domingo, 14 de abril de 2024

O CÉU: O DESTINO DE TODOS OS CRISTÃOS

         2º Trimestre de 2024

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 03

Texto Base: Filipenses 3:13,14,20,21; Apocalipse 21:1-4

“Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3:20).

Filipenses 3:

13.Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim,

14.prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. 

20.Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,

21.que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.

Apocalipse 21:

1.E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.

2.E eu, João, vi a Santa Cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido.

3.E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus.

4.E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas.

INTRODUÇÃO

Ao nos lançarmos na terceira lição deste trimestre, somos convidados a contemplar e refletir sobre um dos temas mais sublimes e esperançosos da fé cristã: "O Céu - o Destino do Cristão". Este é um tema que vai além de uma mera especulação teológica; é uma promessa divina que permeia toda a Escritura, oferecendo conforto, esperança e uma perspectiva eterna aos que seguem a Cristo.

Explorar este tema do Céu é uma jornada para compreender a esperança que se estende diante de cada cristão. É uma motivação para perseverar, uma fonte de consolo nas adversidades e a certeza de que esta vida terrena não é o fim da história.

A ideia do Céu não é apenas uma utopia distante, mas uma promessa central nas Escrituras Sagradas que revela a recompensa final reservada aos fiéis. Jesus, em João 14:2,3, consola os corações dos discípulos, afirmando que Ele está preparando lugares no Céu para aqueles que O seguem.

Ao mergulharmos no estudo do Céu, será essencial explorar as diversas representações bíblicas desse lugar eterno. Desde as descrições figurativas e literais de Apocalipse até as palavras consoladoras de Paulo em 1Coríntios 2:9, cada passagem revela aspectos da glória e da plenitude que aguardam os fiéis seguidores de Cristo.

Além de ser um destino glorioso, o Céu também nos desafia a uma reflexão sobre nossa preparação para a eternidade. Como cristãos, somos chamados não apenas a ansiar pelo Céu, mas a viver de maneira que nossa jornada aqui na terra reflita a realidade e a esperança da vida eterna.

I. CÉU: O ALVO DE TODO CRISTÃO

1. Definindo o Céu

A palavra "céu" encontra-se profundamente entrelaçada nas narrativas bíblicas, trazendo consigo uma riqueza de significados e nuances. No Antigo Testamento, a expressão hebraica "shamayim" é empregada 419 vezes, enquanto no Novo Testamento, o termo grego "ouranos" é utilizado 280 vezes, ambos carregando consigo uma variedade de interpretações.

No âmbito hebraico, "shamayim" é traduzida como "altura", enquanto o equivalente grego, "ouranos", é interpretado como "algo elevado" nas traduções em língua portuguesa da Bíblia. Essas palavras abrangem três significados distintos: o céu atmosférico, o universo ou firmamento dos céus e a morada de Deus.

No primeiro contexto, "céu" refere-se à esfera atmosférica, como evidenciado em Deuteronômio 11:11,17. Em seguida, temos o sentido do universo ou firmamento dos céus, ilustrado em passagens como Gênesis 1:14, 15:5 e Hebreus 1:10.

No entanto, o significado mais importante para o cristão está no terceiro contexto, onde "céu" representa a morada de Deus, conforme visto em Isaías 63:15, Mateus 7:11,21 e Apocalipse 3:12. É a habitação presente de Deus e de seus anjos(Sl.33:13,14). É o lugar onde está o trono de Deus (Sl.2:4). É o local onde o Senhor está presente na plenitude de sua glória, um local “fixado”, “estabelecido” para que Ele se revele tal como Ele é, e não apenas pela expressão das suas obras, como o que ocorre com o Universo (Rm.1:20). É o lugar de sua presença, ao qual o Cristo glorificado retornou (At.1:11), e onde um dia o povo de Deus, a Igreja redimida e glorificada, estará com seu Salvador para sempre (João 17:5,24; 1Ts.4:16,17). Ele é retratado como um lugar de descanso (João 14:2), uma cidade (Hb.11:10) e um país (Hb.11:16). Logo, pensar no Céu como um lugar é corretíssimo.

É neste último sentido, portanto, que a palavra "céu" adquire sua máxima importância para o crente. É a esfera eterna e perfeita onde Deus e as criaturas celestiais coabitam. Este é o céu que transcende as fronteiras terrenas e representa não apenas um espaço físico, mas o local supremo de comunhão divina.

Se a nossa esperança é a volta de Cristo, tal esperança se completa com a perspectiva de habitarmos eternamente na dimensão espiritual, assim como o Senhor, dimensão esta que as Escrituras denominam de “Céu”, pois seremos semelhantes a Ele e assim como é O veremos (1João 3:2). Todos os redimidos em Cristo estarão eternamente no lar celeste revestidos de um corpo glorioso (1Ts.4:16,17) - é a plena Salvação. No Céu a plena salvação se concretizará, pois lá tudo é perfeito.

2. O Céu conforme o ensino de Paulo

Paulo, o apóstolo, compartilha uma experiência singular de ser arrebatado até o terceiro Céu (2Co.12:2), enfatizando-o como um lugar celestial nas suas epístolas. Este Céu é delineado como o lar eterno dos redimidos em Cristo Jesus, um destino seguro para aqueles que aguardam a promessa de estarem para sempre com o Senhor (1Tessalonicenses 4:17; Efésios 1:3,20; 2:6).

