domingo, 21 de janeiro de 2018

Aula 04 – JESUS É SUPERIOR A JOSUÉ – O MEIO DE ENTRAR NO REPOUSO DE DEUS


1º Trimestre/2018

Texto Base: Hebreus 4:1-13

"Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência" (Hb.4:11).

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo acerca da Supremacia de Cristo, revelada na Epístola aos Hebreus, estudaremos nesta Aula o capítulo 4. Tendo mostrado que Jesus é superior ao grande líder Moisés, o autor passou para um outro grande líder do povo de Deus, Josué. Este foi incumbido da grande missão de conduzir o povo à Terra Prometida pelo caminho determinado por Deus. Todavia, o final do capítulo 3 de Hebreus explica que os israelitas que se rebelaram contra Deus nunca entraram “no seu repouso” (referindo-se à Terra Prometida, mencionada em Hb.3:18,19). A incredulidade e a desobediência, somadas à falta de ânimo, fizeram com que o povo não vivesse as promessas de Deus em sua plenitude. O autor aos Hebreus receava que o mesmo processo estivesse se repetindo agora com os crentes da Nova Aliança, e pelas mesmas razões. A única forma de voltar para a corrida e completar o percurso, entrando no descanso de Deus, era observando a sua Palavra. O servo de Deus Josué conduziu Israel para a Terra Prometida, contudo ele não proporcionou o verdadeiro “repouso” de Deus (cf. Hb.4:8). Alguém maior do que Josué realizou essa obra gloriosa, seu nome: Jesus Cristo. Ele proveu um descanso celestial, eterno e completo para a Igreja.

I. JESUS PROVEU UMA MENSAGEM SUPERIOR A DE JOSUÉ

1. Uma mensagem que deve ser recebida pela fé. “Porque também a nós foram pregadas as boas-novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram” (Hb.4:2). Aqui, o autor afirma que as boas-novas foram pregadas a seus contemporâneos, assim como havia acontecido com os crentes dos dias de Josué (Hb.4:2). Os israelitas ouviram a mensagem de “boas novas”, mas não a receberam com fé. A razão pela qual muitos não entraram no “repouso”, ou seja, em Canaã, é que “a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram”. Aí, vemos a importância da fé para a salvação. A Bíblia assevera que sem fé é impossível agradar a Deus (Hb.11:6). Hoje, em todo o mundo, é grande a provocação ao Senhor; os ímpios estão em rebelião aberta e declarada contra Deus. Infelizmente, também há crentes que ouvem a Palavra nas igrejas, mas preferem continuar desobedecendo aos preceitos do Senhor. Isso é muito perigoso, pois desobediência à Palavra de Deus é o maior de todos os pecados!

2. Uma mensagem que se fundamenta na obediência. “E outra vez neste lugar: Não entrarão no meu repouso. Visto, pois, que resta que alguns entrem nele e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas-novas não entraram por causa da desobediência” (Hb.4:5,6). Aqui, o autor mostra a razão de alguns não terem entrado no descanso de Deus: a desobediência. “A desobediência é a manifestação ativa da incredulidade”. Os israelitas ouviram, mas não obedeceram. Segundo cálculos razoáveis, os israelitas tirados do Egito pela poderosa mão de Deus foram cerca de três milhões de pessoas. Somente os homens de guerra somavam 600.000 (Êx.12:37); desses, só entraram em Canaã, dois: Josué e Calebe (Dt.1:36,37). Por causa da desobediência e da incredulidade, o juízo de Deus foi derramado sobre os israelitas no deserto, impedindo-os de chegar à Terra Prometida. Ter grandes líderes, como Moisés, Josué, e Calebe, não encobre a incredulidade e a rebelião do povo.

O povo de Deus, que tinha visto grandes milagres no êxodo do Egito, jamais entrou no repouso de Deus. O pecado do povo não só impediu que eles possuíssem a terra, como também impediu que eles tivessem uma intima comunhão com Deus. Devemos ter cuidado para não acreditarmos que somos cristãos só porque pertencemos a uma igreja boa, ou porque temos uma boa família cristã. Os israelitas, o povo escolhido de Deus, não entraram por causa da desobediência a Deus. Mas isto não significa que o lugar de repouso de Deus não exista mais. Ele ainda está à nossa espera, à espera do povo de Deus. Lembre-se: a mensagem de Deus só tem proveito quando acompanhada pela obediência.

