domingo, 13 de maio de 2018

Aula 08 – ÉTICA CRISTÃ E SEXUALIDADE


2º Trimestre/2018

Texto Base: 1Co.7:1-16

"Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará" (Hb.13:4).

 

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos a respeito da Ética Cristã e Sexualidade, um assunto muito pertinente em nossos dias, pois estamos vendo a proliferação de várias ideologias maléficas a respeito da sexualidade. Tudo que Deus criou é bom e isto inclui o sexo, que foi estabelecido por Deus para ser desfrutado no casamento heterossexual antes que o pecado entrasse no mundo (Gn.2:21-25). Aquele que criou o universo, também criou nosso corpo e nossos órgãos sexuais. A vida sexual saudável dentro do casamento tem a bênção de Deus, além de dar alegria e prazer ao ser humano.

I. SEXUALIDADE: CONCEITOS E PERSPECTIVAS BÍBLICAS

A ordenação ética de Deus para a humanidade se encontra nos dois primeiros capítulos do livro do Gênesis, onde encontramos os sete princípios éticos, dentre eles encontramos a sexualidade, que nos fazem “imagem e semelhança de Deus: a dignidade da vida humana, o ponto mais proeminente da criação (Gn.1:26); a sexualidade (Gn.1:27); a procriação (Gn.1:28); o trabalho (Gn.2:15); a submissão a Deus (Gn.2:16,17); o casamento (Gn.2:24) e; a monogamia (Gn.2:24). Ao criar o ser humano, Deus dotou-o de sexualidade plena e diferenciada, macho e fêmea, segundo seus propósitos.

1. Conceito de Sexo e Sexualidade. Quando verificamos a ordenação ética dada por Deus ao homem quando da criação, encontramos o sexo e a sexualidade como sendo um dos princípios inerentes à própria humanidade. Assim, o sexo não é algo mau, porquanto criado por Deus. Entretanto, com o pecado, este princípio divino foi desvirtuado, e é preciso distinguir entre o sexo divinamente estabelecido e as aberrações resultantes do pecado e do mal.

- Sexo. Em matéria de biologia, o sexo se refere a uma condição de tipo orgânica que diferencia o macho da fêmea, o homem da mulher, seja em seres humanos, plantas e animais. Vale ressaltar que o sexo de um organismo é definido pelos gametas que produzem. Gametas são células sexuais que permitem a reprodução sexual dos seres vivos. O sexo masculino produz gametas masculinos conhecidos como “espermatozóides”, enquanto o sexo feminino produz gametas femininos conhecidos como “óvulos”. Da combinação de ambos os gametas resultará a descendência que possuem as características genéticas pertencentes aos pais. Os cromossomos serão transmitidos de uma geração a outra em um processo de combinação de gametas. Cada uma das células terá a metade de cromossomos correspondentes ao pai e outra metade à mãe. As características genéticas estão contidas no DNA (Ácido Desoxirribonucleico) dos cromossomos. Na linguagem corrente, quando se menciona a palavra sexo também pode referir-se a outras questões: ao conjunto dos seres pertencentes ao mesmo sexo, aos próprios órgãos genitais propriamente ditos, por isso é que muitas vezes se usa a palavra como sinônimo de genital; ou a prática de atividades sexuais.

- Sexualidade. A sexualidade humana implica comportamentos e práticas instintivos que estão intimamente associados aos processos biológicos que ocorrem no corpo, ou seja, se manifestam neles. A tendência sexual normal, biblicamente aceitável, é a atração entre o sexo feminino e seu oposto masculino, chamada de relação heterossexual. Nesta condição, a sexualidade está relacionada com a busca da satisfação do apetite sexual, seja pela necessidade do prazer ou da procriação da espécie. Deus criou a sexualidade no homem e na mulher para despertar neles a vontade de unir os seus corpos e satisfazer os seus desejos mais íntimos (1Co.7:32-34).

2. O sexo foi criado por Deus. A Bíblia Sagrada afirma que o sexo foi obra da criação de Deus que, ao criar o homem, fê-lo sexuado. No ato da criação Deus fez o homem e a mulher sexualmente diferentes: "macho e fêmea os criou" (Gn.1:27). Este ponto distingue o homem dos anjos, por exemplo, que foram criados assexuados (Mc.12:25). Quando Deus criou Adão e Eva, logo em seguida proferiu a “bênção” sobre o casal; após isto, ambos “se tornaram uma só carne” (Gn.1:27,28; 2:21-24). O sexo faz parte da perfeita criação de Deus qualificada como sendo “muito bom” (cf. Gn.1:31). Desse modo, o sexo não deve ser visto como algo pecaminoso, sujo ou proibido. Tudo o que Deus fez é bom. O pecado não está no sexo, mas na perversão de seu propósito.

