domingo, 18 de fevereiro de 2018

Aula 08 – UMA ALIANÇA SUPERIOR


1º Trimestre/2018

Texto Base: Hebreus 8:1-10

"Porque este é o concerto que, depois daqueles dias, farei com a casa de Israel, diz o Senhor: porei as minhas leis no seu entendimento e em seu coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo" (Hb.8:10).

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo da Epístola aos Hebreus, estudaremos nesta Aula o capítulo 8. Trataremos a respeito da natureza, dos aspectos e da promessa da Nova Aliança, que é infinitamente superior à Antiga. A Epístola aos Hebreus revela que Cristo é o “Mediador de superior Aliança instituída com base em superiores promessas” (Hb.8:6). Ela é mais excelente porque as promessas do pacto mosaico eram condicionais, terrenas, carnais e efêmeras, enquanto as promessas da Nova Aliança são incondicionais, espirituais e eternas. Inúmeros são os benefícios que a Nova Aliança oferece a todos aqueles que creem no sacrifício de Jesus e buscam se achegar a Deus. Todos os benefícios da Nova Aliança só se tornaram possíveis mediante a obra expiatória de Jesus Cristo, pois na Antiga Aliança somente o sumo sacerdote podia entrar no Santo dos Santos uma vez no ano no dia da Expiação. Hoje, por meio do sacrifício perfeito e eterno de Cristo, temos livre acesso à presença de Deus. Ter livre acesso à presença do Pai, sem dúvida, é o maior benefício que nos foi concedido pelo Senhor. Como crentes jamais devemos negligenciar a Nova Aliança menosprezando a maravilhosa graça de Deus.

I. UM SANTUÁRIO SUPERIOR

“A Nova Aliança é dotada de uma dimensão superior, de uma natureza superior e de uma importância superior à Antiga”.

1. Pertencente a uma dimensão superior. “Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da Majestade” (Hb.8:1). Jesus, o nosso Sumo Sacerdote, está assentado não no tabernáculo de Moisés, que é efêmero, feito por mãos humana, mas no lugar de maior honra: “nos Céus à destra do trono da Majestade”. Esse é o tabernáculo verdadeiro, do qual o tabernáculo terreno era uma simples figura ou representação. O verdadeiro tabernáculo foi erigido pelo Senhor e não pelo homem. No texto, “céus” refere-se ao santuário celestial (Hb.8:2), a morada de Deus. Foi nesse santuário celestial que Cristo entrou para oficiar, como Sumo Sacerdote, em nosso favor, e é o último e eterno destino de todos aqueles que creem (cf. Hb.4:1; 6:19,20; 11:10; 12:22). Você crê nisso?

2. Possuidor de uma natureza superior. O santuário terreno era por natureza temporal, figura do verdadeiro santuário, que é espiritual e eterno. Diz o texto sagrado:ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem” (Hb.8:2). Este “verdadeiro tabernáculo”, ou lugar de adoração, não significa que o Tabernáculo e o Templo na terra eram falsos, mas que eram sombras imperfeitas do verdadeiro e perfeito lugar de adoração (Hb.8:5). Antes da vinda de Cristo, o sumo sacerdote só podia entrar em um lugar especial, o Santo dos Santos, para estar na presença de Deus. Hoje, através da oração, nós podemos entrar na sala do trono, no Céu, e um dia nós viveremos eternamente na presença do Senhor. Os caminhos “antigos” do sacerdócio judeu não mais existem, eles foram substituídos por Jesus, que é o Caminho, a Verdade, e a Vida (João 14:6).

3. Possuidor de uma importância superior. Sabe por que a Nova Aliança nos proporciona um santuário de uma importância superior? Porque o Cristo exaltado é o Sumo Sacerdote desse santuário. Ele serve assumindo o seu lugar de direito como nosso Salvador e Mediador. A Epístola aos Hebreus não tenta descrever o Céu, mas nos mostra como Cristo serve de uma maneira melhor e mais pessoal do que qualquer outro sacerdote poderia fazê-lo. Nesse Santuário celeste, habita a plenitude da divindade.