Mesmo estando preso em Roma, e a pesar das tribulações enfrentadas, Paulo escreveu assim para os crentes de Filipos: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Filipenses 1:21). Para o crente, viver em Cristo significa desenvolver um relacionamento na esfera do reino celestial. Mesmo que ainda não tenha experimentado fisicamente esse Céu, mesmo estando em tribulação, tentação ou provação, toda a vocação do crente é celestial no presente momento da vida. Nessa perspectiva, o poder que permeia a vida do crente emana do Céu, capacitando-o a superar os desafios diários.

A compreensão paulina do Céu não é meramente uma promessa futura, mas uma realidade presente que molda a identidade e a jornada espiritual do crente. Essa visão celestial não só inspira a esperança para o futuro, mas também informa e transforma a vida cotidiana, infundindo-a com o poder divino necessário para a vitória diária.

Portanto, o Céu, segundo o ensino de Paulo, transcende a mera expectativa futura; é uma realidade presente que transforma a vida do crente em uma jornada celestial, onde a fonte de poder e a promessa da eternidade são fundamentais para a vida diária na terra.

3. O alvo do cristão

Indubitavelmente, o alvo do cristão é o Céu. Após a redenção, não mais pertencemos a este mundo transitório. Paulo, ao orientar os crentes, insta-os a seguir em direção ao alvo, comparando-o à linha de chegada que o atleta busca para alcançar o prêmio (1Coríntios 9:24; 2Timóteo 4:8). Assim como o apóstolo, o cristão empenha-se com determinação, empenho e com os olhos fixos no Autor da Salvação (Hb.12:2).

O Céu torna-se o alvo do cristão em virtude de uma soberana vocação, emanando de Deus através de Jesus Cristo. Essa meta reflete o resultado transformador de uma nova vida, levando o crente a direcionar seu foco para as realidades celestiais (Colossenses 3:2). A expressão "nossa pátria está nos céus" sintetiza essa nova identidade (Filipenses 3:20), indicando que o cristão possui uma cidadania celestial (Efésios 2:19).

Neste caminho em direção ao alvo, o cristão peregrina em busca da plenitude de sua cidadania celestial. Essa jornada visa algo perfeito e absoluto, culminando na transformação do corpo abatido para a semelhança do corpo glorioso de Jesus Cristo (1Coríntios 15:44; 1João 3:2). O alvo do cristão, portanto, não é apenas um destino distante, mas uma jornada de transformação contínua, impulsionada pela esperança da eternidade nos céus.

II. A DESCRIÇÃO DO CÉU SEGUNDO O LIVRO DO APOCALIPSE

1. O novo Céu e a nova Terra

“E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Apocalipse 21:1).

Depois da abertura dos sete selos, conforme Apocalipse 6, em que predominarão a desordem, a tribulação, o julgamento das nações (Mt.25:31-46), o milênio, o julgamento definitivo de Satanás (Ap.20:10) e o Juízo do Grande Trono Branco (Ap.20:11-15), o quadro revelado na sequência é do “novo Céu e da nova Terra”, ou seja, o Estado Eterno (Ap.21:1), que não devem ser confundidos com os novos céus e nova terra descritos em Isaias 65:17-25. Esta passagem do Antigo Testamento trata do milênio, pois o pecado e a morte ainda estão presentes (Is.65:20), e crianças ainda nascerão (Is.65:23); fatos estes que não existirão no Estado Eterno, onde só haverá perfeição. Estes elementos serão totalmente excluídos do Estado Eterno. Apocalipse capítulos 21 e 22 descrevem literalmente as glórias do magnífico Estado Eterno.

Uma nova reforma cósmica radical sempre esteve nos planos de Deus. Deus transformará os céus e a Terra que hoje conhecemos, de tal forma, que corresponderá a uma nova criação. O apóstolo Pedro descreve isso com contundência: “esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2Pd.3:12,13).

O novo Céu e a nova Terra serão tão magníficos que tornarão os antigos céus e a Terra insignificantes. No capítulo final da profecia de Isaias, o Senhor promete que este novo Céu e esta nova Terra perdurarão para sempre, juntamente com todos os santos de Deus - “Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome” (Is.66:22). Observe que, em um novo universo, a Nova Jerusalém será o foco de todas as coisas (Ap.21:2).

O “novo céu e nova terra” é o destino do cristão, um novo lar completamente redimido, sem qualquer semelhança com o mundo antigo, pois “eis que faço novas todas as coisas” (Ap.21:5).

