domingo, 10 de setembro de 2017

Aula 12 - O MUNDO VINDOURO


3º Trimestre/2017

Texto Base: Apocalipse 21:1-5

"E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe" (Ap.21:1).

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos de um dos temas de grande interesse do povo de Deus: o Mundo Vindouro. Depois do Milênio e do Juízo Final, chegará de fato o fim de todas as coisas (1Pd.4:7; 2Pd.3:7,10-12), que ensejará um novo início, o começo do “período da eternidade” propriamente dito (Lc.20:35; 2Pd.3:13; Ap.cap.21-22); é o que chamamos de Estado Eterno, ou o Novo Céu e Nova Terra, de que trata o apóstolo Pedro (2Pd.3:13) e o apóstolo João (Ap.21:1,5). Certamente, haverá um Mundo novo, no qual de eternidade em eternidade o povo de Deus estará sempre com o Deus da glória. Os santos apóstolos anelaram por esse Estado Eterno. Por isso, como Igreja do Senhor, somos estimulados pelas Escrituras a mantermos viva a chama da esperança da vinda do Senhor.

I. SOBRE O MILÊNIO

1. Descrição. O Milênio é o Reino de Cristo de mil anos (Ap.20:1-7). Nesse período, a ação destruidora de Satanás na Terra será neutralizada, iniciando-se assim uma nova ordem de coisas. Todos os textos que se referem ao Reino de Cristo falam de que, já nos primeiros dias da Igreja, esse Reino era esperado com ansiedade, pois eles deveriam esperar a vinda e o reino de Cristo como um lavrador aguarda o precioso fruto da terra (Tg.5:7,8). Portanto, é bem patente nas Escrituras que o Milênio é prometido aos judeus e, depois, aos que viverem fisicamente naquela época, quando tudo será abundante, conforme narram as Escrituras Sagradas (Zc.8:4-12; Ez.47:9-12; Jr.31,13; Is.65:21-23).

a) Nesse período glorioso, a Terra será restaurada. No princípio, "tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar" (Gn.2:15). Além de cuidar do planeta, o homem teria o domínio da Terra, com autoridade delegada pelo Criador sobre todos os reinos naturais (Gn.1:28). Era o plano original de Deus que o homem, feito à sua imagem e semelhança, o representasse, cuidando do planeta. Todavia, o homem fracassou em cuidar de si mesmo e da Terra. Com a entrada do pecado no mundo e a Queda do homem, toda a natureza foi perturbada e atingida pelos nefastos efeitos do rompimento da comunhão do homem com o Criador (Gn.3:17,18). Diz Paulo: "Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Rm.8:20-22). A Terra ou a criação aguarda a gloriosa redenção do homem e da própria natureza. Isto ocorrerá, quando Cristo assumir o Reino Milenial – “Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm.8:23,24).

b) Neste período glorioso, a Terra será governada por Jesus (Zc.14:9) - “E o SENHOR será rei sobre toda a terra; naquele dia, um será o SENHOR, e um será o seu nome”. A Terra será regida, não por monarquia, nem por democracia, nem por autocracia, mas sim por uma teocracia, isto é, o próprio Deus regerá o mundo na pessoa do Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo (Lc.1:32,33; Dn.7:13,14). Todas as formas de governo que já existiram e as que existem são falhas, umas mais, outras menos. Mostrando assim que elas não são perfeitas. Mas Cristo quando reinar será diferente, pois este será um período de completa glória divina no Seu domínio, governo, justiça e reino (Is.9:6; Is.11:4; Dt.18:18,19; Is.33:21,22; At.3:22).

O Espírito Santo de Deus revelou aos profetas Miquéias e Isaías os detalhes de como será este governo milenar de Jesus Cristo:

Miquéias 4:3

"E julgará entre muitos povos, e arbitrará entre nações poderosas e longínquas; e converterão as suas espadas em relhas de arado, e as suas lanças em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra".

Isaías 2:4

"E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerrear".