Na Antiga Aliança, a ideia central do tabernáculo era que Deus habitava entre seu povo; mas, Deus exigia um povo santo para que sua presença fosse manifesta (Lv.19:2). Sua plena realização encontra-se na encarnação de Cristo: "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós" (literalmente, fez tabernáculo entre nós, João 1:14). Daí que se chama Emanuel - "Deus conosco" (Mt.1:23). Na Nova Aliança, o nosso corpo é o Tabernáculo/Templo do Espírito Santo, que habita em nós (1Co.6:19). A presença de Deus se manifesta na igreja por meio do Espírito Santo que habita nos crentes (Ef.2:21,22). Para o Espirito Santo habitar na vida dos crentes, Ele exige santidade, pois “sem santificação ninguém verá o Senhor” (Hb.12:14). Pedro enfatiza esta exortação: “mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pd.1:15,16).

II. UM MINISTÉRIO SUPERIOR

“A Nova Aliança inaugurada por Cristo é superior à Antiga no aspecto posicional, funcional e cultual”.

1. No aspecto posicional. Diz o texto sagrado: “ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem” (Hb.8:2). O Cristo exaltado é o ministro do santuário no Céu. Seu ministério é apresentado como superior ao de Arão porque é oficiado em um santuário superior e melhor (Hb.8:1-5) e em conexão com uma Aliança melhor (Hb.8:7-13). Nesse santuário, Jesus serve assumindo o seu lugar de direito como nosso Salvador e Mediador. Cristo retornou à presença de Deus no Céu, “verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem” (Hb.8:2). O seu lugar no Céu garante o nosso lugar ali também. Deus nos permite entrar na mesma sala do trono e levar a Ele a nossa adoração e os nossos pedidos.

2. No aspecto funcional. Diz o texto sagrado: “Porque todo sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios; pelo que era necessário que este também tivesse alguma coisa que oferecer” (Hb.8:3). Segundo este texto, o trabalho do sumo sacerdote era “oferecer dons e sacrifícios”. “Dons”, aqui, é um termo geral que cobre todos os tipos de ofertas apresentadas a Deus; eram sacrifícios quando um animal era imolado. Os sacerdotes eram nomeados para oferecer ofertas e sacrifícios muitas vezes, e o sumo sacerdote para oferecer, uma vez no ano, sacrifício para a expiação dos pecados (Hb.8.3). Cristo como nosso Sumo Sacerdote deveria ter “alguma coisa que oferecer”; Ele mesmo se deu em sacrifício a Deus em nosso lugar (1Co.5:7; Hb.7:27) – o Dom perfeito, que nunca poderá ser superado, e ao contrário do sacrifício levítico, não mais se repetirá - “porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo”(Hb.7:27) -, foi efetuado de uma vez por todas. O sacrifício de Cristo é completamente suficiente, isto é, todos os pecados estão abrangidos na sua oferta definitiva a Deus. Portanto, o seu papel como Sumo Sacerdote, o seu sacrifício e o seu serviço a Deus, superam o plano que havia sob a Antiga Aliança.

3. No aspecto cultual. Argumenta o autor da Epístola: “Ora, se ele estivesse na terra, nem tampouco sacerdote seria, havendo ainda sacerdotes que oferecem dons segundo a lei, os quais servem de exemplar e sombra das coisas celestiais...” (Hb.8:4,5). Nota-se aqui que, nos dias que foi escrita a Epístola aos Hebreus, ainda era praticado o culto levítico, isto é, os sacerdotes ofereciam sacrifícios e ofertas de acordo com a lei mosaica. Na Antiga Aliança, sacrificar equivalia a prestar culto a Deus, atribuir-lhe glória por ser Deus de quem dependemos e a quem devemos culto e submissão. Com o transcorrer do tempo, os israelitas chegaram a atuar como se o que importasse para Deus fossem os próprios sacrifícios em lugar do coração do ofertante. O salmista Davi e os profetas procuraram inculcar no povo a verdade de que Deus não se contenta com as vítimas oferecidas quando faltam o arrependimento, a fé, a justiça e a piedade naqueles que as oferecem (cf. 1Sm.15:22; Sl.51:16,17; Is.1:11-17; Mq.6:6-8).