Deus criou o sexo masculino e o sexo feminino, ambos com constituição anatômica e fisiológica diferentes, para formar a família, e a família é a unidade básica da sociedade. Se a família se desintegra, a sociedade decai. Toda união física à parte do matrimônio e todo tipo de lascívia quebram a ordem de Deus e enfraquecem a instituição da família. Sendo criação divina, o sexo não pode ser tratado como algo imoral ou indecente.

3. A sexualidade é criação divina. Deus criou o homem como um ser sexuado - “macho e fêmea os criou” (Gn.1:27). Deste modo, a atração sexual, a atividade sexual não é algo pecaminoso nem estranho ao ser humano, mas, muito pelo contrário, é algo que decorre da própria natureza humana. Sendo assim, não podemos admitir que o sexo seja algo antinatural, ou seja, contrário à natureza do homem, ruim, imoral ou danoso para o ser humano, como alguns têm defendido. Tendo sido criação de Deus, nada mais justo e lógico que o próprio Deus tenha determinado os limites desta atividade humana. A primeira observação que temos com relação ao sexo é que ele deve ser realizado entre homem e mulher. Com efeito, ao criar o homem, Deus os fez macho e fêmea. Assim, a atividade sexual deve ser, sempre, feita entre pessoas de sexos diferentes. O homossexualismo é uma aberração e, salvo os poucos casos em que há distúrbios de saúde física e/ou mental, é uma expressão de rebeldia contra Deus (Rm.1:21-28; Lv.18:22).

II. O PROPÓSITO DO SEXO SEGUNDO AS ESCRITURAS

A atração sexual é algo natural e que revela a própria natureza sexuada do ser humano, devendo, porém, o instinto sexual ser dirigido com equilíbrio para que se faça a vontade de Deus que é a de que o sexo seja efetuado no casamento, com o cônjuge, com finalidades bem delimitadas, a saber: procriação (Gn.1:27,28); satisfação amorosa do casal (1Tm.4:3,4; Ct.1:2,3,15-17) e; ajustamento do casal (Gn.2:24).

1. Procriação. A finalidade primordial do ato sexual refere-se à procriação. A união sexual e a reprodução, pela instituição do casamento, fazem parte da criação e foi ordenada por Deus desde o princípio. Deus abençoou o primeiro casal e disse-lhe: "Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra" (Gn.1:28). Passado o dilúvio, Noé recebeu a mesma ordem recebida por Adão: "E abençoou Deus a Noé e a seus filhos e disse-lhes: frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra" (Gn.9:1). Portanto, a frutificação e multiplicação da espécie foi ordem de Deus (Gn.1:28), o que se dá somente pela atividade sexual entre um homem e uma mulher. Aqueles que dizem que o relacionamento sexual foi o pecado de Adão e Eva desconhecem totalmente as Escrituras Sagradas. A ordem de procriação concedida ao homem era ponto definido; jamais o Senhor ousaria ordenar-lhe uma coisa e depois castigá-lo por obedecer a essa ordem. Nunca devemos confundir o fruto do conhecimento do bem e do mal com o ato conjugal, permitido e ordenado pelo Senhor. Portanto, sexo não é pecado, mas os princípios divinos da sexualidade encontram-se deturpados. O pecado está na depravação sexual que contraria os princípios estabelecidos nas Escrituras Sagradas.

2. Satisfação amorosa do casal. A Bíblia se refere ao sexo como algo prazeroso e satisfatório entre o marido e a sua esposa: "Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade..." (Pv.5:18,19); e ainda: "Goza a vida com a mulher que amas"(Ec.9:9). Mas, a busca do prazer e da satisfação não deve ser egoísta, transformando-se o parceiro sexual (que será, necessariamente, o cônjuge), em um mero objeto, mas, bem ao contrário, a Palavra de Deus estabelece que se busque sempre a satisfação do outro (1Co.7:3-5). É neste equilíbrio e altruísmo que o sexo de acordo com a Palavra de Deus se distingue das aberrações e das práticas mundanas que têm substituído, entre os ímpios, o princípio divino da sexualidade. A bestialidade sexual está sempre relacionada com o egoísmo e o total aviltamento do parceiro sexual (Gn.19:4-11; Jz.19:22-30; 2Sm.13:11-17).