É muito importante ressaltar que esse será o único e verdadeiro governo de paz e justiça mundial, cujo Rei será Jesus Cristo. O que estamos vendo hoje são governantes mundiais prometendo falsas promessas de paz com o objetivo de se autopromoverem.

Os judeus serão a cabeça federativa desse governo. A sede do governo milenial será em Israel e Jerusalém será a capital do mundo. O Senhor Jesus se assentará sobre o trono de Davi, e de Jerusalém reinará sobre toda humanidade. O domínio de Cristo será universal (cf. Is.2:2-4; 4:2,3; Jl.3:17-20; Mq.4:2). O Reino milenial de Cristo, que trará salvação aos judeus, é a conclusão do programa divino sobre o povo de Israel (cf.Is.59:20; Rm.11:26).

2. Sobre a ressurreição dos mortos. A Bíblia ensina que os justos e os injustos serão ressuscitados (Dn.12.2; João 5:29; At.24:25). Mas, em Apocalipse ficamos sabendo que há um intervalo de mil anos entre essas ressurreições:

“E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos” (Ap.20:4-6).

O Senhor Jesus falou sobre essas duas Ressurreições: uma ele chamou de Ressurreição da Vida e a outra, de Ressurreição da Condenação, isto é, uma é a Ressurreição dos justos e a outra é a Ressurreição dos ímpios: “Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram mal, para a ressurreição da condenação”(João 5:28,29).

Os justos ressuscitarão primeiro, por isto, chamamos a Ressurreição dos justos de Primeira Ressurreição. Por ocasião do Arrebatamento da Igreja, Jesus ressuscitará aqueles que morreram nele (1Ts.4:14-17):

“Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”.

Tudo isto acontecerá num abrir e fechar de olhos - “num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1Co.15:52).

Os ímpios, porém, somente ressuscitarão depois do Milênio, para se apresentarem diante do Trono Branco, para o Julgamento Final; por isto, chamamos a Ressurreição dos ímpios de Segunda Ressurreição - “Mas, os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram” (Ap.20:5). Fica claro que os ímpios também ressuscitarão, porém muito depois: “...os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação”, ou, conforme afirmou Daniel: “...para vergonha e desprezo eterno”.

Enquanto os salvos ressuscitarão num corpo imortal e glorificado, conforme o corpo de Cristo, os ímpios ressuscitarão num corpo imortal, porém, sem nenhuma glória, sem qualquer beleza. Esta Segunda Ressurreição acontecerá numa única etapa. Todos os ímpios, de todos os tempos, ressuscitarão e comparecerão diante do Grande Trono Branco, para o Julgamento Final.

II. SOBRE O JUÍZO FINAL

1. Descrição. O “Juízo Final” será o julgamento a que serão submetidos os incrédulos de todas as eras, que foram ressuscitados, na consumação de todas as coisas (Ap.20:5). É chamado também de “Juízo do Trono Branco”, porque a narrativa bíblica se inicia com a visão de um “Grande Trono Branco”. Ocorrerá depois do término do Reino milenial de Cristo, depois da condenação definitiva do Diabo e suas hostes. Na Bíblia, esse julgamento é explicitamente mencionado pela primeira vez por Daniel (Dn.7:9,10). Portanto, era e é algo de pleno conhecimento dos judeus, como mostra Marta, irmã de Lázaro, ao se dirigir ao Senhor, quando este chegou a Betânia quatro dias após a morte de Lázaro (João 11:24). Terá como objetivo retribuir a cada um segundo as suas obras (Ap.20:11-15). A Igreja - a Universal Assembleia dos Santos (Hb.12:23) - não será submetida ao Juízo Final, por haver crida na eficácia da morte e da ressurreição do Filho de Deus.