Conforme Hb.8:4, todas as atividades e funções exercidas pelos sacerdotes estavam em pleno vigor na época em que foi escrita a Epístola, e se relacionavam estritamente ao culto. Todavia, neste aspecto, o sacerdócio de Cristo era superior porque sua atividade cultual era em tudo superior, visto se realizar no santuário celestial.

É válido ressaltar que o culto é assunto muito sério; ele é a parte mais importante daquilo que fazemos para Deus como Igreja. Infelizmente, muitos hoje não têm olhado para o culto com essa perspectiva e seriedade, o que só tem feito a igreja perder. Era exatamente essa perspectiva errada em relação ao culto que muitas vezes aconteceu sob a égide da Antiga Aliança, como se observa à época de Jeremias e Malaquias; foi por isso que, à época de Malaquias, Deus se queixou de que os sacerdotes estavam profanando e desprezando o culto (cf. Ml.1:7-10). O Deus de Malaquias é o mesmo de ontem e de hoje. Ele continua não aceitando um culto que não esteja de acordo com o que Ele estabeleceu, que não esteja de acordo com a vontade dele, um culto em que o coração não esteja presente; Deus continua não aceitando esse tipo de culto.

Diante disso, gostaria que pensasse em sua atitude quando cultua. Gostaria que pensasse em sua vida como um todo, pois o culto é a expressão externa do que a Igreja é, mas também é expressão do nosso compromisso interno para com o Senhor.

Quando desprezamos o culto divino recebemos o completo repúdio de Deus; Ele rejeita o ofertante e a oferta (Ml.1:10,13). Deus rejeita o ofertante e sua oração (Ml.1:9). Quando nossa vida está errada com Deus, não temos sucesso na oração. Em vez de Deus ter prazer nesse culto, Ele diz que isso é um mal (Ml.1:8). Em vez de Deus receber esse culto, Ele diz que ele é inútil (Ml.1:10).

Cultuar a Deus é a expressão máxima de nossa devoção ao Senhor, de nossa dependência à sua Palavra e de nossa necessidade de prestar-lhe serviço. O culto cristão é uma resposta ao imenso amor de Deus por nós, mediante expressões de louvor e adoração. O culto é a mais expressiva manifestação humana de aproximação com Deus. O culto é a comunhão do homem com Deus em Cristo. O culto é a resultante de nossa reconciliação com Deus promovida por Jesus Cristo - “Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto” (Ef.2:13).

III. UMA PROMESSA SUPERIOR

“A promessa da Nova Aliança é de natureza interior e espiritual; de natureza individual e universal; bem como de natureza relacional”.

1. De natureza interior e espiritual. Debaixo da Antiga Aliança, Deus havia chamado os israelitas para ser o seu povo (Êx.19:5,6). Foi firmado um pacto no Sinai (Êx.19:7,8); todavia, deliberadamente, eles resolveram descumprir esse pacto. Uma vez que os israelitas quebravam continuamente o pacto de Deus, ficou patente que o antigo pacto não duraria para sempre, por não ser perfeito. Uma parte do pacto envolvia a observância às leis de Deus; no entanto, os israelitas decidiram desobedecer (cf. Jr.7:23,24):

“Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; e andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem. Mas não ouviram, nem inclinaram os ouvidos, mas andaram nos seus próprios conselhos, no propósito do seu coração malvado; e andaram para trás e não para diante”.