Segundo o pr. Antônio Gilberto, no Estado Eterno haverá:

a)    Governo perfeito. O homem não tem sabido, nem podido governar bem a Terra. Todas as tentativas humanas nesse sentido fracassaram: dos gregos, através da cultura; dos romanos, através da força e da justiça; e dos governantes dos nossos tempos, através da ciência e da política. Mas Cristo exercerá um governo perfeito, no seu tempo. Nunca haverá desordem, insatisfação, injustiça.

b)   Habitantes perfeitos - "Nunca mais haverá qualquer maldição" (Ap.22:3). Não haverá mais pecado, o que resultará em santidade perfeita. Foi o pecado que trouxe toda sorte de maldição (ler Gn.3:17; Gl.3:13).

c)    Serviço perfeito - "Os seus servos o servirão" (Ap.22:3). O maior privilégio do homem é servir a Deus. O trabalho para Deus será perfeito; Culto perfeito; Atividades perfeitas. Quantas maravilhas não aguardam os salvos!

d)   Comunhão perfeita - “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles” (Ap.21:3). O novo céu e a nova Terra é a restauração da convivência completa e perfeita entre Deus e os homens, que havia antes que o pecado causasse o atual estado de divisão que existe entre Deus e a humanidade. Como povo de Deus, desfrutaremos comunhão mais próxima com Ele do que jamais imaginamos. Deus mesmo estará com todos os seus santos num relacionamento mais íntimo e afetuoso. Somente na Nova Jerusalém, esta comunhão será restabelecida por completo, ocorrendo aquilo que é dito pelo apóstolo João, de vermos Deus como Ele é (1João 3:2).

e)    Visão perfeita - "Contemplarão a sua face" (Ap.22:4). Somente com uma visão perfeita é possível contemplar a face de nosso Senhor. Nenhum homem neste mundo viu a face do Senhor. Nem mesmo Moisés que teve uma íntima comunhão com Deus. Para ele Deus disse: “Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá” (Êx.33:20). A esperança dos fiéis é de contemplar a face de Deus (Salmos 11:7; 17:15). Os vencedores terão este privilégio diante do trono de Deus e do Cordeiro - “Os seus servos o servirão, contemplarão a sua face” (Ap.22:3,4).

f)     Identificação perfeita - "E nas suas frontes está o nome dele" (Ap.22:4). Nome na Bíblia fala de caráter; daquilo que a pessoa de fato é. Haverá então uma perfeita identificação entre Deus e os seus remidos. No Antigo Testamento o sumo sacerdote levava gravadas, numa lâmina de ouro puro, sobre a sua coroa sagrada, as palavras: "Santidade ao Senhor" (Êx.39:30). Mas no Estado Eterno, onde a santidade é perfeita, o próprio nome de Deus estará sobre a fronte dos seus filhos.

g)   Conhecimento Perfeito. Hoje, conhecemos a Deus apenas em parte, mas no Novo Céu e na Nova Terra o nosso conhecimento será perfeito dentro do plano humano, em glória (cf.1Co.13:12).

h)   Interação perfeita - "E reinarão pelos séculos dos séculos" (Ap.22:5). No Estado Eterno, ou seja, no Novo Céu e na Nova Terra, todos juntos, harmonicamente, e sempre, reinaremos. Isso jamais será conseguido aqui, mas no perfeito Estado Eterno, sim!

Quantas coisas preciosas tem o Senhor reservadas à Sua amada Igreja! Concordo com o grande mestre, o pr. Antônio Gilberto, quando diz: “Se pudéssemos todos apreciar de fato, pela visão do Espírito, o que é o Céu, a eterna bem-aventurança dos salvos, teríamos tanto desejo de ir para lá, e nos desprenderíamos tanto das coisas daqui, que o Diabo não teria um só torcedor; um só amigo seu na terra. Inúmeros crentes por não terem essa visão estão demasiadamente presos às coisas deste mundo, que jaz no Maligno (1João 5:19)”.

2. A linda Cidade como nossa nova morada

“E eu, João, vi a Santa Cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido” (Apocalipse 21:2).

João não teve dúvidas em identificar o que ele viu - ele disse ter visto uma cidade. Contudo, descrever como é essa Cidade, tornou-se um desafio para o apóstolo João. Certamente que, sob a orientação do Espírito Santo, ele usou símbolos, figuras, para falar da grandeza, da perfeição, da beleza da Formosa Jerusalém Celestial.

a) É um lugar real. A Formosa Jerusalém Celestial é uma cidade real, visível, palpável; uma Cidade que tem fundamentos e cujo Artífice e Construtor é o próprio Deus (Hb.11:10).

- Abraão pôde crer na existência desta cidade. Abraão viveu aqui na Terra, porém, não fixou nela as suas raízes. Ele tinha os pés na terra e o pensamento no Céu. Era diferente de muitos pregadores de hoje, os quais induzem o povo a pensar e a lutar pela conquista dos bens terrenos. Com relação a ele a Bíblia diz: “Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus”(Hb.11:9,10). Hoje nós sabemos, pela revelação que foi dada ao apóstolo João que esta Cidade é a Formosa Jerusalém Celestial. Abraão creu na existência desta Cidade. Não sabemos como ele teve essa revelação, mas ele tinha convicção de que ela era real.

- Paulo também pôde crer como creu Abraão. Paulo cria, como creu Abraão, por isto dizia que “... a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp.3:20).

Abraão não fundou nenhuma cidade na Terra nem ergueu um Império para si ou para os seus. Paulo, também, não! Abraão e Paulo, dois homens chamados por Deus, viveram na esperança de um dia habitar na Jerusalém Celestial, a Cidade que tem fundamento e cujo Artífice e Construtor é Deus.