Portanto, o ato conjugal deve ser um prazer, e nunca um tormento ou sofrimento. Os dois, marido e mulher, devem sentir-se satisfeitos e alegres de se completarem neste ato. Na satisfação sexual o casal sempre renova a união, recriando o vínculo matrimonial. Assim, na união conjugal, como também ensina o Novo Testamento, o homem e a sua mulher devem buscar a satisfação sexual (1Co.7:5). Caso esta satisfação sexual e prazer conjugal não seja constante, a tendência é que o casamento se acabe. Nisto percebemos que os casais precisam sempre se recrear, dando continuidade à união que um dia foi iniciada.

Segundo os cientistas entendidos no assunto, no ato sexual e na atividade que precede o ato, é liberado um hormônio chamado “ocitocina”, ou “hormônio do amor”. Quando esse hormônio é liberado, produz sentimentos de empatia, confiança e profunda afeição. Cada vez que você faz sexo, seu corpo sofre uma reação química que lhe diz para “apegar-se”. Deus criou os meios para satisfazer nosso desejo por intimidade em um nível biológico.

3. Ajustamento do casal. O sexo é uma maneira pela qual se dá o ajustamento do casal, pois é uma das principais expressões do amor conjugal. Com efeito, é através do sexo que um cônjuge se entrega ao outro, que um cônjuge procura agradar ao outro. É uma das expressões pelas quais se traduz a união do casal - “e serão ambos uma carne” (Gn.2:24). O amor conjugal não se confunde com o sexo, como propala erroneamente o mundo imerso no pecado, mas tem uma de suas expressões no sexo. O sexo praticado no modelo bíblico revela o verdadeiro amor, pois não é egoísta, tanto que diz a Palavra que o corpo do cônjuge está sob o domínio do outro (1Co.7:4). A fase de ajustamento do casal é tão importante que a lei de Moisés dispensava, durante um ano, o homem casado dos seus deveres cívicos, inclusive o de ir à guerra (Dt.24:5).

III. O CASAMENTO COMO LIMITE ÉTICO PARA O SEXO

Ao contrário do que tem defendido o mundo imerso no pecado, a atividade sexual não é algo que deva ser desenvolvido sem qualquer critério ou a qualquer momento. Somente no casamento monogâmico e heterossexual (1Co.7:9) se pode praticar sexo, sendo totalmente contrária à Palavra de Deus qualquer outra conduta que não seja esta. Portanto, toda prática sexual realizada fora destes moldes constitui-se em sexo ilícito.

1. Prevenção contra a fornicação. Na ética cristã, a fornicação é geralmente entendida como a atividade heterossexual entre pessoas solteiras ou entre casal e solteiro. A fornicação é errada porque concentra-se no prazer e não na convivência legal; é instantânea e inconstante, não tem compromissos e não assume responsabilidades familiares.

Ao contrário do que determina a Bíblia Sagrada, o mundo tem defendido e até incentivado que as pessoas, numa idade cada vez menor, venham a manter relações sexuais, deixando a virgindade, algo considerado ultrapassado e até ridicularizado pela mídia e, por extensão, na sociedade por ela influenciada. Entretanto, a Bíblia condena a fornicação do início ao final. A Palavra é bem clara ao afirmar que os fornicários não herdarão o reino de Deus (At.15:29; Ef.5:5; 1Tm.1:10; Hb.12:16; Ap.21:8). Para prevenir este pecado, o apóstolo Paulo orienta os cristãos a se casarem: "por causa da prostituição [ou fornicação], cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido" (1Co.7:2). Os ensinos de Paulo ratificam o propósito divino do casamento, ou seja, "um homem para cada mulher" (Gn.2:24). Este princípio também foi defendido por Jesus: "deixará o homem pai e mãe, e se unirá à sua mulher" (Mt.19:5). Portanto, o sexo foi estabelecido por Deus, mas tem momento certo para ser exercido: o casamento, que é o legítimo limite ético dos impulsos sexuais que podem ser satisfeitos sem que se incorra em atos pecaminosos. É com tristeza, aliás, que vemos, cada vez mais, uma tolerância de muitos na igreja com relação a este princípio bíblico, permitindo-se o sexo antes do casamento entre “pessoas já comprometidas”, como se isto fosse possível. As bases do casamento são lançadas no namoro e alicerçadas no noivado. Se essas bases forem lançadas sobre a desobediência a Deus, na prática da fornicação, estão correndo sério risco de não terem a bênção de Deus. Ter a bênção de Deus no casamento é muito mais importante. Pense nisso!