Quem será o Juiz que se assentará no Grande Trono Branco? Certamente será o Senhor Jesus Cristo, conforme Ele mesmo declarou: “E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo”(João 5:22); “E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem” (João 5:27). O Apóstolo Pedro afirmou que o Senhor Jesus é o Juiz: “E nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos” (Atos 10:42). O Apóstolo Paulo ratificou o que Jesus e Pedro disseram; escrevendo aos crentes, da cidade de Roma, disse: “No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho”(Rm.2:16). Em Atenas, falando aos filósofos da Grécia, no Areópago, Paulo declarou: “Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos” (Atos 17:31). Paulo não tinha dúvidas de que aquele que hoje é o nosso Advogado (1João 2:1), amanhã será o Juiz que se assentará no Grande Trono Branco - “Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino”(2Tm.4:1).

No Juízo Final não haverá nenhuma chance para alguém se salvar ou ter seus pecados perdoados. Naquele grande Tribunal Jesus será Juiz e não mais Salvador e nem Advogado (2Tm 4:1). Conta-se que um fazendeiro, muito rico, cometeu um crime, um homicídio. Para defendê-lo contratou um famoso advogado. Este, usando seu prestigio e capacidade, foi adiando sempre o julgamento, enquanto seu cliente permanecia respondendo o processo, em liberdade. O advogado, contudo, nesse ínterim, prestou concurso para a magistratura e foi empossado como juiz. O fazendeiro, quando soube, ficou muito feliz. Enviou uma carta felicitando o juiz e manifestando sua confiança e certeza na sua absolvição. O juiz ao enviar seu agradecimento, fez, contudo, constar o seguinte: "Eu era o seu advogado. Fiz tudo para defendê-lo. Agora, porém, eu sou o seu juiz e vou julgá-lo com justiça”. O Senhor Jesus é, hoje, nosso Advogado. Certamente que o seu desejo é o de justificar o pecador, diante do Pai. Porém, a partir do momento em que o homem partir para a eternidade, sem salvação, o mesmo Jesus passa a ser o seu Juiz, Aquele que, no Grande Trono Branco, julgará, com justiça - “...Ele é o que por Deus foi constituído Juiz dos vivos e dos mortos” (Atos 10:41).

Todo ser humano devia se preocupar com o Juízo Final, pois fora da Salvação em Cristo, indubitavelmente, enfrentará esse momento que, infelizmente, nele só haverá um veredicto: a condenação eterna (Ap.20:15).

2. O julgamento. No Julgamento do Grande Trono Branco não há menção de vivos. Afirma o apóstolo João: “e vi os mortos, grandes e pequenos... E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia...” (Ap.20:12,13). Assim, podemos afirmar que no banco dos réus, no Julgamento Final diante do Grande Trono Branco, estarão todos os mortos ímpios de todos os tempos. Não importa quando, onde, ou como tenham morrido – os que foram queimados, cremados, devorados pelos peixes ou qualquer animal marinho, terrestre, ou pelos micro-organismos -, ninguém será esquecido na terra, no mar, no Hades, em lugar nenhum. Conforme afirmou o Senhor Jesus: “E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (João 5:29).

“E vi os mortos, grandes e pequenos...”. Certamente que a expressão “grandes e pequenos” nada tem a ver com a idade, ou com a estatura física. Não se trata, também, de adultos e crianças; grandes e pequenos diz respeito ao que esses mortos tinham sido, quando vivos, aqui na Terra. Diz respeito à posição, ao prestigio, à importância que representaram em sua época. Deus não faz acepção de pessoas, conforme afirmou Pedro: “E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um...” (1Pd.1:17). Entre os grandes certamente que estarão milhares de milhões de reis, imperadores, nobres, presidentes, ditadores, generais, cientistas, milionários, etc.. Entre os pequenos estarão escravos, mendigos, analfabetos, operários, etc. Não é verdade que ninguém vai para o inferno por ser rico, sábio, nobre; como também não é verdade que ninguém vai para o céu por ser pobre mendigo, analfabeto; grandes e pequenos, de todas as camadas sociais que morreram sem salvação, estarão, naquele Dia, diante do Trono Branco. Creia nisto!