- Nós também podemos crer, como creram Paulo e Abraão. Nós somos crentes, porque cremos. Fomos chamados para crer. Não necessitamos de ver para crer, mas cremos para ver. Por isto temos a viva esperança não apenas de ver, mas de morar, eternamente, na Formosa Jerusalém Celestial.

b) Lá, o nosso corpo será real. O Corpo de Jesus era real, era palpável, podia ser tocado pelas mãos dos homens. Para vir à Terra ele tomou um corpo igual ao nosso. Quando Ele ressuscitou, o seu corpo não era intangível, não era uma simples “fumaça”. Ele podia ser tocado pela mão de alguém - “E, falando ele dessas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco. E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos ao vosso coração? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés” (Lc.24:36-40). Jesus mostrou-lhes as “mãos e os pés”, porque neles estavam, como ainda estão, as marcas dos cravos com os quais ele foi pregado na cruz.

Sabemos, pela Bíblia, que quando Ele vier este nosso corpo corruptível e mortal será transformado - “Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade” (1Co.15:53). Será, pois, nesse Dia, que o Senhor Jesus “... transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp.3:21).

Portanto, o nosso corpo com o qual seremos levados para a Nova Jerusalém, será conforme o corpo de Jesus; então nós receberemos um corpo real, palpável. Não seremos, apenas, “uma fumaça”. Isto é uma maravilhosa Esperança!

III. CÉU: O FIM DA JORNADA CRISTÃ

1. Estaremos onde Deus está

“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também” (João 14:2,3).

O ápice da jornada cristã é vividamente representado em Apocalipse 21, onde a realização plena aguarda os crentes, que estarão na presença de Deus. Este cenário corrobora as palavras de Jesus em João 14:3, prometendo que voltaria para levar Seu povo ao Pai. Nesse lugar celestial, os crentes compartilharão a morada divina, cumprindo a promessa de habitar no tabernáculo de Deus, pois eles serão Seu povo e Ele será o seu Deus (Apocalipse 21:3).

A visão apocalíptica retrata não apenas um local físico, mas uma comunhão íntima e eterna com o Criador. João 14:1-3 fundamenta essa expectativa, destacando a garantia de Jesus de preparar um lugar especial para Seus seguidores, assegurando que onde Ele estiver, eles também estarão. A confluência dessas passagens revela que o destino final da jornada cristã é a proximidade eterna com Deus, cumprindo a promessa divina de uma comunhão ininterrupta e gloriosa.

No Céu serviremos ao Senhor continuamente (Ap.22:3). Alguns pensam que no Céu, na eternidade com Cristo, na Santa Cidade, não haverá trabalho. Esquecem-se de que Deus, sendo perfeito em tudo, trabalha (João 5:17; Is.64:4). Aqueles que tiverem sido servos do Senhor aqui hão de continuar a servi-lo ali - "os seus servos o servirão". 

A Nova Jerusalém é, portanto, “o Tabernáculo de Deus” onde o Altíssimo “habitará” eternamente entre seu povo (Ap.21:3; 22:3,4). A despeito de quando esta gloriosa Cidade descerá do Céu, a promessa profética deste lar eterno para o povo de Deus leva os santos a orar: “Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap.22:20).

2. As lágrimas cessarão

“E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas” (Apocalipse 21:4).

Uma das promessas mais reconfortantes reservadas aos habitantes do céu é a garantia de que Deus enxugará todas as lágrimas de seus olhos. Essas lágrimas simbolizam tristeza, sofrimento e as aflições humanas, elementos que serão completamente ausentes na nova realidade celestial, onde as coisas antigas serão deixadas para trás (1Coríntios 15:26,54; Isaías 61:3; 65:19).

Lá só haverá alegria, infinitamente superior a tudo o que já sentimos nesta vida. A visão celestial transcende a mera ausência de tristeza, oferecendo uma esperança de renovação completa, onde as lágrimas são substituídas por alegria eterna e a redenção alcança não apenas as almas, mas todo o cosmo.

Esta promessa de cessação das lágrimas não apenas aponta para um estado emocional renovado, mas também para uma transformação profunda no mundo físico. A redenção do sofrimento será possível mediante a total transformação e libertação da corrupção do mundo material, conforme explicado por Paulo ao abordar a redenção do mundo físico (Romanos 8:21).

Assim, no Céu, a promessa de que as lágrimas cessarão reflete não apenas a ausência de dor, mas a completa restauração de tudo o que foi afetado pelo pecado e pela decadência.

3. O Céu como repouso eterno

Ao afirmarmos que o Céu será um local de repouso, não nos referimos ao descanso monótono, mas à cessação das fadigas, cansaço e exaustão que enfrentamos nesta existência terrena (Apocalipse 14:13). Nesse Estado Eterno, experimentaremos plena satisfação em comunhão uns com os outros e com nosso Senhor (Mateus 8:11; Apocalipse 19:9).

Todavia, a concepção do "repouso" no contexto celestial está longe de qualquer ideia de tédio ou inatividade. Pelo contrário, o Céu é apresentado como um lugar de atividades contínuas e significativas, tais como adoração intensa (Apocalipse 19:1-8), serviço devoto (Apocalipse 22:3) e aprendizado ilimitado (1Coríntios 13:12). É uma dimensão completamente diferente daquilo que conhecemos atualmente.