2. O casamento e o leito sem mácula. O apóstolo Paulo ensinou os crentes de Tessalônica que, para ser um autêntico cristão, não basta apenas mudar de religião, mas que haja uma mudança na maneira de viver, ou de andar. Conquanto a prostituição, em todas suas modalidades, fosse uma prática comum no mundo em que eles viviam, os crentes tinham que “se abster” dessa prática mundana (1Ts.4:3), pois Deus “...não nos chamou para a imundícia, mas para a Santificação” (1Ts.4:7). A prática da imundícia referente ao sexo, não está apenas lá fora, no mundo ímpio, mas pode estar no próprio leito conjugal. Por isto, o relacionamento sexual entre os casais cristãos não pode ser nos mesmos moldes praticados pelos gentios - “não na paixão de concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus” (1Ts.4:5). Talvez, neste mesmo sentido, escreveria depois o autor da Epístola aos Hebreus, dizendo: “Venerado seja entre todos o matrimonio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará” (Hb.13:4). A expressão “venerado seja” nesse texto, denota elevado grau de respeito e consideração para com o matrimônio. O nosso leito conjugal é um lugar santo aos olhos de Deus. Sendo o sexo uma dádiva de Deus, deve ser visto e praticado levando-se em conta a sua origem celestial. Qualquer deturpação sexual é contra a vontade do Criador (Rm.1:24-28)

Muitos desprezam o casamento para viverem uma vida desregrada, dissoluta e descompromissada. A vida cristã exige compromisso sério não apenas com Deus e a igreja, mas também com a sociedade e a família, e esta última começa com o nosso cônjuge. Quaisquer comprometimentos sexuais ilícitos — a prostituição, o adultério — são duramente condenados por Deus, e quem pratica tais coisas receberá dEle o justo juízo. Deus quer que seus filhos tenham vida sexual ilibada, não apenas por causa do testemunho, mas também por sermos o templo do seu Espírito.

3. O correto uso do corpo. Em Pv.5:18,19, a Bíblia nos mostra que o prazer é algo próprio do sexo e que não é pecado a busca de satisfação entre homem e mulher. O que se condena é uso incorreto do corpo, o abuso, o domínio do homem pelo instinto sexual de forma egoística e descontrolada, o que não se permite nem mesmo entre casados, pois isto revelará um desequilíbrio, sendo certo que a temperança, o domínio próprio, é uma das qualidades do fruto do Espírito Santo (Gl.5:22), enquanto que a lascívia e a impureza são obras da carne (Gl.5:19). Diante deste equilíbrio que deve haver na atividade sexual, medidas como a prática de relações sexuais antinaturais (como o sexo anal, o sexo grupal, a homossexualidade, o sexo com animais, por exemplo), mesmo feitas entre casados e com mútuo consentimento do casal, são abomináveis perante Deus, pois revelam carnalidade e descontrole do instinto sexual. Também se insere neste contexto a inconveniência de um casal cristão frequentar locais destinados à prática da prostituição e da licenciosidade como hotéis de alta rotatividade, praias de nudismo, “resorts de hedonismo” ou coisas similares a estas. Embora o sexo entre casados não seja proibido, mas até um dever dos cônjuges, naturalmente os ambientes mencionados são repletos de pecado e destinados ao pecado, não podendo, pois, uma atividade sexual santa se desenvolver em meio a tais cenários. Atente para o que diz o Espírito Santo:

“Não sabeis que os injustos não hão de herdar o Reino de Deus? Não erreis: nem os devassos... nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas [...] herdarão o Reino de Deus. E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus” (1Co.6:9-11).

CONCLUSÃO

Quando Deus estava criando todas as coisas, em Gênesis 1:10,12,18,21,24, verificamos esta declaração: “E viu Deus que era bom”. Porém, ao criar o homem à sua imagem e semelhança, Ele viu que era muito bom. Isto significa que tudo quanto Deus fez no homem é muito bom. Então, o sexo e a intimidade dentro dos princípios sagrados são muito bons, porque foram instituídos por Deus, para a sua glória. Portanto, vivamos para a glória de Deus!

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 74. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Hans Ulrich Reifler. A ética dos Dez Mandamentos. Vida Nova.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. O cristão e a sexualidade. PortalEBD_2002.
Pr. Elinaldo Renovato. O cristão e a sexualidade. CPAD.

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