A Sentença. A sentença desse Julgamento está bem claro em Apocalipse 20:14,15: “E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo”. O “lago de fogo” é uma prisão eterna, pois, segundo informou o Senhor Jesus, foi o lugar preparado para Satanás viver, na eternidade - “... Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”(Mt.25:41); é o Inferno propriamente dito. Será nesse lugar tenebroso onde serão lançados os ímpios condenados no Julgamento Final, diante do Trono Branco, onde já estarão o Anticristo, o Falso profeta e Satanás (Ap.20:15) - “... de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”(Ap.20:10).

Observe que, nesse último grande Juízo, não serão proferidas duas sentenças, como ocorrerá no Julgamento das Nações (Mt.25:46). Haverá uma única condenação para os ímpios (Ap.20:15). Alguns dizem que os salvos também hão de ser julgados, mas isso contraria o que Jesus afirmou, em João 5:24: "Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entrará em juízo, mas passou da morte para a vida" (ARA). Portanto, o salvo em Cristo tem a vida eterna hoje e não será julgado mais quanto ao pecado (cf. Rm.8:1,33,34), a menos que se desvie do caminho da justiça (2Pd.2:20-22; Mt.24:13; Ap.3:5).

3. Destino dos ímpios. É o Inferno, descrito em Apocalipse 19:20 como "lago de fogo" ou "ardente lago de fogo e enxofre". Esse lugar foi preparado para o Diabo e seus anjos (Mt.25:41), e não para os seres humanos, mas será o destino final dos perdidos por causa da sua incredulidade e desobediência, pois a vontade de Deus é que ninguém se perca, mas que todos sejam calvos (1Tm.2:4). Atualmente, não há ninguém no “lago de fogo”. A localização de todos os ímpios mortos desde o início da criação é, no Antigo Testamento, “Seol” e, no Novo Testamento, “Hades”. Segundo Lucas 16:19-31, este lugar é bastante parecido com o lago de fogo, mas não igual. Depois do julgamento do Grande Trono Branco, todos os anjos caídos e a humanidade incrédula passarão a eternidade no lago de fogo. Portanto, a eterna separação de Deus é o destino eterno dos incrédulos. É o que a Bíblia considera de segunda morte (Ap.20:14) - “Aqueles que forem lançados no ‘lago de fogo’ passarão pela ‘segunda morte’ (Ap.2:11; 21:8) -, que não é igual à primeira que é física e temporal. A primeira morte é apenas a interrupção da existência na Terra, mas a segunda não traz nenhuma interrupção. Aqueles que rejeitam o chamado de Deus, cujos nomes não estão escritos no Livro da Vida, enfrentarão um terrível julgamento e um futuro ainda mais funesto.

4. Estado Intermediário. Apesar da vida findar-se aqui neste mundo, a alma humana é imortal. Após a morte, o corpo se desfaz no pó da terra, entretanto, existe uma parte espiritual no ser humano que não cessa de existir. Jesus claramente ensinou que a existência não cessa com a morte (Mt.22:31,32; Lc.16:19-31). Segundo a Bíblia, existe um local onde a alma e o espírito dos que morrem aguardam a ressurreição: é o chamado Estado Intermediário.

a) Sheol, Hades. Sheol é a morada dos mortos. No Antigo Testamento era considerado como uma região situada embaixo da terra (Nm.16:30,33; Am.9:2), sombria e escura, onde os espíritos desencarnados tinham uma existência consciente, mas amortecida e inativa (2Sm.22:6; Ec.9:10). O povo hebreu via o Sheol como o lugar para onde justos e ímpios iam, após a morte (Sl.9:17; Is.38:10; Dt.32:22), um lugar onde se recebiam punições e recompensas. No Novo Testamento, Sheol é traduzido por Hades. Tanto Sheol como Hades designam o lugar para onde, nos tempos do Antigo Testamento, iam todos após a morte: justos e injustos, havendo, no entanto, nessa região dos mortos, uma divisão para os justos e outra para os injustos, separados por um abismo intransponível. Todos estavam ali plenamente conscientes, como está escrito em Lucas 16:19-31. O lugar dos justos era de felicidade plena, paz e segurança, era chamado de “Seio de Abraão” ou “Paraíso”. Já o lugar dos ímpios era e é tenebroso, cheio de dores e sofrimentos, estando todos lá plenamente conscientes.