O repouso no Céu, portanto, não representa um estado de inatividade, mas sim o cumprimento e a consumação de nossa jornada cristã. É a vivência da morada reservada para os redimidos, onde todas as lutas terrenas encontrarão sua recompensa e descanso final. Assim sendo, a perspectiva da eternidade no Céu não apenas transforma nossa visão do futuro, mas também molda a maneira como vivemos nossa vida cristã no presente.

Consequentemente, toda a jornada cristã deve ser orientada pela consciência constante da realidade eterna do Céu. A esperança do Céu não é apenas um consolo para o futuro, mas um guia poderoso que permeia cada escolha, ação e atitude na vida presente (Colossenses 3:2).

O Céu como repouso eterno não é apenas uma promessa distante, mas uma realidade que infunde significado e propósito em toda a nossa jornada terrena.

CONCLUSÃO

A compreensão bíblica do Céu vai além de uma mera utopia distante; é a promessa de um destino eterno preparado por Deus para aqueles que O seguem. Desde as palavras consoladoras de Jesus até os ensinamentos do apóstolo Paulo, o Céu é pintado como a meta final, a morada dos redimidos, onde a presença de Deus resplandece eternamente.

Ao explorar as nuances do Céu, descobrimos que não se trata apenas de um local de repouso eterno, mas de uma esfera de atividade incessante. Adoração, serviço e aprendizado ilimitado preencherão os dias dos redimidos, revelando que a eternidade com Deus é uma experiência dinâmica e plena.

A consciência do Céu como destino do cristão transforma não apenas o olhar para o futuro, mas também a forma como vivemos no presente. Cada escolha, cada ação, é moldada pela realidade da morada celestial que aguarda. A esperança no Céu não é apenas um consolo diante das aflições terrenas, mas um guia constante que orienta nossa jornada na busca da plenitude da vida com Deus.

Concluímos esta Lição não apenas com conhecimento, mas com uma convicção mais profunda de que o Céu é o destino supremo do cristão. Que essa compreensão inspire uma vida de fidelidade, serviço e adoração, antecipando o glorioso dia em que estaremos para sempre com o nosso Senhor na Cidade Celestial. Amém!

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. 1Pedro – Com os pés no vale e o coração no Céu.

J. Dwight Pentecost. Manual de Escatologia (uma análise detalhada dos eventos futuros). Vida.

Pr. Claudionor de Andrade. Vem o Fim, o Fim Vem. CPAD. 2004.

Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O Final de Todas as Coisas. CPAD.

Pr. Ciro Sanches Zibordi. Escatologia Doutrina das últimas Coisas. Teologia Sistemática. CPAD.

Tim Lahaye. Enciclopédia popular de Profecia Bíblica. CPAD.2015.

Pr. Antônio Gilberto. Calendário do Apocalipse. CPAD.

domingo, 7 de abril de 2024

A ESCOLHA ENTRE A PORTA ESTREITA E A PORTA LARGA

         2° Trimestre de 2024

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 02

Texto Base: Mateus 7:13,14; 3:1-10

 “Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão” (Lc.13:24).

Mateus 3:1-10

1.E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia
2.e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.

3.Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.

4.E este João tinha a sua veste de pelos de camelo e um cinto de couro em torno de seus lombos e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre.

5.Então, ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão,

6.e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.

7.E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?

8.Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento

9.e não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.

10.E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.

Mateus 7:13,14

13.Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;

14.E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.

INTRODUÇÃO

Nesta lição, trataremos da “escolha entre a Porta estreita e a Porta larga”. Esta é uma reflexão profunda inspirada no texto bíblico de Mateus 7:13,14. Estas passagens, proferidas por Jesus durante o Sermão da Montanha, oferecem uma metáfora poderosa que convida os crentes a ponderar sobre as decisões que moldam suas vidas espirituais.

A analogia entre as portas larga e estreita serve como uma poderosa ilustração, destacando as diferentes escolhas que cada indivíduo pode fazer. Nosso propósito é pontuar algumas razões que nos mostram porque devemos escolher a porta estreita e, do ponto de vista bíblico, como entrar pelo caminho apertado.

Ao explorar esse ensinamento, buscamos compreender não apenas a natureza das escolhas diante de nós, mas também os desafios e as recompensas associadas a cada caminho. O estudo dessas passagens não apenas nos conduz a uma autorreflexão crítica, mas também nos instiga a considerar as implicações de nossas escolhas não apenas para a vida presente, mas também para a eternidade.

Nesta Lição, mergulharemos na essência das palavras de Jesus, examinando os contextos cultural, histórico e teológico que moldaram essas metáforas. Além disso, buscaremos compreender como esses ensinamentos podem ser aplicados em nossas vidas cotidianas, guiando-nos na jornada espiritual em busca de uma compreensão mais profunda da vontade divina.

I. PORTAS E CAMINHOS

1. A Porta estreita

A imagem da "porta estreita" é uma metáfora poderosa que atravessa as fronteiras entre a literatura judaica e cristã, encontrando expressão tanto no Antigo Testamento quanto nas palavras de Jesus registradas no Novo Testamento, mais especificamente em Mateus 7:14. Para uma compreensão mais profunda dessa metáfora, é valioso explorar a tradição cultural e histórica na qual ela está enraizada.

