obediência sincera dos ensinos contidos na Palavra de Deus e a comunhão com Ele é que podemos esperar um reavivamento espiritual do Seu povo. 

Após ouvir a mensagem profética de Hulda, Josias tomou de imediato algumas medidas que demonstram o seu cuidado e zelo em ouvir a voz de Deus:

a) Ele fez uma convocação urgente "a todos os anciãos de Judá e Jerusalém". É certo que as mudanças numa nação, ou numa igreja, só têm efeito se começarem pela liderança.

b) Ele levou todos os seus assessores e todo o povo à casa do Senhor. Ele "subiu à Casa do Senhor com todos os homens de Judá e os habitantes de Jerusalém, e os sacerdotes, e os levitas, e todo o povo, desde o maior até ao menor". Depois de reunir todo o povo, "ele leu aos ouvidos deles todas as palavras do livro do concerto, que se tinha achado na Casa do Senhor" (2Cr.34:29,30). Até então, apenas o rei e seus assessores tinham conhecimento do conteúdo do Livro da Lei e das maldições previstas contra a desobediência do povo. Por isso, Josias providenciou para que a leitura do Livro fosse feita perante todo o povo, a exemplo do que fizera Esdras, o sacerdote, no tempo de Neemías, diante todo o povo (Ne.8:2,3).

c) Ele fez um concerto com Deus - "E pôs-se o rei em pé em seu lugar e fez concerto perante o Senhor [...] com todo o seu coração e com toda a sua alma, cumprindo as palavras do concerto, que estão escritas naquele livro" (2Cr.34:31). Josias entendeu que precisava dar o exemplo de liderança e, antes de propor um concerto do povo com Deus, assumiu o compromisso diante de Deus e do povo de pautar seu reino pelos mandamentos do Senhor.

d) Em seguida, ele levou o povo a fazer um concerto com Deus - "E fez estar em pé a todos quantos se acharam em Jerusalém e em Benjamim; e os habitantes de Jerusalém fizeram conforme o concerto de Deus, do Deus de seus pais" (2Cr.34:32). O verdadeiro líder vai na frente e influencia seus liderados.

e) Aboliu por completo a idolatria. Por fim, Josias usou da autoridade que Deus lhe concedera e determinou que "todas as abominações" fossem tiradas do meio de Israel - “E Josias tirou todas as abominações de todas as terras que eram dos filhos de Israel; e a todas quantos se achara em Israel obrigou a que com tal culto servissem ao SENHOR, seu Deus; todos os seus dias não se desviaram de após o SENHOR, Deus de seus pais” (2Cr.34:33).

Depois das reformas necessárias, Josias cumpriu o que Deus determinara, e reinstituiu a Festa da Páscoa em Jerusalém, de conformidade com a Palavra de Deus que havia lido, de forma que foi celebrada como nunca fora desde os tempos dos juízes (cf. 2Cr.35:1-19).

CONCLUSÃO

A atuação da profetisa Hulda foi sobremodo significante no meio do povo de Judá. Foi uma atuação passageira, todavia, o que importa é a qualidade de seu trabalho, e não o tempo de seu ministério. Hulda soube colocar-se discreta e humildemente no lugar que Deus reservou a ela. No momento apropriado, entregou a mensagem de Deus ao povo de Judá, que, de maneira deliberada e contumaz, afastara-se dos caminhos do Senhor. A Igreja atual, urgentemente, carece de pessoas como Hulda: destemida; determinada; humilde; sem holofotes sobre si; que pregue absolutamente a Verdade, doa a quem doer.

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.

Revista Ensinador Cristão – nº 70. CPAD.

Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do Cristão. CPAD.

Comentário Bíblico Bacon. CPAD.

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