b) Paraíso. É o Lugar para onde vão os salvos depois que morrem, aguardando a ressurreição. O Paraíso está agora na imediata presença de Deus. Os salvos em Cristo, desde a ressurreição de nosso Senhor Jesus, não mais descerão ao Hades, isto é, para a divisão que antes era reservada ali para os justos. A mudança ocorreu entre a morte e a ressurreição do Senhor, pois Ele disse ao ladrão arrependido: “hoje estarás comigo no paraíso” (Lc.23:43). Sobre este assunto, diz o apóstolo Paulo: “quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro, e concedeu dons aos homens. Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido até às regiões inferiores da terra?” (Ef.4:8,9). Entende-se, pois, que Jesus, ao ressuscitar, levou para o Céu os crentes do Antigo Testamento que estavam no “seio de Abraão”, conforme narra Lucas 16:22. Muitos desses crentes Jesus os ressuscitou por ocasião da Sua morte, certamente para que se cumprisse o tipo prefigurado na Festa das Primícias (Lv.23:9-11), que profeticamente falava da ressurreição de Cristo (1Co.15:20,23).

Conforme afirma o apóstolo Paulo, o Paraíso não está em baixo, como dantes; está agora na imediata presença de Deus. O apóstolo Paulo foi ao Paraíso, o qual está no Terceiro Céu (2Co.12:1-4). A mesma coisa vê-se em Ap.6:9,10, onde as almas dos mártires da Grande Tribulação permanecem no Céu, “debaixo do altar”, aguardando o fim da Grande Tribulação, para ressuscitarem (Ap.20:4) e ingressarem no reino milenial de Cristo.

Os crentes que agora “dormem” no Senhor estão no Céu, pois o Paraíso está lá agora, como um dos resultados da obra redentora do Senhor Jesus Cristo (2Co.5:8). No momento do Arrebatamento da Igreja, seus espíritos e almas virão com Jesus, unir-se-ão a seus corpos ressurretos e subirão com Cristo, já glorificados, e viverão no Céu eternamente.

Como eu disse, depois que Cristo ressuscitou, os crentes, quando morrem, vão direto para o Céu “estar com Cristo” (Fp.1:23; 2Co.5:8). Por outro lado, o lugar de tormentos do Hades continua existindo, e é aonde os não-salvos vão depois que morrem, para aguardar o Grande Trono Branco (Juízo Final), que acontecerá depois do Milênio, quando, então, irão de lá para o Inferno (lago de fogo e enxofre), o Geena, juntamente com Satanás e seus anjos (Ap.20:5,11-15).

III. SOBRE A NOVA CRIAÇÃO

Antes de começar o Estado Eterno, a Terra e os céus que agora existem serão destruídos para darem lugar a uma Nova Criação. A nova Terra será adaptada para a eternidade; o Universo dará lugar a um novo céu e uma nova Terra (Ap.21:5; 2Pd.3:13; Mt.5:5), na qual haverá uma “Santa Cidade” (Ap.21:2), a Formosa Jerusalém. Antes, porém, haverá alguns eventos que precederão o Estado Eterno (o Mundo Vindouro): o Julgamento das Nações que sobreviveram às catástrofes ocorridas na Terra durante a Grande Tribulação (Mt.25:31-46; Ap.19:11-20.6), por ocasião da volta do Senhor Jesus no final da Grande Tribulação; a prisão de Satanás (Ap.20:2,3); o Reino milenial de Cristo (Ap.20:1-7); o lançamento de Satanás e seus anjos no Inferno (Ap.20:10) e; o Juízo Final (Ap.20:11-15). Após tudo isso, haverá um Mundo novo, no qual de eternidade em eternidade estaremos sempre com o Deus da glória.