No contexto bíblico, a cidade murada com uma porta estreita era uma representação comum de segurança e proteção. As cidades antigas eram frequentemente cercadas por muralhas, e a porta era a única entrada e saída controlada. Essa porta estreita, por sua natureza, exigia discernimento e uma passagem cuidadosa. A escolha de atravessar essa entrada limitada impunha restrições, mas ao mesmo tempo, proporcionava proteção contra ameaças externas.

Quando Jesus se refere à "porta estreita" em Mateus 7:14, ele utiliza essa metáfora familiar para ilustrar o caminho da vida espiritual. Aqui, a porta estreita não apenas sugere uma passagem restrita, mas também aponta para a necessidade de uma escolha consciente e deliberada. Entrar por essa porta requer renúncia e compromisso, pois não é o caminho fácil e amplo que muitos podem seguir.

A alusão à porta estreita destaca a singularidade desse caminho espiritual. Não é um atalho cômodo, mas sim um trajeto que exige empenho, autodisciplina e um compromisso profundo. A escolha de seguir por essa porta estreita implica renunciar às conveniências mundanas e abraçar os princípios divinos, exarados na Palavra de Deus. Ela representa a busca pela santidade, pela justiça e pela comunhão íntima com Deus.

Ao explorar a imagem da porta estreita, somos desafiados a refletir sobre nossas próprias escolhas e compromissos na jornada espiritual. Essa metáfora convida os crentes a considerar a seriedade de sua busca por Deus e a compreender que a entrada no reino divino não é automática, mas requer uma decisão consciente de seguir o caminho que leva à vida. A porta estreita, embora possa parecer desafiadora, é a entrada para a plenitude da vida espiritual e a intimidade com o nosso Senhor e Deus.

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2. O caminho apertado

A expressão figurada do "caminho apertado" (Mt.7:14) não apenas apela para a necessidade de escolhas conscientes, mas também revela a natureza desafiadora e exigente desse trajeto, indicando claramente aqueles que anseiam pela vida eterna.

A palavra "apertado", derivada do verbo grego "thlibo", carrega consigo uma riqueza semântica, abrangendo desde a ideia de ser pressionado como uvas, até a conotação metafórica de aborrecer, afligir e angustiar. Este caminho não é espaçoso e confortável; pelo contrário, é estreito e demanda comprometimento. Exige que aqueles que o trilham se sujeitem a uma compressão, um aperto que reflete a renúncia às facilidades mundanas.

O "caminho apertado" torna-se tangível na prática dos ensinamentos de Jesus, especialmente os delineados no Sermão do Monte (Mateus 5-7). Ele nos conduz a uma aplicação concreta dos princípios celestiais, desafiando-nos a amar até mesmo os nossos inimigos, a evitar a hipocrisia e a acumular tesouros no céu. Trata-se de um itinerário marcado por um compromisso firme com os valores divinos, onde a compressão e a renúncia são partes integrantes do percurso em direção à vida eterna.

Portanto, ao escolhermos trilhar o "caminho apertado", abraçamos não apenas um conjunto de crenças, mas uma prática diligente e comprometida com a transformação interior. É um chamado para vivermos de maneira coerente com os ensinamentos de Cristo, enfrentando os desafios com determinação e perseverança. Em sua estreiteza, o caminho revela-se como o portal para a verdadeira vida espiritual, onde a pressão e a firmeza se convertem em expressões de um comprometimento autêntico e profundo com o Reino de Deus.

3. Porta larga e caminho espaçoso

A metáfora da "porta larga" e do "caminho espaçoso", apresentada em Mateus 7:13, simboliza uma vida desprovida de compromisso com os princípios de Cristo, alinhando-se aos padrões mundanos.

A "porta larga" e o "caminho espaçoso" representam uma rota onde indivíduos se entregam às suas próprias ideias (conforme ocorria com o povo de Israel à época dos juízes - cf. Juízes 21:25), distanciando-se dos ensinamentos das Escrituras Sagradas. Este é um trajeto marcado pela autonomia excessiva, onde a verdade bíblica é rejeitada em favor de uma liberdade sem restrições, conduzindo a uma vida guiada pelo egoísmo e pela busca desenfreada de prazeres efêmeros.

Ao optar por essa "porta larga" e pelo "caminho espaçoso", os indivíduos deliberadamente escolhem viver alheios às verdades fundamentais da fé cristã, recusando-se a ajustar-se aos padrões divinos revelados nas Escrituras. Essa escolha representa uma rejeição dos princípios morais e éticos estabelecidos por Deus, em favor de uma autonomia que, em última análise, leva à perdição eterna.

Assim, ao refletir sobre a "porta larga" e o "caminho espaçoso", somos desafiados a considerar a seriedade das escolhas que fazemos e a reconhecer a importância de alinhar nossas vidas aos ensinamentos divinos, rejeitando as tentações sedutoras que nos afastam da verdadeira comunhão com Cristo.

II. POR QUE ENTRAR PELA PORTA ESTREITA É DIFÍCIL?

1. Uma porta aberta, porém, difícil

Entrar pela "Porta Estreita" em direção à pátria celestial é uma jornada que, embora acessível, apresenta desafios significativos. Diversos obstáculos, como o egoísmo, o hedonismo, a luxúria, o apego descontrolado ao materialismo, o inflado ego pessoal e a idolatria, surgem como barreiras que podem dificultar a passagem da alma humana por esse portal divino. No entanto, as palavras de nosso Senhor ressoam claramente, indicando que para trilhar o caminho celestial, é imperativo negar a si mesmo, permitindo que a própria essência seja subjugada para que a vida seja compartilhada com Ele. Esse ato de renúncia, como destacado em Mateus 16:24, Romanos 6:6 e Gálatas 5:24, é essencial para que se manifeste uma glória progressiva e indizível.