3. Uma mensagem que conduz à contrição. “Determina, outra vez, um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb.4:7,8). A mensagem de Deus para ser recebida necessita encontrar corações receptivos, abertos. A humanidade não perdeu a sua chance de salvação com o fracasso de Israel, mas o autor da Epístola, em epígrafe, outra vez advertiu seus destinatários a não endurecerem os seus corações. A frase, “determina, outra vez, um certo dia”, significa que o tempo de repouso chegará, e de fato já chegou, porque o tempo é “Hoje”.

II. JESUS PROVEU UM DESCANSO SUPERIOR AO DE JOSUÉ

1. Um descanso total. “Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria, depois disso, de outro dia” (Hb.4:8). Na época em que o Salmo 95 foi escrito (e ele foi parcialmente citado em Hb.4:7), ninguém tinha entrado no repouso completo de Deus. Muitos judeus podem ter acreditado que já haviam recebido o repouso de Deus, por habitarem na terra de Canaã. Mas o autor argumenta que isso não pode ser assim. Josué e os israelitas estabeleceram-se em Canaã e realmente alcançaram períodos de paz e prosperidade. Contudo, se este tivesse sido o repouso prometido de Deus, “não falaria, depois disso, de outro dia” de repouso. Em outras palavras, não teria havido nenhuma necessidade desta renovação da promessa registrada aqui, do Salmo escrito por Davi. Se Deus pretendesse ter apenas um reino terreno, Ele não teria prometido um “outro dia”. Portanto, o repouso não estava na terra, mas no Reino eterno de Deus. O autor de Hebreus mostra que o descanso provido por Jesus foi completo, total. Nada ficou para ser conquistado.

2. Um descanso real. Hebreus 4:8, diz: "Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria, depois disso, de outro dia". A conquista de Canaã era apenas um tipo da qual a Canaã celestial é o antítipo. A conquista da Terra Prometida por Josué era apenas uma sombra da qual Jesus é a realidade. Alguns israelitas, é claro, entraram em Canaã com Josué. Mas nem esses desfrutaram do descanso final que Deus preparou para os que o amam. Havia conflito em Canaã, além de pecado, doenças, dores, sofrimento e morte. Se eles tivessem aproveitado a promessa de descanso, Deus não o teria oferecido de novo na época de Davi.

Josué liderou os israelitas a entrar na terra da promessa e do descanso, mas nem mesmo Josué poderia garantir aos israelitas o verdadeiro descanso de Deus. O autor aos Hebreus exorta seus leitores a entrarem no descanso superior, real, que Deus prometeu, e que o Josué do Novo Testamento, Jesus Cristo, torna possível.

3. Um descanso eterno. Os versículos anteriores culminaram nesta conclusão: “Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb.4:9). Aqui, o autor usa para “repouso” o termo grego “sabbatismos”, relacionado à palavra “Sabbath”. Este tipo de repouso é diferente do que os israelitas esperavam. Este repouso refere-se ao que Deus fez quando terminou a criação. “Resta ainda” este repouso. Ele ainda não foi realizado. Ele se refere ao eterno repouso que será desfrutado por todos os remidos pelo precioso sangue de Cristo. Para os crentes, resta ainda o repouso eterno no Céu (João 14:1-3). Entrar nesse repouso final significa o cessar do labor, dos sofrimentos e da perseguição, tão comuns em nossa vida nesta terra; significa participar do repouso do próprio Deus e experimentar eterna glória, deleite, amor e comunhão com Deus e com os santos redimidos. Será um descanso sem fim (Ap.21:22). Glórias a Deus!

III. JESUS PROVEU UMA ORIENTAÇÃO SUPERIOR A DE JOSUÉ

“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb.4:12).

Deus sabe se fazemos ou não todos os esforços possíveis (Hb.4:11), e se temos ou não verdadeiramente chegado à fé em Cristo; “não há criatura alguma encoberta diante dele” (Hb.4:13). Podemos enganar a nós mesmos ou a outros cristãos no tocante à nossa vida espiritual, mas não podemos enganar a Deus. Ele sabe quem nós realmente somos porque a Palavra de Deus é viva e eficaz. A Palavra de Deus não pode ser desprezada nem desobedecida. Os israelitas que se rebelaram aprenderam da maneira mais difícil que, quando Deus fala, eles devem ouvir. Ir contra Deus significa encarar o juízo e a morte eterna.