1. Um Novo Céu e uma Nova Terra (2Pd.3:13) – “Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça”. Aqui, Pedro está tratando do Estado Eterno, do Novo Céu e Nova Terra. Em Isaias 65:17, também, fala do “novos céus e nova terra”, mas, nesta passagem, Isaias está tratando do Milênio, onde o pecado e a morte ainda estarão presentes (Is.65:20), e crianças ainda nascerão (Is.65:23); estes fatos não existirão no Estado Eterno. Portanto, não devemos confundir os “novos céus e nova terra” de 2Pedro 3:13 com os “novos céus e nova terra” de Isaias 65:17, pois são fatos distintos.

Em uma bela descrição dos Novos Céus e da Nova Terra, os crentes têm a segurança de que será um mundo em que habita a justiça (2Pd.3:13), porque o próprio Deus viverá entre o seu povo (Ap.21:1-4,22-27). De acordo com o apóstolo, a justiça habitará nos novos céus e nova Terra. Na dispensação da graça, a graça reina pela justiça (Rm.5:21), no Milênio, a justiça reinará (Is.32:1); no Estado Eterno, a justiça habitará. Em seu reinado aqui na Terra, Cristo governará com cetro de ferro e imporá a justiça, nesse sentido, a justiça reinará. No Estado Eterno, porém, não haverá necessidade de cetro de ferro, a justiça estará em casa, nenhum pecado perturbará o cenário de paz e beleza.

O velho mundo no qual vivemos vai desaparecer (Is.34:4; 51:6; 2Pd.3:7,10,12) por causa da sua contaminação; os céus e a terra não poderão resistir à santidade e à glória de Deus - "E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles" (Ap.20:11). Esta palavra profética é reiterada em Apocalipse 21:1: "Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe". O universo físico não se susterá diante da pureza, santidade e glória daquele que está assentado sobre o trono.

Diante desses acontecimentos, o que devemos fazer? Pedro exorta-nos assim: “Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade” (2Pd.3:11, ARA). Pedro, aqui, quer nos ensinar que todas as coisas das quais os seres humanos se vangloriam, as coisas para as quais eles vivem, são, na melhor das hipóteses, passageiras. O bom senso nos diz que devemos deixar de lado as futilidades e os passatempos deste mundo e vivamos em santidade e piedade. Trata-se simplesmente de viver em função da eternidade, e não do tempo; de enfatizar as coisas espirituais, e não as materiais; de escolher aquilo que é permanente, e não o que é efêmero.

2. A Nova Jerusalém. A Nova Jerusalém é o Eterno Lar de todos os salvos em Cristo. É a “Cidade santa” (Ap.21:2), um lugar preparado “como noiva adornada para o seu esposo” (Ap.21:2). Nesse lugar, “a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor” (Ap.21:4). É a Cidade que “tem a glória de Deus” e cujo “fulgor” é “semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina” (Ap.21:11). Partes da Cidade são construídas com imensas joias preciosas de várias cores (Ap.21:18-21). Será livre de todo o mal, pois “nela, nunca penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro” (Ap.21:27). Ela é explicitamente mencionada e revelada no capítulo 21 do livro do Apocalipse, mas, antes da visão do apóstolo João, já havia referências a ela nas Escrituras Sagradas. O próprio Jesus já havia mencionado existir um lugar que seria por Ele preparado para que os seus servos nele habitassem para sempre com o Senhor (João 14:3). O objetivo de Deus é fazer com que tenhamos, novamente, um lugar onde possamos habitar com Deus e a Nova Jerusalém é esse local. Nessa gloriosa Cidade o Altíssimo “habitará” eternamente entre seu povo (Ap.21:3; 22:3,4) e Ele mesmo limpará de nossos olhos toda a lágrima (Ap.21:4). Os seus servos o servirão” (Ap.22:3).

Na Nova Jerusalém serviremos ao Senhor continuamente (Ap.22:3). Alguns pensam que no Céu, na eternidade com Cristo, na Santa Cidade, não haverá trabalho. Esquecem-se de que Deus, sendo perfeito em tudo, trabalha (João 5:17; Is.64:4). Aqueles que tiverem sido servos do Senhor aqui hão de continuar a servi-lo ali: "os seus servos o servirão". É a nossa eterna bem-aventurança. Aqui está o final glorioso da jornada da Igreja.