Assim, ao enfrentarmos os desafios da "Porta Estreita", somos convidados não apenas a superar os impedimentos, mas a abraçar a transformação interna que conduz a uma comunhão mais profunda com Deus, resultando em uma glória que transcende qualquer descrição humana.

2. As oportunidades da “porta larga” são atraentes

Embora as oportunidades apresentadas pela “porta larga” possam parecer atraentes à primeira vista, é essencial reconhecer que esse caminho sedutor oferece uma jornada centrada em prazeres, deleites e libertinagem. Infelizmente, muitos são iludidos por essas atratividades, envolvendo-se em uma fantasia sedutora que os domina. Este é um caminho marcado pelo apego prazeroso ao mundo, caracterizado pelo menosprezo a Deus (cf.1João 2:15,16).

É crucial compreender que, tragicamente, aqueles que se entregam ao amor pelo mundo não terão o direito de entrar no Céu (cf.1Coríntios 6:9,10; Gálatas 5:19-21). Nesse contexto, o cristão comprometido com o Evangelho de Cristo compreende que "o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre" (1João 2:17).

É válido destacar, portanto, a importância de discernir além das aparências atrativas da porta larga, reconhecendo que a verdadeira estabilidade e maturidade espiritual residem naqueles que escolhem seguir o caminho estreito da vontade de Deus.

3. As razões das exigências

Ao contrário da “porta larga” e do “caminho espaçoso”, a “porta estreita” e o “caminho apertado’ demandam uma transformação interior, uma decisão pessoal e a disposição de seguir na contramão da maioria.

Iniciar a jornada pela “porta estreita” requer o reconhecimento em Cristo como pecador (2Coríntios 12:9) e a disposição de viver uma vida transformada por Ele, representando um novo começo (2Coríntios 5:17). Nessa trajetória, o Evangelho nos guia à santidade, orientando-nos a seguir os passos de Cristo e a andar conforme Ele andou (1João 2:6). Assim, estaremos preparados para estabelecer raízes e enfrentar os desafios em nossa jornada cristã (Lucas 8:13,14).

III. ENTRANDO PELA PORTA E PELO CAMINHO DO CÉU

1. Arrependimento de pecados

O evangelho, proclamado por João Batista e continuado por Jesus Cristo, destaca o arrependimento como uma condição crucial para ingressar no Reino de Deus e trilhar o caminho celestial.

O arrependimento, como delineado nas Escrituras, transcende a esfera emocional, sendo, na verdade, uma transformação profunda no pensamento e na moral do pecador. Não é apenas um sentimento momentâneo de pesar; é uma mudança de mentalidade que se manifesta em ações práticas e uma reorientação completa da vida.

A mensagem de João Batista, registrada em Mateus 3:1-10, ressalta a importância dessa transformação interior. Ele destaca a necessidade de "produzir frutos dignos de arrependimento", enfatizando que o arrependimento genuíno está intrinsecamente ligado a uma mudança visível no comportamento e estilo de vida.

A aceitação do Evangelho desempenha um papel crucial nesse processo de arrependimento. A pregação do Evangelho confronta o pecador, iluminando a necessidade de mudança e oferecendo a esperança da redenção através de Cristo. É a resposta positiva a essa mensagem que inicia a obra regeneradora do Espírito Santo na vida do crente, capacitando-o a renunciar ao pecado e a abraçar uma nova trajetória.

O arrependimento, portanto, não é apenas um ato isolado, mas um compromisso contínuo. Envolve abandonar o caminho espaçoso da vida mundana e abraçar o caminho estreito que conduz à vida eterna. Essa escolha não é apenas uma renúncia de práticas pecaminosas, mas uma decisão consciente de seguir a orientação divina, buscando a santidade e a conformidade com os princípios do Reino de Deus.

Em resumo, o "arrependimento dos pecados" é muito mais do que um gesto simbólico; é a condição vital para iniciar a jornada rumo à vida eterna. Envolve uma mudança profunda, uma transformação contínua e a busca diligente pela vontade de Deus. Assim, ao compreendermos e abraçarmos verdadeiramente o arrependimento, damos passos significativos em direção ao caminho celestial que nos conduz à plenitude da vida eterna em perfeita comunhão com Deus.

2. Confissão de pecados

A importância da confissão de pecados no contexto bíblico é inegável, sendo um processo essencial para o relacionamento restaurado entre o indivíduo e Deus.

O ponto de partida para a confissão de pecados é o reconhecimento sincero da condição pecadora do ser humano, conforme enfatizado em Romanos 3:23. Este é um aspecto crucial, pois sem essa compreensão, a necessidade de redenção e perdão perde seu significado.

A confissão de pecados não é um mero reconhecimento de falhas, mas um testemunho da necessidade de um Salvador. Como destacado em Romanos 10:9,10, a confissão de que Jesus é o Senhor e a crença na ressurreição são elementos centrais desse ato. É a aceitação consciente da oferta salvífica de Cristo.