Quando os israelitas deixaram de cumprir os requisitos que lhes foram impostos, quebraram a Aliança. Deus, entretanto, prometeu um novo pacto, que não estaria repleto de leis sobre sacrifícios e outras responsabilidades externas. Ao contrário, ele trazia a reconciliação espiritual, produzindo mudanças no interior das pessoas. Diz o escritor sagrado:

“Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei um novo concerto, não segundo o concerto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; como não permaneceram naquele meu concerto, eu para eles não atentei, diz o Senhor. Porque este é o concerto que, depois daqueles dias, farei com a casa de Israel, diz o Senhor: porei as minhas leis no seu entendimento e em seu coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo. E não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior. Porque serei misericordioso para com as suas iniquidades e de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais. Dizendo novo concerto, envelheceu o primeiro. Ora, o que foi tornado velho e se envelhece perto está de acabar” (Hb.8:8-13).

2. De natureza individual e universal. Diz o texto sagrado: “E não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior” Hb.8:11). Aqui, o autor sagrado argumenta que a Nova Aliança também inclui conhecimento universal do Senhor. Durante o Reino glorioso de Cristo, não será necessário ao homem ensinar ao seu próximo ou ao seu irmão a conhecer o Senhor. Cada um terá uma consciência interior do Senhor, desde o menor deles até ao maior -“a Terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as aguas cobrem o mar” (Is.11:9). Isso é mui maravilhoso a todos aqueles que esperam a volta do Senhor Jesus!

3. De natureza relacional. O aspecto relacional é posto em evidência na citação de Hb.8:12: "Porque serei misericordioso para com as suas iniquidades e de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais". A Nova Aliança é um concerto de misericórdia, graça e perdão. A Nova Aliança promete misericórdia para um povo injusto e eterno esquecimento de seus pecados. A lei veterotestamentária era inflexível e rígida - ”Toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo” (Hb.2:2). Além disso, na Antiga Aliança, a lei não poderia tratar com eficácia os pecados. Ela fornecia a expiação dos pecados, mas não para a remoção deles. Os sacrifícios recomendados na lei purificavam o homem para as cerimônias, ou seja, eles o qualificavam para participar da vida religiosa da nação. Esse ritual de purificação era externo, não tocava a vida interior; ele não provia purificação moral nem dava ao homem consciência pura. O homem podia ser reto cerimonialmente e perverso no coração, ou reto no coração e incorreto cerimonialmente.

Na Antiga Aliança, o sistema levítico, em vez de pacificar a consciência, tentava despertá-la todo ano (Hb.10:3). Por trás do belo ritual do dia da Expiação, espreitava a lembrança anual de que os pecados estavam apenas cobertos, e não removidos. Todavia, na Nova Aliança, Deus não mais se lembra dos pecados de seu povo – “E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades” (cf.Hb.10:17).

CONCLUSÃO

A Antiga Aliança foi cumprida por Cristo e completada por Ele; portanto, não mais era necessária a prática dos seus ritos na Nova Aliança. Sistemas antigos, sacrifícios antigos e o antigo sacerdócio agora não têm mais valor para selar a aprovação de Deus. A Antiga Aliança tinha servido ao seu propósito, e em breve seria apenas uma lembrança. Não se pode viver no passado, de modo que a escolha real é clara: aceitem a Nova Aliança ou nenhuma. Embora a Nova Aliança tenha sido feita com Israel, e não com a Igreja, os cristãos têm garantido o extraordinário privilégio de experimentar certos benefícios do novo pacto que passaram a vigorar quando Cristo derramou Seu sangue na cruz. Hoje, a Igreja usufrui das bênçãos espirituais da salvação, estabelecidas na Nova Aliança. As bênçãos físicas do Novo Testamento serão cumpridas com Israel, no Milênio. Os que seguem a Cristo são “ministros de uma Nova Aliança” (2Co.3:6), e foram chamados para divulgar a mensagem da salvação. Louvado seja Deus por tão grande salvação!

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 73. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. O Sacerdócio eterno de Cristo. PortalEBD_2008.
David M. Levy. Um sacrifício perfeito, uma Aliança superior.  http://www.chamada.com.br.

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