Na Nova Jerusalém há grande alegria, pureza e santidade (Ap.21:2,11). Lá só haverá alegria, infinitamente superior a tudo o que já sentimos nesta vida. Imaginemos qual será o sentimento de todos nós, ao vermos o rosto de Deus e do Cordeiro (Ap.22:4)!

3. A eternidade dos salvos. A Formosa Jerusalém apresenta o rio puro da água da vida, o qual procede do trono de Deus e do Cordeiro e, no meio da praça, a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, cujas folhas são para a saúde das nações. Diz assim o texto sagrado (Ap.22:1,2):

“E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça e de uma e da outra banda do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a saúde das nações”.

Esta linguagem, que é figurada, fala-nos da eternidade de que desfrutarão os habitantes desta santa Cidade. No Éden, o homem possuía uma eternidade condicional, embora, enquanto obedecesse ao Senhor, jamais morreria. Aqui, porém, a situação é bem diferente: o homem tem a vida eterna, esta dádiva que é recebida por todos aqueles que creem em Jesus Cristo (João 3:16; 17:3; 1João 2:25; 5:11,12).

- O texto de Ap.22:1,2 nos fala de eternidade, porque nos diz que, no meio da praça, há “a árvore da vida”. A vida na Nova Jerusalém é eterna, pois Deus se encarregará de regenerar constantemente o homem, de impedir que o tempo tenha qualquer efeito sobre ele; é o Estado Eterno, ou seja, o tempo não mais existirá. Os séculos terão se consumado (Mt.28:20), mas o Senhor continuará conosco, providenciando e garantindo a perpetuidade da nossa existência ao Seu lado. A árvore da vida é o próprio Cristo, o Pão da Vida, o pão que desceu do céu, para que o que dele comer não morra (João 6:50). O texto também nos fala que, de mês em mês, a “árvore da vida” dá seu fruto e que seu fruto é restaurador, sarador, é para a saúde das nações. A periodicidade mencionada aqui no texto de Ap.22:2 é figurativa, apenas retrata a constância com que se dará esta comunhão, pois, na Nova Jerusalém, não haverá mais tempo. Também é figurativa a afirmação concernente à “saúde das nações”, pois, na Nova Jerusalém, não haverá qualquer possibilidade de doença; o que o texto está a afirmar é que a restauração espiritual operada nos homens que perseveraram até o fim será eternamente sustentada e garantida pelo Senhor, a nossa Árvore da vida.

CONCLUSÃO

Certos de que em breve estaremos diante de Deus, na Nova Jerusalém, devemos ansiar por ser santo e irrepreensível (2Pd.3:14), isto é, moralmente puros. Nossas vidas devem estar em contraste direto com as vidas ímpias e o ateísmo encontrado no mundo. O apóstolo Paulo nos conclama a jamais desanimarmos nem desistirmos, por maiores que sejam as provas e as lutas, pois “… as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm.8:18). A promessa profética deste Lar Eterno para o povo de Deus leva os santos a orar: “Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap.22:20).

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 71. CPAD.
Pr. Esequias Soares. A Razão de nossa Fé. CPAD.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. A promessa da Segunda Vinda de Cristo.PortalEBD_2007.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. O Arrebatamento da Igreja.PortalEBD_2016.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e exaustiva.
Elinaldo Renovato de Lima – O Final de Todas as Coisas. CPAD.
Caramuru Afonso Francisco. A Grande Tribulação. PortalEBD_2004.
Pr. Ciro Sanches Zibordi. Escatologia Doutrina das últimas Coisas. Teologia Sistemática. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. O Milênio: o Reino do Messias. PortalEBD_2003.
Tim Lahaye. Enciclopédia popular de Profecia Bíblica. CPAD.2015.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. O julgamento Final. PortalEBD. 2004.
Antônio Gilberto. Calendário do Apocalipse. CPAD.

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