O Salmo 32:5 sublinha a importância da confissão na restauração da comunhão com Deus. A confissão sincera dos pecados permite que a barreira entre o homem e Deus seja removida, estabelecendo uma conexão renovada e revitalizada.

A confissão, aliada ao arrependimento, é um meio pelo qual o perdão dos pecados é obtido. Provérbios 28:13 destaca que aquele que confessa e deixa os pecados encontra misericórdia. Além disso, 1João 1:7 ressalta que o sangue de Jesus purifica de todo pecado. A análise desses versículos sugere que a confissão não é um ato isolado, mas um componente contínuo da vida cristã. É um processo de humildade e submissão constante diante de Deus, reconhecendo a necessidade contínua da Sua graça e perdão.

Portanto, a confissão de pecados é um elemento vital na jornada espiritual. Ela não apenas revela a consciência da condição humana, mas também aprofunda a compreensão da necessidade de um Salvador. É através desse ato que a comunhão com Deus é restaurada, e o perdão divino é experimentado. A confissão de pecados não é apenas uma formalidade, mas um processo dinâmico que molda a vida cristã, destacando a contínua dependência da graça redentora de Deus.

3. Produzindo frutos de arrependimento

“Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3:8).

O conceito de produzir frutos de arrependimento, conforme apresentado na mensagem de João Batista, revela não apenas uma mudança de palavras, mas uma transformação genuína e visível na vida daqueles que se arrependem. João Batista não estava satisfeito com um arrependimento apenas superficial; ele exigia evidências tangíveis na forma de frutos. Esses frutos não eram apenas símbolos externos, mas expressões concretas de uma transformação interior, destacando uma mudança real na atitude e no comportamento (Lucas 3:11-14).

Veja algumas características importantes de arrependimento:

a)   Marcas de um arrependimento sincero. Os frutos mencionados por João Batista incluem práticas como a generosidade, a honestidade e o respeito às autoridades. Essas não eram apenas ações isoladas, mas representavam uma mudança profunda no caráter e nas atitudes das pessoas. Essas eram as marcas de um arrependimento que impacta todas as áreas da vida.

b)   Uma transformação interna e externa. A referência a "uma nova forma de pensar e agir, um novo estilo de vida", em Mateus 3:2; 21:29; Marcos 1:15, enfatiza que o arrependimento vai além de simples palavras; é uma transformação que se reflete tanto interna quanto externamente, afetando não apenas as ações, mas também as motivações e as atitudes.

c)   Frutos contínuos. A expectativa de produzir frutos não é apenas um evento pontual, mas um processo contínuo na vida daqueles que se arrependem. Esses frutos são indicativos de uma vida constantemente alinhada com os princípios do reino de Deus.

d)   Encontro genuíno com Jesus. A conexão entre o arrependimento e a produção de frutos destaca a qualidade do encontro pessoal com Jesus. Esse encontro não é apenas uma mudança de crença teórica, mas uma experiência que molda e direciona toda a vida.

Enfim, para João Batista e conforme as Escrituras, arrependimento verdadeiro resulta em frutos visíveis e duradouros. Esses frutos não são apenas demonstrações externas, mas indicadores de uma mudança profunda que afeta a essência da pessoa. Portanto, a produção de frutos de arrependimento é mais do que uma exigência; é a evidência convincente de uma transformação autêntica na vida daqueles que se voltam para Deus de todo coração.

CONCLUSÃO

A metáfora das Portas e Caminhos ilustra vividamente a dicotomia entre seguir o curso fácil, atraente e populoso da Porta Larga, e optar pelo desafio e comprometimento da Porta Estreita. Escolher a Porta Estreita implica mais do que apenas fazer uma decisão superficial; é um chamado à transformação interna, um reconhecimento humilde de nossa condição pecaminosa e uma entrega total a Cristo como Senhor. A nova vida que se inicia, conforme mencionado em 2Coríntios 5:17, não é apenas uma melhoria, mas uma completa renovação do ser.

O compromisso com a Porta Estreita, guiado pelo Evangelho, nos conduz à busca pela santidade e à tentativa sincera de seguir os passos de Cristo. Isso não é uma jornada solitária, mas uma caminhada em comunhão com Deus e em conformidade com os princípios divinos. É uma busca constante para viver de acordo com os padrões estabelecidos por Cristo, conforme mencionado em 1João 2:6.

Ao enfrentarmos os desafios da jornada cristã, representados pelos obstáculos mencionados em Lucas 8:13,14, a solidez das raízes que desenvolvemos ao escolher a Porta Estreita torna-se crucial. Essa escolha não é isenta de dificuldades, mas é sustentada pela promessa de uma vida transformada e direcionada por Deus.

Enfim, o tema da Porta Larga e Estreita nos lembra que a escolha que fazemos hoje molda não apenas nosso presente, mas também nosso destino eterno. A Porta Estreita, embora exigente, oferece a promessa de uma jornada significativa e a garantia da vida eterna com Deus. Que possamos, com sabedoria e discernimento, escolher o caminho que conduz à verdadeira plenitude em Cristo.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. Volume 1 e 2. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Mateus – Jesus, o Rei dos reis.