1. A Palavra é viva. A Palavra de Deus é constante e efetivamente viva. A Palavra de Deus é viva, transforma vidas, e é dinâmica quando opera em nós. As exigências da Palavra de Deus requerem decisões. Nós não só a ouvimos, mas deixamos que ele molde a nossa vida. Pelo fato de a Palavra de Deus ser viva, ela aplicava-se aos cristãos judeus do século I, como também se aplica aos cristãos de hoje. A maioria dos livros pode se parecer com artefatos empoeirados colocados simplesmente sobre uma estante, mas a Palavra de Deus, reunida nas Escrituras, vibra com vida.

A Palavra de Deus não se constitui de meras argumentações humanas ou filosóficas, que atingem o intelecto, mas não penetram no coração, no mais íntimo do ser humano; Ela é viva, poderosa e vivificante. Jesus afirmou: “as palavras que eu vos disse são espírito e vida” (João 6:63). Somente Jesus tem palavras de vida eterna (João 6:68).  

2. Uma palavra eficaz. A palavra de Deus é cheia de poder, enérgica; produz vida - "sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre" (1Pd.1:23). A Palavra produz resultados: "assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei" (Is.55:11). Ninguém ouve a Palavra de Deus sem ser alcançado por seus resultados. Quem ouve e crê “tem a vida eterna” (João 5:24). Quem ouve e não crê “já está condenado” (João 3:18).

3. Uma palavra penetrante. A Palavra de Deus penetra até o ponto de dividir a alma e espírito, duas partes indivisível e não materiais do ser humano; Ela não fica na superfície, mas vai até o centro do ser humano. Ela revela o que está em nosso interior, no mais profundo de nosso ser. Sendo “espírito e vida”, a Palavra de Deus atinge a parte sensorial do homem. O espírito, a alma e o corpo são alcançados pelo poder penetrante da Palavra divina. Por quê? Quando o homem ouve a Palavra e crê, no seu interior ocorrem modificações extraordinárias que beneficiam inclusive o funcionamento orgânico do seu corpo. Ela penetra “juntas e medulas”: as juntas, permitem os movimentos externos; as medulas, escondidas, mas vitais para os ossos. Os israelitas falharam por não ouvir as palavras de Moisés e Josué, e os cristãos, por outro lado, deveriam ter mais prontidão para responder a Palavra de Deus. 

4. Ela discerne pensamentos e intenções. A Palavra de Deus é apta para discernir, isto é, ela é perspicaz e com senso de juízo quanto aos “pensamentos e propósitos do coração”. É a Palavra que nos julga; não somos nós que julgamos a Palavra de Deus; Ela revela o que realmente somos por dentro. Nada pode ser escondido de Deus; também não podemos nos esconder de nós mesmos, se estudarmos sinceramente a Palavra de Deus. Ela alcança o nosso interior atravessando a nossa vida exterior, assim como uma espada atravessa a pele.

Muitos filósofos, com seu intelectualismo frio e racionalista, têm confundido os homens afastando-os ainda mais do seu Criador. A Bíblia, no entanto, sendo a Palavra de Deus, tem transformado a vida de inúmeras pessoas, elevando-as à condição de salvas e remidas pelo sangue de Jesus. Em Hb.4:13 o escritor adverte que diante do poder penetrante da Palavra de Deus, “não há criatura alguma encoberta diante dEle”, e todas as coisas estão “nuas e patentes aos Seus olhos”, ou seja, não há nada velado diante do Todo-Poderoso. Pense nisso!

CONCLUSÃO

Deus tem prometido um lugar de descanso celestial para seu povo, em sua presença, na eternidade. Para chegarmos lá, só precisamos ser fiéis, obedientes e santos. Em nossa jornada, temos como guia não um Moisés ou um Josué, mas Jesus, o autor e consumador da nossa fé. Não permitamos que fatores adversos interrompam a nossa jornada de fé, assim como aconteceu com o povo de Israel em sua jornada no deserto. É bom lembrar que o deserto não é apenas algum momento de dificuldades que passamos na vida, mas é a nossa trajetória rumo ao nosso repouso. Se não atentarmos para a santa, viva e eficaz Palavra de Deus, teremos dificuldades imensas para atingirmos o alvo: o repouso celestial.

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 73. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

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